#Spider Gwen
Naquela manhã, Gwen Stacy embora estivesse na sala de aula, sua mente estava em outro lugar.
Já fazia um bom tempo em que ela estava naquele mundo, e a cada dia as consequências de não estar em sua dimensão estavam piorando. Suas celulas estavam se degradando mais rápido do que se duplicavam, e era extremamente doloroso quando aquilo acontecia.
Ela tentou pesquisar a forma mais rápida de voltar pra casa, pelo o que o garoto que se recusava ser o homem aranha disse, a chave para abrir o portal para sua dimensão estava no centro de pesquisa da Alchemax, mas ela tinha suas dúvidas se o que ele disse era real.
O que ele está pensando? Ele poderia muito bem me ajudar a voltar, mas…
Ela parou por um instante ao lembrar do que Miles havia contado sobre o futuro.
Tudo era surreal demais pra ser verdade, mas com aquela quantidade de detalhes, Miles teria que ter se esforçado muito para inventar aquela história maluca.
Mas por algum motivo que a própria Gwen não compreendia, ela sentia, lá no fundo que ele não faria isso.
~Tum Tum~
Seu coração bateu forte.
Que merda tá acontecendo comigo?
De repente seus instintos notaram algo pequeno e rápido indo em sua direção, não parecia ser perigoso então ela usou a mão para segura-lo.
Era uma bolinha de papel.
Ela olhou na direção de onde veio e notou Miles debruçado na mesa enquanto a encarava com um sorriso maroto.
Cerrando os olhos ela abriu o papel.
"Está livre hoje?"
Ela o encarou novamente só para vê-lo disfarçando. Balançando a cabeça ela sorri enquanto escreve uma resposta.
"Está mesmo convidando uma mulher mais velha pra sair?"
Ela o amassou e o arremessou rapidamente. Com os mesmos reflexos ele agarra e abre o papel.
"E isso importa?! Está livre?"
"De onde venho sim!"
"Bem vinda a minha dimensão. Te espero no mesmo lugar às 18:00, não aceito um não como resposta!"
Ela queria responder de volta, mas o sinal tocou bem na hora e ela não ouviu mais naquela manhã.
…
Às 18:00 em ponto ela estava ela com seu traje de mulher aranha no telhado da Visions Academy.
De repente ela ouve uma voz atrás dela.
"Gente pontual é outro nível." Brincou Miles, vestindo uma calça e uma camiseta vermelha sob um casaco preto.
De onde ele surgiu?
Estranhou Gwen já que seu instinto aranha não alertou de forma alguma da presença de Miles.
Seria coisa daquela camuflagem que ela viu? Ou seria outra coisa?
Eram muitas perguntas.
"Por que está vestida assim?" Ele a observa de cima a baixo.
"Não era pra vir assim?"
"Você sai em encontros com sua roupa de trabalho super secreto?"
"Normalmente eu não vou a encontros." Cruzou os braços. "Muito menos sou obrigada a ir a um por um estranho."
"Eu sou um estranho?"
Ela franze o cenho.
"Eu ainda não te conheço o suficiente para ser considerado um companheiro de trabalho, muito menos um amigo."
A expressão de Miles pareceu vacilar um pouco, ela viu a decepção em seu rosto, mas logo foi camuflado por um sorriso.
"É pra isso que serve um encontro, não? Para as pessoas se conhecerem melhor, ou estou enganado?!" Disse, se pendurando sobre a proteção do telhado. Obviamente ele não estava com medo das pessoas o verem e pensasse que era uma tentativa de suicídio.
"Você vai responder minhas perguntas nesse 'encontro'?"
"Uma troca equivalente, que tal?"
"Fechado!"
~palma~
"Ótimo, então, por aqui, senhorita Aranha."
Uma substância negra com detalhes vermelhos, brancos e dourados que imitavam o traje do Homem Aranha, mas que obviamente mostravam que ele não era um herói como ele.
"Eu espero que esteja vestindo roupas normais por baixo do traje." Ele sorriu antes de se jogar da sacada.
Gwen ainda estava surpresa com o novo traje de Miles. Aquele era um simbionte?
Ela já havia lutado contra esse simbionte em sua dimensão e sabia muito bem que ele formava um traje todo negro ao redor do hospedeiro.
Ela se apressou em segui-lo.
Miles a guiou pelo Brooklin até parar em cima de um prédio com vista para a ponte de Manhattan.
As luzes dos prédios piscavam a distância.
Gwen tirou seu traje, revelando um short sobre a lag branca e brusa rosa.
"É lindo não é!?" Comenta Miles.
Gwen assentiu.
"É quase inacreditável imaginar que em alguns anos tudo isso irá ser destruído."
"Eu lutei até minhas últimas forças para proteger isso…"
"Essa parte você não contou. Você morreu no futuro, quer dizer, passado. Eu sei lá, oque aconteceu com você?"
Ela cruzou as pernas de frente para ele.
"Eu era o último Aranha vivo. Todos os outros, inclusive você, estavam mortos… você melhor que ninguém deve saber o peso de não conseguir salvar seus amigos, não é!?." Ele inspira o ar gelido da noite e o soltou, refrescando as memórias dolorosas do passado.
Gwen abaixou a cabeça, ela não esperava que a história de Miles fosse tão semelhante a dela. Ela sabia do fardo que carregava ao não conseguir salvar seu melhor amigo. O fardo de Miles era mil vezes mais pesado já que não deveria ter apenas três homens Aranhas espalhados pelas dimensões.
Ele carrega o fardo da minha morte também? Pensou ela.
Gwen segurou a vontade de perguntar sobre isso, mas viu que esse não era um assunto fácil de se falar.
Ele rapidamente encobriu sua tristeza com um sorriso, Gwen notou que ele tinha essa mania de nunca revelar o que realmente sente, talvez fosse a forma como ele encontrou de não desmoronar diante de tanta responsabilidade.
Talvez ele não fosse apenas um adolescente exibido. Pensou ela. Espera, se ele veio do futuro, ele já é mais velho que eu?
"Quantos anos você tem agora?"
"14!"
"E quando você era o último Aranha?"
"24 talvez? Ninguém se preocupava muito com idade naquele momento."
Ele é mais velho que eu. Isso nunca daria certo… espera, qual era nosso relacionamento?
"Posso fazer uma pergunta pessoal?"
"Não sendo a cor da minha cueca, pode sim." Brincou.
Gwen sentiu suas bochechas ficarem vermelhas, mas ignorou e fez a pergunta.
"Qual era nossa relação no seu tempo?"
Aquele sorriso instantaneamente deu lugar a um rosto envergonhado.
Gwen soube de cara a resposta por trás daquela reação, oque a fez queimar de vergonha.
Por um minuto inteiro ninguém disse nada, apenas ficaram ali, pensando no que dizer, mas obviamente ninguém queria ser o primeiro.
A mente de Gwen estava uma completa bagunça. Muitas coisas estavam acontecendo de uma só vez e ela não conseguia processar todas elas.
De repente ela sente uma mão apertar a sua.
"Vem comigo."
Ele a puxa pra cima e segura em sua cintura.
Gwen olhava surpresa e confusa pra ele.
"Segura firme." Ele sorriu, segurando ainda mais em sua cintura.
Ela o viu ficar invisível e logo ela também ficou.
E então ele saltou do prédio de 30 andares. Por instinto Gwen se agarrou em Miles.
"Seu maluco!" Gritava ela, enquanto via a calçada se aproximando.
Gwen poderia se salvar se quisesse, mas não com Miles segurando firmemente sua cintura.
De repente o vento que soprava seu cabelo parou e ela sentiu o chão sob seus pés novamente.
"Não foi tão ruim assim, estamos acostumados a saltar de prédios muito mais altos." Ele ri. "Oh, isso não tava assim."
Ele começou a alisar seu cabelo, o deixando menos arrepiado.
Gwen deu um tapa em sua mão.
"Eu achei que ia morrer, seu maluco." Disse irritada, logo notando seu cabelo todo espantado.
"Ficou bonitinho." Riu.
Por um instante ela esqueceu por que estava irritada e caiu na gargalhada com Miles.
"Pra onde vamos?"
"Veja você mesma."
Eles saíram de um beco frente a um parque de diversões. A música alegre e luzes piscando em todas as cores a deixaram surpresa. A última vez que ela fora em um parque foi quando sua mãe ainda estava viva.
"Espero que não tenha medo de altura." Brincou.
Ela sorri provocando-o.
"Eu só gritei por que tinha um maluco me puxando pra baixo."
"Ah tá… achei que era medo já que você se agarrou nesse maluco." Ele riu, a puxando pela mão para o parque.
Tudo era como ela se lembrava, as atrações, brinquedos, comidas. Ela parecia uma criança olhando pra tudo.
Gwen sente uma coisa gelada em sua bochecha. Ao olhar pro lado ela viu Miles com dois sorvetes.
"Você não fez isso."
"Você estava tão distraída, foi tão tentador que não pude evitar."
Ela pegou o sorve de creme de sua mão e esfregou em seu nariz.
"Estamos quites."
Miles sorriu e se aproximou de seu rosto, mas especificamente de sua bochecha onde ele lambeu o sorvete que estava lá.
Gwen sente seu rosto queimar, ao mesmo tempo em que tentava ignorar o arrepio em seu corpo.
"Agora estamos quites." Sorriu.
"Idiota." Sussurrou.
Miles a levou na maioria dos brinquedos. E por coincidência eram todos os que Gwen gostava.
Foi apenas coincidência? Pensava ela.
No final da noite ambos estavam na roda gigante e quando atingiu a parte mais alta Miles lançou uma teia elétrica nos comandos, fazendo o brinquedo parar de funcionar.
"Bem pensado." Elogiou Gwen.
Ele deu de ombros.
Gwen olhou para os pulsos de Miles e não viu os lançadores.
Inconformada, ela pega nas mãos de Miles e as observa de perto.
"Onde estão seus lançadores? Como fez aquilo?"
"Eu não tenho um." Disse, lançando uma teia em uma placa de ferro do brinquedo. "Vê?! Eu produzo minhas própria teias."
"Incrível… e por que são douradas? Isso é ouro?"
"Hahaha, não, é uma teia normal, só que… é bem complicado de explicar."
"Entendo." Ela solta suas mãos. "Você é uma caixinha de surpresas. Como foi depois que você foi picado? Sua cabeça também ficou uma bagunça?"
"E como. Pra começar eu cresci uns dez centímetros da noite pro dia, meus instintos estava fora de controle, sem falar que eu saia grudando em tudo o que tocasse."
"Meu cabelo foi prova disso." Ela provoca. "Acho que uma mudança de visual cairia bem— Argh!!!"
De repente a figura de Gwen começou a tremer como um bug de computador.
E então a dor por não estar em sua dimensão a fez se curvar. A sensação era indescritível, era como bater o dedinho no frio, só que 10 vezes pior.
Foi então que ela sentiu uma mão apertar a sua com força. Em seguida um calor reconfortante pôs fim ao seu sofrimento, ao mesmo tempo em que ela sentiu-se revigorada.
Ela olhou para a mão de Miles que estava pertando a sua com uma força um pouco de exagerada.
Ao olhar para seu rosto ela não conseguia acreditar no que via.
Ele estava sorrindo para ela, mas seus olhos mostravam que ele estava sentindo dor.
De imediato ela soube oque ele estava fazendo e tentou impedi-lo puxando sua mão.
"Miles, para! Isso é ridículo, você não precisa fazer isso."
"Isso é o mínimo que posso fazer." Dizia ele com os dentes cerrados. "Isso não é nada, posso fazer isso o dia todo."
Eu acho que não pode não. Ela pensou. Por que? Por que ele faria uma loucura como aquela?
Eles mal se conheciam… ou melhor, iriam se conhecer ainda.
Por impulso, ela o abraça forte o suficiente para que ele se esqueça da dor. E assim eles ficaram até a roda gigante começar a se mover novamente, e quando parou para eles descerem, continuaram de mãos dadas.
Ao voltar para a Visions Academy, eles se despediram, cada um voltando para seu dormitório, mas nem um conseguiu pregar os olhos naquela noite.
No final, Gwen não tirou nem da metade de suas dúvidas e voltou com a mente ainda mais bagunçada.
Eu preciso voltar pra casa antes que eu acabe ficando por aqui mesmo.
Ela então tomou a decisão de ir atrás da sua passagem.