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83.33% Cronics / Chapter 3: Sem Saída

章 3: Sem Saída

{

    – Já chega. Agora eu preciso voltar para casa antes que sintam minha falta. — Disse Garald antes de dar alguns passos.

    A Gardena houvera o interceptado, segurando-o pelo ombro direito.

    Ao ouvirem os passos de Garald, seus filhos correram em direção de casa. Mas, claro, sem antes se afastar com cuidado.

    – O que você ouviu?  — Pergunta Hakken.

    – Quase nada de interessante. Só o que te disse. Não é a primeira vez que o pai vem para cá. E você? O que viu?

    – Aquela coisas não são humanas. Tinham garras e uma língua esquisita. Eles estavam...

    – Estavam o quê?

    – Bebendo o sangue do pai.

    – Bebendo o sangue?! — Pergunta Yasashi, lembrando de uma criatura idêntica a descrição feita por Hakken.

    – Conseguiu reconhecê-las?

    – Acho que aprendi sobre elas na academia. Se estou certo, essas criaturas se chamam Gardenas e se alimentam de sangue. Em troca, realizam desejos.

    – Se o sangue é uma moeda de compra, o que o pai pediu? ...Tenho que descobrir.

    – Temos!

    – Temos.

}

    No dia seguinte, Hakken e Yasashi acordaram mais cedo do que o habitual por conta da ansiedade. Porém, aguardaram até o almoço para pressionar Garald.

    – ... — Hakken olha para a marca no pescoço de Garald até que o mesmo perceba. – Você sempre teve essa marca no pescoço? — Seu tom frio não externa uma pergunta retórica.

    – Marca? — Pergunta Aileen.

    – Eu cai da cama bem feio ontem e alguma coisa me cortou.

    – Porque você não me acordou?! — Aileen reclama, exaltando sua voz.

    – Por isso. — Garald se refere a sua preocupação.

    – Você deveria avisar a alguém.

    – Tá. Tá bom, sim, é verdade. Me desculpem. Se isso acontecer de novo, eu prometo avisar. Agora podemos comer? Eu já estou bem. E faminto.

...

    Horas se passaram. Pouco tempo antes do anoitecer, Garald retornou de seu trabalho como professor. Aileen estara lavando a louça e cantarolando. Por sua distração, não percebe que seu marido houvera chegado. Garald também não fazia questão de chamar sua atenção. Seus filhos o esperavam em seu quarto, surpreendendo-o assim que passa pela porta.

    – Oi, pai. — Disse Yasashi.

    Garald não via Hakken, que rapidamente fecha e tranca a porta. Seu pai se mostra intimidado.

    – Não sei o que aquelas Gardenas disseram a você. Eu nunca o vi tão temeroso.

    – Como descobriu isso, Hakken? – Seu tom medroso se tornou sério.

    – Eu o segui de noite.

    – Como? Eu saí sem fazer qualquer som. E não havia ninguém na escada.

    – Isso não vem ao caso agora. Por qual motivo você deu seu sangue à aquelas aberrações?

    – ...

    – Eu não consigo te convencer. Mas, acho que fui criado por alguém que pode.

    – Não, não, não. Não diga nada à ela.

    – Desembucha, pai! — Yasashi exclama, já impaciente.

    – Tá. Sentem-se.

    Sem hesitar, os dois se sentaram, logo após, vosso pai. Yasashi aguarda com expressão preocupada. Hakken, inexpressivo, como sempre.

    – Quando eu e a Aileen éramos jovens, aproximadamente os mesmos 17 anos de Yasashi, nós éramos o casal que achava que o amor era capaz de vencer qualquer barreira. Que conseguiríamos viver juntos com apenas isso. Por muito tempo, isso foi verdade. Nossas famílias eram contra a nossa união, então resolvemos fugir juntos. E apesar das dificuldades, nós nos sentíamos bem, já que tínhamos um ao outro. Só que chegou o dia que essas dificuldades estavam insustentáveis. Por coincidência, pouco depois de uma briga entre eu e ela, uma Gardena me encontrou e me ofereceu 'qualquer coisa'. Tudo o que ela queria era o meu sangue para se alimentar. Eu achei que era um blefe, mas aquela criatura se mostrou capaz de realizar qualquer desejo mesmo. Por muito tempo, eu recusei, apesar de tudo. Tudo mudou quando descobri que Aileen estava grávida. Eu não pensei duas vezes. Ela me deu essa casa e uma boa fonte de recursos para sustentar tudo isso.

    – Isso explicou você negociar com uma delas. Mas, e as outras duas?

    – ...

    – Porque tinham três, pai?

    – ...Com a segunda Gardena, eu negociei meu sangue em troca da cura de Aileen. Aquela doença era mortal e eu não seria capaz de deixá-la morrer, podendo fazer algo para impedir.

    – E a última?

    – Não posso dizer o que pedi. Isso causaria um colapso na nossa família.

    – Se não nos disser, não há como ajudarmos. — Observou Yasashi

    – Ajudar em quê? Eu não lembro de ter pedido ajuda. Está tudo sob controle. Não se envolvam nisso! Eu sabia o que me aguardava quando concordei com os termos. Foi tudo por vocês! Se eu voltasse à aquela situação, faria de novo. Temos tudo o que queremos. Não se preocupem comigo.

    – E se não tivermos você?! E se a mãe não tiver você?! Nada terá valido a pena! Aqueles lixos vão te secar! — Yasashi se altera.

    – Vão para o quarto de vocês.

    – Voc-

    – Eu ainda sou o pai de vocês! Vão logo!

    Os garotos sabiam que mesmo que insistem durante décadas, Garald não iria contar mais nada. Ele parecia ter um forte motivo. Mesmo que ainda queiram respostas, obedecem e caminham até vosso quarto. Parecia o melhor a se fazer no momento.

    Ao chegar, Yasashi tranca a porta a fim de evitar ao máximo que alguém de fora do quarto ouça o som de suas vozes.

    – Eu não tenho um pressentimento bom sobre essa história. — Disse Hakken.

    – Seu último pressentimento estava certo. Precisamos ter cuidado.

    – Se quisermos ajudar o pai, precisamos fingir que nos damos bem.

    – Isso não seria suspeito?

    – Não vamos virar amigos de uma hora para a outra. Vamos apenas esquecer os nossos conflitos por enquanto. Quando isso acabar, você poderá me xingar a vontade.

    – Tá. O que faremos primeiro?

    – Já sabemos o nome daquelas criaturas. Se você aprendeu sobre elas na academia, existem livros que podem nos ajudar.

    – O sol está há 30° do centro. Não é tão tarde. A biblioteca fecha ao pôr do sol. — Diz Yasashi, olhando pela janela.

...

    Como Yasashi disse, agir como se fosse amigo de Hakken, seria algo mais do que suspeito. Sair juntos após alguns minutos de uma discussão mal resolvida alertaria Garald.

    Sem pensar de forma demorada e complexa, os garotos tem uma idéia simples. Yasashi saira antes, e depois de alguns minutos, sai Hakken. Só que ocorreu um pequeno imprevisto.

    – Para onde vai, Hakken? — Disse Garald, receoso.

    – Vou aproveitar que Yasashi está longe e treinar meu dom teatral. — Hakken se refere a tentar não expôr o segredo de seu pai.

    – ... — Por milésimos, Garald leva seu olhar ao chão com a expressão preocupada.

    – O que houve?

    – Nada. Eu só tenho medo de sua mãe descobrir. Obrigado por não revelar nada à ela.

    – ... — Hakken se retira sem responder.

...

    Yasashi e Hakken se encontram na frente do erudito.

    – Você demorou para chegar. O que houve?

    – O pai. Ele perguntou onde eu ia. Inventei qualquer coisa, e ele me liberou.

    Os dois abrem as duas portas juntos, consequentemente, tocam sinos. Um simples mecanismo que avisa quando alguém entra ou sai do local. As poucas pessoas que ali estavam olham em vossa direção. Algo costumeiro quando os sinos são tocados.

    Um homem calvo e idoso arrumava alguns livros atrás de seu balcão.

    – Boa tarde.

    – Não tem nada de boa. — Como já era de se esperar, o senhor diz com tom grosseiro. – O que querem?

    – Esse é o meu irmão; Yasashi. Ele é fã de lendas e criaturas mitológicas. Onde eu posso encontrar esses tipos de livro?

    – Você me parece ser um garoto inteligente. E além disso, parece saber que as lendas não são lendas. E se sabe, conhece o risco. Não os forneço para fãs ou odisseios. Ter conhecimento sobre tal coisa sem um motivo razoável, é muito audaz. Isso, para não dizer insano.

    – ...

    – Me desculpe. – O senhor diz da boca para fora

    – ...Esses livros são mais importantes do que eu disse. Tem algum lugar onde podemos conversar sem correr o risco de nos ouvirem?

    – Existem as salas de leitura solitária.

    – Tá. E onde ficam?

    – Quero que apenas que não ache que expressões falsas e suspenses possam enganar esse velho... Me sigam.

    Yasashi, Hakken e o senhor entram na sala. O mesmo fecha a porta.

    – O que há de tão grave?

    – Nosso pai barganhou com três Gardenas. — Hakken disse sem rodeios.

    – O quê?

    – O senhor conhece essas criaturas. – Afirma Yasashi.

    – ...Eu já fiz um trato com uma delas.

    – O que pediu?

    – Leitores. Novos leitores.

    – Não me leve a mal, a biblioteca não me parece muito cheia.

    Haviam duas ou três pessoas além de Hakken e Yasashi. O que indica que os tratos podem não dar certo. Ou...

    – Aquela... coisa estava com cada vez mais sede de sangue. Chegou o dia em que ela me drenou tanto... Por pouco, eu não acordo nunca mais. Mesmo que eu não possua meu desejo, não me sinto preparado para morrer ainda.

    – Você a matou.

    – É.

    – ... — Hakken estara pensativo. – Então, se uma Gardena morre, todos os desejos que ela realizou se vão junto a ela.

    – Sabia que era inteligente.

{

    – Por coincidência, pouco depois de uma briga entre eu e ela, uma Gardena me encontrou e me ofereceu 'qualquer coisa'... Eu não pensei duas vezes. Ela me deu essa casa e uma boa fonte de recursos para sustentar tudo isso.

    –  E as outras duas?

...

    – Eu negociei meu sangue em troca da cura de Aileen...

...

    – Não posso dizer o que pedi. Isso causaria um colapso na nossa família.

   

}

    – Então, se as matarmos, a mãe também vai morrer. — Yasashi dise com pesar. Parecera perder o incentivo de matar as criaturas.

    – Quem é o pai de vocês?

    – Garald Heredino.

    – Garald Heredino... O antigo líder do pelotão Libra de Faraldur.

    – Sim.

    – Isso explica muita coisa.

    – Ele não pediu para fazer parte do pelotão... eu acho. Ele não revelou um dos tratos.

    – E a mãe de vocês?

    – Aileen Yamaguchi.

    – Essa eu não conheço.

    – Ela não sai muito de casa.

    – Garald ressuscitou-a com o trato?

    – Não. Ela havia uma doença que iria matá-la. Meu pai fez o trato antes disso.

    – Pode ser que ela não morra. E se essa doença houver um tratamento?

    – E se não houver?! — Yasashi pergunta, com intensidade.

    – Meu trabalho não é influenciá-los, mas, acho que é meu dever deixar-vos a par da situação. Caso deixem tudo como está, Garald com certeza vai morrer. Se resolverem agir, talvez, a senhora Aileen morra. Sei que é difícil tomar uma iniciativa, mas, também sei que sabem o que precisam fazer.

    – Obrigado pela ajuda.

    – De nada.

    Yasashi dá um curto sorriso enquanto Hakken olha sem foco em uma direção, pensativo. O senhor estala seus dedos e o livro aparece na mesa, aberto na página conveniente.

    – Esse é o livro. Há tudo que procuram aí.

    – Qual é o nome do senhor?

    – Amos Guinevrre.

    – Eu sou Hakken Heredino, e ele, Yasashi Yamaguchi.

    – Prazer em conhecer os filhos do admirável Garald.

    Amos se retira da sala. Mesmo após minutos, Yasashi não conseguia ler. Ele apenas pensava em sua mãe e no que poderia acontecer com ela. Diferentemente de Hakken, que não perde tempo e começa a ler.

    – Como você consegue? — Pergunta Yasashi, sem compreender tamanha frieza.

    – Do que está falando?

    – Nós estamos entre a cruz e a espada.

    – Se escolhermos um, teremos um talvez. Poderá não ser uma ferida fatal se tivermos os cuidados certos.

    – Ter chances não basta!

    – Então escolha a cruz. Tenha suas mãos pregadas e tente sobreviver aos dias sem água e sem comida.

    – ...

    – Eu os amo tanto quanto você! Mas, eu sei o certo a se fazer! — Pela primeira vez, Hakken altera sua voz. O que deixa Yasashi mudo. – ...E também acho que o pai pode estar mentindo. — Sua voz novamente se torna fria.

    – Ele não mentiria sobre algo tão sério! É uma ofensa pensar isso dele!

    – Não acho que ele mentiu sem motivo. Acho que há algo maior por trás disso tudo.

    – De qualquer forma, eu tenho medo do que pode acontecer com os dois.

    – ...Vamos levar isso para casa e pensar no que fazer depois.

    – Tá...

...

    Ao chegarem em casa (não juntos), caminham direto para o quarto, trancam a porta e abrem o livro.

    – O que tem de interessante?

    – A pergunta é: "O que não tem de interessante?". Ouve: 'Os Gardenas se alimentam de sangue. Mas, apesar disso tentam se alimentar sem machucar ninguém.'

    – Aquelas coisas pareciam bem hostis.

    – 'Ao invés de atacar, utilizam sua habilidade absoluta como moeda de troca. O trato comum é ser a fonte de alimentação delas por 14 dias, em troca de um desejo material. Depois disso, ninguém deverá nada um ao outro.'

    – O pai disse que fez o trato quando a mãe estava grávida. Isso faz 18 anos. — Observou Yasashi.

    – Como eu disse, o pai está mentindo... Eu sei que o pai está mentindo. Mas... É complicado dizer o que eu acho. Preciso de mais.

    – Se ele estiver mentindo, a mãe pode não correr nenhum risco.

    Yasashi volta a ficar esperançoso. Seu irmão continua lendo.

    – 'As Gardenas se escondem em locais escuros e isolados como antros ou florestas mais densas.'

    – Tem um lado bom e um lado ruim. A parte boa é que Barddone não tem tantas cavernas e florestas. A parte ruim é que Sonjoan não é tão longe e tem dezenas.

    – Há uma forma mais simples de encontrá-los. Tenho certeza de que precisam comer todos os dias. De madrugada, o pai vai alimentá-los de novo.

    – O que acontece se o pai não for?

    – Não tenho idéia... Agora temos que esperar.

...

    As horas se passam, anoitece e a madrugada dá o ar de sua graça. Aileen dormia profundamente quando Garald se levanta e caminha até a porta.

    Hakken tem a mesma sensação da noite passada.

    – Yasashi! O pai!

    – Vamos!

    Os garotos correm ao mesmo tempo que tomam o máximo de cuidado possível com o ruído de seus passos.

    Ao chegarem a cozinha (cômodo onde se encontra a porta), ouvem um idêntico ao trancar de uma porta.

    – Abre a porta, pai!!! — Yasashi exclama enquanto bate repetidamente na porta.

    – Eu não posso.

    Garald estava com a chave. Então, não era possível os meninos irem atrás dele. A menos que...

    – Mãe, não acorda, por favor.

    – O que você vai-

    ...arrombem a porta.

    – "Vambora".

    – Às vezes, você é insano.

    – Não exagera. Essa foi só a primeira vez.

    Depois de poucos minutos de lamúrias, Hakken derruba a porta. Logo, correm até o beco. Dessa vez, de um jeito bem indiscreto. Garald e nem as Gardenas estavam lá. Só havia um monte de carvão em pó espalhado pelo chão.

    – Pai?!

...


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章 4: Apocalipse

   Aileen acorda sem Garald ao seu lado. Apesar da cena rara, não se preocupa. Imaginou que seu marido estivesse tomando banho ou realizando outra ação habitual.

    Ainda sonolenta, caminha pela casa a procura dele. Garald não estava no banheiro, não estava no quarto dos garotos e também não estava na cozinha.

    – Amor. Onde você...

    Yasashi corria quando esbarra com sua mãe. Graças ao seu reflexo, não foi um impacto tão grande.

    – Ai, filho! Seja mais cauteloso!

    – Perdão.

    – Tudo bem... Onde está seu pai? Eu acordei e ele não estava lá.

    – ...Ele não está pela casa?

    – Não. Já o procurei em todo lugar. E como você veio de lá de fora, ele também não está por perto. Estou começando a me preocupar.

    – ...

   Yasashi se mantém em silêncio enquanto olhava em volta, ganhando tempo até Hakken descer de seu quarto.

    – Você parece preocupada, mãe. O que houve?

    – Seu pai. Você o viu?

    – Sim. Ontem à noite. Ele disse que iria à uma taverna. Acho que exagerou na bebida. — Com um olhar, indica a Yasashi o que fazer.

    – Ouvi quando ele disse isso.

    – Você me vigia agora?

    – Ninguém manda ser tão estranho.

    – Isso não vem ao caso agora! — Exclama, preocupada. – Me desculpem... É que Garald só bebe em ocasiões de comemoração. — Sua expressão triste explicitou algo a Hakken.

    – Não, mãe. Ele não está te enganando. O pai é muito digno. Ele não faria tudo o que ele já fez se não amasse você. Eu vou provar e trazer ele aqui.

    – Eu vou com vocês!

    – Não. Esses tipos de lugares não são ambiente para uma mulher tão doce, mãe. Eu vou com o Yasashi.

    – Vamos. — Confirmou Yasashi.

    Hakken e Yasashi vão até a floresta mais próxima. Mas, apesar disso, fica a quilômetros de distância da casa dos garotos.

    Aileen só percebe o que houve com a porta depois que os garotos saem. Que sorte a deles.

    – Nunca vi a mãe daquele jeito. — Disse Yasashi.

    – Época Vermelha. Isso é coisa de mulher.

    – Ah... — Yasashi olha em volta e analisa a situação em que estara no momento. – Parece que o destino nos quer juntos.

    – Já era hora.

    – ...

    – Agora não é o momento correto para sentimentalismo. Você consegue usar o feitiço que o pai te ensinou?

    – Ele me ensinou mais de um.

    – De teleporte. Um parecido com o que usaram em mim quando vocês me encontraram.

    – Sim. Só não sei se vai funcionar aqui. Não sei se uma floresta teria magia o suficiente. Mas, eu posso tentar.

    – ...

    Yasashi junta as palmas de suas mãos, fecha os olhos e respira profundamente. Hakken observa.

    – Nesse lugar existe magia. — Disse sem descolar suas palmas e levantar as pálpebras. – Sopro!

    Um vento forte sopra do oeste. Um livro e um papel enrolado aparacem no chão, à frente de Yasashi.

    – Você não é tão ruim.

    – Obrigado... eu acho.

    Hakken caminha até os itens. Ao abrir o papel, foi descoberto que era um mapa.

    – Que velharia. — Disse Hakken ao abrí-lo. – Existem uns 35 antros em um raio de 4 quilômetros.

    – 4 quilômetros não é uma distância tão grande, pelo menos. — Disse Yasashi com desânimo.

    – Ânimo. Ainda temos quilômetros para andar.

...

    No momento, a biblioteca de Amos estava vazia. Na verdade, havia apenas uma pessoa. Além do dono, é claro. Amos estava arrumando alguns livros, colocando as messas no lugar e tomando um bom e forte café. Com a tão incomum simpatia, oferece a bebida até mesmo para o leitor.

    Enquanto isso, de uma só vez, sete pessoas entram no local, para a alegria de Amos. Com um sorriso alegre, o senhor caminha até eles para recebê-los. Mas, antes mesmo que chegue, essas pessoas trancam as portas, explicitando sua personalidade padrão.

    – O erudito está fechado. – Diz o homem à frente.

    – Quem acha que é para dizer isso? Eu sou o dono disso aqui!

    – ... — O homem sorri. – Você me ajuda, e eu te ajudo, certo?

    Enquanto o homem falava, o único leitor que no momento estara no erudito sentiu dor em todo o seu corpo e ficou ofegante.

    – Como fez isso? — Pergunta Amos, espantado.

    – Shhh. Apenas observe.

    Não demora muito para que a pele daquele jovem leitor comece a queimar e escurecer, fazendo-o sentir ainda mais dor.

    – Para com isso! Eu te ajudo!

    – Você vai me ajudar de qualquer forma. Não seria tolo de me desafiar. — O homem estala os dedos.

    O homem dá seu último grito angustiante antes que o seu corpo exploda em milhares de fragmentos. Aterrorizado, Amos paralisa.

    – Ninguém te fará mal, não tema... A não ser que não retribua nossa gentileza.

    – Quem garante que vou continuar vivo? — Disse Amos gaguejando com todos aqueles pequenos pedaços de todo tipo de tecido e sangue.

    – Demônios não rompem seus pactos.

    – Demônios?

    – Temos coisas mais importantes para fazer. Temos uma pergunta muito simples: Onde está a reencarnação de Umare?

    – O quê? De quem está falando?

    – A última reencarnação de Umare nasceu há 13 anos. Tenho certeza de que ele veio aqui procurando algo sobre Gardenas.

    – ...

{

    – Boa tarde.

    – Não tem nada de boa. — Como já era de se esperar, o senhor diz com tom grosseiro. – O que querem?

    – Esse é o meu irmão; Yasashi. Ele é fã de lendas e criaturas mitológicas. Onde eu posso encontrar esses tipos de livro?

    – Você me parece ser um garoto inteligente. E além disso, parece saber que as lendas não são lendas. E se sabe, conhece o risco. Não os forneço para fãs ou odisseios. Ter conhecimento sobre tal coisa sem um motivo razoável, é muito audaz. Isso, para não dizer insano.

...

    – O que há de tão grave?

    – Nosso pai barganhou com três Gardenas.

...

    – Eu sou Hakken Heredino, e ele, Yasashi Yamaguchi.

}

    – Eu nunca vi ninguém parecido com o que me disse! — Disse Amos de forma rápida e medrosa.

    – Claro que viu. Você tem o cheiro dele.

    – ...

    Com a mentira descoberta, Amos fica com medo de ser morto.

    – V-vão me matar?

    – Ainda não. Ainda é útil.

    – Eu juro que não sei quem é Umare!

    – Quando o ver novamente, você vai saber o que dizer. Existem livros sobre nós, e sobre Umare. Entregue tudo à reencarnação e deixe que vá embora.

    Todas essas pessoas somem juntos com todos os fragmentos daquele infeliz leitor. Amos desacorda.

...

    Em um local escuro e úmido, Garald estava sentado e desacordado. Além de estar preso por correntes que impediam a movimentação de seu tronco e braços.

    Em um momento, lentamente, abre seus olhos. Uma Gardena observava-o de perto.

    – Para onde você me trouxe? — Perguntou Garald com tom de voz inerte.

    – Para um antro qualquer com Gardenas quaisquer.

    – Eu sempre alimentei vocês. Por que isso de repente?

    – Não faça tantas perguntas, Garald. É um pouco maçante.

    – Você é maçante. – Disse Garald com tom de gozação antes de cuspir no rosto da Gardena.

    – Tem razão. Tenho que mostrar meu lado brincalhão.

    Depois de secar seu rosto, as unhas da Gardena crescem e adquirem a cor prateada gradualmente, se tornando garras de prata.

    – Eu estava brincando. Você é muito divertido, Shecch. — Disse Garald com tom neutro.

    – Eu sei.

    Com um sorriso sádico, Shecch perfura o clavícula de Garald, que grita por conta da dor.

...

    Por horas, Yasashi e Hakken caminharam por florestas com o livro e o mapa em mãos. Passaram tanto tempo à procura de antros que já não sabiam mais onde estavam. Mas, isso não os fez para de procurar. Ops-

    Yasashi se deita na grama, ofegante.

    – Eu não aguento mais andar... Já não sei nem onde estamos.

    – Levanta.

    – Não dá! Minhas pernas estão tremendo e-

    – Levanta logo!

    Hakken franze as sombrancelhas, observando algo próximo a Yasashi. Ao reparar a expressão de seu irmão, se levanta.

    Havia um punhado de um pó negro. E em alguns metros, havia uma linha feita desse mesmo elemento. Seu cheiro lembrava...

    – Eu vi esse mesmo pó na vereda.

    – Esse cheiro... Isso é carvão. — Disse Yasashi.

    – Carvão? Tem certeza?

    – Sim.

    – Quando o pai desapareceu e você e mãe estavam dormindo, eu continuei lendo o livro.

    – Encontrou algo sobre carvão? — Pergunta Yasashi, achando a hipótese incoerente.

    – Não sobre carvão. Sobre os Gardenas. "Os Gardenas possuem passos insonoros. Mas, sempre deixam um rastro de farinha de carvão Vega; criado por seu pai.

    – Essas porcarias têm família?

    – O pai delas é uma Deus chamado Vega, e a mãe, uma Deusa chamada Sema.

    – Tudo que envolve os deuses é uma porcaria.

    – É.

    – ...Então, quer dizer que se seguirmos essa linha, nós vamos encontrá-los.

    – Se levanta e vamos descobrir.

    – Espera, Hakken.

    – O que é?

    – Se você decorou o que o livro diz, porque pediu que eu o trouxesse?

    – Cala a boca e se adianta.

    Pela primeira vez, Yasashi ri próximo a seu irmão.

    – Você riu?

    – São gases.

...

    Garald estava com a roupa ensanguentada. Com a tortura, muito sangue houvera derramado. O incomum era que os Gardenas não haviam bebido. O que os impedia, já que não comem a um pouco mais de um dia?

    – (O que está acontecendo? Tudo o que estava nos livros... Está errado?) — Como se lesse sua mente, Shecch se aproxima.

    – Você deve estar se perguntando o que está acontecendo. Seus filhos também, inclusive... Porque não os contou a verdade?

    – Eles não precisam saber.

    – Não precisam saber que Hakken é uma bomba-relógio? — Shecch ri. – Você realmente não faz idéia do risco que estão correndo, não é?

    – ...

    – Aquele moleque ainda não despertou os olhos. Mas, quando ele despertar... Seus sentimentos te deixam retardado, não é?  Você vai matar a si mesmo, e a toda a sua família por um capricho. Tolo.

    – Cala a boca, infeliz. Você nunca entenderia, não tem filhos.

    – Tem razão... Felizmente.

    – Quando vocês fizeram o trato, pareciam tão seguros. Agora parecem desesperados. Não conseguem mais cuidar dele?

    – Acho que já é uma boa hora para revelar.

    – É claro que estavam escondendo algo. Desembucha, desgraçado!

    – Tenha paciência... Como você sabe, somos uma raça pacífica que prefere negociar para conseguir comida do que matar para o mesmo fim.

    – Era o que eu achava.

    – Eu não posso contar tudo, senão seremos todas mortas. Mas, ainda posso dizer algo. Você é uma isca. E se seu filho chegar aqui, ele já era.

    – Por quê?

    – Se seu filho aparecer aqui, significa que ele descobriu sobre a nossa barganha.

    – Ele descobriu.

    – Contou como?

    – Ele disse que foi uma intuição.

    Shecch ri.

    – Do que está rindo?

    – Finalmente encontramos a reencarnação de Umare.

    – Foi o que você me disse há 18 anos.

    – Era apenas um blefe. Tudo isso só serviu para encontrarmos ele de fato. Você não foi o único com quem fizemos trato.

    – Eu só não entendo o porquê disso tudo.

    – Nunca vai entender. Não vai viver o suficiente para isso. Na verdade, antes, vou arrancar os olhos dele na sua frente.

    Garald se contorce, tentando se libertar daquelas malditas correntes. Porém, tanto esforço não surtiu efeito. Shecch se divertia com a cena.

...

    Aquele rastro era tão grande que mesmo após quase uma hora de caminhada, ele ainda não havia acabado. Hakken estava pensativo. Ele confiava cegamente em tudo o que o livro dizia.

    – Isso parece uma emboscada. — Disse Hakken enquanto caminhava.

    – Impossível. As Gardenas não nos viram.

    – É o que a gente acha.

    – É o nosso pai que está com elas! Vai saber o que farão com ele. Eu não ligo se for uma emboscada.

    – Deveria. Você vai ser inútil morto.

    – Não começa com o seu sermãozinho de "use a cabeça, e não o coração". Eu vou resolver do meu jeito.

    – Depois não diz que não avisei.

    Finalmente, aquela linha os levaram a algum lugar; uma caverna. Mas, não entram no mesmo instante.

    – Tem alguma forma especial de matar elas? — Pergunta Yasashi, já que não leu o livro.

    – Com algo pontudo feito de carvalho.

    – Uma estaca serve?

    – Se for afiada e feita de carvalho.

    – Por sorte, há várias árvores de carvalho e eu trouxe minha bebê.

    Yasashi puxa uma pequena adaga do interior de seu sobretudo. Ao apontar dois gravetos, formando estacas, Yasashi expressa ansiedade. Nos dois sentidos.

    – Você teve horas para ficar nervoso. Agora é a pior hora.

    – Não consigo. Ansiedade, medo...

    – Engole isso e vamos... correndo.

    Na tentativa de acalmar seu irmão, Hakken corre junto a ele para que tudo acabe o mais rápido o possível. O antro era ainda maior por dentro. Além de bastante escuro. Até certa parte. Ali, tudo ficava cada vez mais claro.

    Era possível ouvir o som de madeira golpeando o chão. Se tratava da perna da cadeira que Garald estara amarrado. Não demora muito para perceberem que era o vosso pai. Rapidamente, correm em sua direção.

   – Pai! — Hakken e Yasashi exclamam em coro.

    – Yasashi? Hakken? — Garald pergunta a si mesmo, ao ouvir a voz de seus filhos, desejando estar errado.

    – A gente vai te tirar daqui, pai!

    – Não! Vão embora! É uma-

    – Deveria ouvir seu pai, Umare. Você também, garoto ruivo.

    Sem nem mesmo Hakken perceber, é nocauteado por Shecch. Quando também iria nocautear Yasashi:

   

    – Espera!

    – ...?

    – Conj-

    Inocentemente, Yasashi tenta conjurar uma magia, mas, também é nocauteado.

...

    Os irmãos acordam quando já estavam amarrados por correntes. Assim como Garald, impediam a movimentação de seus troncos e braços.

    Insistentemente, Yasashi e Hakken tentavam se livrar das correntes.

    – É inútil.

  

    Disse uma voz próxima. Como se alguém estivesse em vossa frente. Mas, aparentemente, não havia ninguém. Visível, ao menos.

    – Quem está falando?

    – A dona de sua exímia vida.

    Haviam três Gardenas invisíveis. Shecch estara a frente de Yasashi. As outras duas estavam nos dois lados de Hakken.

    – É tão estranho vocês terem aparência masculina e usarem pronomes femininos.

    – Tanto faz.

    – Eu vou matar vocês, suas nojentas. — Disse Yasashi.

    – Você é tão cruel que me dá borboletas no estômago, Yasashi.

    – Como sabe meu nome?

    – Você não tem idéia das coisas que eu sei... Aliás, acho que já posso dizer que somos próximos. Torturei seu pai, bebi o sangue dele... Praticamente, temos o mesmo sangue.

    – Cala a boca!!! — Yasashi se exalta.

    – Já que nos tornamos da mesma família, eu preciso me apresentar. Eu me chamo Shecch... Eu apresentaria minha irmãs, mas elas não importam.

    – O que vocês querem? — Pergunta Hakken.

    – Você.

    – Eu desconfiei que fosse uma emboscada. Mas... O que vocês querem comigo? O que eu tenho de especial?

    – O que você não tem de especial?

    – ... — Hakken apenas o encarava, confuso.

    – Eu vou te dizer o que você tem de especial.

    – Não diga nada, Shecch!!! — Garald se exalta.

    – Tem muita gente à flor da pele nesse lugar. Que chatice... Você é uma reencarnação.

    – Reencarnação de quem?

    – Cala a boca!!!

.   – De um Deus-Rei. Ou quase. Ele se chamava Umare, filho de Urayamashi.

    – E daí?

    – Você é entediante e repetitivo. Igual seu pai... Umare teve uma vida terrível. Seu pai foi morto por seu tio quando ainda era jovem, no dia de sua coroação; teve seus olhos arrancados e selados; ficou longe de tudo e todos por anos; com a ajuda de 12 Deuses, ele voltou e derrotou Rillyt, seu tio.

    – O que eu tenho a ver com isso?

    – Você não é tão inteligente quanto parece. Essa frieza é só um elmo. Você não tem um pai biológico. Sabe o que houve com ele? Ele foi morto por seu tio. E agora, seus olhos serão arrancados. Tudo conforme a história.

    – Eu devo acreditar porque você está dizendo isso? Você não passa de um parasita.

    – Você não está errado. Mas, não seja tão preconceituoso, Hakken. Apesar disso tudo, eu não mentiria para um filho.

    – Primeiro: Você não é meu pai. Segundo: Eu não sou o único que perdeu os pais ao nascer. Existem muitos órfãos espalhados pelo mundo. Como tem tanta certeza de que eu sou essa reencarnação?

    – Quando você seguiu seu pai até aquela vereda, você ouviu som de passos, ou qualquer outro ruído?

    – Não. Foi uma sensação.

    – Uma sensação tão forte que uma pessoa racional como você resolveu ouví-la... Quando Urayamashi soube da real intenção de Rillyt, ele resolveu matá-lo. Mesmo que Urayamashi não usasse seu poder, Umare o sentiu. A intenção de tantas negociações era encontrar Umare. E depois, ele nos encontrar.

    – Mesmo que eu seja a reencarnação desse Umare. O que vocês têm a ver com isso? Por que me prenderam aqui?

    – Para despertarmos o Setsuri, querido.

    – ...?

    – Seus lindos e poderosos olhinhos com cor creme.

    – Como vai fazer isso?

    – Me divertindo um pouco.

   

    As garras de Shecch crescem e a Garald perfura o outra clavícula de Garald.

    – Não!!!

   

    Yasashi tentava intensa e insistentemente se libertar das correntes.

    Hakken se mantém inexpressivo. Não é possível saber se está se controlando, ou simplesmente não se importa com seu pai. Garald crê que se trata da primeira opção. Sem pensar nisso, Yasashi se revolta.

    – Todos já estão revoltados, Hakken. Só falta você. Livre-os dessa situação.

    Shecch perfura Garald mais profundamente. Seus gritos angustiantes e já cansados deixam Yasashi cada vez mais inquieto. Sua pele já estava se ferindo com a força que fizera contra as correntes. Mas, ainda não havia um mínimo sinal de êxito.

...


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