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93.33% A Representação do Deus Supremo - Apocryphal Testament / Chapter 28: Capítulo 9 - A confiança que nos une

章 28: Capítulo 9 - A confiança que nos une

Capítulo 9 - A confiança que nos une

— Quê?

O choque inicial o fez ficar perplexo. A cabeça pesada não ajuda e ele perdeu a linha dos pensamentos por um breve instante.

Sentado ao lado de Yuki com o tapa-olho, Sado olhava incrédulo diante daquele olhar azul-celeste.

E, como que assegurando o garoto de que o que disse não era nenhuma metáfora...

— Sim. Não metaforicamente ou hipoteticamente falando. Mas real e fisicamente falando. Eu e você passamos por umas dezenas de mundos semelhantes à nossa cidade. — Yuki olha para a paisagem de destroços — Ou o que sobrou dela.

Quando ele percebeu que de fato era verdade as palavras dela, em todo o sentindo possível, Sado voltou o olhar para frente. Ali um cesto de lixo levitava para longe como se não tivesse sob os efeitos da gravidade.

Se não era o mundo deles, e se tudo isso era um "outro mundo", ele fez a pergunta mais óbvia.

— Onde estamos?

Então, seguindo a pergunta do jovem, Yuki respondeu bem tranquila:

— Na mente de um completo desalmado.

— Huh?

À vista, pareceu que Yuki soltou uma risada de ar pela boca. Ela estava brincando com ele? Após revelar a maior informação que tinha?

Ele encarou ela novamente.

— Que foi? — questionou a pequena menina.

— Aquilo foi algum tipo de piada ruim?

— Precisava dizer que é ruim? Enfim, eu só tentei quebrar o clima tenso. Você parece um pouco cansado.

— É claro que estou cansado. Eu rompi meu limite físico andando por horas, repetindo o mesmo caminho de novo e de novo. Sério, não sei como eu não colapsei sendo o sedentário que sou!

Apesar de que seu corpo rangia em dor a todo o momento quando estava preso naqueles "loopings". Sado não era acostumado a exercícios físicos. Foi realmente um imenso milagre ele ter passado por tudo e não ter desmaiado com pressão baixa ou falta de ar.

— E também... — continuou — Minha cabeça tá um pouco pesada. Sinto que não dormi quase nada ou dormi demais.

— Você ficou umas duas horinhas apagado. Nesse meio tempo seu Faker parecia "desativado", então eu consegui curar a maioria das lesões e machucados. Mas voltou logo em seguida, então eu te atei com bandagens.

O que ela acabou de dizer?

— E-espera... Meu Faker estava... Desativado? Como?

— Você me diz. Como?

— ...

Como ele poderia saber? Não conhecia nada sobre essa sua capacidade que o protege de ataques mágicos. Não controlava e não sabia como controlar.

Seria algo que ele fez de incomum? Teria o Faker um limite de uso diário?

Seja o que for, sua cabeça cansada não o permitia raciocinar demais em cima disso.

— Então meu Faker "ativou" novamente?

— É o que parece. Curioso dizer que enquanto você estava naquele estado de capacidade desativada, eu ainda não fui capaz de sentir sua presença. Seja ela mágica ou não. Como havia te dito faz um tempinho, eu sinto que você está vivo e existe. Mas não posso te rastrear de forma alguma. Nada emana de você, Sado. Com ou sem Faker, é impossível localizá-lo.

Ele engoliu seco ouvindo isso imaginando que agora não era mais tão humano assim, e logo...

— Ah, claro. Eu sou o que uma aberração? — brincou sarcasticamente com um sorriso torto.

— De fato, você me parece algo além do natural.

Ele se sentiu um pouco mal com isso, mas foi para outro assunto.

— E você têm alguma hipótese sobre o porquê do meu Faker super incrível não ter surtido efeito algum antes?

— Nem ideia. No meu estado atual, é impossível eu tentar criar alguma suposição válida. Meu conhecimento também ficou reprimido.

— Você tinha dito que não está tão consciente assim. O que quer dizer?

Ela o olhou profundamente nos olhos escuros dele. Sado sentiu que se olhasse para essa íris azulada como a dela, poderia ser tragado por esse olhar muito belo. Ele quase se esqueceu de respirar.

Yuki revelou:

— Meu corpo original está com o malfeitor que causou tudo isso. Ele quer possuir o meu corpo.

A resposta foi chocante.

— Possuir seu corpo!? Ele é um fantasma ou algo assim!?

— Não. Mas conhece meios de possessão... — ela mordeu a unha do dedo em um estado de tremor — Uma técnica dessas só pode significar uma coisa...

Vendo ela nesse estado do qual ele nunca pensou que a veria, como se Yuki tivesse diante de um jogo de xadrez e suas peças eram extremamente escassas... Sado fez menção de questionar com o pé atrás.

— Significar o quê?

E ele ouviu dela.

— Um demônio.

— !? Um demônio?

A imagem que veio em sua mente foi a do famoso folclore japonês, como seres de rosto feio do qual máscaras eram feitas e alguns chifres.

Sado instiga:

— Tipo um oni?

Onis eram figuras demoníacas no folclore japonês. Mas até eles eram de natureza menos horrenda quanto ao qual Yuki estava apreensiva.

— Não.

— Do quê então?

— Um anjo caído.

— Huh!? Anjo... caído??

Sado arregalou os olhos escuros. Realmente, esse tipo de entidade era possível? Era concebível?

A fim de sanar as dúvidas do garoto, ela se pronuncia:

— Sado, lhe disse sobre a Cabala Judaica no dia em que nos conhecemos, lembra?

— Uhh... Sim. Acho que sim.

— Falei sobre a Sephiroph, não disse? A Árvore de Vida. A Árvore do Bem. A Árvore da Luz. Em suma... Essa Árvore compõe níveis de existência entre os seres de luz em Realidades Superiores ao nosso mundo físico e medíocre.

— Uhm. Tipo raízes, tronco e galhos?

Árvore? O que veio à mente do garoto era literalmente uma figura de uma árvore comum. Só assim ele entenderia.

— Imagine isso então. Essa é a Árvore da Vida. Agora, o outro lado é o mais preocupante. Como raízes entrelaçadas nas raízes da Árvore da Vida... Está situada no lado inverso, A Qliphoth, a Árvore da Morte. A Árvore do Mal. A Árvore das Trevas.

— Ah... Isso... Isso é mesmo real? Eu posso conceber isso?

— Lamento, mas é muito real. E da Sephiroph são catalogados cerca de 78 anjos celestiais. Logo, da Qliphoth...

— 78 demônios das trevas?

Ela estalou os dedos para ele como que feliz por Sado tido acertado em sua intuição.

— Na mosca.

O menino escorou as costas no banco e suspirou.

Magos, maldições, anjos e agora demônios? Esse mundo funciona de que forma afinal de contas?

Ele se lembrou que Yuki citou o deus grego Zeus quando se conheceram, e talvez até um Buda.

Seja o que fosse, o jovem olhou para a palma de sua mão esquerda com um olhar desacreditado.

"Eu posso... dar conta disso? Lidar com esse mundo agora que comecei a vê-lo de outra forma?"

Sado, mesmo que tenha seus picos de heroísmo barato e nada convencional, era acima de tudo, só um jovem.

A prova disso era que se machucava quando golpeado assim como qualquer pessoa normal.

E ele perdeu contra uma Yuki que nem mesmo era uma Yuki.

— Yuki, me explica uma coisa. Ali era tipo um clone seu? Como é que aquilo funciona? Todas as vezes que eu vi você... Era tudo mentira?

— Sim e não.

— ?

A menina se inclinou e juntou as pontas dos dedos. Sado torceu para que ela não explicasse de forma simbólica e metaforicamente agora.

— Na tentativa de me conter, e mais tarde conter você, Sado, que cada vez mais chegava no núcleo. Esse mago poderoso criou uma realidade semelhante à nossa cidade. Uma dimensão de bolso. Um pequeno reflexo da data e hora já estabelecidas por ele. Ali ele tentou clonar a todos de acordo com suas e minhas memórias.

— Oh...

Então ele não estava mesmo voltando no tempo. Estava sendo colocado dentro de dimensões e dimensões de bolso, uma dentro da outra como camadas de uma cebola?

— Felizmente, não teve acesso à minha mente. Mas o que ele conseguiu vindo de você já foi o suficiente para criar réplicas do local, do tempo e principalmente das pessoas. Seus amigos, os trabalhadores, e até a mim.

— Certo...

Ele até se sentiu um pouco aliviado em saber que não estava batendo em pessoas reais.

— O erro dele foi pensar que poderia me controlar mesmo sendo um clone meu.

— Como assim, não entendi.

— Oras. — ela ergue um dedo e sorri — Você acha mesmo que eu não tenho controle sobre cada entidade minha que é criada no universo à partir de mim? Impossível ele achar que fazendo um clone de mim, o clone seria só uma cópia. Errado. Minha consciência se mantinha a mesma em todas elas. Ou uma parte dela... Enfim.

De súbito, o jovem teve uma luz acessa em sua mente.

— Tá querendo dizer que você era sempre você em todas as ocasiões? Que você sabia o que ocorria?

— Sim e não. A conexão neural estava muito manchada pela mente desse malfeitor. De sorte que eu eliminei todas as cópias enquanto estava em projeção espiritual e a última foi mais fácil de reter o controle. Embora... Você sabe... Foi bem ruim o que se sucedeu mais tarde.

— Não se martiriza por isso. Eu já te perdoei.

— Aceito e aceito.

Sado suspira pela enésima vez.

— Então, chegamos no ponto que eu queria discutir com você.

— E qual seria?

— Eu não dei conta de você, mesmo sendo aquele clone... E te vendo assim, faz parecer que o inimigo da vez é muito mais poderoso que você.

— E é.

— Ela revelou assim de repente!

O menino não poderia ficar mais abatido. Como assim o malfeitor era mais poderoso do que esta menina?

— É porque ele é um demônio? — Sado questiona receoso.

Em relação ao questionamento dele, a bela menina de tapa-olho olhou para frente, para o horizonte destruído enquanto o vento que passava fazia cada fio do seu cabelo balançar.

— Ele não é um demônio. É um mago que ousou fazer um pacto com um e aprendeu magia da Qliphoth, ou seja, magia demoníaca.

Pelo ar tenso dela, o menino sentiu um calafrio estranho na espinha.

— E é tão poderosa assim?

— A magia angelical. A magia demoníaca. São conhecimentos ancestrais, mais antigos do que qualquer religião. É o mais próximo da energia que emanou e criou toda a Existência. É o mais próximo nível de existência abaixo da Voz de Deus.

— .....

Sado não soube como reagir à isso. Ele não tinha uma métrica para medir o quão potente seria uma magia ancestral que transcendeu os conceitos das religiões do mundo.

Mas até mesmo um leigo como ele sabia que isso não era, em circunstância alguma, algo que se possa comparar aos tipos mágicos que ele viu até o momento.

Havia um enorme abismo ali.

Por isso, o único pensamento recorrente que se passou pela sua cabeça ao pensar sobre isso era: "Será que eu sou capaz de anular?"

Uma gota de suor escorreu pela sua face tensionada. Houve algum tipo de magia que ele não anulou? Se ele parasse pra pensar, diria que é essa magia de "dimensão de bolso".

Mas, um estalo foi ouvido.

Sim, um estalo que fez Sado fixar os olhos e a atenção na menina.

Yuki bateu palmas uma vez.

— Mas... — disse ela — O que eu vi em relação à isso é que o mago não está em condições de exercer o poder completo do qual lhe foi concedido. Temos uma vantagem aí.

Uma luz de esperança surgiu.

— Você é capaz de vencer?

— Nem um pouco.

A luz foi esmigalhada como um inseto na calçada.

Sado apertou fortemente os punhos em frustração.

— Que droga... Mas que droga! Como você consegue ficar tão tranquila quanto à isso!?

Se era um inimigo mais poderoso que Fenícia Silver Wite do qual ela venceu com seu ioiô lendário — maga essa que neutralizou Sado Yasutora com apenas uma mão e sem esforço — como Yuki ainda sorria?

Por que ela mantinha consigo um sorriso de vitória e certeza?

— Não é óbvio?

— O quê?

— Eu tenho você ao meu lado, Sado. Isso já é motivo o suficiente para uma virada.

— ....

Ele ficou espantado.

Ele? Sado Yasutora? Este mero garoto?

Alguém estava contando com ele.

— Não faça essa cara. É claro que estou falando de você. Se eu estivesse sozinha, seria um impasse complicado, mas já que eu tenho você, Sado...

— Eu....

Ele falou sentindo alguma expectativa. E como que atendendo a essa expectativa dele.

— Você é a peça-chave neste xadrez. Aquela que pode nos levar à vitória!

Seus olhos estremeceram com tamanha declaração dada por Yuki Sato.

Ele era realmente tudo isso? Ela podia mesmo contar tanto assim com ele? Este garoto magrelo?

— Ouça, Yuki. Eu não sei se...

— Que foi? Não quer ter a sua chance de se redimir da luta anterior e fazer valer a pena dessa vez?

— Ah...

Ela o fez engolir suas próprias palavras.

— É a sua chance de redenção, Sado. A nossa guerra ainda não acabou! Vamos mostrar para ele que não vamos perder!

Yuki estava positiva. Não. Ela estava determinada.

Determinação que vinha do fundo do ser. De certo que esses picos de determinação surgiam no Sado em seus momentos de heroísmo.

De certo que ele foi capaz de sentir também.

Ele sorriu.

— Tá certo! Vamos sair dessa! Assim como eu havia prometido para nós mesmos!

— Somos amigos, afinal.

Ele riu com isso e Yuki pareceu feliz. Era a decisão final de ambos.

Mesmo que no fim, lutar nunca foi uma opção mas sim uma realidade, Sado precisava daquela boa e velha fagulha de confiança.

Em falar em confiança...

— À propósito, Sado. — incita ela.

— Hum? Que foi?

— Você tinha acabado de dizer para que eu confie em você, mas agora estava todo nervosinho quando eu disse que tenho você do meu lado. Não era isso que você queria?

— Ah, bem...

Vendo o jovem todo sem jeito, ela engatinhou pelo banco ficando cara a cara como ele.

— Vai dizer que você é daqueles que querem passar confiança a todo custo, mas quando chega no momento decisivo, amarela e se esconde?

— Uhg...!? E-eu tô melhorando isso, tá bom!? São barreiras psicológicas que eu ainda tô em direção de derrubar!

— Há, há, há, há, há, há.

Yuki gargalhou. Ela começou a ri estridentemente.

Vendo ela assim, ele pensou o quão adorável era a risada dela.

"Eu fiz uma menina rir."

Era uma grande conquista pra alguém como ele, hein?

Tendo ela terminado de rir da reação desajeitada dele nesse pequeno momento, Sado se ergueu do banco e foi em direção à margem da ilhota.

Yuki foi logo atrás.

Estando ele ali, só com a brisa do vento, o garoto elevou as mãos até o rosto e retirou os curativos, bandagens e tecido enrolado em volta da testa.

Tudo foi levado com o vento para sabe-se lá onde.

Então, com a menina ao lado dele, o menino apertou firmemente seu punho.

Se era confiança que ela queria, então aí estava a confiança que ele queria passar.

— Vamos voltar para Kandori no Uta, nossa cidade original e acabar com esse sábado interminável de uma vez por todas!

Ela assentiu em resposta.

— Quer demônio ou mago, eu tenho certeza que de alguma forma, Sado, o Faker supera tudo isso.

— Yuki...

Os cabelos brancos balançando junto. Ela sorriu com grande confiança.

— Não é?

— Pode apostar que sim.

O garoto olhou para o horizonte, onde céu e abismo dividiam o mundo.

E completou:

— Eu vou acabar com essa fantasia e te trazer de volta para o mundo real.

Comentário do autor: Eu queria abordar neste capítulo o assunto sobre a "forma nova" de Yuki do qual não apareceu nunca. Acho que no próximo poderá ser abordado.


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