Princesa Shahnaz POV:
Shahanshah convoca os comandantes e nobres de guerra para a tenda de reuniões para definir a estratégia de guerra, que é bem simples, atacar com todas as tropas adiante, assim que conseguirmos invadir todas vão se espalhar e tomar o território, a sexta tropa avançará junto com a quinta, a quarta seguirá para leste e a terceira para oeste, segunda e primeira tropas ficarão na retaguarda.
Com tudo definido, vemos nossos inimigos avançando sobre nós, temos tempo apenas para organizar nossas tropas e nós os comandantes e o general nos posicionarmos e darmos as instruções.
General e eu olhamos para os céus e pedimos força, garra, resistência e bravura para Ahura-Mazda, então o confronto começa com tamanha confiança dos nossos inimigos que mal podemos esperar, mas lutamos com coragem e determinação e aos poucos começamos a ver o terrível cenário de todas as guerras sendo desenhado à nossa frente, horas e dias vão se passando e centenas de milhares de guerreiros lavados com sangue inimigo, um mar de sangue sob nossos pés, corpos e seus pedaços espalhados no chão, armamentos esquecidos ou fincados em estruturas sem vida, enquanto os nobres de ambos os lados observam os resultados, enquanto estão protegidos por seus guerreiros e nobres.
Vemos os nobres e o rei cipriano descendo para entrar em combate, ao mesmo tempo que o Imperador e os nobres persas fazem o mesmo, mandamos reforçar a proteção sobre os nossos, enquanto seguimos com os arqueiros para tentar acertar o monarca deles, vamos nos aproximando com alguma dificuldade e percebo que o grande Shahanshah grita para eu não ir e o general concorda.
— Eu irei com você, Jahangir. – digo e sigo lutando ao seu lado.
Seguimos nos aproximando dos nobres e eu inicio um árduo embate com os nobres e estou com sérias dificuldades e quase perdendo e me ferindo gravemente, correndo o risco de ser atingida por outro que está vindo para me acertar na lateral, mas de repente o comandante Cy aparece e me salva.
General Jahangir inicia um confronto com o general cipriano, podese ouvir o forte tilintar das duas espadas que a todo momento se cruzam no ar, o inimigo ataca por muitas vezes e quase acerta o persa, mas ele vai se esquivando e contra-atacando, as espadas zunem no ar, o embate segue e os corpos de ambos se chocam com intensidade, o persa dá um forte golpe no cipriano fazendo com que perca a espada, logo em seguida o inimigo usa o escudo para acertar as mãos do persa, lançando sua espada para longe e obrigando o general a se afastar, mas ambos encontram punhais e passam a lutar com eles.
Jahangir, em um rápido golpe, atinge o cipriano nas costas, mas pega em sua armadura, no mesmo momento é atingido pelo punhal do oponente em seu braço e se irrita, então avança sobre o general cipriano e o derruba de uma só vez e crava o punhal na parte exposta de seu pescoço, terminando de uma só vez esse embate.
Furiosos os nobres ciprianos vêm em nossa direção para vingar a morte do general e começamos a matar um por um, com certa dificuldade, afinal são excelentes guerreiros, para isso temos reforços dos comandantes das tropas e dos soldados que avançam para nos proteger.
Deixam o rei exposto para que os arqueiros façam seu trabalho, permitindo que o atinjam e então o general Jahangir o leva e põe diante do Imperador para que seja executada a sentença, que nos dá vitória nessa guerra, a decapitação do rei do Chipre, para a glória e esplendor do Imperador Shahanshah.
Todos comemoram ruidosamente mais uma vitória da Pérsia.
Avançamos sob o comando do vitorioso general Jahangir Azimi sob o Chipre para dominá-lo e subjugá-lo como uma província Persa, recolhemos todos os espólios e agora teremos a responsabilidade de reconstruir a cidade, mas antes vamos tomar o palácio, instalar o Imperador e nos render aos festejos.
É exatamente o que acontece, o Imperador adentra e toma posse do palácio e de todas as riquezas, logo depois decreta a celebração e descanso de sete dias para todos os guerreiros, transmitimos a mensagem a todos e vamos para as nossas alcovas em busca de um bom banho e repouso merecido.
O Narrador:
No palácio em Persépolis, todos os preparativos para o enlace de Marjan Baran e o general Jahangir Azimi estão bem adiantados, afinal a guerra está durando mais de dois meses e falta apenas menos de um mês para a cerimônia, tudo deve estar adequadamente pronto para esse momento tão especial entre pessoas nobres para o império.
Não que Vashti se importe tanto assim, mas parece ter máxima relevância para o Imperador, então deve agradar o seu marido, além do mais, é uma grande possibilidade de conseguir uma nova aliança para Shahnaz, quem sabe todos já tenham se esquecido do acontecido com Saeed e Sirdar Khani.
Marjan Baran não cabe em si de tanta felicidade, diz a todos que esse casamento é o seu sonho e planeja cada detalhe com tanto rigor e detalhes que já está deixando a Imperatriz incomodada.
Decide ir à casa do Sátrapa Feroze Azimi, quer visitar os pais de seu amado, afinal se não pode conversar com o general, conseguirá com os familiares, sai do palácio sem permissão e sem que ninguém a veja.
É recebida por um servo na porta e se identifica com prometida do general, rapidamente uma distinta Senhora vem atendê-la, mas faz uma expressão de desapontamento ao vê-la.
— Quem é a Senhorita? – a Senhora pergunta.
— Sou Marjan Baran, prometida do general Jahangir, não me deixará entrar? – Marjan diz.
— Sim, entre. – a voz da Senhora é de decepção.
Caminham pelos corredores da sala e a Senhora indica onde deve se acomodar.
— Gostaria de conversar com a Senhora Banu e o Sátrapa Feroze Azimi. – Marjan diz.
— Sou Banu Azimi, o que deseja? – ela se apresenta e pergunta.
Um distinto Senhor caminha pela sala e vem em direção as duas e se senta ao lado de Banu.
— Sou Feroze Azimi, o que deseja de nós? – ele se apresenta e pergunta.
— Como disse, sou Marjan Baran, prometida do general Jahangir Azimi, vim conhecer os pais do homem que eu tanto admiro e com quem me casarei em pouco tempo. – ela diz.
— Não é adequado vir sozinha a qualquer casa quando se é uma Senhorita, deve pensar em sua reputação e na do meu filho antes de qualquer coisa. – Banu diz.
— Mas eu só quero conhecer um pouco mais sobre o general e a família... – Marjan diz.
— Não temos nada para contar sobre ele, afinal esse casamento está sendo realizado contra a sua vontade e se para o meu Jahangir esse enlace é uma pesada obrigação que ele deverá cumprir unicamente por não ter escolha diante do Imperador, você será para nós um fardo que levaremos enquanto for necessário, mas que nos livraremos assim que for possível. Não pense que se tornará parte da família, nem que terá um Azimi para chamar de seu, porque isso jamais sucederá ou não me chamo Feroze. – ele diz.
— Esteja à vontade para se retirar quando desejar. – Banu diz e ambos se recolhem, deixando-a com um servo, que a conduz até a porta.
Marjan vai embora furiosa e entre lágrimas, como pode ser tratada assim por esses pobres?
Retorna ao palácio e espera anoitecer para falar com Anoush.
— Há quanto tempo você não vem me ver. – ele diz e a agarra.
— Não temos tempo para isso agora. – Marjan diz e se afasta.
— Então o que você quer de mim? – Anoush pergunta confuso.
— Que se vingue dos pais do general Jahangir por mim. – ela diz.
— Me diga o que fizeram para te deixar tão irritada assim? – ele pergunta.
— Me humilharam, dizendo que meu casamento será uma farsa. – Marjan diz.
— Já disse para casar comigo. – ele diz e tenta abraçá-la novamente.
— Eu te disse que preciso casar com um homem nobre, não um qualquer como você. – ela diz.
— Mas para diversão e trabalho sujo eu lhe sirvo. – ele diz.
— Sempre. Vai fazer o que estou mandando? – ela pergunta e quando ele vai responder, ouvem um barulho.
— Vai embora, tem gente se aproximando. – Marjan diz e ambos se afastam.
General Jahangir Azimi POV:
No decorrer dessa semana descansamos e festejamos, então na semana seguinte iniciamos um trabalho intensivo de reconstrução da cidade e do comércio local, para transformá-lo em uma Satrapia, dia e noite nos dedicamos a isso e toda a população está satisfeita com o novo Imperador, suas leis e domínio, em breve serão instituídos os Sátrapa e o fiscal para essa província, além dos soldados que deixarei para cobrir essas fronteiras.
Felizmente o Imperador está muito satisfeito com meu desempenho como general e aquele incidente com Shahnaz ficou para trás.
Nos reunimos na sala do trono e o Imperador decide que está em tempo de regressarmos para Persépolis, afinal estamos já há dez semanas longe de casa, seguiremos amanhã pela manhã e a estimativa de regresso é que a jornada dure um pouco mais.
Então saímos da sala do trono e comunicamos aos comandantes, que instruem as tropas e todos no acampamento se preparam, recolhendo todos os seus pertences, tendas, mantimentos, cuidando e alimentando os animais.
Passamos o dia nos preparando para a partida, assim que anoitece vamos todos descansar, afinal a jornada será bem longa e cansativa.
Observo o céu e rendo-me aos pensamentos sobre cada vitória árdua, reflito sobre a sensação de liberdade que me apraz durante os tempos de guerra, com as estrelas a me cobrir como um manto e a lua por cobertura, o contentamento e orgulho de olhar e empunhar a minha espada e notar que nela já há uma história gravada e nada pode apagar.
Lembro do que Shahnaz me disse certa vez, com toda razão: "A espada é a joia mais preciosa de todo guerreiro."
Ela cinge-nos de força e poder, nos faz grandes guerreiros no campo de batalha, olho com carinho e orgulho para a minha e a guardo, deito em meu leito, sem desejar que esse dia termine e que chegue o regresso à Persépolis.
Desperto antes de amanhecer e noto que todo o palácio está agitado com os preparativos para a partida, vou ao quarto de banho, me arrumo, visto minha armadura e cinjo-me com os armamentos e sigo para o salão do banquete, onde encontro os nobres, Shahnaz e o Imperador, desfrutamos do banquete e de uma agradável e respeitosa conversa, enquanto observamos pelas janelas a rápida movimentação dos servos a todo momento.
Shahnaz e eu pedimos licença e nos despedimos para seguir ao acampamento, onde o exército nos espera, mantemos o silêncio e a distância respeitosa durante a saída do palácio e enquanto nos afastamos da cidade, mas depois nos aproximamos e passamos a conversar.
— Como será nosso retorno à Persépolis?
— Imagino que seus pensamentos estejam na guerra que hei de travar a partir de agora.
— Sim, quais são seus planos?
Detenho nossa caminhada por um momento e busco seus olhos brilhantes e vivazes.
— Sou apenas um servo, não posso ir contra uma ordem do Imperador, mas um homem sem voz não pode realizar juramentos, assim como um homem inconsciente não pode ser levado ao seu enlace, mas ambas são medidas temporárias, até que eu encontre algo que me livre definitivamente desse casamento. – explico.
— São alternativas interessantes, mas precisamos de algo mais concreto. – Shahnaz diz.
— Não posso alegar questões de virilidade, afinal estaria mentindo. – digo sinceramente, mesmo sabendo que nunca estive com nenhuma mulher.
— Mesmo porque não poderia se comprometer comigo. – ela diz e eu concordo e descartamos essa possibilidade.
— Precisamos pensar um pouco mais, devem existir outras possibilidades. – digo e ela concorda.
Continuamos a caminhar e logo chegamos ao acampamento, onde todos nos esperam ansiosos e com absolutamente tudo pronto, então todos os comandantes nos cumprimentam e se adiantam à frente de suas tropas, organizamos tudo e aguardamos o sinal do Imperador para partirmos.
Algum tempo depois vemos o grande Shahanshah, ao lado de seus nobres, cavalgar à frente do exército, faz um sinal que é replicado pelo general, ordenando que todos marchem rumo à Persépolis, uma longa jornada de retorno ao lar.
Seguimos uma estratégia diferente desta vez, cavalgando por todo um dia, paramos na manhã seguinte, nos alimentamos e descansamos, então partimos quando o sol está mais ameno ao entardecer e marchamos até o sol raiar, quando paramos e nos abrigamos mais uma vez, assim sucede até o décimo dia, quando nos aproximamos de Persépolis.
Cada dia tenho a chance de conversar rapidamente com a minha amada Shahnaz, em outras ocasiões apenas deitamos e apreciamos o sol juntos.
Por vezes tentamos encontrar meios para eu fugir desse abjecto casamento, em outros momentos conversamos sobre a liberdade em tempos de guerra, mas sempre declaramos o nosso amor e devoção.
O Narrador:
Shahanshah manda um soldado à frente do exército para avisar que todos estão chegando vitoriosos e continuam a marcha, apressados porque estão bem perto do forte.
Em pouco tempo o soldado chega e faz o comunicado, deixando todos ansiosos e apreensivos, Vashti começa a dar as ordens para um banquete para celebrar a chegada do Imperador e todos os servos se agitam com os preparativos no palácio.
No harém há uma agitação instalada, as mulheres estão ansiosas pela chegada do Imperador e de seus filhos, esperam vê-los com vida, Marjan é a mais ansiosa de todas, afinal é a prometida do general, se apressa em se arrumar porque tem certeza de que ele virá apressado para vê-la, certamente estará saudoso depois de mais de dois meses sem ver a futura esposa.
Na sala do trono os nobres também se apressam e se reúnem para receber o Imperador, mandam chamar o sacerdote Hormuzd para dar suas bençãos.
Algum tempo depois todos estão às portas do palácio aguardando a chegada do exército vitorioso do Imperador, que chegam com grande alarido e adentram o forte.
Então o Imperador desmonta de seu cavalo e logo o sacerdote Hormuzd se aproxima e estende a mão em sua direção.
— Que sua glória e esplendor sejam conhecidos por toda a terra, com a permissão e benção de Ahura-Mazda. – ele diz e o grande Shahanshah agradece.
Todos veem a Imperatriz se aproximando, toma sua mão direita e beija.
— Que a glória do Imperador prevaleça e seja eterna. – Vasthi diz.
Em seguida o Príncipe Mirza se aproxima, toca o ombro do Imperador.
— Que sua glória se estenda por toda a terra. – ele diz, fazendo-o sorrir.
Logo depois os Sirdares, seus filhos Behrooz, Ksathra, suas esposas Bibiana e Etty e os nobres o reverenciam e cumprimentam, saudando pelas vitórias.
Veem o general Jahangir e a Princesa Shahnaz e fazem questão de alegremente saudá-los pela honrosa vitória nas guerras e por seu retorno.
Shahanshah faz questão de dar descanso ao honrado exército, então o general os libera e todos seguem para o alojamento, enquanto eles vão para suas alcovas, já que estão sedentos por um bom banho e descanso.
Então o Imperador segue para a sua alcova na companhia de Vashti, vai ao quarto de banho, se livra da armadura, desfruta da água quente e relaxa, enquanto se livra de todo o vestígio de pó e sangue, logo depois entraja as vestes reais, sem dar qualquer atenção para as falas de sua esposa real, apenas seguem juntos para o salão do banquete, onde todos os esperam.
Princesa Shahnaz POV:
Nossa jornada é extensa e árdua, mas chegamos quando completamos dois meses longe de Persépolis, o que me faz lembrar que temos apenas mais três semanas para o casamento do general, no mesmo instante um ardor me consome.
Todo o exército para ao adentrar o forte, o Imperador está diante de sua comitiva, o general e eu vamos até eles para receber as saudações e cumprimentos e então dispensamos as tropas para seu merecido descanso.
Seguimos para as nossas alcovas, Lila, Pari e Zena estão felicíssimas com o meu regresso e mal esperam para me abraçar, mas preparam meu banho e minhas vestes, me ajudam a retirar a armadura e me desfazer das armas, desfruto da água quente em minha pele desnuda e relaxo por alguns instantes, então saio, me enxugo e permito que elas me vistam e adornem, ajustam o véu e a coroa, então calço as sapatilhas e logo estou pronta para receber seus abraços saudosos e ir ao salão do banquete.
Encontramo-nos todos, conversamos alegremente e nos alimentamos com um farto banquete festivo, vemos a curiosidade em seus rostos sobre os acontecimentos da guerra e o motivo para termos nos alongado tanto nessa campanha, mas o Imperador avisa que amanhã contará tudo na sala do trono, porque hoje desejamos descansar da longa jornada.
Dara pede desculpas, mas solicita a presença da grande esposa real no harém com urgência, todos olham para ela, que pede permissão ao Imperador e se retira com o eunuco, enquanto todos nós voltamos às nossas alcovas.
O Narrador:
— Por que ousa me incomodar quando estou na presença do Imperador? Já não lhe disse que... – a Imperatriz começa a dizer, mas Dara a interrompe.
— Peço que me perdoe, grande esposa real, mas Atefeh está fazendo um escândalo e diz que sairá do harém para ir até a alcova do Imperador se ninguém lhe der satisfações sobre Ahriman. – o eunuco diz.
— Onde está Ahriman? – a Imperatriz pergunta.
— Soube pelos soldados que foi morto em guerra, mas ninguém teve coragem de comunicar para Atefeh. – Dara diz e Vashti sorri.
— Mande o general vir falar comigo na sala de leitura. – a Imperatriz ordena e Dara vai cumprir sua ordem.
Vashti aguarda o general na sala, mas chama suas damas, ele chega em seguida e os guardas anunciam sua entrada.
— Mandou me chamar, grande esposa real? – general Jahangir pergunta.
— Sim, general. Vou direto ao assunto, quero saber o que aconteceu a Ahriman. – a Imperatriz questiona.
— Ele esteve à frente do exército porque eu estava no cárcere, então decidiu seguir para a guerra no Chipre, sem o Imperador, apenas com alguns dos nobres. Ao chegar iniciaram o confronto, mas o exército persa e os nobres debandaram deixando-o para morrer sozinho. – o general diz e Vashti sorri, dispensando-o em seguida.
General Jahangir vira as costas e surge uma dúvida na Imperatriz.
— General? – a grande esposa real o chama.
— Por que esteve no cárcere? – ela o questiona.
— Porque a Princesa Shahnaz estava gravemente ferida, à beira da morte. – ele responde, faz uma reverência e se retira.