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Bab 19: O Retorno da Irmã

O vazio branco do subconsciente de Misheru era um palco para um drama de poder e desejo. Raphtalia, com seu olhar gélido, encarava as correntes que aprisionavam a essência de Misheru.

— Maldita! Você não pode me conter para sempre! — rugia o poder dele, um grito de fúria ressoando no silêncio.

Raphtalia, em sua frieza implacável, se virou e desapareceu. Misheru, no mundo real, jazia inconsciente, sua energia vital drenada. A cena se alternava entre a batalha interior e a realidade, onde Rias, Akeno, Koneko e Kiba se aproximavam do corpo.

Rias, com um olhar penetrante, fixou seus olhos em Raphtalia. A tensão no ar era palpável, um silêncio carregado de perguntas não ditas. Mas Raphtalia, como um raio, desviou seu olhar, indo em direção à Asia, que carregava o ferido Issei nos braços.

— Asia, que bom que você está bem — disse Raphtalia, um tom de preocupação em sua voz.

— É bom ver você aqui... Raphtalia, certo? — Issei, com um sorriso fraco,  confirmou o nome dela. Raphtalia, por um momento, sentiu um leve tremor de confusão, mas logo se lembrou do encontro anterior.

— Aliás, Raphtalia, por que você está aqui? — Asia questionou, a curiosidade em seus olhos.

— Vim por sua segurança. Não confio muito no Freed e falando nele, onde ele está? — Raphtalia, com uma cautela instintiva, questionou o paradeiro do loiro. Mas, de repente, uma voz masculina, rouca e cheia de dor, rompeu o silêncio.

— Raphtalia... — Misheru, com o corpo inerte, era carregado por Rias, seus olhos fixos na figura de cabelos brancos.  A cena, agora, era um palco de encontros e reencontros, cada personagem com seus próprios segredos e intenções.

— Eu não me lembro o que havia acontecido, mas lutei contra ele e talvez ele esteja morto ou algo assim — disse Misheru, um sorriso fraco se formando em seus lábios enquanto encarava Raphtalia.

— R... Raphtalia, que bom que nos encontramos de novo —  a voz de Misheru tremeu levemente, carregada de emoção. As lágrimas de Raphtalia rolaram, um rio de alívio e alegria quebrando a barreira da contenção. Encontrar seu irmão, após tantos anos, era um sonho tornado realidade.

Misheru, com a ajuda de Rias, se aproximou de Raphtalia. Um abraço reconfortante, carregado de saudade e amor, uniu os dois irmãos. As lágrimas de Misheru se juntaram às de Raphtalia, um coro de emoção que ecoava no silêncio.

Mas, em meio à felicidade, o preço da batalha se fez presente. Misheru,  de repente, se soltou do abraço,  caindo no chão com um baque doloroso. O sangue escorria de sua boca, tingindo o chão em tons escarlates. Rias e os outros se aproximaram, a preocupação estampada em seus rostos. Misheru, exausto,  perdia a consciência, vítima do poder que havia utilizado.

— Melhor vocês irem embora — disse Raphtalia, a voz firme,  enxugando as últimas lágrimas. Rias, com cuidado, pegou Misheru nos braços. Kiba, com gentileza,  retirou Issei dos braços de Asia.  O grupo do clube de ocultismo, em uníssono, entrou no círculo mágico desenhado por Akeno e desapareceu em um flash de luz.

Raphtalia, com Asia em suas costas, se afastou do local.  Em um lugar não muito longe, Freed, com a perna quebrada, cambaleou com dificuldade. Seu rosto, marcado pela dor, se iluminou ao ver Emi se aproximando.

— Ah, é só você. Bora me ajuda aqui —  disse Freed, com um sorriso fraco e um gemido de dor. O sangue escorria de sua boca,  e ao olhar para baixo, ele viu um buraco profundo em seu abdômen.

— Mald... maldita... —  Freed,  com a voz falhando,  caiu no chão,  quase sem vida. Emi, com os braços cruzados,  suspirou e se virou, deixando Freed  à mercê do destino.

No dia seguinte, às 7:40 da manhã,  Misheru abriu os olhos,  sentindo um  leve  incômodo na cabeça.  Ao se levantar,  ele viu que estava em seu quarto.  Issei,  pronto para ir para a escola, estava ao seu lado,  arrumando os materiais.

— Ah, Issei. O que aconteceu? — Misheru,  com um misto de confusão e medo,  questionou Issei sobre o que havia acontecido na noite anterior. Issei,  com um olhar compreensivo,  recontou a história,  detalhando cada momento da batalha e do desfecho.  Misheru,  ao ouvir a  descrição de suas ações,  sentiu um aperto no peito.  A  culpa  e  o  remorso o  assolavam.

— Olha, nii-san, a Rias falou para você ficar de cama. Logo, logo a mãe vai estar aqui para te checar. — Issei,  com um leve sorriso,  se virou para sair,  mas  Misheru o chamou.

— Diga à Koneko e ao Kiba que me desculpe por fazer danos a eles. Eu não queria que isso fosse tão longe — disse Misheru,  a voz  carregada de  arrependimento.  Issei acenou  em concordância e saiu do quarto,  deixando  Misheru  imerso em seus  pensamentos.

De tempos em tempos, a mãe adotiva de Misheru,  com  carinho e  cuidado,  vinha  checar  seu  estado.  Mas,  naquele  dia,  Misheru  percebeu  que  seu  corpo estava  mais  fraco.  Era  como se ele  estivesse  mais  leve,  uma sensação estranha que  o  deixava  inquieto.  Ele  sabia  que  precisava  treinar,  reforçar  seu  corpo,  mas  o  cansaço  o  dominava.

Misheru, com a mente clara,  sabia que seu corpo precisava se adaptar ao poder que havia usado.  Assim que sua mãe adotiva deixava o quarto,  ele  retomava  seu  treinamento,  determinado  a  reforçar  sua  força física.

Misheru soltou um suspiro profundo e se ergueu do chão, os músculos ainda doloridos do treino. Terminando a sessão extenuante, ele se dirigiu à porta do quarto, os passos pesados ecoando pela casa.  Ao descer as escadas, a visão de seus pais realizando suas rotinas matinais o encontrou. Sua mãe adotiva, ao avistá-lo em pé, interrompeu seus movimentos com um gesto apressado.

— Misheru, o que está fazendo de pé? Você precisa descansar! —  sua voz carregava a preocupação genuína de uma mãe.

— Não se preocupe, mãe. Estou bem. Preciso sair para me recuperar, não é? —  respondeu Misheru, a voz firme, mas com um toque de cansaço.  Seu pai adotivo, aproximando-se, colocou uma mão sobre o ombro da esposa.

— Querida, lembra quando o Misheru era criança? Por um milagre, ele se recuperou depois de cair do segundo andar da casa com o Issei. Uma briga por causa do sonho do Issei, se não me engano. —  ele disse, os olhos brilhando ao recordar o passado. Misheru, ao ouvir a história, assentiu com a cabeça, a lembrança do dia gravando-se em sua mente.

— Ah, aquele dia... Foi horrível. Para proteger o Issei da queda, tive que usar meu corpo como escudo. —  Misheru confessou, a voz carregada de uma dor antiga. A mãe adotiva,  relembrando a cena, sentiu um aperto no coração, a culpa a consumindo.

— Eu deveria ter estado lá. Deveria ter impedido aquela cena horrível de acontecer. —  ela disse, a voz embargada pela tristeza.

— Não se preocupe, mãe. O mais importante é que eu e o Issei estamos bem. —  Misheru respondeu, a voz suave, reconfortando a mãe. O pai adotivo, abraçando a esposa, concordou com a cabeça, o olhar carinhoso para o filho.

— Então, posso sair para me recuperar? —  Misheru questionou, a voz carregada de esperança. Seus pais, após um olhar compreensivo, cederam.  Com um leve aceno de cabeça, Misheru saiu de casa, seus passos firmes o levando em direção à praça, o destino que ele havia traçado para sua recuperação.

A brisa fresca da manhã acariciou seu rosto,  enquanto  Misheru caminhava pela rua tranquila. Os raios de sol,  ainda  tímidos,  iluminavam  a praça,  onde  as  árvores  se  espreguiçavam  de  forma  graciosa.  Ao  se  aproximar,  Misheru  percebeu  um  grupo  de  crianças  brincando  na  fonte,  a  água  cristalina  espalhando  gotas  luminosas  em  torno  do  local.  Ele  sorriu,  lembrando-se  de  sua  infância  e  de  como  adorava  brincar  na  água  da  fonte  com  seus  amigos.

A paz e a tranquilidade da praça  o  invadiram,  levando-o  a  refletir  sobre  seu  passado,  sobre  os  desafios  que  enfrentou  e  sobre  a  jornada  que  o  levara  até  aquele  momento.  Misheru  se  sentou  em  um  banco  próximo  à  fonte,  observando  as  crianças  brincarem,  seus  rostos  cheios  de  alegria  e  inocência.  Ele  sabia  que  ainda  tinha  um  longo  caminho  a  percorrer,  mas  aquela  paz  interior,  a  sensação  de  que  estava  no  caminho  certo,  o  deixou  tranquilo  e  esperançoso.

A brisa  acariciou  seu  rosto  novamente,  levando  o  perfume  das  flores  da  praça  até  seu  olfato.  Misheru  inspirou  profundamente,  sentindo  a  energia  da  natureza  o  invadir.  Ele  sabia  que  aquela  tranquilidade  não  duraria  para  sempre,  mas  aqueles  momentos  de  paz  eram essenciais.


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