Nota: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.
(2) – Essa é uma história Slash, ou seja, relacionamento Homem x Homem. Se não gosta ou se sente ofendido é muito simples: Não leia.
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Nada como um ensolarado sábado para encher a escola de entusiasmo, principalmente quando um clássico do Quadribol de Hogwarts está para entrar em campo. Slytherin vs. Gryffindor. O jogo do século, onde o herdeiro do Lord das Trevas revelaria suas habilidades, exploradas avidamente em todos esses dias de treinamento. Mais de quatro semanas já haviam passado desde que Harry fora convidado a entrar no time de Quadribol de sua casa, acabavam de ingressar no mês de Setembro e o jovem Slytherin se via mergulhado em treinos e mais treinos com o capitão, Marcus Flint, e este considerava o menino uma verdadeira descoberta para o time.
- Não sei, não... – um enciumado Draco Malfoy comentava enquanto tomavam o café no grande Salão Principal -... Ele parece interessado de mais em você.
Harry apenas sorri, levando outra colher de cereais de chocolate à boca, para depois de engolir replicar ao amigo sentado ao seu lado:
- Draco, eu sou o herdeiro do Lord que é o ultimo descendente de Salazar Slytherin, qual Slytherin de verdade não estaria interessado nisso?
- Sei, espero que seja apenas isso mesmo.
O moreno já revirava os olhos, quando uma sorridente Pansy intervém:
- Relaxa, Harry, o Draquinho só está nervoso porque você chegou muito tarde do treino ontem.
- E ele ficou com saudades... – Blaise acrescenta, com burla, desenhando coraçõezinhos no ar.
- Calem a boca! – uma leve cor avermelhada tomava conta das bochechas do loiro.
Theodore Nott, que estava sentado do outro lado de Harry e acompanhava a cena com desdém, estreita os olhos, lançando um olhar mortal ao herdeiro dos Malfoy e outro à sua mais nova vítima, o capitão do time de sua casa, Marcus Flint. Todos eles não podiam, simplesmente, se manter longe do Harry? O pequeno Lord devia centrar suas atenções apenas nele, só os dois podiam ser amigos, somente Theo tinha o direito de proteger e cuidar de Harry. Esses pensamentos estavam fixos em sua mente desde o primeiro encontro dos dois...
(Mini-Flashback)
Uma grande festa acontecia na mansão Riddle. Lord Voldemort oferecia um elegante coquetel aos seus subordinados para comemorar as crescentes alianças e Harry poder se divertir com outros pequenos de sua idade, pois Malfoy, Parkinson, Zabini, Crabbe, Goyle e Nott haviam levado seus filhos para brincarem com o herdeiro do Lord. Dessa forma, já passavam das 15h00min e a maioria das crianças corria pelo jardim, enquanto os adultos saboreavam exóticos aperitivos entre conversas suntuosas e sorrisos discretos.
- Certo, agora é a minha vez de contar! – um asseado loirinho de pouco mais de seis anos, sorria com superioridade, aproximando-se de uma árvore enquanto os outros cinco corriam para se esconder pelo amplo lugar.
Harry e Draco haviam proposto um interessante jogo chamado: "Esconde-o-muggle", onde o bruxo contava até vinte e os que se faziam de muggles tinham que se esconder. Quando o bruxo acabasse de contar seguia atrás dos muggles para lançar um Avada Kedrava em cada um. Os muggles que conseguissem chegar até a árvore sem serem apanhados pelo bruxo, estavam salvos.
-... 1, 2, 3, 4...
Uma linda garotinha de vestido azul-celeste rendado, corria com um elegante menino de olhos café para dentro da mansão, indo se esconder no armário de casacos.
- Tem certeza, Pansy?
- Claro, Blaise, entre logo!
... 5, 6, 7, 8...
Enquanto isso, dois garotos corpulentos e de expressões abobadas que pareciam até irmãos, seguiam logo para se esconder na cozinha, aproveitando para descolar um lanchinho também.
... 9, 10, 11, 12...
E o belo moreninho de brilhantes olhos verdes não pensou duas vezes antes de seguir para o lado mais afastado do jardim, quase na entrada da piscina, onde um elaborado banco de mármore era rodeado por exóticas flores primaveris. Mas foi pego de surpresa quando viu um garoto maior do que ele, praticamente da altura de Draco, sentado no banco, lendo tranquilamente sob a sombra das árvores.
Sem intimidar-se nem um pouco, Harry se sentou ao lado do menino e este levantou a cabeça rapidamente, assustado.
- Jovem Riddle... – o maior fez uma ligeira reverência ao filho do Lord, após reconhecer o "intruso".
- Olá – Harry sorria daquele cálido jeito que o caracterizava – Pode me chamar de Harry... Você é?
- Theodore Nott.
- Humm... Porque não está brincando conosco, Theo?
Os frios olhos azuis pareceram desconsertados ao ouvir o carinhoso apelido, mas respondeu com indiferença:
- Não gosto de brincar.
- Não? E o que você gosta de fazer? – a curiosidade de Harry parecia falar mais alto, a ponto do menino esquecer que ainda estavam brincando. Apenas aquele curioso e solitário garoto captava suas atenções agora.
O maior não sabia direito o que fazer. Sempre tentara passar despercebido nos locais com seu jeito frio e indiferente e agora alguém surgia perguntando sobre seus gostos. Alguém se mostrava verdadeiramente interessado nele. Alguém que parecia rodeado por uma linda aura angelical e que possuía os olhos mais cativantes que já observara em sua vida.
- Gosto de ler – indica o livro em seu colo.
- "Maldições ontem e hoje: A arte de destroçar seus inimigos através dos séculos" – Harry lê em voz alta e logo sorri – Eu conheço esse livro! Tem a coleção completa na biblioteca do meu pai, mas nunca peguei para ler. É interessante?
- Interessante? É incrível, olhe só essa parte... – e abrindo em uma das páginas, Theo indica algumas frases que fazem Harry rir com gosto. Para o maior, aquela cristalina risada sempre estaria gravada em sua mente.
E assim os dois passam mais de duas horas, apenas conversando, rindo e se conhecendo. Theo nunca pensou que encontraria alguém tão cativante quanto Harry, seu coração palpitava mais rápido sempre que seus olhos se encontravam com os do menino, era algo inacreditável para ele. Harry se mostrou a pessoa que ele sempre quis ter ao seu lado: divertida, encantadora, inteligente, audaciosa e bela. Uma pessoa definitivamente bela. Algo já era fato na mente do herdeiro dos Nott agora, o jovem Harry Riddle era sua alma gêmea, a única pessoa que deveria estar ao seu lado e vice-versa. Ninguém se colocaria entre a amizade dos dois. Somente ele poderia cuidar e proteger o lindo menino sentado ao seu lado, e somente Harry poderia iluminar sua vida.
Sim, os dois estavam fadados a permanecer juntos.
Sem interrupções...
- Harry? Harry, cadê você?... A brincadeira já acabou... - aquela conhecida voz parece despertar o pequeno Lord.
- Draco? – murmura. A essa altura, Harry estava com a cabeça apoiada no ombro de Theo e os dois liam um interessante parágrafo do livro, enquanto o maior abraçava ligeiramente sua cintura para ter mais apoio.
E foi diante dessa cena que Draco Malfoy apareceu.
Lá estava seu melhor amigo sendo abraçado por um garoto alto, de cabelos negros revolvidos, vestes finas e ostentosas que contrastavam com seus frios olhos azuis. E este garoto parecia bem interessado em rodear a estreita cintura de Harry de forma protetora e até mesmo, possessiva.
- O que está acontecendo aqui? – o irritado loiro se aproximava rapidamente, parando a poucos centímetros do banco – Por que você está com esse garoto, Harry?
- Draco esse é Theodore Nott. Theo esse é Draco Malfoy – Harry apresenta sem se alterar, continuando na mesma posição.
Nott, por sua vez, encarava o loiro com uma frieza digna de se congelar alguém. Afinal, quem esse tal Malfoy pensava que era para interromper sua leitura com Harry? E o tal Malfoy o encarava da mesma forma, Harry pensava que logo, logo, flocos de neve estariam caindo ali. O jovem Malfoy, no entanto, só tinha em mente uma pergunta: Quem esse tal Nott pensava que era para segurar assim o "seu" melhor amigo?
- Hum! Vamos, Harry! Daqui a pouco meu pai nos procurará – com apenas um firme puxão, Draco já trazia o amigo para os seus braços e praticamente o arrastava dali.
- Credo. Por que tanta pressa, Draco? O padrinho pode esperar um pouco.
- Não pode não.
Mas antes de sumir das vistas de Theo, este já os seguia.
- Hei! Qual o seu problema, garoto? Não está vendo que o Harry quer ficar aqui?
- Cuide da sua vida!
- Se meta você com a sua!
- Fique sabendo que o Harry faz parte da minha, idiota! – o tom arrogante do loiro faz o jovem Nott cerrar os punhos, com puro ódio, vendo como os dois seguiam de volta para a mansão. Porém, seu coração parece se acalmar um pouco, ao ver Harry acenando com um sorriso apenado, enquanto era arrastado pela cintura por aquele odioso menino.
Tudo bem. Pensava, respirando profundamente e agarrando o livro com mais força para não seguir atrás de Harry e acabar arrumando problemas para ele. Não importava o que Malfoy dissesse, Harry iria fazer parte da sua vida e não da dele! Não importava os meios que precisasse usar. Não seria o loiro idiota, ou qualquer pessoa, que ficaria entre os dois.
Porque, quando Theodore Nott gosta de algo, absolutamente ninguém se coloca em seu caminho.
(Fim do Não-tão-"mini"-Flashback)
-Theo?
-...
- Theo?
-...
- Theo está ouvindo?
- Deixa ele, Harry, deve estar mergulhado no seu mundinho de excluídos.
- Cale a boca, Malfoy – Theo parece despertar e logo volta seus olhos ao lindo menino que o chamava – Desculpe Harry. O que dizia?
- Se você descobriu alguma coisa sobre a tal Pedra Filosofal?
- Humm... – suspira – Infelizmente não encontrei nada nos meus livros.
Draco revira os olhos com puro desprezo.
- Eu disse. O inútil não serve nem para isso.
Mas antes de um furioso Theo replicar, Harry já intervinha:
- Não comece, Draco! – repreende severamente e o loiro se cala a contragosto – Hum... Também não tive muito tempo para procurar, devido aos treinos, e meu pai não quis me falar nada.
- Por que não? – Blaise pergunta intrigado.
- Não faço idéia. Ele apenas ficou enrolando e disse que conversaria comigo pessoalmente quando viesse para o jogo.
- Então o Lord vem mesmo? – os olhos de uma extasiada Pansy pareciam brilhar – Oh! Quero só ver a cara do velhote!
- Todos nós queremos, Pansy, todos nós... – Harry sorri com malicia, dirigindo suas esmeraldas ao diretor que comia tranqüilo, enquanto conversava com a professora McGonagall.
Nesse instante, os outros quatro deixam os maldosos sorrisos adornarem seus lábios ao imaginar a cena. Até Theo e Draco pareciam esquecer as implicâncias, somente para pensar nas amedrontadas reações dos alunos das outras casas e no assombro que tomaria conta do diretor. Definitivamente hilário! Não poderiam perder aquilo de jeito nenhum, era só questão de tempo.
- Mas então, Harry, preparado para o jogo de hoje? – Blaise retoma as atenções do grupo.
- Depois de todo esse treino, tenho que estar.
- Como se você precisasse disso para arrasar esses Gryffindors, Harryzito – Pansy sorri, dando um piscadinha.
- E que vassoura você vai usar?
- Não sei Blaise, já falei com meu pai, mas ele disse que eu não precisava me preocupar – suspira – Só espero que não demore, porque não quero ter que usar uma dessas velharias da escola. Credo.
- Hum! Seria uma afronta você montado nessas antiguidades horrendas, só os Weasley usam essas porcarias! Essas vassouras devem estar ai desde a época de Salazar – o loiro se pronuncia.
- Concordo, Dra – Harry sorri, imaginando o fundador de sua casa voando pelos arredores da escola naqueles artefatos de museus.
- Provavelmente o Lord quer te fazer uma surpresa... – Theo comenta enigmático e antes que alguém pudesse dizer algo, uma bela coruja branca como a neve surgia em meio ao Salão, voando diretamente em direção à mesa Slytherin.
A coruja em questão trazia um enorme embrulho nas patas que para surpresa de todo o salão principal, foi solto em frente ao prato de Harry.
- Nossa, ainda é cedo para o correio – Pansy reflete, mas logo sorri mostrando sua curiosidade – Abra logo, Harry!
Como esperado para o jovem Slytherin, e completamente imprevisto para todos os outros, lá estava uma magnífica vassoura de última geração. Mas não era qualquer vassoura, era uma Nimbus 2000! O sonho de qualquer garoto daquela escola. Um sonho que, de fato, custava uma pequena fortuna e atraía milhares de olhares deslumbrados para a cena. Logo todos os Slytherins se aglomeravam, elegantemente é claro, em volta de Harry para cumprimentá-lo e elogiar sua repentina aquisição. Até alguns Revenclaws se aproximavam curiosos, enquanto os membros das outras casas apenas observavam fascinados e comentavam entre si:
- É incrível! – diziam alguns.
- Eu sabia que "vocês-sabem-quem" mandaria um presente desses para o filho... – comentavam outros.
- Deve ter custado uma fortuna!
- Uau...
- Oh, Merlin! É lançamento no mercado!
- Por Godric, vamos perder!
- Nossa, quem me dera...
No entanto, Harry respondia a todos os cumprimentos com educação e gentileza, mas estava mais interessado na pequena carta que o Lord mandara anexada ao presente. E logo após retribuir todas as felicitações e agradecer Draco e Theo por expulsarem a multidão, Harry se coloca a ler a carta de seu pai. Dumbledore, desde sua mesa, estreitava os olhos, não gostando nem um pouco da cena.
Meu filho,
Então hoje é o grande dia, não é mesmo? O dia em que os pobres Gryffindors voltarão chorando para suas camas após receberem a maior surra do século! Mal posso esperar para presenciar esse feito.
Envio este pequeno presente para que sua vitória seja ainda mais esplêndida e que os olhares de invejam o exaltem ainda mais. Nagini manda seus votos de boa sorte, apesar de saber que você não precisa, pois derrotará aqueles pobres coitados antes que se possa dizer: Crucio.
Dentro de pouco estarei com você, pequeno. Não perderia por nada esse jogo. E é claro, não perderia a cara do velhote ao ver pai e filho reunidos para comemorar a vitória.
Até daqui a pouco, Harry.
Boa Sorte.
Seu Pai,
Tom M. Riddle.
Com um sorriso nos lábios, Harry guardava a pequena carta dentro de sua túnica, quando uma conhecida voz adentrou em seus ouvidos:
- Não me decepcione hoje, Sr. Riddle – a profunda voz de Severus Snape delatava sua presença às costas do menino.
Harry, por sua vez, vira-se elegantemente e encara o adulto de cima abaixo.
- Não me subestime, professor.
Aquela voz fria, o sorrisinho arrogante no canto dos lábios e o irritante ar de "cuidado, eu sei o que você está tramando" leva o chefe da casa Slytherin a respirar fundo e sair logo dali, contendo-se para não dizer umas quantas verdades ao menino. Este, porém, tinha pensamentos mais importantes rondando sua mente. Pensamentos que faziam seu coração acelerar vertiginosamente e uma onda de pura adrenalina correr pelo seu sangue.
Logo o jogo começaria. Logo seu pai estaria ali...
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O barulho da algazarra que acontecia nas arquibancadas levava um ligeiro friozinho à barriga de Harry, enquanto este andava em círculos pelo vestiário fingindo ouvir as instruções do capitão Flint. Ainda na segurança daquele estreito lugar, o jovem Slytherin podia ouvir os gritos de seus companheiros clamando por ele: "Harry! Harry! Harry!" O alvoroço não cessava e um sorriso nervoso se instalava no canto de seus lábios. Será que seu pai já estava lá? Estaria tão ansioso quando ele? E se não desse certo? E se o velhote fizesse algo?
- HARRY!
- Oi...?
- Está ouvindo? – Marcus pergunta pela quinta vez.
- Claro, claro... Pegar o pomo rapidamente, já entendi.
O mais velho apenas revira os olhos e balança ligeiramente a cabeça, agachando um pouco para ficar da altura de Harry:
- Tenha calma, Harry, você é o melhor apanhador que eu já vi. Estou certo que daremos uma surra naqueles idiotas e você se tornará um herói.
- Obrigado, mas eu não quero ser um herói... – suspira – Só quero que dê tudo certo.
- Vai dar, Harry. Com certeza, e conheço muitas pessoas que ficarão extremamente orgulhosas com o seu feito.
Qualquer um que observasse o temível capitão Slytherin falando tão amigavelmente com alguém ficaria em choque. Afinal, a cara de mal que o corpulento moreno de 1,85m colocava, convencia a todos. No entanto, com o pequeno Lord, Flint sabia que deveria ser aberta uma exceção. Não só pelo fato de Harry ser filho de quem era, mas por aquele ar doce que cativava a todos, inclusive ao capitão coração-de-gelo.
- Certo, está na hora – Marcus se endireitou e sujeitou firmemente sua vassoura – Vamos lá, Slytherins, vamos mostrar para esses Gryffindors idiotas quem é que manda!
- Vamos! – gritaram em coro.
Harry acompanhou os batedores os quais, nesse momento, ele sequer recordava os nomes. Ao ver-se em meio ao campo, uma enxurrada de aplausos o acompanhou e ele notou que o lugar onde seu pai ficaria ainda estava vazio.
- "Será que ele não vem?" – por um breve momento, uma pequena onda de angustia se instalou em seu corpo, mas logo balançou a cabeça, lembrando-se que seu pai sempre cumpria o que prometia.
Madame Hooch era a juíza. Estava parada no meio do campo esperando os dois times, de vassoura na mão.
- Quero ver um jogo limpo, meninos – disse quando estavam todos reunidos à sua volta. Harry reparou que ela parecia estar falando particularmente para o seu capitão, e sorriu discretamente ao ver que Marcus revirava os olhos murmurando alguma coisa que soava como: "Hum! Gryffindors!" – Montem as vassouras, por favor.
A professora estava prestes a colocar o apito na boca e assoprar quando vários gritos cheios de pânico e uma imensa correria nas arquibancadas a interrompeu.
- O que...? – mas ao olhar na direção do alvoroço, ela imediatamente se calou, pálida.
Lá estava ele. Com uma elaborada túnica negra, esvoaçante, cravejada com discretos rubis que acentuavam o brilho assassino de seus olhos. O cabelo negro, impecavelmente arrumado, movia-se com graça devido ao vento e seu bem trabalhado corpo seguia sem intimidação alguma para a arquibancada onde se encontrava o professor de poções e outros pais Slytherins.
- É... É ele!
- Aquele-que-não-deve-ser-nomeado!
- Oh, Merlin nos proteja!
- Ele veio ver o filho...
- Bem que minha mãe avisou que essa escola não era mais segura!
- Oh, céus! O que faremos?
- Dumbledore parece em choque...
De fato, Harry observou com um sorriso nos lábios a expressão má dissimulada de surpresa que tomava conta da face do diretor. Dumbledore encarava fixamente o Lord, com a boca ligeiramente aberta, sem conseguir acreditar que suas suspeitas estivessem se concretizando. Imaginou que Tom quisesse assistir Harry jogando, mas nunca pesou que se atrevesse a tanto. Apenas para humilhá-lo. Apenas para mostrar que ele não mandava nada na escola e que Lord Voldemort sempre fazia o que desejasse.
- "Isso não vai ficar assim, Tom. Você acaba de colocar uma carta na minha manga" – pensa, estreitando os olhos. Sem deixar de observar como o Lord se acomodava do outro lado do campo, bem à sua frente, rodeado de seguidores.
Harry sorriu. Seu pai fazia uma ligeira reverência para ele, cumprimentando-o. Observou que seus amigos também acenavam na arquibancada Slytherin, apontando com burla para o lugar onde se encontrava o diretor. Harry sabia que eles estavam adorando aquilo, tanto quanto ele. Viu uma animada Pansy balançando pompons verde/prata, enquanto quase batia em um pobre Blaise para que este também balançasse os pompons que tinha nas mãos. Draco sorria, daquele jeito que só Harry presenciava, acenando para o melhor amigo e mandando este fazer o melhor de si para acabar com os irritantes Gryffindors. Theo, com um livro fechado nas mãos, encarava fixamente o moreninho infundindo-lhe ânimo apenas com aquele profundo olhar. Harry sabia que o amigo odiava esse esporte, mas estava ali apenas por ele. Todos estavam. Exclusivamente por ele.
- "Não vou decepcioná-los" – pensou, sem deixar de sorrir. Ouvindo como uma trêmula Madame Hooch soprava seu apito após o tumulto se acalmar um pouco. Fora dada a partida.
A goles é lançada e cai em mãos Slytherins. O capitão Marcus Flint dribla os balaços lançados pelos gêmeos Weasley e em poucos segundos, rápido como uma flecha, arremessa a goles no aro mais alto. Definitivamente rápido de mais para o capitão Gryffindor conseguir bloquear.
- Impressionante, minha gente! Aquela Nimbus 2000 do apanhador Slytherin é incrível! – dizia o comentarista, Lino Jordan.
- Sr. Jordan! – a professora McGonagall, sentada ao seu lado, o repreende – É para narrar à partida e não fazer propaganda de vassouras.
- Desculpe professora, mas é extraordinária e tão rápida... – ao ver aquele severo olhar, o amigo dos gêmeos logo retoma o foco – Bom, como eu dizia, lá se vai o artilheiro Slytherin para mais um ponto. Como eles conseguem? Só pode ser sorte por causa do novo apanhador e... Hehe... Desculpe professora. Mais 20 pontos para Slytherin!
Em meio à euforia dos pontos ganhos, Harry fazia alguns loops para descarregar a emoção. Seu pai o encarava com orgulho, seus amigos acenavam com entusiasmo e a torcida Slytherin mergulhava em pleno delírio.
- Isso aí, Marcus! – Harry aplaudia vendo o capitão marcar mais 10 pontos e quase derrubar uma jogadora Gryffindor de sua vassoura.
O ritmo do jogo era intenso. De forma repentina, o artilheiro Gryffindor toma posse da goles, dribla os balaços e...
- Ponto para os Gryffindors! Genial, Oliver, já estava na hora! – Lino marcava os 10 pontos correspondentes aos leões, quando estes já faziam mais 10.
Droga. Harry apertava os punhos, frustrado. Se continuasse assim eles logo os alcançariam.
- Minha nossa! É incrível! Gryffindor está quase alcançando os Slytherins e... Mas o que? Oh, por Godric! O capitão Flint acaba de acertar um balaço em um dos gêmeos Weasley. Isso não é justo! Sua corja de... Err... Desculpe professora.
Harry sorria, balançando a cabeça ao ver como seu capitão se transformava em campo, principalmente quando surgia a chance de empatar com os leões. Os Slytherins aplaudiam e gritavam nas arquibancadas. Seu pai o encarava fixamente, com um brilho dourado nos olhos...
- "Dourado?" – Harry arqueou uma sobrancelha e encarando-o profundamente, viu o que procurava. Lá estava a pequena bolinha dourada voando vertiginosamente ao redor da arquibancada, sobrevoando o Lord.
Sem pensar duas vezes, Harry saiu como um raio em direção ao pomo, desviando dos balaços, dos jogadores inimigos e aliados.
- Senhoras e senhores, ou Harry Riddle foi dar um "Alô" ao pai, ou ele acaba de avistar o pomo e... Ai! O que foi que eu disse, professora? – o pobre comentarista esfregava a cabeça, onde acabara de levar um cascudo de sua chefe de casa.
Harry, por sua vez, estava alheio a tudo. Só existiam ele e a bolinha dourada que sobrevoava o campo e levava o jovem Slytherin a sua cola. Estava quase alcançando... Esticava a mão o máximo que conseguia. Só mais um pouco e o jogo estaria ganho.
- Só mais um pouco... – Harry já podia quase sentir as asas do pomo tocando seus dedos quando, de repente, sua vassoura estancou – O que...?
No entanto, antes que pudesse se questionar, sua Nimbus 2000 já rodopiava freneticamente a mais de 20 metros do chão. Estava fora de controle! Harry se segurava com força, mas as brutas manobras o lançavam para cima e para baixo sem consideração. A qualquer minuto sentia que seria dolorosamente jogado contra o gramado e parecia que nada poderia detê-lo.
- O que está acontecendo? – Pansy observava a cena assustada.
- A vassoura está fora de controle! – diz Blaise, preocupado com o amigo que a qualquer momento poderia cair.
Todos comentavam entre assustados, intrigados e curiosos sobre a assombrosa cena que acontecia bem acima de suas cabeças. O herdeiro de Voldemort estava prestes a ser derrubado por uma vassoura? Que terrível maldição seria aquela? Quem poderia detê-la? O medo já assaltava a maioria. E se fosse alguma estratégia do Lord? Somente Merlin poderia prever.
- Ele está prestes a cair! – Draco já se apoiava na borda da arquibancada, procurando algum meio, qualquer que fosse, de parar aquilo.
- E não é só isso – Theo se pronuncia, com o semblante absurdamente sério – Se continuar assim, logo uma guerra terá início.
Todos observaram na direção que o reservado Slytherin indicava, vendo como um furioso Dark Lord se levantava, rodeado por uma assustadora aura negra, e murmurava um poderoso contra-feitiço.
- Precisamos descobrir a origem do encantamento... – Blaise murmura – Antes que o Lord destrua toda a escola.
Mas quem seria louco o bastante para atacar Harry na presença do Lord das Trevas?
A resposta vem em coro:
- Dumbledore!
Na mesma hora o grupo das serpentes encara o diretor. Este mantinha os olhos fixos em Harry, sequer piscava. Era óbvio, para excelentes alunos como eles, detectarem um poderoso feitiço assim. Harry estava quase sendo arremessado ao chão, se não fosse pela repentina interrupção do Lord que bloqueara um pouco a intensidade. No entanto, de qualquer forma, deviam agir rápido.
- Deixem comigo, aquele velhote maluco vai aprender a não mexer com o Harry! – ódio de Draco era palpável e ele já seguia para a arquibancada do diretor, quando um forte puxão o deteve.
- Fique onde está, Malfoy. Você não consegue nem enfeitiçar um rato, que dirá o diretor.
- Fale por você, Nott, todos sabem que eu lanço maldições de olhos fechados, enquanto você só sabe a teoria.
- De que adianta saber aplicar maldições, se estas são tão fracas como as de um sangue-ruim?
- Ora seu...! De que adianta saber toda a arte dos livros se nunca a usa?
- Pelo menos eu sei o que é um livro!
- Grande coisa! Está claro que eu lanço uma maldição mil vezes melhor que você!
- Nos seus sonhos, filhinho de papai!
- Você vai ver só, seu...
- CHEGA! – Blaise interrompe, irritado – Se dependesse de vocês, Harry estaria perdido.
Os dois imediatamente se calam e o loiro arqueia uma sobrancelha.
- Como assim, "se"? – entretanto, ele logo se dá conta do repentino sumiço de Pansy.
A esperta Slytherin não pensou duas vezes ao ver Draco e Theo começarem a discutir, e imediatamente correu à arquibancada onde se encontrava o diretor. Agora, agachada por entre as tábuas que sustentavam os assentos, Pansy não pensou em seus caríssimos sapatos, ou na renda de sua túnica, sequer pensou que poderia sujar suas imaculadas vestes, apenas tirou a varinha do bolso e murmurou o feitiço com precisão:
- Incendio!
Em poucos segundos a barra da túnica azul turquesa do ancião mergulhava em chamas. Este sentia um ligeiro calor nos pés, mas não podia quebrar o contato visual agora. Harry era sacudido com força, apenas a determinação do menino e o poderoso contra-feitiço do Lord o sustentavam ainda. Mas o mais importante é que Voldemort já estava perdendo o controle. Dumbledore sabia que faltava pouco para uma violenta guerra estourar e com o trunfo que logo estaria em sua manga, não iria perder, não deixaria que...
- FOGO!
- FOGO! FOGO!
- O que...? – sem ter outra opção, o diretor é obrigado olhar para baixo, vendo que sua preciosa túnica ardia em chamas e se não agisse rápido seria completamente tomada pelo fogo – "Maldição!"
Dessa forma, Harry logo percebe que sua vassoura estabilizava e ao montá-la novamente, o menino encara o Lord com suas esmeraldas suplicantes, falando com ele por meio da conexão:
- "Papai, por favor, não faça nada".
- "Eu deveria matar esse maldito velho agora mesmo!"
- "Mas é exatamente o que ele quer..." – suspira, tentando recuperar um pouco do fôlego que perdera em meio àquela loucura – "...Ele quer que você quebre o acordo".
- "Esse desgraçado! Se alguma coisa tivesse acontecido ele iria desejar nunca ter entrado no meu caminho, Harry! Ouça bem as minhas palavras, isso não ficará assim!"
- "Pai, acalme-se, está tudo bem. Mostre porque você é chamado de Lord e assista com soberania eu humilhar esses Gryffindors".
A contragosto, Tom assentiu, observando o semblante satisfeito de seu filho.
- "Certo, mas se ele tentar mais alguma coisa..."
- "Não se preocupe, pai. Relaxa e deixa o seu filho ganhar o jogo".
Com um sorriso nos lábios, Harry avistou mais uma vez o pomo e não pensou duas vezes antes de usar toda a velocidade de sua Nimbus para segui-lo. O buscador Gryffindor foi logo atrás de Harry, mesmo sem ter avistado nada, e em poucos segundos os dois estavam lado a lado, perseguindo a bolinha dourada. Era suicida, pensava o jogador Gryffindor, um garoto do terceiro ano de aspecto medroso. O pomo seguia a toda velocidade em direção ao chão. Não conseguiriam alcançar! Era loucura! Com esse pensamento, o Gryffindor freou e subiu de volta aos ares antes que fosse tarde de mais. Harry, porém, continuou. Com a adrenalina bombeando seu sangue, o herdeiro de Voldemort tomou impulso e ficou em pé na vassoura que agora voava rente ao gramado, seguindo de perto a bolinha dourada. Todos o encaravam, boquiabertos, até o Lord estava impressionado com o equilíbrio e a técnica precisa de seu filho. Harry esticava o braço, o pomo estava quase ao seu alcance. Faltava pouco, muito pouco. Estava quase e...
- O que é aquilo? – Blaise arregalou os olhos.
Harry acabara de tropeçar. Fora lançado à frente e seguiu direto para o chão, onde rolou um pouco pelo gramado, mas logo se levantou com as mãos na barriga. Parecia estar com ânsia.
- Ele vai vomitar – Pansy murmura, horrorizada, já de volta à companhia dos amigos.
De fato, Harry parecia a um passo de vomitar. Tom já se levantava, encarando a cena com preocupação quando, de repente, para surpresa geral, o menino "cospe" uma bolinha dourada em suas mãos. O assombro foi unânime. Até os Gryffindors pareciam admirados de mais para reclamar a derrota.
- Harry Riddle agarra o pomo-de-ouro – até Lino se mostrava em choque – Slytherin vence o jogo!
A enxurrada de aplausos não demorou a chegar. Os uniformes verde/prata logo invadiram o campo para rodear a equipe e, principalmente, parabenizar o buscador. O pequeno Lord, por sua vez, correspondia aos cumprimentos com um misto de felicidade e cansaço, deixando um encantador sorriso adornar sua face enquanto maninha a bolinha firmemente segura em sua mão.
- É melhor você ir à enfermaria – Draco estreitava a cintura do amigo, segurando-o em pé.
- Não se preocupe, Dra, estou bem.
- Sem essa, Harry. Você caiu e quase engoliu o pomo, precisa descansar e ver se está tudo bem mesmo.
- Mas eu estou falando que...
- Sem "mas". Você vai e acabou!
Harry conhecia aquele tom preocupado, não tinha escolha e apenas sorriu quando se viu arrastado pelo loiro. Olhando de longe para a arquibancada Slytherin, Harry notou que seu pai o encarava fixamente e imediatamente percebeu que em poucos minutos Lord Voldemort seguiria atrás de seu filho.
Muitos mistérios seriam resolvidos agora...
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Tanto as cores verde/prata, quanto às cores vermelho/dourado, manchavam o imaculado branco da enfermaria naquele momento. Logo na entrada a equipe Gryffindor rodeava a cama de um de seus batedores, George Weasley, que fora dolorosamente atingido pelo balaço do capitão Flint e agora tomava uma poção para reconstituir os ossos da mão esquerda. Mais adiante, do outro lado, encontrava-se a equipe Slytherin rodeando seu buscador. Este revirava os olhos e dizia que estava tudo bem, mas um preocupado loiro de olhos acinzentados não queria ouvir discussões e praticamente obrigava o amigo a tomar a poção revigorante que Madame Pomfrey trouxera.
- Sr. Weasley, pare de gemer, já pode ir para casa – a enfermeira andava de um lado para o outro, afobada – Aqui, jovem Riddle, deixe-me ver. Abra bem a boca e... Isso! Buscarei mais algumas poções vitamínicas.
- Mas...
- Nada de "mas", o senhor precisa se recuperar bem. Foi muita adrenalina no sangue.
O menino apenas suspira, vendo como seus amigos o encaravam com preocupação. Porém, antes que estes pudessem dar mais algum conselho apreensivo, um forte estrondo indica a porta sendo aberta repentinamente. Todos os olhares se voltam à imponente figura que adentrava no recinto. E imediatamente, o medo, por parte dos Gryffindors e o respeito, proveniente dos Slytherins fazem um sombrio silêncio tomar conta do local.
- Saiam!
Aquela voz profunda, os olhos escarlates frios como gelo e a expressão cheia de seriedade acentuando seu porte majestoso, levam os alunos a não pensarem duas vezes antes de obedecer à ordem. Os Gryffindors, trêmulos de medo, sequer levantaram o olhar ao cruzar a porta e correrem para a segurança de sua sala comunal. Até George melhorara repentinamente e parecia correr melhor do que os outros. Os Slytherins, não menos temerosos, mas cheios de admiração e respeito, fizeram uma profunda reverência e se retiraram com a cabeça baixa, para deixar pai e filho a sós.
- Aqui está sua vitamina, senh... – Madame Pomfrey estancou lívida, observando aqueles olhos vermelhos como sangue a perfurarem severamente – Er... Creio que Minerva está me chamando, com licença.
A enfermeira não pensou duas vezes antes de sair às pressas pelo mesmo caminho que fizeram os estudantes, apenas não queria estar no mesmo local que aquele temido ser. Ela não conseguia pensar como um assassino pudera criar um menino tão doce quanto o pequeno Slytherin que era a cara do seu protegido e adorado James Potter, mas não permaneceria ali para divagar sobre isso.
Nesse momento, Harry e Tom se encaravam fixamente. Verde contra vermelho, intensos, cheios de sentimentos que ramente eram proferidos. Até que o menino deixou um angelical sorriso tomar conta dos seus lábios rosados e o Lord balançou a cabeça, deixando um pequeno sorriso também adornar sua face. Simplesmente não conseguia ser o mesmo quando se tratava de Harry.
- O que eu faço com você, hein, Harry?
- Que tal me parabenizar pelo excelente jogo?
A piscadinha marota do menino fez o Lord suspirar e se aproximar mais da cama, sem deixar de encará-lo.
- Você sabe que quase matou seu pai do coração, não sabe?
- Hehehe... Mas deu tudo certo – Harry sorria, sentando-se na cama e colocando as pernas para fora do colchão para balançá-las como uma criança que acaba de fazer arte e espera a bronca.
- Hum! Claro, eu tive que sair rapidamente daquele campo, se não arrancaria a cabeça enrugada daquele velho caduco com minhas próprias mãos!
O menino apenas deu os ombros, entre risos.
- Ele queria te provocar...
- Mas você poderia ter se ferido!
- Mas não aconteceu nada, pai – o jovem Slytherin segurava a mão do Lord, brincando com os longos dedos do mais velho – O idiota acabou todo chamuscado.
Ao recordar a cena, Tom deixou uma gargalhada sarcástica invadir a habitação. E Harry continuou:
- Pansy fez um ótimo trabalho, sem dúvida.
- Lembre-me de enviar meus cumprimentos e um pequeno obséquio à senhorita Parkinson por sua excelente performance. Imagino que ela goste de jóias.
- Jóias? Oh, sim. Falou o nome dela.
Entretanto, o Lord adotou uma postura mais séria, segurando a pequena mão de Harry com firmeza.
- Tome cuidado, pequeno. Não subestime esse velho maluco.
- Pode deixar, papai.
- Não saia de perto do jovem Malfoy e dos outros.
- Aiai... O Draco sempre fica se achando com isso e não me deixa fazer mais nada.
Tom apenas balança a cabeça, encarando o pequeno severamente.
- Você não é qualquer pessoa, Harry...
- Eu sei – sorri – sou o mais novo buscador do século!
- Hum, isso também. Mas é o único filho e herdeiro de Lord Voldemort. Por esse motivo, cuidado, não conhecemos todos os truques que o velhote esconde.
Harry concordava silenciosamente, pensando que às vezes seu pai se preocupava de mais. Afinal, que truque o velhote caduco poderia esconder sem que eles desconfiassem? Dumbledore seria mesmo muito ingênuo se achasse que poderia tramar algo tranquilamente bem embaixo do nariz de Harry, sem que fosse investigado. Ele jamais conseguiria...
- A pedra! – Harry grita de repente, ao se lembrar das palavras do meio-gigante.
- O que? – o mais velho o encarava sem entender.
- A pedra filosofal... – diminui o tom de voz, cuidado para que ninguém os escutasse – Eu comentei com você sobre ela, papai.
- Oh, sim. Agora me lembro – na mesma hora Harry percebe que seu pai ficara apreensivo de repente – Se o velhote conseguir cumprir o ritual as coisas se complicarão um pouco.
Notando que as intensas esmeraldas de Harry transbordavam curiosidade, Tom continua:
- Essa pedra, que você diz estar em poder do velhote, foi criada por ele e por Nicolau Flamel. Este percebeu que os interesses do velhote se tornavam demasiado obscuros com relação a pedra e para evitar futuros problemas, disse que estava cansado de mais para continuar e que abandonaria o projeto.
Harry escutava atentamente, sequer piscava.
- Dumbledore não conseguia dominar o poder da pedra sozinho então não teve outra escolha, se não, desistir. Flamel, no entanto, concluiu o trabalho em segredo e produziu a cobiçada pedra para ele e sua esposa utilizarem seus dois principais poderes: A produção do elixir da vida e a capacidade de transformar qualquer metal em ouro.
- Humm... Interessante esses poderes.
- Com certeza. Mas para o velhote é ainda mais interessante o ritual que se pode realizar com ela.
- Ritual?
- Isso. Parece que há pouco tempo, quando Flamel comemorou 665 anos, Dumbledore descobriu a existência da pedra e agora, repentinamente, ela sumiu.
- Pura coincidência – Harry comenta com sarcasmo.
- Claro. E se considerarmos o fato de estarmos em ano bissexto, no ultimo dia de lua cheia de junho o velhote com certeza pretende realizar um complicado ritual onde ele poderá absorver todo o elixir da pedra, tornar-se imune a qualquer maldição como um "Avada Kedrava" e não envelhecerá mais.
- O que? É sério?
- Além de ter sua magia elevada a uma eficácia inimaginável, tornando-se uma verdadeira moléstia em potencial.
Por um instante Harry ficou sem fala, mas logo suspirou e disse:
- Entendo... Mas não se preocupe, papai. Sumirei com essa pedra antes que o velhote consiga dizer: "caramelo de limão".
- Harry...
- Ou não me chamo Harry James Riddle.
Vendo que não conseguira dobrar aquela perseverança Gryffindor que naturalmente corria pelo sangue do menino, Tom apenas balançou a cabeça negativamente, afagando os cabelos bagunçados de seu filho.
- Apenas tome cuidado, pequeno.
- Não se preocupe, papai. Não sou de arrumar problemas, eles que gostam de vir atrás de mim.
- Sei, sei...
Qualquer um que presenciasse aquela cena não acreditaria. Lord Voldemort deixava um pequeno sorriso adornar sua face aristocrática enquanto acariciava os cabelos de seu sorridente filho, que se deixava afagar com gosto. Definitivamente chocante para todos que desconheciam a proximidade dos dois. Para todos que não conseguiam ver que o que existia ali era de fato, amor. Por mais impensável que pudesse parecer.
Enquanto isso, na tranqüilidade de seu gabinete em uma das torres mais altas do colégio, Alvo Dumbledore amaldiçoava mentalmente o Lord das Trevas, totalmente alheio aos planos que um lindo Slytherin de cativantes olhos verdes arquitetava para frustrar seus ideais.
Continua...
Próximo Capítulo: - Com quem você vai ao baile de Halloween, Harry? – Pansy pergunta, sorridente.
Mas antes que o pequeno Lord pudesse responder, duas vozes já se manifestavam, ao mesmo tempo:
- Comigo!