Xo Bou estava encurralada.
De um lado cobras com suas línguas serpenteando no ar fofocas sobre tudo e todos, enquanto do outro lado tubarões, com suas barbatanas deslizando para a esquerda e para a direita ordens de exílios e decapitação em nome da Rainha.
Se ela não fosse esperta no momento em que surgira no centro do salão do Trono como um fantasma a visitar seus parentes, Xo Bou já estaria morta, ou quem sabe coisa pior, como se desfazer em flocos de neve e fogo... Mas Xo Bou era uma serpente com sua calda a deslizar no ar e rastejando de um lado para o outro pronta para se proteger dos que a atacarem... Ela não atacaria sem um motivo, porque naquele momento ela só tinha uma única missão: Transformar o jovem Príncipe em um Rei, e ao transformá-lo em Rei se tornar a sua Rainha.
Suspirando, Xo Bou com seu vestido vermelho bordado com flores douradas na bainha se encaminha até a porta da Casa das Rosas, com seus sapatos de salto alto, ela sabia que aquela casa era uma das mais antigas, devido à pequena teia de aranha que se encontrava num canto no teto, e também devido a uma estante lotada de livros empoeirados... Ela apenas suspirou outra vez, e ao chegar ao batente da porta coloca seu quadril contra o mesmo e ergue a mão, ao ergue a mão... Os pequenos flocos de neves que caiam começam a dançar como pequenos dançarinos em uma valsa, ela desliza no ar a mão esquerda, fazendo com que os pequenos flocos de neves deslizem no ar e depois rodopiem ao redor de uma mulher feita de flocos de neves. Xo Bou sorri e depois ergue a mão direita em direção ao céu e começa a deslizá-la de um lado para o outro, os flocos de neves começam a dançar uma valsa silenciosa, que somente Xo Bou consegue ouvir...
— A Vossa Alteza sabe que se um dos conselheiros da Rainha a visse fazendo isso a consideram uma bruxa e lhe arrancariam a sua linda cabecinha? — Xo Bou ouve uma voz doce e suave lhe pergunta atrás de si, que apenas continua a fazer os flocos de neves a dançarem uma valsa sem música...
Ela conhecia as vozes doces e suaves.
Ela sabia o que se escondiam por detrás das vozes doces e suaves, elas eram como um mel adocicado demais, e que quem experimentasse pela primeira vez se sentiria como se estivesse no Paraíso... Mas com o passar do tempo, o mel doce se tornaria enjoativo e era assim com as doces vozes... Só que as vozes doces e suaves não ficavam enjoativas, elas se tornavam mortais e escondiam um perigoso e mortal veneno... As palavras sussurradas em vozes doces e suaves eram sempre palavras cortantes, que passariam uma falsa inocência... E uma falsa inocência Xo Bou conhecia bem.
— Claro que sei Princesa! — Xo Bou diz enquanto se vira para olhar para a jovem Princesa de cabelos negros que se encontrava parada atrás de si com as mãos embaixo dos seios e os olhos negros, mais afiados do que a lâmina de uma espada pronta para a guerra.
Xo Bou apenas colocou um o sorriso nos lábios carmesim e com a imagem de uma doce pessoa caminha até a Princesa, que com os olhos afiados apenas observa Xo Bou, que para na sua frente e que se inclina na direção dela e fala: — Assim como sei que há cobras rastejando no chão desse palácio prontas para dar o bote.
A Princesa Bu Bu, com os olhos antes afiados olha para o chão atrás das tais cobras que Xo Bou diz, mas não encontra nada, apenas um chão de madeira e uma pequena mancha negra no mesmo.
— Não estou falando desse tipo de cobra, minha jovem Princesa... Mas sim do tipo que possui duas pernas, e que em vez de rastejar elas estão a caminhar nos corredores desse palácio com suas espadas bem escondidas prontas para que num momento que não estivermos alerta cravarem as mesmas em nossas gargantas, enquanto observam o sangue jorrar! — Xo Bou diz com os olhos dourados presos nos olhos negros arregalados da jovem Princesa, que engole em seco.
As duas ficam a se encararem.
Olhos negros nos olhos dourados.
Duas Princesas de lados opostos... Ou não?
Mas ali, naquele momento as duas se encontravam de lados totalmente diferentes, enquanto uma apenas quer cumprir sua missão e conseguir viver a outra quer fazer de um homem que não quer o destino cumpra seu dever, mas aquelas duas mulheres tinham algo em comum... Elas queriam algo que poderia uni-las ou separá-las...
Então um barulho foi ouvido e as duas Princesas se veem de frente com a pequena Princesa Lótus, com os olhos violetas arregalados e com as duas mãos a proteger o pescoço, com medo de que alguém saísse das sombras e lhe cravasse uma espada no pescoço...
Mas ela sentiu algo gelado contra sua espinha e arregalou mais ainda os olhos, e dá um pulo para o lado com as mãos entorno do pescoço o protegendo enquanto solta um grito mudo.
Uma risada masculina é ouvida e Lótus apenas olha para o lado e vê seu irmão mais velho parado, rindo da sua inocência.
— Lou Jin, você quer matar-me do coração? — Lótus pergunta enquanto com as mãos entorno do pescoço varre com os olhos todos os locais obscuros daquela casa atrás de algum inimigo.
— Desculpe-me Lótus, mas eu não resisti! — O jovem fala enquanto ri mais um pouco, mas quando olha para a Xo Bou sua risada vai morrendo até que só reste apenas uma sombra do que foi a risada.
— Xo Bou! — O jovem fala enquanto Lótus lhe pega a mão e gruda na sua cintura com medo de algo que ela mesma fantasiou... E que foi desenhado pela sua irmã.
— Lou Jin, aconteceu algo para que você viesse até aqui? — Xo Bou pergunta enquanto com seus olhos dourados observa a Princesa Bu Bu, que a encarava com seus olhos negros.
Xo Bou não sabia em qual categoria incluir a Princesa Bu Bu... Ela não sabia se ela seria uma cobra pronta para lhe dar o bote ou um tubarão com seus dentes afiados esperando que ela sangrasse para que pudesse deslizar pelas águas, que eram aqueles corredores e lhe cravar os dentes afiados.
— Xo Bou! — Lou Jin diz enquanto observa sua irmã.
Lou Jin conhecia muito bem a irmã que tinha, e por isso quando viu que Xo Bou estava a encarar a Princesa com seus olhos de estrategista, sabia que teria que tirá-la dali antes da mesma fazer algum plano de ataque e contra-ataque que colocaria tudo a perder.
— Sim? — Xo Bou pergunta ainda com os olhos cravados na Princesa, que também a olhava com seus olhos negros.
As duas se olhavam como se fossem inimigas declaradas e estivessem esperando o ataque da outra, quem desse o primeiro passo seria a vítima.
— Preciso falar com você! — Lou Jin diz enquanto observa as duas mulheres paradas, uma de frente para a outra, suas faces limpas de quaisquer sentimentos e os pensamentos com inúmeros ataques e contra-ataques...
Duas mulheres que poderiam fazer uma guerra acontecer sem que ninguém seja capaz de ver.
— O que aconteceu? — Xo Bou pergunta enquanto se vira para o seu irmão, que a olha com os olhos vermelhos.
— Algo aconteceu! — Lou Jin diz enquanto a Princesa Bu Bu se vira e sai da sala deixando-os sozinhos.
— O que aconteceu? — Xo Bou pergunta enquanto em sua mente ela esteja planejando inúmeras armadilhas para se pegar um cavalo indomável.
— A Derya declarou que nossos avôs são a vergonha dos Reinos! — Lou Xin diz enquanto se lembra das cenas que presenciou de sua mãe pronta para tacar fogo na Derya .
— O que? — Xo Bou e Lótus perguntam enquanto Lou Jin suspira.
— Derya pediu para nosso tio uma reunião de urgência para se tratar de um assunto que ela considerava de muita importância... Que no caso é nossos avôs.
— Como assim? Ela só pode ser louca... Existem assuntos de mais urgência do que o fato de que nossos avôs se amarem! — Lotus diz enquanto cruza os braços.
— É verdade, mas você sabe como é a Rainha Derya... Ela só quer um motivo para poder mostrar que é Rainha! — Xo Bou diz enquanto olha para o horizonte.
— O que foi, Xo Bou? — Lou Jin pergunta.
— Sinto como se estivesse saindo de um lugar hostil para vir para um lugar onde a minha morte pode estar a caminhar na minha direção a qualquer momento! — Xo Bou diz enquanto pensa nas palavras de sua bisavó... Ele era a única forma dela ficar viva.
Se fosse necessário Xo Bou se tornaria ainda mais cobra para conseguir com que o Príncipe a olhasse.
— Porque você está dizendo isso? — Lótus diz enquanto observa sua irmã.
Quando Xo Bou fora embora da Corte do Palácio de Kon, Lótus ainda era apenas um bebê que acabara de nascer, e ela apenas ouvira falar sobre aquele dia em que sua irmã fora assumir seu lugar até que ela tivesse idade suficiente para poder se sentar no Trono do seu pai e governar seu povo.
— Porque sinto como se estivesse a caminhar entre pedregulhos e espinhos, enquanto que em certos momentos sinto-me como se estivesse nadando entre inúmeros tubarões, que só estão esperando um momento para poderem atacar.
— Hummm... Sabe, Xo Bou, nosso pai sempre disse que se tivermos que lutar com algum animal é sempre bom saber os pontos fracos deles para que assim possamos atacar com um golpe mortal! — Lou Jin diz sorrindo enquanto Xo Bou sorri para o mesmo.
Ela sabia que se quisesse derrotar o inimigo era apenas saber o ponto fraco dele e usar isso a seu favor, mas qual seria o ponto fraco da Princesinha? Seria seu irmão? Ou o poder?
Xo Bou não sabia, mas estava disposta a saber, porque ela não queria enfrentar uma cobra sem pedras e nem um tubarão sem uma lança em suas mãos.
— Vou precisar de pedras... Não, melhor, uma lança! — Xo Bou diz enquanto se vira e vai até a porta da Casa das Rosas e para ali, olhando a neve cair como se ela fosse algo magnífico.
— Para que você quer uma pedra e uma lança? Pelo amor dos Deuses, Xo Bou, você não vai caçar hoje? — Lótus pergunta enquanto troca um olhar confuso com seu irmão, que apenas dá de ombros.
— Ora essa, como você espera que eu lide com uma cobra sem as pedras e com um tubarão sem uma lança? — Xo Bou pergunta enquanto atravessa o arco da porta e vai em direção à neve.
— Acho que a Xo Bou ficou louca! — Lótus diz enquanto corre em direção à irmã.
Lou Jin apenas fica parado ali, olhando suas irmãs sumirem em meio à neve que cai naquele momento, ele apenas ficou a observar sua irmã Xo Bou com os olhos de alguém que teria que ficar de olhos nela, porque senão era bem capaz da sua irmã fazer mais inimigos em dia de lua cheia do que fazer amigos num dia ensolarado... Suspirando Lou Jin atravessa o arco deixando para trás a Casa das Rosas.
Não muito longe dali, sua mãe se encontrava no quarto dela e de seu marido olhando para a porta como se ela fosse sua pior inimiga, e ela estivesse pronta para atacar a qualquer momento, Yin Chang apenas a olhava com um sorriso nos lábios, enquanto que em sua mente fria e calculista ele estivesse tentado a fazer com que sua esposa tivesse algum juízo naquele momento... Que bem, era muito delicado, Yin Chang sabia que Mira estava com os nervos à flor da pele por causa da gravidez, mas ele também sabia que ela se encontrava tentada a botar fogo na cauda do vestido azul de Derya .
— Mira, tem como parar de olhar para a porta como se ela fosse saltar em cima de você? — Yin Chang pergunta com sua voz fria, mas com os olhos dourados e calorosos... Apenas para a sua mulher e seus filhos.
— Não! — Mira diz enquanto cruza os braços embaixo dos seios.
Yin Chang ao ver que sua mulher se encontrava irredutível naquele momento, apenas suspira e se levanta da cama. Ele a olha, e como em todos aqueles trezes anos em que viveram juntos, Yin Chang não consegue deixar de ficar maravilhado com a mulher que ele tinha ao seu lado.
— O que foi Yin Chang? Porque você está me olhando assim? — Mira pergunta com o rosto virado na sua direção. Seus olhos vermelhos parecem à chama que arde dentro dele. Sua face de menina sempre fará com que Yin Chang se sinta como se estivesse a vendo pela primeira vez.
— Nada, querida... Apenas pensando em como fui sortudo por ter você como minha e Rainha... — Yin Chang diz enquanto com um sorriso caminha até Mira.
A jovem Rainha apenas fica parada olhando para o seu marido. Seus cabelos brancos longos. Seu rosto aristocrático. Seus olhos dourados... Tudo em Yin Chang parecia chamar Mira, como se ela fosse uma mariposa atraída pelas chamas de uma vela acesa.
— Yin Chang... — Mira diz, mas seu marido para na sua frente e coloca o dedo nos lábios carmesim da jovem Rainha, que apenas o olha nos olhos.
Olhos dourados do jovem Rei presos nos olhos vermelhos da jovem Rainha, os dois pareciam perdidos em meio a uma neblina que deixava tudo de fora.
— Mira. Minha doce e audaciosa Rainha! — Yin Chang diz enquanto se inclina para beijar sua bochecha. Seus lábios deslizam como pequenas penas na face de Mira, que apenas fecha os olhos.
As mãos deslizavam pelos braços cobertos de ambos. Seus corações batiam como uma doce melodia. Yin Chang desliza os lábios da bochecha esquerda até a clavícula, e logo depois a desliza em direção aos lábios carmesim da Rainha, que espera por aquele beijo como se ela fosse o Fogo esperando o Gelo para que os dois possam enfim ficar juntos...
— Minha Rainha! — Alguém diz do outro lado da porta, fazendo com que Yin Chang afaste o rosto um pouco para que pudesse olhar para a porta.
Mira ao ver que seu marido não lhe beijaria pelo fato de que alguém estava a lhe chamar apenas bufa, se ela pudesse ela mandaria quem quer que fosse a pessoa para a forca, mas aquele momento era apenas passageiro e fantasioso. Mira sabia que se ela e seu marido tivessem um pouco de privacidade, esse momento não duraria muito, já que eles se encontravam em meio a uma guerra declarada...
— Mira, a porta! — Yin Chang diz quando Mira joga seus braços ao redor do seu pescoço e olha com os olhos vermelhos nublados pela paixão que teria que ser mantida outra vez em segundo plano.
— Deixa quieto... — Mira diz enquanto Yin Chang tenta tirar seus braços, que mais pareciam tentáculos do que braços.
— Mira abre essa porta agora, está me ouvindo? — Uma voz feminina diz enquanto murros são dados contra a porta.
A jovem Rainha apenas suspira e retira os seus braços de cima do seu marido e se vira. Seus olhos vermelhos estavam da cor do sangue e caminha com os passos de Rainha, mas com uma leve dureza que teria causado um breve terremoto se ela não fosse apenas uma jovem mulher.
Ao abrir a porta ela dá de cara com uma jovem de cabelos cor-de-rosa na altura dos ombros e olhos azuis, a jovem mulher tinha um sorriso nos lábios enquanto a menina que estava do seu lado apenas olha para o lado, temendo que a ira da Rainha Vermelha caísse sobre sua cabeça.
— Espero que seja algo importante para que você literalmente tivesse quase derrubado minha porta! — Mira diz enquanto olha nos olhos da moça de cabeços cor-de-rosa, que apenas sorri.
— Ora essa, Mira, até parece que eu viria aqui apenas para lhe convidar para uma tarde de chá, mesmo que o tempo esteja lindo, mas não, eu vim avisar que a Rainha Yasmine acabou de atravessar os portões do Palácio! — A jovem diz fazendo com que Mira feche a porta, deixando para trás seu marido, que apenas olha para a porta como se ela fosse seu inimigo declarado.
Yin Chang naquele momento considerou a ideia de passar uma temporada na Cidade do Fogo como sua esposa tinha falado.
Mira encosta na porta fechada e fica olhando para a jovem de cabelos cor-de-rosa, ela sabe que com a vinda de Yasmine depois de 5 anos fora a Corte, o Reino de Kon se encontraria em uma grande euforia pelo fato de que sua amada Rainha enfim voltara depois de uma grande cruzada.— Yasmine voltou? — Mira pergunta enquanto a jovem apenas a olha. Seus olhos azuis são frios como a água do oceano.
— Sim, será que você não me ouviu? — A jovem pergunta fazendo com que a pequena garota que antes esquecida ofegasse com tamanha ousadia da sua comandante.
— Alina, juro pelos Deuses que um dia desses eu ainda faço com que você se afogue! — Mira diz enquanto se afasta da porta e começa a caminha pelos corredores de gelo do castelo.
— Ora essa, Mira, somos amigas há quase vinte anos e é assim que você me trata? — A jovem Alina diz com os olhos azuis a brilharem como as ondas do mar, enquanto Mira apenas sorri e pensa numa figura de um tubarão... Que no caso a protegeria mesmo que seu sangue estivesse na água.
Yasmine suspira enquanto atravessa as portas do Castelo de Gelo, que com sua cor que lembra o diamante ofusca o brilho do sol e deixa os viajantes que ali passavam maravilhados com a força e a delicadeza daquele Palácio... Mas Yasmine não se sentia maravilhada, nem pronta para rever seu marido.
Enquanto Abhya governava a Reino de Kon com as mãos de ferro e a voz de um sábio, Yasmine estava com seu povo no Reino Mortal tentando lidar com a dor da perda... A Cinco anos Yasmine engravidou e perdeu o bebê. Seu sangue sujara o chão maculado do grande Palácio enquanto que Abhya gritava por ajuda, Yasmine apenas ficara a observar a poça de sangue que deslizava pelo chão...Tentando fugir daquelas dolorosas lembranças, Yasmine balança a cabeça com força tremenda fazendo com que seu cabelo preso num rabo de cavalo alto lhe chicoteasse o rosto, seus cabelos lhe cobrem a visão, a impossibilitando de ver as duas mulheres que se encontravam paradas no meio do corredor acompanhadas de suas damas de companhias, que se encontravam com as cabeças baixas prontas para escapar da fúria de duas mulheres.
— Imperatriz Cixi, há quanto tempo? — Xing diz com um sorriso nos lábios.
Quando sua voz melodiosa chega aos ouvidos de Yasmine, a mesma para no meio do corredor, suas pernas travam e em sua face se pode ver o pânico de se encontrar entre aquelas duas mulheres. Yasmine sabe que a guerra entre aquelas duas mulheres nunca teria fim...
E Yasmine fora avisada por Mira para não se intrometer entre aquelas duas mulheres, mas Yasmine não ouviu... E agora ela estava de volta, e justamente nesse momento tem que dar logo de cara com as duas Rainhas? Não podia ser Mira? Ou até mesmo Derya? Mas não, as duas primeiras pessoas que ela vê são as duas mulheres paradas no corredor.
Yasmine dá um passo para trás com medo de que elas possam a ver... Mas uma mão a puxa para um corredor ao lado mal iluminado, e ao ver quem era a pessoa apenas suspira.
— Mira... — Yasmine começa a falar, mas Mira lhe tampa a boca com a mão e apenas balança a cabeça para cima e para baixo.
— Quieta! — Mira sussurra e depois cola o corpo contra a parede.Ela precisava saber o que aquelas duas estavam planejando, era a vida de sua filha que se encontrava em perigo graças a guerra daquelas duas mulheres, e pensando nisso Mira tinha decidido usar todos os meios possíveis para conseguir descobrir quais planos aquelas duas tinham uma contra a outra...
E ela não podia esquecer que seu pai e Kadar corriam perigo graças a Derya, que descobrira o segredo dos dois, Mira sabia que Derya não seria capaz de descobrir esse segredo sozinha, ela era muito sonsa, ou se fazia de sonsa, mas Mira sabia também que Derya não seria capaz de descobrir um segredo sozinha, e por isso ela acreditava que uma daquelas duas mulheres que se encontravam paradas ali tinha as mãos muito bem cuidadas envolvidas nessa situação, que a qualquer momento causaria uma guerra.
— Rainha Xing, como foi à viagem? — Cixi pergunta e logo depois olha para as duas damas de companhia, que com o olhar que sua Imperatriz lhes dirige apenas se curvam e saem deixando para trás, Cixi e Xing, acompanhada apenas de uma jovem mulher de cabelos da cor da neve.
— Ótima, o clima estava maravilhoso não é, Bai? — Xing pergunta para a jovem que continua com a cabeça baixa.
— Sim, minha alteza! — A jovem responde e apenas faz um breve aceno para Cixi e se curva na frente de Xing.
— Vou me retirar, Vossa Graça!
Assim que a jovem se virou, os sorrisos que as duas mulheres distribuíam entre si sumiram, dando espaço para os olhos obscurecidos pela raiva e as colunas eretas com o porte de Rainha e Imperatriz que as duas tinham.
— Espero que você deixe minha bisneta em paz! — Cixi diz enquanto dá um passo à frente, ficando de cara com Xing, as duas estavam a milímetro uma da outra, nariz contra nariz.
— Ora essa, Cixi, eu não fiz nada com sua neta! — Xing diz enquanto abaixa os olhos lentamente e ergue uma mão para averiguar suas unhas.
— Não se faça de boba, Xing, nós duas sabemos que você está a fazendo de pião! — Cixi diz enquanto Xing apenas inclina a cabeça para o lado e sorri.
Mas logo depois Xing fecha seu sorriso e a olha com os olhos da cor da Lua... Sua face se encontrava obscurecida e seu sorriso morto, logo depois Xing volta a cabeça ao lugar e com a coluna ereta apenas se inclina e coloca a cabeça na curvatura do pescoço de Cixi.
— Eu não sou o tipo de pessoa que usa os outros sem que eles saibam, diferente de outras pessoas! — Sussurra no ouvido de Cixi e logo depois inclina a cabeça para trás e logo depois o corpo.
— O que você quer dizer com isso, Xing? — Cixi diz, mas sua voz se torna quase um sussurro perdido entre aquelas paredes de gelo.
— Pense o que quiser, Cixi, mas saiba que eu jogo limpo e você sabe disso... — Xing diz se virando.
Ergue a mão e dá um tchau para Cixi, que foi deixada sozinha em meio aquelas paredes de gelo.Ao caminhar pelo corredor Xing apenas pensava em como acabar com algo que começara há anos atrás sem que tivesse que fazer certas revelações.... Ela não estava pronta para revelar a verdade e nem pronta para o que estava por vir...Ao passar num corredor ela pode ver Mira e Yasmine grudadas na parede, como se elas pudessem se fundir a parede.
Xing apenas sorri e ao passar ao lado de ambas pisca o olho para Mira, que a olha como se tentasse desvendar os segredos ocultos por detrás de tamanha beleza de duas Rainhas... E Xing acreditava que quando Mira soubesse a verdade fosse tarde demais.