Capítulo 7: O Sonho
As palavras dele estilhaçaram meu mundo inteiro.
"Isso não é verdade, Ace. Você está mentindo, né?" Perguntei desesperadamente, tentando recuperar o fôlego.
Eu esperei que ele me dissesse que era um erro, que minha mãe ainda estava viva. Mas ele não disse mais nada.
Sem palavras, ele se aproximou como se quisesse me abraçar. Suas mãos se estenderam em minha direção, mas eu as sacudi, me afastando dele. Talvez ele tenha recuado porque viu o medo nos meus olhos. Suas mãos caíram ao seu lado em rendição enquanto ele me observava silenciosamente desmoronar.
Eu estava à beira de perder a sanidade.
Isso é tudo um sonho! Sim, isso é tudo um sonho! Repeti como um mantra desesperado. Eu não conseguia aceitar que minha mãe se foi.
"Por favor, se acalme, Phoenix." Ele disse gentilmente. "Tudo vai ficar bem." Ele acrescentou, mas isso não ajudou a aliviar o pesar intenso que se alojou em meu coração no momento em que percebi que minha mãe havia se ido.
"Me acalmar? ME ACALMAR?! Como posso fazer isso! Você não sabe como me sinto, Ace! Não é sua mãe que se foi!" Eu falei amargamente com um olhar penetrante. Se olhares pudessem matar, ele teria morrido naquele instante.
"Você tem um coração fraco, Phoenix. Não se esforce tanto." Ele estava surpreendentemente preocupado. Que homem falso, fingindo ser um marido carinhoso.
"Dane-se, Ace! Eu não quero sua simpatia." Eu gritei furiosa e empurrei sua mão quando ele tentou me tocar.
"Você é um mentiroso! Eu não acredito em você! Minha mãe está viva. Onde você a levou? Me diga!" Exigi, agarrando a gola dele com minhas mãos, amassando o tecido debaixo dos meus dedos.
"Ela se foi, Phoenix." Ele disse em um sussurro suave.
"Você está brincando, né?" Minha voz tremia de medo ao ver o olhar simpático nos olhos dele. O Ace não olharia para mim assim sem um bom motivo. Meus dedos ficaram frios e gelados.
Minha mãe estava bem quando a deixei. Ela não vai morrer sem comer o bolo de aniversário dela!
"Sinto muito, mas ela morreu antes de você chegar. Antes de morrer, ela estava sussurrando seu nome... até o último suspiro."
Ace deu a notícia do modo mais gentil possível, mas a notícia devastadora não podia ser amenizada pela voz mansa de ninguém, muito menos a de um homem que me torturou repetidamente e destroçou meu coração com infidelidade e traição, deixando-o um casco vazio.
No momento em que registrei a verdade de suas palavras, meu mundo inteiro desabou. Uma dor indescritível apertava meu coração. Minha traqueia se estreitou até eu não conseguir respirar. Meu corpo inteiro tremia de choque enquanto eu caía no chão.
Isso não pode estar acontecendo! Isso não pode estar acontecendo! Eu gritei interiormente para mim mesma. Balançando minha cabeça, encontrei acidentalmente os olhos preocupados de Ace.
Seus profundos olhos azuis estavam cheios de pena enquanto olhavam para minha figura caída no chão.
Tive que usar todo o meu autocontrole para não pular e dar um tapa na cara dele. Eu detestava cada pedaço de pena que ele estava me dando.
Ele tentou estender a mão para me ajudar, mas eu lhe dei um olhar homicida que o fez recuar. Eu poderia me levantar sozinha, sem ajuda do meu marido adúltero.
Enquanto me levantava, caminhei até o sofá onde minha mãe estava sentada ontem. Quando me lembrei de como ela parecia, quis chorar, mas minhas lágrimas se recusaram a cair.
Em vez disso, meu peito se apertou e eu estava perdendo a luta para manter os olhos abertos. Eu comecei a ziguezaguear de pé. Tudo estava começando a ficar borrado, e o vento frio do ar-condicionado parecia espetar mil agulhas em todo o meu corpo.
Eu estava morrendo?
"Phoenix! Phoenix! Você está bem?" A voz em pânico de Ace chegou aos meus ouvidos.
Virei-me surpresa, e minha testa acidentalmente bateu em seu queixo, fazendo meu rosto doer de dor. Mas essa dor era insignificante em comparação com as milhões de agulhas que constantemente espetavam meu coração.
Eu estava tão preocupada em não cair que não percebi Ace atrás de mim. Por que ele se incomodara em me seguir? Ele não me amava.
A única pessoa que me amava era minha mãe, e ela estava morta.
Olhei para o sofá e solucei.
Enquanto isso, Ace se recusava a me deixar em paz. Seus dedos fortes seguravam meu pulso para me ajudar a manter o equilíbrio e minhas costas eram apoiadas pelos músculos duros de seu peito. Soltei meus dedos de seu aperto de ferro, mas não havia mais força em mim para empurrá-lo.
Ele olhou para o meu rosto e praguejou.
"Que merda! Você está pálida como papel! Como você está se sentindo? Droga, Phoenix! Me responda!" Foi seguido por uma série de palavrões ininteligíveis.
Meu corpo estava começando a enfraquecer e eu estremeci com o vento gelado que envolvia meu corpo. Memórias maravilhosas com minha mãe passavam lentamente pela minha mente, como se eu estivesse assistindo a uma tela de TV enorme. Meus lábios pálidos tremeram em um sorriso irônico enquanto eu finalmente sucumbia ao impulso de fechar os olhos.
Eu acho que era isso. Pelo menos vou ver mamãe de novo.
Fui envolvida pela inconsciência.
"Feliz aniversário, mãe." Um soluço quase rasgou minha garganta quando a vi sentada na cadeira em frente a mim, sorrindo brilhantemente. Havia uma bela radiação emanando de seu semblante feliz, algo que eu não via há muito tempo.
"Obrigada, Phoenix." Ela respondeu, e o sorriso em seus lábios se alargou. "Vou sentir saudades, querida." Ela continuou, e isso fez minhas lágrimas caírem abundantemente, como uma cachoeira sem fim.
"Por que você precisa ir embora, mãe? Não pode sempre ficar aqui comigo?"
Sua mão alcançou minhas bochechas e secou minhas lágrimas. Suas mãos eram quentes. "Quando você colhe uma flor no jardim, qual você escolhe?"
"A mais bela, mãe", respondi entre soluços.
"É por isso que estou indo embora, querida. As almas belas são levadas cedo para não sofrerem neste mundo."
"Vou com você, mãe." Segurei suas mãos com força, sem querer deixá-la ir.
"Com o tempo, querida, você estará comigo." Mãe sussurrou e beijou minhas têmporas. Um calor reconfortante se espalhou pelo meu coração. A emoção furiosa dentro de mim desapareceu milagrosamente, deixando para trás uma paz gentil.
"Eu te amo, querida." Ela sussurrou uma última vez e se desvaneceu na luz que cegou minha visão.
Abri meus olhos.
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