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章 14: Orfanato Const 10

Elvira estalou os dedos em frente a Blair, assustando-a e fazendo-a acordar.

Blair olhou para Elvira com seus olhos azul-esverdeados cheios de certeza, "Ela ainda está aqui."

"Tem certeza?" Elvira amassou o papel novamente, jogando-o em sua mão.

"Você não acredita em mim?"

"Para onde você quer ir?" Elvira apontou em duas direções. "O porão ou a área expandida?"

"Você escolhe."

Blair arrancou a cabeça da boneca e colocou-a em sua mão, sussurrando, "Já verifiquei a nova enfermaria, vamos para a área expandida."

De repente, Elvira franzia a testa e cobria os ouvidos.

Um grito agudo de macaco, vindo de não muito longe, seu som áspero e frenético.

Blair olhou confusa para a ação de Elvira. Elvira, ainda cobrindo os ouvidos, levantou-se e fez sinal para Blair segui-lo adiante.

As duas figuras, uma alta e outra baixa, caminharam pelo corredor deserto, as luzes fracas piscando, emitindo um baixo zumbido elétrico.

"O que é aquela coisa? Quero dizer—" Elvira tentou lembrar da criatura parecida com um cachorro, gesticulando com as mãos.

Era uma memória angustiante e bastante desagradável.

"Gestão do Hostel," Blair respondeu com ares de ser óbvio, até mostrando um toque de desprezo em seu olhar, "Você não adivinhou?"

Elvira ficou surpreso, "Você chama isso de 'Gestão do Hostel'?"

Blair revirou os olhos, "A entrada mais próxima para a área expandida, eu suspeito, está no nível do subsolo."

"Está certo, vamos procurar por ela."

Altair andava pela área expandida, notando que o exterior parecia não ter janelas. Sua mão passou pela camada externa do prédio; as janelas devem ter sido habilmente escondidas dentro das paredes externas. Quebrar uma janela para entrar poderia disparar um alarme.

Ele seguiu o cheiro de Elvira, sentindo que Elvira poderia ter notado algo. Pelo menos, ainda não era tarde demais para ele fornecer proteção secretamente.

Altair, com as mãos nos bolsos do sobretudo, seguiu o cheiro até a entrada principal do Orfanato Const.

Este era um orfanato católico, construído durante a Segunda Guerra Mundial, com seu exterior feito de paredes de pedra. As paredes empedradas estavam cobertas pelos traços do tempo, com musgo e trepadeiras crescendo nas fendas.

Na entrada, ele pode sentir o cheiro de crianças, como dente-de-leão puro e o aroma limpo de árvores de bétula branca em uma noite nevada. Predominantemente, porém, era o fedor pegajoso e fétido emitido por almas sujas e pecaminosas entrincheiradas dentro.

Acostumado a se aventurar sozinho nestes infernos terrenos, ele encontrava uma certa satisfação em detectar qualquer sinal de normalidade no meio do lodaçal.

Contendo a respiração e concentrando-se, ele reprimia sua própria presença, pisando cuidadosamente pelo primeiro andar.

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Na extremidade do corredor do primeiro andar estava a entrada para as escadas do porão. Elvira ouvia atentamente aos sons ao redor, sentindo ruídos estranhos e fracos vindo do outro lado das paredes do porão.

Sons como mãos batendo em vidro, e batendo.

Toda porta tem uma fresta; buscando onde os sons são mais altos e sentindo pela menor corrente de ar, pode-se encontrar a porta.

Elvira, segurando a mão de Blair e usando a luz fraca do seu celular, fez seu caminho pela escada mal iluminada.

A mão de Blair tremia levemente, ela sussurrou, "O que você está ouvindo?"

Elvira deu um tapinha na mão de Blair, sinalizando para ela ficar em silêncio.

Não muito longe, uma canção infantil flutuava em direção a eles, límpida e melodiosa, ainda que macabra ao ecoar pela escada vazia, acompanhada por um som de batidas, duas longas e duas curtas.

"Amigos voam para longe, como espectros desmaiam,"

"Dong-----Dong---Dong---Dong-----"

"Canos de água batem, uma melodia peculiar."

"Dong-----Dong---Dong---Dong-----"

De repente, a visão de Elvira piscou, apresentando-lhe imagens fragmentadas.

Ele viu uma pessoa de jaleco, carregando uma criança sobre o ombro, a criança de cabelos castanhos, seu rosto indistinguível.

Na escada, no quinto degrau de baixo para cima, a pessoa pressionou algo no corrimão, e uma porta junto à parede se abriu.

Aquela era a entrada para a seção expandida!

Elvira voltou à realidade. O que ele tinha acabado de ver?

Ele rapidamente se agachou e sussurrou para Blair, "O que acabou de acontecer comigo?"

"Você viajou." Blair imitou a expressão atordoada de Elvira, "Feito um tonto."

Com os olhos estreitados, Elvira caminhou até o quinto degrau de baixo para cima, onde sentiu uma leve brisa e um ruído ligeiramente mais alto.

Segurando o corrimão, ele de fato encontrou uma protuberância que parecia um interruptor.

Sob o olhar atônito de Blair, ele abriu a porta para a seção expandida.

A porta se abriu para revelar a escuridão. Era como a boca escancarada de um monstro, escondendo medos desconhecidos dentro.

Altair, seguindo o cheiro, chegou ao final do corredor do primeiro andar, provavelmente onde Elvira havia passado não muito tempo atrás. Ele abriu uma porta ali, que levava para as escadas do porão.

Ele parou em um degrau específico, estendendo a mão para sentir o corrimão de um lado e abriu a porta para a área expandida.

Quando Elvira e Blair entraram na área expandida, foram atingidos por um frio cortante, como se tivessem pisado à beira do submundo. O laboratório lá dentro estava envolto na mais profunda escuridão, com a luz fraca do celular piscando como a fosforescência de um fantasma, sinistra e assustadora.

Ao redor deles, maquinários complexos e dispositivos bizarros se agarravam às paredes, parecendo algum tipo de altar científico proibido. Alguns equipamentos piscavam autonomamente, emitindo luzes frias e duras. O ar estava espesso com um cheiro sufocante, agredindo o olfato deles.

De repente, um som estranho de mãos batendo no vidro ressoou ao redor deles, ora oculto, ora aparente, como o chamado de um fantasma. Agarrando o celular com força, Elvira caminhou em direção à fonte desse barulho aterrorizante. Quando a luz de seu celular iluminou uma tampa de vidro, através do espelho, ele viu seu próprio reflexo.

"Thud—"

Aquele som abafado de batida ecoou novamente na área expandida, provocando arrepios na espinha deles. Os olhos de Elvira se arregalaram em choque—havia uma pessoa dentro da tampa de vidro!

A gaiola de vidro, medindo entre 1,8 a 2 metros de altura, era estreita e apertada. Dentro estava um mendigo, não velho, mas com a face abatida, cabelos sujos e desgrenhados, olhos opacos e sem vida, boca ligeiramente aberta, emitindo murmúrios ininteligíveis que eram arrepiantes até os ossos.

Sua roupa estava esfarrapada e rasgada, vestindo uma jaqueta de algodão cinza desgastada e calças de algodão sujas, com pés calçados em sapatos de pano que revelavam seus dedos.

Ele batia freneticamente no vidro à luz, o som crescendo mais alto e mais intenso. Resoava como se centenas de pessoas estivessem batendo no vidro juntas.

Blair agarrou a mão de Elvira com força, seus batimentos cardíacos acelerados.

A luz do celular de Elvira revelou mais adentro, onde centenas de gaiolas de vidro, parecendo caixões verticais, estavam alinhadas, cada uma aprisionando uma pessoa dentro. Torciam seus corpos como larvas, lutando para escapar de suas correntes invisíveis, suas formas distorcidas enquanto batiam contra o vidro.

Esta luta desesperada se tornou a ação eterna deste lugar aterrorizante.

De repente, uma série de batidas veio de cima deles.

Usando a luz, Elvira viu incontáveis caixões de vidro suspensos por cima, preenchidos com pessoas. Eles também pareciam estar desesperadamente lutando para se libertar daquela escuridão e confinamento sem fim.

Isso realmente era um inferno na Terra.


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