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86.36% A Crônica do Contador de Histórias / Chapter 74: LXXIII. FADA

章 74: LXXIII. FADA

Fui até meu beliche e tirei o alaúde do baú aos pés da cama. Depois, dados os rumores mencionados por Leif, tomei um dos caminhos mais complicados para o telhado do Magnólio, escalando uma série de canos de escoamento num beco protegido. Não queria chamar mais atenção para minhas atividades noturnas ali.

Já tinha anoitecido quando cheguei ao pátio isolado em que ficava a macieira. Todas as janelas estavam escuras. Olhei para baixo, da borda do telhado, sem ver nada além de sombras.

— Hani! — chamei. Você está aí?

— Você está atrasado — veio a resposta vagamente petulante.

— Desculpe. Hoje você quer subir?

Uma pequena pausa.

— Não. Desça.

— Hoje não tem muita Lua — retruquei, num tom mais encorajador. — Tem certeza de que não quer subir?

Ouvi um farfalhar nas paredes de arbustos lá embaixo, depois vi Hani escalar a árvore com a rapidez de um esquilo. Correu pela borda do telhado e estacou a poucos metros de distância.

Tanto quanto eu podia calcular, Hani era poucos anos mais velha que eu; com certeza não passava dos 20. Usava roupas esfarrapadas, que deixavam à mostra os braços e as pernas, e era quase 30 centímetros mais baixa que eu.

E magra. Parte disso tinha a ver apenas com sua compleição miúda, porém havia algo mais. Suas faces eram encovadas e os braços, frágeis como os de uma criança. O cabelo comprido era tão fino que parecia uma cauda, flutuando no ar feito uma nuvem.

Eu tinha levado muito tempo para arrancá-la de seu esconderijo. Desconfiara que alguém andava escutando eu me exercitar no pátio, mas levara quase duas onzenas para vislumbrá-la.

Ao ver que estava semimorta de fome, passei a levar qualquer comida que conseguisse tirar do Rancho e a deixar lá para ela. Mesmo assim, outra onzena se passara até Hani se juntar a mim no telhado enquanto eu me exercitava no alaúde.

Nos últimos dias, ela até começara a falar. Eu esperava que fosse calada e desconfiada, mas nada poderia estar mais longe da verdade. Hani tinha o olhar vivo e era entusiasmada. Embora eu não conseguisse deixar de me lembrar de mim mesmo em Notrean ao vê-la, havia pouca semelhança real. Hani era escrupulosamente limpa e cheia de alegria.

Não gostava de locais a céu aberto, luzes brilhantes nem de gente. Eu tinha um palpite de que era uma aluna que havia pirado e fugido para o subsolo antes que a confinassem no Refúgio. Não sabia muita coisa a seu respeito, porque ela continuava tímida e assustadiça. Quando eu lhe perguntei seu nome, ela correu de volta para o subsolo e levou dias para reaparecer.

Assim, eu havia escolhido um nome para ela: Hani. No fundo, porém, pensava na moça como minha fadinha-da-lua.

Ela se aproximou mais alguns passos, parou, aguardou e tornou a avançar em disparada. Fez isso várias vezes, até postar-se diante de mim. Imóvel, com o cabelo espalhado no ar à sua volta, feito uma auréola. Estendeu as duas mãos para a frente, logo abaixo do queixo. Puxou minha manga e retirou a mão.

— O que trouxe para mim? — perguntou, empolgada.

Sorri.

— O que você trouxe para mim? — provoquei-a delicadamente.

Ela sorriu e estendeu a mão. Alguma coisa reluziu ao luar.

— Uma chave — disse, orgulhosa, empurrando-a para mim.

Aceitei-a. Tinha um peso agradável na minha mão.

— E muito bonita. O que ela abre?

— A Lua — respondeu Hani com uma expressão grave.

— Isso deve ser útil — comentei, examinando-a.

— Foi o que achei. Assim, se houver uma porta na Lua, você poderá abri-la — disse, sentando-se de pernas cruzadas no telhado e me dando um sorriso. — Não que eu encoraje esse tipo de conduta imprudente.

Agachei-me e abri o estojo do alaúde.

— Eu lhe trouxe pão — informei, entregando-lhe o pão preto de cevada embrulhado num pedaço de pano. — E uma garrafa d'água.

— Isso também é muito gentil — comentou ela com ar gracioso. A garrafa pareceu muito grande em suas mãos. — O que há na água? — perguntou, tirando a rolha e olhando para dentro.

— Flores. E o pedaço da Lua que hoje não está no céu, também o coloquei aí dentro.

Hani levantou os olhos.

— Já falei da Lua — disse-me, com um toque de censura.

— Então só flores. E o brilho do dorso de uma libélula. Eu queria um pedaço da Lua, mas o brilho azulado da libélula foi o mais perto que pude chegar.

Ela inclinou a garrafa para cima e bebeu um gole.

— E um encanto — disse, afastando várias mechas de cabelo que lhe flutuavam à frente do rosto.

Estendeu o pano e começou a comer. Tirava pedaços pequeninos do pão e os mastigava com delicadeza, fazendo todo o processo parecer refinado, de algum modo.

— Gosto de pão branco — disse, em tom de conversa, entre um pedaço e outro.

— Eu também — retruquei, abaixando-me até me sentar. — Quando consigo arranjá-lo.

Auri balançou a cabeça e olhou em volta para o estrelado céu noturno e a lua crescente.

— Também gosto quando está nublado. Mas assim está bom. É acolhedor. Como os Subterrâneos.

— Subterrâneos? — repeti.

Era raro ela ser tão tagarela.

— Eu moro lá — disse-me, descontraída. — Eles correm por toda parte.

— E você gosta lá de baixo?

Os olhos de Hani se iluminaram.

— Santo Deus, se gosto! É maravilhoso! A gente pode enxergar para sempre — disse. Virou-se para me olhar e acrescentou, com ar provocante: — Tenho uma novidade.

— O que é?

Deu outra mordida e terminou de mastigar antes de responder.

— Ontem à noite eu saí — disse, com um sorriso matreiro. — No alto das coisas.

— Foi mesmo? — perguntei, sem me dar ao trabalho de esconder a surpresa. — E você gostou?

— Foi lindo. Saí para dar uma espiada por aí — explicou, obviamente satisfeita consigo mesma. — Vi o Elohkar.

— Mestre Elohkar? — indaguei, e ela confirmou com um aceno da cabeça. — Ele também estava no alto?

Hani tornou a fazer que sim, mastigando.

— Ele a viu?

O sorriso dela tornou a despontar, fazendo-a parecer mais perto de oito anos que de 18.

— Ninguém me vê. Além disso, ele estava ocupado, escutando o vento. — Pôs as mãos em concha na boca, produzindo um som uivante. — Ontem à noite havia um bom vento para se escutar.

Enquanto eu tentava compreender o que me dissera, Hani terminou o último pedaço de pão e se pôs a bater palmas, excitada, dizendo quase sem fôlego:

— Agora, toque! Toque! Toque!

Sorrindo, tirei o alaúde do estojo. Não poderia esperar um público mais entusiasmado que ela.


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