Capítulo 23: Caça ao Javali
Após a luta descansamos por uma hora e decidimos seguir caminho, pois temos um longo pedaço de floresta para andar, quando já estávamos longe do local onde fomos atacados pelos cães. Pedi a Shade para que ficasse invisível e fosse na nossa frente para avisar de qualquer coisa que estivesse em nosso caminho.
Andamos por um dia inteiro na floresta e segundo Jones, ainda levaria metade do dia, amanhã, para chegarmos ao final. Passamos a noite novamente na floresta e dessa vez deixei meus pets de prontidão para o caso de um novo ataque, mas felizmente isso não aconteceu e podemos dormir tranquilamente.
Quando amanheceu nos levantamos e comemos o restante de nossos recursos, a partir de agora teríamos que caçar animais para conseguir carne, e precisaríamos achar um local com água, um rio ou algo parecido em que pudéssemos obter água limpa para bebermos. Como estamos em uma floresta, os animais não seriam um problema encontrar, já a água, segundo nosso mapa, somente após sairmos dessa floresta e caminharmos por mais alguns quilômetros em frente é que iríamos encontrar um rio. A ponte desse rio nos deixaria a apenas 20 quilômetros da casa de campo da família de Jones.
Decidimos parar por algumas horas e ver se achamos um animal para caçar e conseguir comida, somente depois disso iríamos até o rio. Com a ajuda de Shade pudemos sentar e ele foi a caça sendo invisível, ele poderia encontrar o animal sem ser descoberto e marcar um caminho para nós até lá. Depois de alguns minutos de espera vejo Shade se aproximar com algo em sua boca, era um pequeno coelho que teve o azar de cruzar seu caminho.
"Bom garoto, você o derrotou sozinho, parabéns, esse é todo seu, encontrou mais alguma coisa?" Disse a ele orgulhoso.
Ele assentiu e guardou seu coelho em um pequeno buraco que cavou para que ninguém o roubasse. Depois disso ele nos guiou até onde havia avistado algo.
Quando chegamos perto ele se abaixou e começou a caminhar agachado e devagar, olhos para nós como se dissesse para imitá-lo, então eu e Jones que seríamos os únicos que caçariam, nos agachamos e seguimos seu exemplo. Mais a frente, depois de passar por alguns arbustos, ele parou e fez sinal que o alvo estava logo a frente. Nos movemos em direção ao arbusto em frente para que ficássemos encobertos por ele enquanto olhávamos o que havia no outro lado, era um javali grande com no mínimo 1 metro de altura, tinha duas presas que deveriam ter uns 15 centímetros cada, tinha uma pelagem marrom com algumas manchas mais claras.
Decidi avaliá-lo para saber se não era um pet ao invés do animal real, a avaliação não funcionou, o que significa que é mesmo um javali do qual podemos adquirir carne. Nosso plano era usar Shade para atraí-lo até onde estávamos e com a faca de caça que havíamos pego na loja iríamos matar e destrinchá-lo aqui mesmo para que Cammy não visse todo o sangue, e pudesse comer tranquilamente depois de assarmos a carne. Eu e Jones já havíamos saído para caçar com o pai dele uma vez e ele nos ensinou tudo sobre como fazer a retirada dos órgãos e outras coisas que não usaríamos, não seria fácil sem sua ajuda, mas achamos que daríamos conta.
Agora era hora de pôr o plano em prática, pedi a Jones que soltasse Mothar para que no caso de errarmos o primeiro ataque ela pudesse parar os movimentos do javali. Depois de tudo estar preparado dei a ordem a Shade para ir atraí-lo, não demorou muito para que ele fosse visto pelo javali e fosse considerado uma presa, assim ele foi seguido exatamente como o planejado. Quando ele atravessou o arbusto em que estávamos escondidos, Jones e eu nos preparamos e assim que a cabeça do javali passou pelo arbusto enfiamos a faca em seu pescoço com toda nossa força. Ele não resistiu por muito tempo depois disso, a primeira parte havia sido completada com sucesso, agora precisávamos ter muito cuidado ao tirar sua pele e também seus órgãos internos, para que não estragasse a carne, e também deveríamos ser rápidos para não atrair outros animais com o cheiro do sangue. A primeira coisa que fizemos foi pendurá-lo de cabeça para baixo e cortar a garganta para retirar o sangue, em seguida fizemos em corte do fim de sua barriga até o pescoço cuidando para não acertar os órgãos internos. Retiramos tudo que havia dentro com cuidado e após isso pedimos a Mothar que usasse sua teia grudenta para retirar qualquer resquício de sujeira que poderia haver. O próximo passo foi usar a faca para separar o couro de carne, foi um pouco difícil, mas no fim conseguimos, depois disso decidimos cortar as pernas para obter o pernil e também tentamos retirar algumas costelas quebrando-as na junção com a coluna. Assim retiramos todo a carne que podíamos e decidimos deixar o resto da carcaça para os outros animais que logo estariam aqui por conta do cheiro de sangue.
Guardamos a carne em sacos que já havíamos preparado, antes de sair da loja. Com isso voltamos ao acampamento e retiramos um pedaço de carne e a fatiamos para secá-la próximo ao fogo, faríamos isso sempre que parássemos para descansar, secar um pouco da carne e assar um pouco para comermos. Assim teríamos algo para comer mesmo durante a viagem sem a necessidade de parar.
Durante o tempo que ficamos parados até a carne secar, decidimos o que faríamos a seguir.
"Acho que devemos ir rapidamente até o rio assim que amanhecer para podermos conseguir água e também para que possamos atravessar o rio antes da noite cair." Disse confiante de que amanhã sairíamos dessa floresta e com sorte poderíamos passar pelo rio tranquilamente.
"Concordo com Myke quanto mais cedo chegarmos ao outro lado do rio melhor, lá será um pouco mais complicado, pois estaremos em terreno aberto, seremos vistos mais facilmente por qualquer predador." Jones afirmou.
Cammy e Jack somente assentiram sobre nossa conversa.
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