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50% O Rugido das Bestas / Chapter 2: Capítulo – Recepção Calorosa

Capítulo 2: Capítulo – Recepção Calorosa

Na minha frente se encontrava três figuras distintas, que se escoravam na escuridão. A minha volta o que se parecia — um beco bem largo, o suficiente para seis pessoas enfileiradas.

Ao tocar o chão com minhas mãos — tentando me levantar, percebo que o chão se tratava de paralelepípedos com pedras firmes e fortes, eu sentia a firmeza, de como aquilo foi colocado enquanto estava caído ao chão.

As paredes aos meus lados eram de uma pedra ainda mais resistente, com relevos mínimos, talvez pelo má manuseio. Ainda que fossem frias ao meu ver, encostar minhas costas nela era até certo ponto doloroso.

Os camaradas a minha frente não intenderam bem por que eu estava me levantando, isso parecia encher de raiva o inimigo central daquele grupo. Ele deu um passo afrente, saindo da escuridão que se fazia pela ponte acima do trio.

— Você não me ouviu?! Talvez bati forte de mais dessa vez, na próxima eu pego mais leve. — dizia com um grande sorriso no rosto, sua voz era rasgada, ao mesmo tempo que bem fina. Ao ver seu rosto ao dar seus passos a frente, tiro minhas conclusões.

Seus sapatos de couro, um macacão apertado e uma boina quadrilhada de vermelha e azul. Olhos tão pequenos e sardas pelo rosto. Suas características não me passavam bem o ar de alguém violento.

— E quem é você? Por acaso meu juiz? — questionei sem pensar

— ...

Por um momento ele me encarou surpreso, antes de dar uma risada chocado.

— Juiz? Você está delirando...Meu Deus, eu bati forte mesmo em você, gahaha... — Ele falava de forma irônica, ao mesmo tempo que ria das minhas palavras, com uma risada tão fina que quase me fez rir junto.

— Então, eu sou quem exatamente? E onde nós estamos, você pode me responder essas coisas? — Eu indaguei com muitas dúvidas na cabeça, desejava saber como ao certo eu cheguei aqui e por que recebi um golpe violento, eram dúvidas que enchiam minha boca.

Para saciar minha mente, precisava de respostas, e essa pessoa a minha frente pode vir a responder o que anseio. Mesmo que tenha sido ele quem me bateu, talvez a minha mente não estivesse ainda funcionando bem naquele momento.

— Você realmente bateu a cabeça muito forte, acho que devo me desculpar por isso, mas acho que você está mentindo para mim. He- talvez um tratamento apropriado ajude, há! Ajude a te lembrar. — dizia o garoto, enquanto gesticulava de forma esnobe, ao mesmo tempo que preparava seu braço.

Um soco mais uma vez no meu plexo solar, e dessa vez foi um golpe que senti do começo ao fim se estender — e vi que não conseguiria de forma alguma desviar, a velocidade dele era rápida de mais ou eu era lento de mais.

A saliva saiu da minha boca e minha cabeça se despencou, por pouco não cair ao chão, ainda me segurando com uma palma á parede atrás de mim.

Um verdadeiro cartão de boas vindas era o que estava recebendo. Mas a situação era estranha, de fato achei que seria um verdadeiro julgamento, porém, de repente estava sendo espancado por crianças.

"Isso faz parte do julgamento?" Pensei.

As duas sombras por de trás deste garoto desconhecido, nem ao menos se mexiam. Entretanto, eu conseguia ver o grande sorriso macabro que aqueles dois manifestavam.

"E pensar que crianças me bateriam, o que diabos isso tem haver com o julgamento?" Pensei novamente.

Não podia deixar crianças ficarem me batendo, mesmo que isso fosse por um bom motivo, e havia mais uma coisa que me incomodava, o corpo em que eu estava. Ele estava nivelado com os das crianças, não imaginei que teria a mesma idade que a deles — será que eu era bem novo?

— O que você está pensando tanto seu lixo? Tome seu lugar de direito, gahaha... — exaltava o garoto com fervor.

Novamente, estava imerso de mais para prever algo — ele me agarrou pela minha nuca e me elevou para o chão.

— Nunca me diverti tanto como hoje, deveria te agradecer por entreter um gênio como eu — dizia o garoto, com uma felicidade assustadora, ao mesmo tempo que soltava uma risada bizarra para mim.

A dor de ter meu crânio esmagado foi insano, por um momento achei que perderia a consciência, senti até mesmo o "crack" de algo. O pingar do sangue me trouxe para a realidade, eu não podia ficar parado.

Minha mente se estremeceu, eu estava em uma grande zona de risco, ficar pensando de mais neste momentinho pode me matar, eu precisava focar no presente — mesmo que minha curiosidade fosse tamanha.

— Tá gostando do seu lugar? O lugar que te pertence? Nem mesmo os nobres gostam dessa laia. Diferente de você, proteger eles não era seu destino? Gahaha...Acho que você já disse muita bobagem em vida. Será que eu deveria...Te matar agora mesmo? — Sua maneira brincalhona de falar estava começando a se tornar sinistra, quanto mais ele dizia.

Ele pressionava ainda mais meu rosto no chão, enquanto dizia com ignorância. Esse garoto deixava o contraste dos fios de seu cabelo marrom passar por seus olhos, olhos que emanavam um ar assassino assustador. Nunca tinha visto uma visão como essa.

Pelo meu rosto, passando por minhas bochechas, a sujeira se juntava com o sangue que escorria. Eu não estava conseguindo pensar muito bem, estava desnorteado.

— ...Não. — Eu dizia com um tremelique, totalmente assustado. Minha boca reagiu sozinha, fora de meus controles.

— Me respondendo? Virou uma criança mal criada, quando eu deixei isso acontecer? Oh céus, que mundo cruel, a crueldade do mundo é tão ruim. Você é muito, mas muito~ especial, aquele capaz de tirar o mal de todos, tudo que precisa fazer é sofrer — dizia o garoto com um semblante triste no rosto, o que contradizia com suas palavras depravadas, enquanto ainda condizia com uma atitude mesquinha.

Ele estava com minha cabeça agarrada, o garoto elevou meu rosto até próximo do seu, com um áspero ar hálito espirrando em meus olhos.

— Acho que tenho que ser mais severo com meus criados, vocês não acham? — Ele se virava para as sombras e dizia com um sorriso no rosto.

As sombras que estavam paradas apenas observando, ainda estavam com aqueles sorrisos em seus rostos, enraizados com frieza. Eles respondiam com "sim, com certeza", sem tremer as vozes, talvez a situação a frente deles realmente não os lhes afetasse.

Eu precisava fazer alguma coisa, mas de fato só precisava saber o que.

"Bater em crianças...Não, bater em pessoas não parece ser algo que eu almejo fazer", eu pensei.

— Bem...Acho que meu servo quer- não! Tristan Cavalcante, você vai sentir a força de um nobre — dizia o garoto, virando seu rosto novamente para mim.

Eu pensei rapidamente, ""Tristan Cavalcante", seria esse meu nome? Não é de forma alguma um péssimo nome, mas eu deveria procurar o que fazer nesta situação".

O moleque estava a esticar os seus braços para trás, preparando ao máximo seu soco. Vendo aquilo vindo em minha direção, tudo o que eu mais queria era não sentir mais dor novamente. Uma frustração estava começando a nascer, tudo o que eu recebia até então, desde que cheguei aqui foi dor, e mais dor. Quem quer que eu fosse, eu não queria mais sentir isso, isso já estava sendo...Insuportável, eu queria que isso parasse, parasse de qualquer forma, isso tinha que parar.

— Quantos desse será que você ira aguentar? — indagava o garoto, com um sorriso no rosto.

O seu punho emanava uma aura escura e avermelhada, aquilo poderia se chamar de "magia". O quer que fosse, isso me trouxe de volta a realidade que havia me esquecido. Eu não estou em um lugar normal, cheguei aqui através de uma criatura de vinhas e lascas de madeira, da qual enfrentei de frente (com palavras), por quê estou com medo de uma criança, eu cheguei aqui com algo também, para me defender, do julgamento.

Pensando assim, eu tentava encontrar no meu ser aquilo que me foi concedido. A Classe. Como poderia eu ter me esquecido de algo tão importante. Porém, um problema veio logo após, o que procurava parecia está — vazio, o que isso significava?

— há! — A voz do garoto indicava que seu soco estava vindo.

Tudo parecia perdido, a dor que eu me frustrava ter que sentir novamente, viria de qualquer jeito, nem mesmo a classe que eu deveria ter recebido parece poder me salvar. Mas de repente uma sombra imponente se apresenta do topo da ponte, da qual cobria a sombra das duas pessoas que me assistiam.

— Como alguém uma vez disse: "quem com ferro fere, com o ferro será ferido", e acredito que isso seja uma verdade. Vocês não acham garotos? — Uma voz graciosa dizia com um tom de superioridade.

Não dava ao certo para ver a figura imponente por causa do brilho do sol que resplandecia do seu corpo, mas a aura do ambiente parecia ficar inquieta quando o homem se fez presente.

Todos o encararam e era óbvio que aquela pessoa faria algo, seu cabelo espetado e o manto vermelho e branco imponente, quem quer que fosse, eu nunca ousaria chegar próximo.

— Quem diabos...Oque? C-Como ele...? — O garoto entrava em pânico, ele parecia enxergar algo que eu não conseguia.

Em choque, soluçava e parecia conter sua respiração, a cara pálida e dentes pontudos se aranhavam de medo.

— Vejo que terei que fazer alguma coisa, me parece problemático. Mas quebrar uma coisa ou outra não faz mal — dizia a figura de forma persuasiva, todavia, não parecia de verdade uma ameaça.

Antes que sua fala pudesse terminar, o garoto me jogou para trás e seus pés dispararam numa velocidade impressionante, ele que me bateu sumiu quase tão rápido quanto um animal com medo, passando pelas sombras daqueles dois no meio do beco. Logo depois surpresos, os dois tentavam alcançar aquele menino travesso.

Realmente foi uma situação complicada de entender, mas o que achei mais estranho foi a aparição daquele homem, quem era ele? E também isso recaia sobre o garoto que estava me batendo, eu precisava ir afundo para descobrir isso.

E essa questão foi sanada quando em pessoa, o homem que colocou aquele garoto para correr, caiu na minha frente como uma pedra massiva que levantou poeira. Uma poeira que subiu e preencheu todo o ambiente, agitando tudo em volta, mas, isso pendurou por microssegundos até que o mesmo expandiu um ar que expeliu toda aquela poeira ao longe, ao céu.

— Parece que eles fugiram, você não vai ficar irritado se eles fugirem dessa vez, certo? São apenas crianças, você deve entender por ser uma também, educá-los é dever dos pais nesta idade. — O homem dizia com sinceridade e com uma calma descomunal, como se tudo que aconteceu fosse apenas uma coisa normal — isso me irritou.

O homem em questão usava uma roupa que mais parecia um uniforme, elegante e de autoridade, calça e túnica azul, sapatos que contrasteiam. Seus gentis olhos de verde-marinho e cabelos castanhos avermelhados.

Era uma figura especial que chamava grande atenção, podia ser ele uma coisa de autoridade por aqui, entretanto, não podia ficar pensando muito, foi ele quem me salvou.

— Entendo, muito obrigado, senhor...?

Tentava fisgar o nome daquele quem me salvou, ao mesmo tempo que agradecia; mesmo que ansiasse que aqueles (o trio de garotos) recebessem suas punições.

O homem fechou a cara pensativa quando ouviu o que Tristan disse, podia ser um tanto inconveniente uma apresentação ou, podia se esperar o pior.

Engolir seco minha saliva, esperando suas palavras com medo e angústia.

— Certo, deveria me apresentar, desculpe pela minha má postura — disse o homem de forma gentil.

— Como seu desejo, me apresento, sou o cavaleiro da família real, Condor Lazarim Matos. Suponho que já tenha ouvido falar. — Completou dizendo.

Ouvindo a frase: "Cavaleiro real".

Logo pensei, "deve ser algo como soldados de uma realeza, e pensar que estaria em um ambiente de monarquia".

Olhando para o homem com mais calma neste momento, os adereços que o seguem demonstravam classe, Tristan sentia que devia tomar cuidado com o que dizia a ele e, tentar firma amizades, em contraste, também queria informações.

— Eh...S-Sim, você é o cavaleiro da família real, mas, por quê você está aqui, e aqueles comigo, você os conhece, e qual o nome do lugar em que estamos? Você- senhor Lazarim me conhece...?

Uma enxurrada de perguntas rasgavam minha voz, todas ambas estavam sendo seguradas na minha garganta. Quando a válvula enfim foi aberta, tudo se dissipou no ar sem controle.

O senhor Lazarim Matos me olhou chocado, uma criança como eu com tantas dúvidas na mente era chocante por razões. Ele não sabia ao certo por que isso recaia sobre ele.

Ele raspava sua cabeça com as mãos, escutando o que eu dizia, sua cara burrada e sem saco foi se enchendo, até que eclodiu.

— ...Pequeno Tristan, vejo que quer aprender muito sobre o mundo e tudo que nele habita, sinto isso de você. Se quiser almejar o conhecimento, então recomendo a biblioteca histórica da praça central do segundo distrito. Lá pode estar o que deseja.

— Praça central...Segundo...Distrito? — Com uma cara confusa, eu dizia um tanto confuso.

— Basta seguir está rua e-

Enquanto ele dizia as instruções, eu me agarrei em suas pernas com força — de forma alguma eu queria ficar sozinho novamente. Além da chance de aquelas crianças aparecerem novamente, isso me assustava.

Os olhos dele quase pularam para fora com o susto, ele não esperava esse contra-ataque contra sua pessoa. Para um cavaleiro, ele ficou de guarda baixa de mais, mas, na verdade era pelo contrário, por algum motivo, Tristan recuou no primeiro segundo depois do ataque, como se tivesse sentido que a morte estava a um pé de distância.

— Olha, você recuou? Uma criança? Não achei que uma pessoa tão nova poderia sentir meu coração se agitar — dizia o cavaleiro Lazarim com supressa enquanto elevava um sorriso curioso.

— O que foi isso-

— Antes de tudo, eu acho que eu deveria cuidar disso ai. — O cavaleiro se aproximou de mim enquanto dizia, apontando seu dedo em minha direção.

Fiquei um pouco ressentido por esta situação, ficando em alerta a cada segundo. O braço dele se estendeu e se aconchegou na minha testa, ao mesmo tempo que parecia suplicar por algo com um tom de voz baixa.

Um ar caloroso parecia emanar da sua mão e se expandir pelo meu corpo, era uma sensação estranha, como se eu tivesse tomado uma pinga de coca sozinho. A energia se expandiu-se por completo, e me sentir totalmente revigorado.

— Pronto, acho que sua testa parou de sangrar-

— Sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, sim, como eu ia dizer, posso acabar me perdendo por ai nessa cidade estranha, você senhor, senhor, senhor, senhor- Lazarim, o cavaleiro real haha, pode me ajudar a chegar nessa tal biblioteca? —Eu o encarava agitado, enquanto dizia energético. O açúcar parecia ter enchido meu celebro, mas meus olhos continuavam a cintilar com medo e angústia. Tentava o persuadir com apenas este olhar.

— Nossa, desse jeito não me deixa escolha. Parece que minha mestre terá que aguarda mais um segundo.

Com este julgamento, ele pegava em minha mão e começava a andar comigo em frente, para fora deste beco.

O raiar do sol era belo, e distante. Escapando dali eu vi o mundo que me aguardava, as pessoas incomuns que andavam por todas as ruas.

Poderia chamar eles de monstros, mas como o cavaleiro que me guiava disse, "eles são demi-humanos", uma contra parte humana, nem humano e nem animal, mas uma metade que se juntou. Não havia necessidade de sentir medo deles, mesmo que fossem um destaque assustador, sua forma de falar, agir e pensar eram iguais as de pessoas comuns — isso me tranquilizou.

Andar pela cidade era mágico, as bancas que vendiam frutas e objetos eram uma parte disso, e nas ruas passando com uma poeira que deixava todos tossindo, carroças levadas por animais belos e outros aterrorizantes, uma variedade assustadora de só de partes aterrorizantes. Me assustei muito com a aparição dessas carroças, mas logo o cavaleiro me tranquilizou.

— Não leve por mal, esses carroceiros que você chama de aterrorizantes, são baratos, mas, também dóceis, diferente dos belos, que são gananciosos e difíceis de lidar.

— E por que os belos seriam assim, tem algum motivo para isso?

— É simples, o nome...

— Nome?

Neste lugar em que estamos, os nomes funcionam como combustível para monstros, e até pessoas. Não é atoa que receber o nome da realeza é essencial para se dá bem em vida, para isso, muitas pessoas se dedicam para serem cavaleiros e ganharem seus títulos.

Não sei ao certo se meu nome "Tristan Cavalcante" possui algo assim, e também as classes que peguei no começo de tudo, onde eu as colocarei em prática?

Caminhando e passando por mais uma rua, eu via do alto, no horizonte, o grande castelo que ficava no mais alto e longe da cidade em que estávamos, que se chamava de Fiscon, uma das muralhas do reino de Roiam. Era tão majestoso o palácio mesmo visto de tão longe.

Lazarim Matos, o cavaleiro, via o garoto que apanhou, olhando o castelo com tanta admiração, que dava um leve sorriso contente. Dava uns tapinhas nas minhas costas e me levava novamente ao caminho. Passamos por lugares tão estranhos e outros fantásticos. Seria difícil lembrar de tudo que vi naquele dia.

Até que enfim o cavaleiro pousou seu passo em frente a uma casa gigante, parecido com um prédio.

— É aqui senhor Lazarim? — indagou Tristan para o cavaleiro.

— Sim, é preciso observar a placa escrita acima. "Biblioteca Histórica", com exatidão te digo que é aqui seu destino — respondeu Lazarim, enfatizando com argumentos sua resposta.

— Pois então...Muito obrigado senhor Lazarim! — Tristan Cavalcante dizia com muito carinho ao cavaleiro, ele estava muito agradecido.

— Não há de que, na próxima, espero nos encontrarmos de forma mais casual. Até nosso próximo encontro! — O cavaleiro disse com um sorriso no rosto.

O cavaleiro se despedia de mim, com um leve sorriso no rosto. Eu vejo ele se abaixar no chão e com uma pressão, ele subia aos céus em questão de segundos, para logo depois se dirigir para outro lugar.

— V-VOCÊ- SENHOR LAZARIM PODIA VOAR?! NÃO É POSSÍVEL — gritava Tristan, incrédulo. Ele não entendia como alguém poderia voar tranquilamente, bem na sua frente, como se fosse nada.

"talvez a ação de voar seja de uso único, uso diário", eu pensei.

— AINDA ASSIM, EU QUERIA SAIR POR AI VOANDO. Porquê, Porquê não me levou voando pelos céus. — Exclamava Tristan, desapontado, reclamando com o céu azul.

Minhas lágrimas começavam a cair de rancor, quando de repente alguém disse com raiva:

— Eii- pode por favor fazer silêncio por favor? Você está fazendo um ESCÂNDALO bem em frente a minha biblioteca. — Uma voz feminina exclamou em minha direção com uma nítida raiva em sua postura.

Uma mulher de cabelos pretos longos, camisa social e um olhar sedutor, seus óculos eram uma contra parte disso. Ela estava com um caderno e lápis em mãos, portava uma pose imponente.

— Ah...Eu sinto muito, é que eu- — Tristan dizia com pesar, mas era cortado pela mulher.

— Não me importa seus motivos, entenda seu lugar, aqui tem uma placa tão óbvia quanto o seu grau de burrice. — Ela apontava para uma placa, escrita "Sem barulho", enquanto dizia com muita firmeza.

— Ah, realmente, mas- — Tristan tentava mais uma vez se justificar, mas novamente é cortado por ela.

— Escute aqui, meu caro. Estou começando a me perguntar se você veio aqui para ler ou para ensaiar para uma ópera. Porque o nível de volume que você está alcançando é digno de uma performance de palco, não de uma biblioteca. Eu sou a guardiã do silêncio, o zelador do sossego, e deixe-me dizer que suas vocalizações estão perturbando o equilíbrio deste lugar. Você já tentou considerar a ideia de que as palavras podem ser apreciadas em um sussurro? Ou você acha que a literatura só é completa se acompanhada de um coro estrondoso? Se continuar com esse alarido, serei forçada a tomar medidas drásticas. Pelo que parece, temos um novo competidor para o título de 'o mais barulhento'. Você tem alguma ideia de quantas pessoas estão tentando se concentrar aqui? De quantas mentes sedentas por conhecimento você está perturbando com suas ondas sonoras? Eu entendo que você pode ter uma voz impressionante, mas este não é o lugar para exibições vocais. Aqui, nós valorizamos o som do virar de páginas, não o som da sua voz ecoando pelos corredores. Então, por favor, baixe o volume. O que você está tentando provar com todo esse barulho? Que é incapaz de falar em um tom civilizado? Ou está apenas tentando compensar a falta de conteúdo com decibéis? Eu sugiro que considere o poder do silêncio. Às vezes, as palavras não ditas carregam mais significado do que aquelas que são gritadas aos quatro ventos. Se continuar perturbando a paz deste lugar, serei obrigada a intervir. Está transformando esta biblioteca em um circo, e eu não sou a palhaça dessa história. Eu sou a guardiã do conhecimento, a sentinela do silêncio. E deixe-me dizer que sua cacofonia está ultrapassando todos os limites. Este lugar é um templo do saber, não um estádio de futebol. Se continuar com essa algazarra, terei que tomar medidas mais severas. Você está desafiando a autoridade deste lugar com sua conduta barulhenta. Mas deixe-me lhe lembrar que nesta biblioteca, eu sou a juíza, júri e executora das regras de silêncio. E suas ações estão infringindo essas regras de forma flagrante. Este é um ambiente para contemplação, não para tumulto. Então, pare com esse barulho antes que eu seja obrigada a aplicar medidas disciplinares. Ai sim você entenderá que não deveria ter mexido com a chefia central da biblioteca, Isabela Montenegro, e sim, considere isso um aviso. — relatava a mulher com muito orgulho em seus olhos, e uma raiva não saciada em sua postura.

Arrogante e bela, nomeada de "Isabela Montenegro", sedutora, seu olhar era provocante. Sua altura era acima do comum, suas pernas eram um destaque por causa disso, mesmo que fosse muito magra.

Tristan não sabia ao certo como reagir ao o que lhe foi dito, tinha ficado sem palavras, já devia ter percebido só pelo seu rosto que era uma pessoa complicada de se lidar. Tudo que podia dizer foi uma variedade de "sim" e "sim" concordando com o que dizia.

— Bom, bom, bom, voltando ao trabalho. — dizia Isabela, ainda com um rancor em seus olhos ensandecidos. Como se o caos tivesse acabado, ou como se um evento histórico tivesse terminado, ela se ergueu sobre um pé e girou para trás, seguindo seu rumo, sem nem mesmo pestanejar.

O casaco preto em contraste com as pontas roxas era caído, destacando seus ombros esguios. Aquilo ressalvava ainda mais sua beleza de palito.

— Ufa- finalmente um momento de paz. — Suspirava Tristan em alívio enquanto dizia.

"Uma mulher complicada de se lidar realmente, complacente com sua beleza", pensei comigo mesmo.

Agora Tristan tinha um momento para pensar sobre tudo que ocorreu, mas antes de tudo, achava que deveria encontrar um lugar para repousar minha bunda. Então ele adentra a "biblioteca histórica".

Por dentro desta imponente casa via o espaço se abrir e se fechar. Um salão muito grande e superior a sua fachada, mas infelizmente obstruído pelas e muitas estantes de livros, espalhados pelos andares desta biblioteca.

Eu fiquei até certo ponto maravilhado com o ambiente, ele era acolhedor e tranquilo, e o cheiro não era do mal. Todavia, quando eu me virei a esquerda, onde ficava uma recepção, aquela mulher de temperamento forte, me esperava, ela já estava me encarando com raiva.

Eu tentei chegar perto, sem jeito, tentando olhar pra outro canto, como quem não quer nada. Só que diferente do que eu pensava, ela de repente me olhou com um grande sorriso no rosto que a fazia parecer que ser uma flor de pessoa, porém, eu sabia que era daquelas que não há de quem cheire.

Sua aura estava totalmente diferente, e uma coisa em específico realmente mudou. Uma mecha de seus cabelos parecia está tingido de branco, e seu clássico óculos de leitura não estava em seu rosto. Isso poderia ser apenas uma coisa da qual não percebeu na primeira vez que a viu, a mecha de cabelo branco, mas o óculos era para está com ela, isso era um mistério.

Chegando próximo dela, minha respiração ficou um pouco ofegante, talvez por que seu rosto diferente me incomodava ou talvez seja esse sorriso, que provavelmente era falso. Porém não tinha escolha, eu precisava dela para saber onde eu acharia o que buscava — e pra ser sincero, Tristan não era muito fã de ler.

— Eh...Eu queria saber se tem, algum livro, que, tenha coisas que, tipo...É...Sobre coisas que tem no mundo, sabe, tipo uma sátira que conta fatos do que aconteceu no mundo. — Sem jeito, Tristan dizia com muita vergonha.

— Hum...Um livro de histórias você diz? Pois bem, contemos o que deseja sim, caso não saiba, nossa biblioteca contém fatos, lendas, estórias e história sobre tudo que se tem no mundo, não é atoa que ganhamos o prêmio de melhor biblioteca pública do mundo. O que deseja se encontra na fileira 3, do segundo andar, é só olhar os números das fileiras acima de cada corredor dentre as estantes de livros.

Ela falava de forma tão calma e pacífica, que nem parecia aquela mulher ignorante que me deu um sermão — vai ser difícil esquecer aquilo. Além desse seu sorriso no rosto, isso me deixava bem abalado emocionalmente, condizer contra essa mulher dentre essas duas situações, eram ambas, difíceis.

— Ah, certo! Muito obrigado. — Agradecia a mesma sem jeito, dizendo, e ela retribui agradecendo por agradeço.

Me desprendo desta situação e vou travado, tímido, para o lugar que me disseram.

Não sei ao certo o que esse mundo misterioso me aguardava, aquela ansiedade de descobrir ainda corria pelo meu peito, mas só de olhar o tanto de livros que esse lugar detinha, me corroía uma dor de cabeça.

Tenho praticamente tempo infinito, Tristan não tem lugar para ir ou pessoas para voltar, o foco dele estava totalmente aqui. E era disso que ele precisava, colocará toda a sua energia aqui para entender o que exatamente está acontecendo.

Mas em meio a aqueles objetivos, havia uma outra coisa que precisava ser olhada com calma.

Tristan colocava suas mãos em seu bolso, sentido algo um tanto metálico pelos seus dedos. Ele agarrou isso e elevou até sua visão, era um tipo de quadrado azul reluzente. Isso era...

— Vamos conseguir mais uma...Classe! — disse com ânimo e um sorriso no rosto.


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