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18.18% Estrela Cadente / Chapter 2: Um desastre progressivo

Capítulo 2: Um desastre progressivo

O dia 10 de Novembro de 2015 não começou muito bem. Ester tinha acabado de duelar contra o Zacarias e perdido. Não acontecia com muita frequência o que deixou a rapariga surpresa. Zacarias era um rapaz lingrinhas, mas robusto, tendo a omoplata e os abdominais a pressionar a pele enquanto treinava sem nada no torso. Era baixo comparado com a rapariga, o que o ajudava a ter mais agilidade, todavia tornava-se menos ameaçador. Tinha cabelo preto e longo, chegando até abaixo dos ombros, com rastas entrançadas, devido ao passatempo da adversária. Usava um lenço grande enrolado na cintura, chegando até aos joelhos, castanho-claro com uma funda amarrada de lado. Ester, agora com dezasseis anos, tinha um corpo musculado, ganho através de capturas árduas de animais e treinos constantes de artes marciais, sendo que conseguiu manter um visual esguio. O cabelo liso, era curto, sem sequer chegar aos ombros e com meia franja a atravessar a face esquerda da cara até à bochecha. Tinha vestido um top preto feito de pele de javali que lhe cobria o tronco desde o pescoço a pouco acima da barriga. Por baixo tinha uma saia, composta por um lenço, um pouco maior do que o do amigo, chegando-lhe quase até aos calcanhares.

Ele e ela eram, desde muito novos, rivais, competindo sobre o quer que seja. De cada vez que um animal mais pequeno, um coelho ou gato selvagem, aparecia, concorriam para apanhá-lo, normalmente, sem receber qualquer tipo de recompensa. Alegravam-se pelo simples facto de ultrapassarem o outro. Por andarem sempre assim juntos, ficaram rapidamente melhores amigos e rivais. Foram amigos por 10 anos e, como eram, praticamente, os únicos dois com a mesma idade, numa aldeia que seguia os hábitos antigos da Bíblia, parecia ser quase impossível não serem namorados.

Era óbvio que ele já tentara enamorar com ela, mas foi só antes de se aperceber do que tal significava. Se ficassem juntos seriam imediatamente obrigados a procriarem, algo a que não estavam preparados. Devido ao nascimento tardio dela, tendo o pai já mais de cinquenta anos quando a teve, os habitantes do clã não podiam deixar algo semelhante acontecer. Ao notarem na aproximação entre os dois jovens, já aos treze anos que os instruíam a fecundarem. Decidiram imediatamente separar-se, tratando um ao outro mais como oponentes (o que ainda deixava espaço para fazerem tranças um ao outro).

Então, como adversários, enfrentavam-se de vez em quando. Como tinham medo de exagerarem e magoarem-se um ao outro, optaram por lutarem só em dias especiais. Por isso, naquela manhã, foi celebrado o aniversário do Zacarias e enfrentaram-se.

A Ester foi a primeira a avançar com uma série de murros na direção da cara do jovem. Ele bloqueou-os com os braços, até ver a sua chance de agarrar no braço da rapariga. Quando conseguiu, pegou nos ombros e puxou-a para si, começando por ajoelhar Ester no estômago. Foi como levar com um tronco na barriga a meio de uma corrida, uma sensação demasiado familiar para ela, obrigando-a a reagir instintivamente. Agarrou nos ombros no rapaz e deu-lhe uma forte cabeçada no nariz dele. A testa dela embateu com força o suficiente para o fazer sangrar e recuar, desnorteado. Prosseguiu com o punho erguido, desta vez para se vingar dele pela dor na barriga, e baixou-se o suficiente para o socar poderosamente. Zacarias ficou a ver o mundo virado do avesso, confuso e já tonto, ficou até surpreendido pelo efeito reduzido dos seus avanços. Quando finalmente recuperou, já parecia ser tarde demais para se desviar, isto era se não fosse pela sua extrema sorte.

Parecia que o dia o acabara de abençoar e oferecido a vitória. Ele fora esmurrado na cara, o que, para lá de uma grande dor, o fez escorregar na terra do chão batido em que lutavam. Derrapou de tal maneira que elevou o pé até ao centro das pernas de Ester. Ela, mesmo não tendo testículos, sofreu de tal maneira que caiu ao chão. Zacarias conseguiu levantar-se primeiro do que ela e, pousando o pé no estômago dela, declarou a sua vitória.

A seguir da sua própria celebração, estendeu a mão e ajudou a amiga a levantar-se, dizendo:

- Finalmente, Estrela'. Consegui vencer! E a pensar que a seguir de quatro derrotas seguidas, não conseguiria superar-te.

- Oh, não fiques muito confiante. – Falou zangada. – Tu só ganhaste porque te deixei. É o teu aniversário, tinha que pegar leve contigo.

- Claro. – Retorquiu ironicamente. – Põe-te a inventar desculpas. Estás simplesmente em negação. Não consegues aceitar a derrota.

- Não é isso. Tu obviamente que tiveste sorte. Escorregaste na lama e, não sei como, deste-me um pontapé consequentemente. Se não fosse isso, estarias agora no chão.

- Então deixaste-me ganhar ou eu tive sorte? Ficaste indecisa. – Ester mostrou-se claramente amuada. Zacarias, com medo da fúria dela, rapidamente mudou de assunto. - O que é que te apetece fazer a seguir?

- Ir à tenda curandeira passar as feridas por água e ver se as enrolo com algumas vinhas.

- Sim, é melhor. Todavia eu referia-me ao que queres fazer após curares-te?

- Porquê, ficaste sem ideias de diversão? É o teu aniversário, tu é que decides.

- Bem eu decido dar-te a ti a escolha. Vai pensando no assunto.

Foram ambos em direção à tenda para cumprir o ato anteriormente referido. Após meia hora lá, abandonaram o local, onde prosseguiram a conversa:

- E então? – Questionou impaciente o Zacarias.

- Vou-te mostrar uma surpresa que tenho preparada para ti. – Respondeu sorridente.

- Oooh, uma surpresa. O que é que é?

- Achas que eu te dizia? Segue-me pela montanha. Confia em mim, vais adorar.

Ele seguiu-a imediatamente, ansioso pelo que o esperava.

A montanha não era muito alta, sendo mais um monte do que qualquer outra coisa. Os Semini de Gade tratavam-na como a Montanha de Moisés, para não estar a copiar completamente o nome do que para eles era declarado "Monte de Sinai". Por causa do seu tamanho foi de certa maneira simples de trepá-lo, quer seja por saltarem por saliências ou a caminharem por caminhos que se elevavam ao topo. Para eles, eram só mais alguns calos nos pés descalços. Ao lá chegarem, repararam em algo estranho. Estava tudo vazio. Normalmente havia sempre pelo menos meia dúzia de homens que ali ficavam por vigia. Sendo o local mais alto a que a tribo podia alcançar, era usado como uma espécie de torre de vigia, no caso de índios e de animais ferozes ou apetitosos.

Ela sentou-se numa das beiras do monte, à espera que o amigo a acompanhasse. Ele não demorou muito a juntar-se a ela e, mal se sentou, repleto de intriga, questionou:

- Como é que conseguiste tirar todos daqui?

- Só te digo que ser a filha do líder, tem as suas vantagens.

- Bem, não é primeira vez. Nem sei porque é que ainda estou impressionado.

Ester esmerava-se sempre no aniversário do amigo. Todos os anos pedia um favor ao pai e, mesmo que ele não deixasse, levava em frente a sua ideia. Num ano foi caçar um gorila, noutro foi tomar banho numa terma vulcânica e no anterior tentaram invadir um campo indígena. Esta tinha sido, sinceramente, a surpresa mais comum possível. Não que Zacarias estivesse chateado, a vista era ótima, no entanto tinha o pressentimento de que aquilo não era tudo.

Passados quinze minutos sentados em silêncio, Zacarias decidiu começar uma conversa:

- Então, Estrela, ouvi dizer que o teu pai está novamente na tenda médica. Está tudo bem com ele?

- Bela maneira de entristecer o ambiente.

- Não estavas a dizer nada e não me lembrei de mais nenhum tópico. – Afirmou arrependido de ter dito o que quer que seja.

- Estava à espera da tua surpresa, e acho que ela vem aí.

- Do que é que tu… - Tentou perguntar antes de ser interrompido.

- Cala-te só um bocado, acho que consigo ouvi-lo. Ah, ali! – Exclamou apontando para o meio da extensa floresta. Era escassamente audível um som parecido com um trovão, longínquo e menos agressivo que o habitual. Na origem do som apareceu um hovercraft a vaguear sobre uma corrente de água, desaparecendo pouco depois por entre a arvoragem.

- Wow. O que é que foi aquilo? – Perguntou o rapaz por nunca ter visto nada parecido.

- Eu ainda não sei, mas pelo que percebi é semelhante a uma daquelas jangadas que usamos. Só que aquela deve ser muito mais avançada. Consegue andar tão rápido quanto um gavião real e pode andar na água e na terra.

- Como é que uma das outras tribos conseguiu criar algo tão veloz?

- Pois, aí é que está o interesse. Eu não acho que tenham conseguido. Nunca nenhum deles poderia fazer tal criação.

- Se não fomos nós, nem os índios, donde é que aquilo vem? Por muito inteligente que os macacos sejam, tenho quase a certeza que nem eles fariam tal coisa.

- Não me parece que tenha sido um animal. – Disse entre risos. – Mas tu percebes o que é que isto significa, certo?

- Claro. Existem mais seres além de nós, com gerigonças mais avançadas do que poderíamos alguma vez imaginar. Achas que podem ser ameaças?

- Eu espero bem que não. Tenho andado a vigiá-los há algum tempo e nós não teríamos qualquer chance contra eles. Em primeiro lugar temos aquela jangada demasiado rápida.

- Tu disseste que é tão rápida quanto um gavião real, isso não é um problema. Quer dizer, nós capturamo-los por diversão. O problema é o tamanho.

- Não, nem é isso. Aquilo passou por cima de rochas, sobre as águas mais agressivas que já vi. A não ser que me aproxime e lhe bata diretamente com uma clava, provavelmente ninguém conseguirá penetrar-lhe com uma seta, a não ser que aponte para os passageiros.

- Oh, tu não desprezes a minha funda que ela atravessa o que quer que seja. – Informou jocosamente enquanto elevava a sua arma escolhida.

- Não duvido. O único problema é que ainda não falei no pior. Os tripulantes da jangada não vêm indefesos. Desta vez pelo menos não pareciam viajar por razões violentas, mas o arsenal deles é tão avançado quanto o modo de transporte. De vez em quando saem em viagens à procura de uma vítima. Às vezes à procura de Caititus, outras de Sucuris, mas usam sempre a mesma arma. Pegam num cano de metal com uma pega e disparam um projétil que deita o animal imediatamente abaixo. Suponho que usem o veneno dos sapos como nós, todavia só a seguir de investigar é que tenho a certeza.

- Eles têm alguma rota habitual pela qual possam ser surpreendidos?

- Pelo que eu sei não, moveram-se sempre aleatoriamente. Vamos ter que encontrar outra maneira de nos aproximarmos.

- Nós? – Interrogou o jovem, não querendo enfrentar um povo mais avançado apenas com a amiga. – Devíamos era avisar o teu pai e deixar este assunto para alguém mais capaz.

- Tinhas acabado de dizer que a tua funda perfuraria tudo e agora estás assustado?

- Não estava à espera que quisesses mesmo atacá-los. Pensei que era tudo na brincadeira.

- Eu contei-te literalmente tudo o que sabia sobre eles após vigia-los por uma semana! Achavas mesmo que estava a brincar. E, já agora, estás assim tão medroso mesmo tendo já enfrentado um clã inteiro?

-Tu sabes bem que me obrigaste a acompanhar-te. Só sobrevivemos porque tivemos sorte e, não me parece que a voltamos a ter. Eu não quero ser chato, mas nós devíamos alertar os outros, caso não tenham notado. Seria de se esperar que tivessem visto algo enquanto vigiassem.

- Se quiseres avisa tu, que eu fico a apreciar a vista. – Argumentou, mantendo-se sentada.

- Está bem, fica aí. Eu já volto com alguns guardiões (equivalentes a chefes militares da tribo). – Declarou, levantando-se e regressando ao clã.

Ester começava a arrepender-se da surpresa de aniversário. Parecia que o amigo saia mais zangado do que alegre. O objetivo dela era ter uma aventura ainda mais emocionante do que a invasão a tribo indígena vizinha, mas pelos vistos já tinha exagerado. Começou a pensar numa maneira de acalmar e recompensar o amigo por uma prenda indesejada. No momento em que se tentou levantar, sentiu um tremor. As pedras mais pequenas à sua volta tremeram e Zacarias quase caiu de joelhos. Ele estava bem, no entanto ficaram ambos surpresos. Era a primeira vez que sentiam um tremor de terra e, infelizmente, não era a última.

Um segundo terramoto aconteceu, sendo muito mais poderoso que o primeiro. O chão começava já a rachar, partindo parte do solo em que Ester se sentava e deixando uma superfície diagonal e arenosa naquela margem do monte. Ela tentou levantar-se, no entanto, ao colocar o pé à frente da parte rachada, criou ela própria outro espaço areado e, principalmente, escorregadio. Tropeçou e escorregou até quase cair, agarrando-se na borda do precipício.

Zacarias foi a correr na direção dela, deu um pulo e caiu sobre a área segura, estendendo a mão. Se estivesse um centímetro atrás não estaria no alcance da rapariga, por isso conseguiu segurar na ponta dos dedos dela, para depois puxar a mão inteira para a sua. Quando parecia que se iam salvar, o monte desabou.

A caverna onde se situava a maior parte da vila, tal como a tenda médica, não aguentou o terceiro tremor, maior do que os outros dois. Zacarias caiu em conjunto com Ester, agarrando-a para a proteger da queda de cinquenta metros. Fecharam os olhos, aterrorizados e à espera da morte, acabando por "embater no solo".

Foi uma sensação estranha para eles. Pensavam que ia ser duro e doloroso, mas ao invés disso foi mole e confortável. Abriram os olhos lentamente e nem podiam acreditar no que viam. Situavam-se agora num mundo de nuvens e céus estrelados. Auroras boreais e vários arco-íris juntavam-se com as estrelas para desenvolver uma vista inacreditável. O pavimento era enevoado, sendo que aquele espaço parecia ser infinitamente vazio. Isto é, até começarem a aparecer vários índios.

Várias pessoas de pele escura como eles, começavam a aparecer vindos do nada, com auréolas amarelas a brilhar no topo da cabeça. Ester conhecia-os a todos, tendo a certeza que pertencia tudo ao seu clã. Ela apercebeu-se do que aquilo significava. Tinham todos acabado de morrer. "Um mundo de nuvens, infinito e belo, claro que só pode ser o Paraíso. Como é que não me apercebi antes?", pensou para si própria. Sentiu-se bem por ter descoberto o mistério, mas foi inundada imediatamente por uma sensação de angústia a seguir. Tanta coisa que queria fazer e não pôde. E não só ela, também quase todos aqueles que ela conhecia.

Contou o que se passava ao ainda confuso Zacarias. Ele não demorou a entrar num estado de pânico, querendo saber se os seus pais estavam ali com ele. Foi aí que Ester lembrou-se do seu pai. Foi então procurar, por entre a multidão de pessoas que ia aumentando lentamente, gritando "Tkeleh!", ao que ouviu:

- Filha, estás aqui! – O pai foi a correr abraçá-la.

- Então pai, também morreste?

- Sim. Quem diria, após tanto tempo à procura de uma floresta parecida com o jardim de Éden, o Paraíso é afinal composto só por nuvens.

- Não pode ser só isto, recuso-me a aceitar. Devemos estar no Purgatório, já que ainda não tivemos o julgamento final. – Ponderou Ester.

– Tu não passaste pelo tribunal das almas?

- Não… Tu já?

- Sim, foi como reviver a minha vida toda de novo. Acho estranho não te ter acontecido o mesmo. Por falar nisso, como é que não tens auréola? – Perguntou enquanto sentia o toque da sua.

- Não tenho uma? Nem eu, nem o Zacarias. Que estranho. – Comentou a rapariga curiosa.

*

O rapaz continuava à procura dos parentes, no entanto, não os encontrou. Tinha andado a gritar pelos nomes deles, sem receber qualquer resposta. Ponderou um pouco sobre o assunto e estabeleceu que ainda deviam estar vivos. Não teve a possibilidade de lhes dizer que os amava, nem mesmo de se despedir apropriadamente. As últimas palavras haviam sido "Vou para a minha luta de aniversário. Até logo.". Acabada a busca, foi lentamente a caminhar na direção da amiga, enquanto pensava sobre o que havia acontecido com os pais. Já todos se movimentavam em uníssono para o mesmo destino, com o destino já decidido por Outrem.

Foi aí que Zacarias ouviu uma Voz, num tom grave e poderoso, suave e apaziguador, dentro da sua cabeça.

- Tu, rapaz, vai para o lado contrário. Há algo de especial que pretendo comunicar a ti e à tua amiga.

Decidiu fazer aquilo que o Desconhecido lhe informou, reparando que Ester fez o mesmo. O pai dela parecia estar admirado por ver a filha a ir com ele, mas decidiu ir em direção da luz como os outros.

Após andarem pouco menos de cem metros, parecia que estavam já incrivelmente afastados, mesmo com tão pouca distância. Pouco depois, ouviram a Voz novamente a dizer para pararem e um tornado de poeiras formou-se à sua frente. No centro apareceu um homem de vestes coloridas de azul, vermelho e amarelo. No entanto, o que se destacava mais eram as seis asas que lhe saiam das costas, reluzindo mais do que o próprio Sol. Essa luz pôde manter a incerteza sobre a verdadeira forma deste ser, que começou por dizer:

- Eu sou o Vehulah, serafim que dá a vida, que obedece ao Pai, o qual vos chamou até a mim. Eu falei com profetas e falarei agora convosco.

- Veluha? Veula? Vehulah! Têm que começar a pensar em nomes mais simples de pronunciar. – Questionou, apercebendo-se só depois com quem estava a falar. – Desculpe-me pela imprudência, não pretendia falar convosco tão desrespeitosamente.

- Não te preocupes Ester. – Afirmou, contendo um pequeno grito. - Podes falar com a naturalidade que quiseres Comigo. Até prefiro que faças dessa maneira. E tens razão. Ao longo do tempo foram-me dados vários nomes, e este é o mais simples de um longo número de impossibilidade silábicas.

- Mas porque é que é um anjo que nos vem conhecer e não Deus? Não foi Ele que nos chamou. – Continuou curiosa a rapariga, agora com mais naturalidade.

- Vós não sois dignos de se aproximarem tanto de Deus. Como sois capazes de desrespeitá-lo a Ele e a mim de tal maneira? Eu sou um serafim! Não serei eu o suficiente para vos informar.

Ester calou-se por um bocado, com receio de que piorasse ainda mais a situação, até que Zacarias interveio:

- Desculpe a minha amiga. Ela não se apercebeu da seriedade da sua situação. E quando ouviu que podia falar com naturalidade não se conseguiu segurar. Nós estamos ambos muito gratos por estar perante a sua presença, serafim Vehulah.– Tentou explicar, enquanto tremia.

- Zacarias, obrigado. – Afirmou mais aliviado. – Se ao menos a vossa amiga fosse tão cuidadosa com as palavras como vós sois. Não precisais de ficar tão nervoso.

- E…Eu s…sei senhor Vehulah. – Declarou a tremer.

- Está bem, vou deixar essa questão de lado, no entanto ainda tenho mais perguntas. Primeiro, … - Ester foi interrompida por Zacarias, deixando-a chateada, apesar de não o querer mostrar a uma figura tão reverente.

- Tudo será respondido a seu tempo. Por agora deixem-me contar-vos sobre a razão do vosso chamamento. A explicação total seria muito longa, por isso vou ser curto. O Apocalipse vai começar!


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