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53.33% Mundos Diferentes / Chapter 8: • 8º CAPÍTULO

Capítulo 8: • 8º CAPÍTULO

Hoje já é quarta, já se passaram dois dias de aulas e da minha conversa com o Dave que foi interrompida. Ontem não falámos basicamente nada, eu ainda tentei falar com ele depois do treino, mas ele bazou antes de eu chegar ao pé dele, parecia que estava a fugir de mim, mas não sei, pode ser que seja só algo da minha cabeça.

Hoje a manhã passou rápido. Neste momento, estou a arrumar as coisas na mala para ir almoçar para depois à tarde ir fazer o trabalho com o Dave. Ainda não combinámos onde vai ser o trabalho, mas espero que seja na casa dele, porque pelo o que me contaram ele e o meu irmão tiveram uma discussão durante o treino de basket e se o trabalho for feito em minha casa, sei que, provavelmente, vai haver treta e eu dispenso.

Acabo de arrumar as coisas e saio da sala sozinha, visto que os meus amigos já tinham ido embora. Eles têm estado um pouco estranhos comigo, nos últimos dias, não percebo o porquê, mas eu depois trato disso. Neste momento só quero comer, senão vou desfalecer. A meio do caminho, encontro Dave encostado aos cacifos a ver algo no telemóvel, então aproveito para ir falar com ele e combinar as coisas.

- Oi! - digo e ele assusta-se - Não queria assustar-te, mas era para saber se dava para fazer o trabalho em tua casa e a que horas estás disponível.

- Sim pode ser em minha casa. Em relação às horas, para mim tanto faz, como não temos aulas à tarde, por mim qualquer hora dá.

- Então depois do almoço por volta das 15h. Eu vou almoçar agora, então vemo-nos depois. - digo e começo-me a afastar.

- Espera, eu ia almoçar agora também, queres vir comigo?

- Aaaa pode ser, eu ia almoçar na escola e qualquer coisa é melhor que comida da escola, mas vamos almoçar aonde?

- A uma hamburgueria ao pé da minha casa, se concordares.

- Concordo.

- Então vamos!

Saímos da escola juntos e direcionamo-nos à tal hamburgueria. Durante o caminho aproveito para avisar a minha mãe de que ia fazer um trabalho, para ela não ficar preocupada. Quando chegámos, sentámo-nos numa mesa, fizemos os pedidos e começámos a falar da briga dele com o meu irmão:

- Então resumidamente tudo começou quando vocês estavam a jogar e tu estavas quase a marcar um cesto e como o meu irmão não queria que tu encestasses, apesar de seres do mesmo time do que ele, atirou-se para cima de ti para te tirar a bola, tu não gostaste e passaste te com ele. É isso? - ele assente - Mas há algo que eu não percebi, se foi ele que se mandou para cima de ti primeiro, porquê que nos corredores da escola dizem que a culpa foi tua?

- Se queres saber pelo o que eu percebi, foi o teu irmão que aproveitou que ninguém tivesse conseguido perceber o que tinha acontecido e o facto de que ninguém gostar de mim, para dizer que eu fiz-lhe uma rasteira, por isso ele tinha caído em cima de mim, para eu puder encestar e que no final o meu suposto plano tinha me saido mal por ter perdido a bola, e que por isso eu tive que colocar as culpas em cima dele para o treinador não achar que eu era um mau jogador. Quando na verdade não foi isso que aconteceu.

- Eu como conheço o irmão que tenho, sei que ele era bem capaz de fazer isso. Ele não é má pessoa, mas não gosta de ter concorrência e para ser ele o único a brilhar, ele arranja sempre uma forma de difamar os rivais e contigo nem foi preciso muito pelo facto das pessoas já não gostarem de ti. Então ele só tinha de arranjar uma maneira de o treinador não gostar de ti, pois sabia mesmo que ele contasse o que se diz nos corredores sobre ti, o treinador não ia acreditar, por isso ele tinha de fazer algo durante o treino e pelos vistos quando ias encestar, viu a maneira perfeita de mostrar ao treinador que tu não eras bom para a equipa, e como o resto da equipa ia concordar com tudo o que ele dissesse, mesmo que o treinador vira o que realmente acontecera. Ele acabaria por ficar confuso com o que tinha visto e acabaria por acreditar no que a maioria da equipa dissesse, até porque tu ao discutires com o meu irmão deste mais razão ao que o meu irmão inventou. Então tu serias expulso da equipa.

- Mas para azar do teu irmão o treinador não me expulsou da equipa. Ele falou comigo no final do treino e disse que parecia ter visto o John a atirar se para cima de mim e que como não tinha certeza do que realmente tinha acontecido, eu poderia ficar na equipa.

- Tiveste sorte, mas o meu irmão não vai te deixar em paz, enquanto não conseguir o que quer. Aconselho-te a teres cuidado e a não te passares com ele assim tão facilmente. - faço uma pausa - Agora mudando de assunto, posso fazer te uma pergunta - ele assente - Eu sei que já te fiz esta pergunta antes, mas porquê que ninguém gosta de ti? Tem de a ver um motivo. Eu sei que nesta escola ninguém gosta de ti apenas por causa da fama que trazes das outras escolas, mas ninguém sabe ao certo motivo de tanto ódio por ti.

- Então, eu nunca foi muito popular e sempre tive dificuldade em relacionar-me com as pessoas, sempre que alguém se aproximava eu era rude, então essas pessoas acabavam por se afastar, mas algo mudou há cerca de um ano e meio atrás quando eu conheci o William, o meu ex melhor amigo. Ao início também o afastei, mas ele acabou me por conquistar e demonstrar que eu devia abrir me e relacionar me com as pessoas. Durante 6 meses mais ou menos, eu tornei me popular na escola e comecei a conviver, a ser convidado para festas, a ter a atenção das raparigas também. Aconteceu muita coisa durante esses tempos, mas ao fim desses meses aconteceu algo que fez com que as pessoas me odiassem e tivessem medo de mim e também fez me voltar à minha postura fria. Desde aí não me relacionei com quase mais ninguém até tu chegares. Contigo eu não consegui ser rude, não consegui manter te afastada e não sei o motivo, mas simplesmente deixei que tu te aproximasses. Não sei explicar, mas eu sabia que podia confiar em ti mesmo sem te conhecer.

- E podes! Mas mais uma coisa o que aconteceu para as pessoas terem medo de ti?

- A...a...a - ele tenta falar alguma coisa com sorriso triste na cara.

- Aqui estão os vossos pedidos. - a empregada diz interrompendo a nossa conversa e impedindo que ele fale. Ela entrega-nos os pedidos, sai e nós comemos.

Durante o almoço ainda tento saber a resposta à minha pergunta, mas ele foge sempre do assunto. Depois do almoço vamos para a a casa dele e começamos a fazer o trabalho. No decorrer do trabalho sinto-o um pouco distraído, mas resolvo não o questionar, por saber que, provavelmente, tem algo a ver com a nossa conversa do almoço.

Por volta das seis horas da tarde despeço-me dele. E devo confessar que a despedida foi um bocado estranha por ele estar a olhar para mim fixamente com um sorriso nos lábios, o que me causou um friozinho na barriga estranho.

Vou para casa e assim que chego deito me na cama e penso na boa tarde que passei com ele e como ele tem sido gentil comigo, algo que pelos vistos para ele foi inevitável desde o primeiro momento. Aquilo tudo era tão bom e estranho ao mesmo tempo. Eu com ele sentia me bem, como estivesse rodeada dos meus amigos, acho que já o posso considerar de amigo. Ou algo mais...


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