章 36: capitulo 36
Duas semanas depois
Charlotte
Quando a família de Nikolas despertou, ele solicitou permissão para permanecer na cidade até que todos se adaptassem à nova rotina, o que me surpreendeu ao ver que Dylan concordou.
Os dias foram se desenrolando, Anna se aproximou de mim e Dion comentou que isso ocorreu porque eu a salvei.
"Desisto do Dylan!"
Suas palavras me deixaram sem reação; ela estava ferida por ter chamado o nome dele, mas Dylan não teve culpa. Agora ela compreende as implicações de continuar sua obsessão por ele.
Passo meus dias tentando ignorar as memórias que me assombram, esforçando-me para ser forte diante de todos, mas por dentro estou despedaçada.
As lembranças de Gilbert não me atingiram como as memórias dos meus pais. Saber que nunca fui amada por eles e que fui apenas uma cobaia para curar meu irmão me devastou.
No entanto, não posso compartilhar isso com Dylan; sua mente já está repleta de preocupações, acreditando que eu possa buscar Gilbert. Mesmo afirmando que meu amor é por ele, Dylan ainda teme que eu reconsidere meu sentimento por outro.
Jamais faria isso com ele ou com Dion.
Os dois mamutes são os responsáveis por essa confusão de trisal, e não será um amor do passado que os fará se desprender de mim.
Para piorar, o filho de Nikolas acredita que sou a companheira dele. Agora entendo como Dylan se sentia quando Anna insistia em ficar perto dele; e ainda tem a mãe dele, que me vê como uma ameaça, pensando que vou roubar Nikolas dela.
É um verdadeiro caos!
Estou com a cabeça a mil por hora e essa mulher acredita que eu desejaria alguém que me traiu e usou no passado. E quanto a Nikolas, o amor que sentia não era por ele, mas sim por seu irmão gêmeo.
Com Nikolas e os outros na cidade, tivemos que dividir nosso suprimento de alimentos. Quando ele viu o mercado, sugeriu que revivêssemos a cidade, o que deixou Dylan e Dion pensativos.
****
Aproveitei que Aaron estava dormindo, e que Dylan e Dion foram à cidade em busca de alimentos; fui até os sensores para trocá-los e passei um tempo verificando e substituindo todos.
"Seu pai disse para ficar longe de mim, e sua mãe acha que quero me apossar dele, mas mesmo assim aqui está você," - olho para trás e vejo Jake, vestindo seu traje de caçador, máscara de caveira e com o peito nu.
"Meus pais precisam entender que sou um adulto," - ele remove a máscara e se aproxima de mim; fico observando, pensando por que, mesmo após a cura, sua força e velocidade permanecem extraordinárias. Era para ele ser um humano comum. - "Por que você está tão longe da cidade?"
"Porque estou trocando os sensores de movimento."
"Seus companheiros não podem fazer isso? Tem que mandar uma mulher sozinha para o meio do nada?"
"Não sou uma donzela em perigo; seria mais arriscado para um humano ou zumbi se deparar comigo." - ele toca meu rosto. - "Não faça isso."
"Por que não posso te tocar?"
"Porque não pertenço a você; tenho donos. E sou fiel a eles."
"Mas será que eles são fiéis a você?" - Ele abaixa a mão. - "Soube que aquela garota que você salvou estava obcecada por Dylan, e ele só não cedeu à tentação por ela ser muito jovem. Mas se fosse uma mulher adulta, ele teria resistido?"
"Você está tentando semear dúvidas na minha mente," - dou uma risada. - "Confio em Dylan; ele preferiria queimar o mundo a me trair. Então é melhor parar com esse joguinho, porque não vou cair; o que você sente por mim é apenas um efeito colateral e logo irá passar."
"Desde o dia em que voltei à vida, tentei algo? Apenas mencionei que sentia que você era minha companheira e me aproximei para conquistar sua amizade. Não sou louco a ponto de tentar roubar uma mulher comprometida, e pelo que meu pai me contou, você já possui problemas demais devido às suas memórias; não quero ser mais um fardo."
"Então, por que está tentando envenenar minha mente?"
"Não estou; apenas notei algo suspeito ao sair da cidade. Mas se você não acredita em mim, vá até o mercado e veja por si mesma. Pode ser que não seja nada demais," - ele se abaixa e beija minha bochecha. - "A única coisa que não quero é vê-la sofrer e chorar." - Ele se vira e vai embora; fico pensativa, entro no carro e retorno para a fazenda.
"Dylan e Dion foram fabricar os alimentos?" - pergunta Stefany ao sair do carro. - "Faz horas que foram e ainda não voltaram."
"Vou averiguar o que está acontecendo."
"Me dá uma carona, preciso ver o rádio da escola," - diz Samuel ao se aproximar.
"Estou entediada, vou com você," - responde Anna, e eles entram no carro. Vamos em direção à cidade. Ao chegar, vou direto ao mercado e, ao parar o carro, vejo que as portas estão abertas. Saio e me dirijo até lá, ouvindo gemidos. Acelero o passo.
"Charlotte!" - Ignoro Samuel e adentro o mercado, seguindo os gemidos que se intensificam. Então paro, chocada, ao presenciar uma cena inacreditável: Dylan e Dion transando com duas mulheres. - "Porra!" - Samuel exclama ao se aproximar.
"Meu Deus!" - Anna fala, colocando a mão na boca.
"Vamos embora," - me viro e começo a andar rapidamente, com eles me seguindo. - "Vou te deixar na escola, Samuel," - entro no carro.
"Charlotte!" - ignoro e seguimos para a escola. - "Nunca imaginei que fariam isso com você."
"Nem eu," - respondo sem olhar para ele. - "Vá verificar o rádio," - ele sai do carro e eu volto para a fazenda, com Anna chorando durante todo o trajeto. - "Por que você está chorando?"
"O que Dylan está fazendo é muito errado e está doendo demais," - ela diz entre lágrimas. Saio do carro e, ao descer, a abraço. - "Queria ser forte como você, e mesmo tendo desistido dele, por que ainda sinto que fui traída?"
"Porque seu amor por ele é genuíno," - seguro seu rosto enquanto Anna continua a chorar.
"O que aconteceu?"
"O motivo da demora deles é porque estão transando com duas mulheres no mercado, irmã," - Anna diz, em meio às lágrimas. Solto-a e abraço Stefany. - "Dylan é um traidor."
"Meu Deus," - começo a andar. - "Charlotte."
"Quero ficar sozinha; cuide de Aaron para mim."
(...)
Charlotte
Desde quando isso está ocorrendo? Agora entendo por que Dylan não se opôs à presença de Nikolas na cidade e ainda cogitou a ideia de revitalizar a cidade.
Ele está me traindo, ambos estão!
Afastei-me o suficiente da fazenda para que ninguém ouvisse minha tristeza e raiva ao descobrir que os dois me traíram.
Hoje fui acordada por eles me dando prazer, sussurrando palavras obscenas e gentis, e agora os vejo se entregando a outras mulheres.
Por que fizeram isso comigo?
Nas últimas duas semanas, tive que suportar essa dor que sinto desde o dia em que recuperei todas as minhas memórias. Não quis atormentar Dylan com meu passado e mantive firme, mas para quê?
Foi tudo em vão e aqui estou, chorando como uma criança.
As horas passam, o dia se transforma em noite e já não tenho mais lágrimas. Estou sentada, olhando para o vazio. Minha mente está em branco e sinto meu corpo à deriva em um mar de desespero.
"Charlotte!" - uma voz distante chama meu nome, mas minha mente está tão confusa que não consigo responder. - "Venha," - braços me envolvem e só percebo que estou nos braços de Samuel depois de um tempo.
"Sam!"
"Que bom. Você recuperou a consciência," - olho para ele. - "Estamos quase lá," - reclino minha cabeça em seu ombro e, minutos depois, chegamos à fazenda.
"Onde você esteve? Aaron não para de chorar e te procuramos por toda parte," - Dylan diz, quando Samuel me coloca no chão. Sem dizer nada, vou até ele e dou um tapa em seu rosto. - "Ficou louca?"
"Louca!" - sou puxada para trás. - "Você vem com essa cara lavada me dar sermão depois do que fez comigo," - falo com raiva. - "Eu confiei em você."
"O que está acontecendo?" - Dion se aproxima.
"Quero os dois bem longe de mim. Essa palhaçada de trisal acaba aqui," - começo a andar, mas Dylan agarra meu braço.
"Você está terminando conosco?"
"E com razão!"
"Vimos o que vocês estavam fazendo no mercado. Sinceramente, nunca imaginei que fariam isso com Charlotte," - Samuel segura o braço dele.
"Podemos explicar, Charlotte!" - Dion fala.
"Nada irá justificar o que vocês fizeram comigo. Não importa o que digam, nada irá mudar." - Puxo meu braço e entro. - "Onde está Aaron?"
"Ele chorou tanto que acabou dormindo, está com Anna no quarto dela," - diz Stefany, e começo a andar. - "Charlotte!"
"Quando Aaron acordar, leve-o para mim em meu quarto," - continuo andando; ao entrar no quarto, sento na cama.
"Você precisa me ouvir," - olho para frente e vejo Dylan.
"Faz quantos dias que você vem me traindo?"
"Charlotte, eu."
"RESPONDA!" - Ele se aproxima e, quando tenta me tocar, afasto sua mão. - "Mesmo deixando claro que nunca retornarei para Gilbert, e provando o quanto te amo, é assim que me retribui?"
"Por favor! Me deixe explicar."
"Eu não deveria ter me envolvido com você," - digo com raiva. - "E muito menos te salvo."
"Eu te amo."
"Me ama!" - Dou uma risada sarcástica. - "Quem ama não trai, e foi o que você fez comigo. Por quê?" - Agarro a camisa dele. - "Foi um castigo por eu ter deixado Dion entrar em minha vida, ou porque não sou o suficiente para os dois?"
"Estávamos fora de nós; era como se nosso corpo e mente estivessem sob controle."
"Essa é sua desculpa," - ri novamente. - "Você acha que sou idiota?"
"Não estou mentindo. Passei por um inferno para te encontrar, me segurei quando Anna era um obstáculo em nossa vida; por que eu jogaria tudo isso fora por uma desconhecida?"
"Porque você é homem," - ele me observa em silêncio. - "Você continuará fazendo parte da vida do nosso filho, mas não fará mais parte da minha vida."
"Você não pode jogar tudo fora por um erro."
"Um erro. VOCÊ ME TRAIU," - grito, começando a bater no peito dele. - "Só precisava do seu amor e apoio diante de toda essa confusão de memórias. Mas, em vez disso, você me quebrou ainda mais; por que você fez isso comigo?" - Começo a chorar.
"Me perdoa, Charlotte," - ele me abraça forte. - "Aquele que você viu não era eu; me dê uma chance para provar que o que aconteceu não foi por minha vontade."
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