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83.33% A Representação do Deus Supremo - Apocryphal Testament / Chapter 25: Capítulo 6 - Loop loop looping!

Bab 25: Capítulo 6 - Loop loop looping!

>Capítulo 6 - Loop loop looping!<

"....."

Ele permaneceu calado olhando a mesma cena de novo e de novo.

Seu peito era esmagado pela incerteza, e esse sentimento subiu ao cérebro abafando sua visão, sua respiração e seus ouvidos.

O exterior estava abafado.

E, dentro da sua própria cabeça, ele só precisava de um tempo até que seu cérebro ativasse toda a sua função e ligasse ele de volta ao mundo.

Nessa curta passagem de tempo...

— Sado, você está bem? Tá com cara de quem quer vomitar...

Porém, foi tragado de volta ao mundo quando a pequena e bela menina se colocou na frente dele.

Quantas vezes ele havia visto isso? Duas vezes? Meia dúzia de vezes?

Umas dezenas de vezes.

Ele não contou quanto tempo ficou nesse "looping temporal", mas já estava se sentindo exausto.

Ele se jogou com as costas no banco do parquinho e apertou os olhos fechados com os dedos, tentando absorver um pouco mais de sanidade e recuperar a mente do cansaço.

Quantas horas já se passaram desde que ele viu algo diferente? Uma mudança de ritmo, alguma coisa que indicasse um padrão diferente. Algo que dissesse para ele que estava obtendo progresso, qualquer coisa!

Mas sempre que surgia essa vã esperança, ele se via no mesmo lugar. Aqui, no ponto de partida. Sempre.

Sempre.

O fim era o início.

— Sado, o que houve? Está se sentindo tonto? Quer voltar ao médico pra ele ver o que você tem?

Foi só após uma breve pausa que ele reanimou-se e disse:

— Yuki, poderia... Poderia ir no mercado aqui perto, do outro lado da rua e comprar uma água? Com gás, rótulo preto e tampa vermelha. Se não for essa, procure em outro lugar até achar, por favor.

— Claro, Sado. Tudo bem. Eu fare isso por você. Espere aí quietinho que eu trarei sua agua.

— Obrigado, Yuki.

Ela sorriu pra ele e saiu dali apressadamente para dar a ele o que pedia. Então, assim que viu ela desaparecendo do campo de visão, se levantou rapidamente.

— Ora de começar tudo de novo...

Ele alongou braços e pernas, certificando-se de que nada iria travar ou dar câimbras no meio, pois ele precisava de todos os membros do seu corpo em bom estado.

— Há, há... Me sinto tão cansado que não sou capaz de correr.

Ele voltava para o início, mas o cansaço físico do corpo o acompanhava junto.

O cansaço físico e mental, então a cada nova tentativa de mudar o destino, acabava por se tornar ainda mais difícil.

E não era só isso...

— Vamos ver o que essa "fase" tem pra me mostrar.

Ele saiu do parquinho, correndo para longe dali, se desculpando com Yuki mentalmente pela mentira dita a ela, pois não havia garrafa d'água alguma que batia com as descrições que ele fazia.

A garota iria procurar por todas as lojas em volta da área até perceber que nunca acharia.

Isso era tempo o suficiente para Sado se afastar e seguir por conta própria.

Yuki não podia rastreá-lo. Seu "Faker" o imunizava de ser rastreado. Sado não era sentido por nenhuma entidade mágica que se prese.

Ao menos, não pelos magos e seres como a própria Yuki.

Foi se afastando então, algumas quadras dali em uma disputa contra suas próprias pernas pesadas, que ele chegou na próxima etapa.

— Lá vem ele.

— Ah, Sado! Você por aqui?

— Cala a boca, Ike.

A mesma cena se repetiu novamente.

— Isso lá e jeito de falar comigo? Mas tudo bem. Tudo bem mesmo. Então, eu tô com umas notas aqui. Quer vir comigo e beber um sorvete? Tem uma loja pra essa direção, vêm!

Ike puxou Sado pela manga do casaco para a direção contrária do qual Sado vinha.

O mesmo percebendo esse esquema do destino, soltou a força.

— Eu vou por aqui. Fica com o teu dinheiro e guarda pra compra mangá.

— Ah, você quer mangás? Então vamos comprar uns, Sado! Vem por aqui, vamoos!!

— Eu disse que não. Adeus, Ike.

Ele fez mansão de dar as costas ao Ike, mas o jovem de óculos o agarrou pelos ombros.

— Não, Sado! Você não pode ir por ali! É perigoso! Vem, vamos fazer atividades de amigos! Juntos! Juntooos!!

Ike gritava desesperado em seu campo de visão. Uma atitude incomum se comparado aos eventos em que Sado teve que passar pelo Ike de novo e de novo.

— A cada volta vocês ficam cada vez mais desesperados em me fazer desistir. Mas eu sei que eu tenho que chegar naquele beco! Não vai rolar! Se quiser imitar o meu amigo, droga, vai ter que fazer melhor que isso!!

Ele desvencilhou os braços de Ike de si e o jogou no chão empurrando-o com ambas as mãos.

Ike nem grunhiu de dor.

— Hah! Essa "matrix" tá tão falha que nem isso vocês conseguem reproduzir mais? Tenta outra! Eu vou tentar de novo e de novo! Até o fim! Até escapar de tudo isso!! Eu sairei!

Ele berrou isso para os céus. Seja lá para quem for.

Deus do tempo. Alienígena com tecnologia super avançada. Uma falha na Realidade...

Sado Yasutora continuaria a lutar mesmo cansado.

"....."

Ele permaneceu calado olhando a mesma cena de novo e de novo.

Havia tentado mais uma vez, chegou até certo ponto, e retornou.

Mas ele não iria desistir. Sado Yasutora não iria parar de avançar. Mesmo que seja em vão.

Ele odiaria pensar que estava lutando em vão.

Sado Yasutora estava cansado. Foram dezenas de possibilidades e dezenas de reinícios.

E ele não deixou ser tragado pelo desespero.

— Tsukiama Aihou, eu nunca pensei que você seria capaz de agir assim.

— Garoto... faço parte da corporação. É o meu trabalho. Sou um trabalhador.

No escritório da firma, Aihou bloqueava a porta com seu corpo. Todos os outros empregados estavam de pé, rondando Sado com olhares neutros.

— Trabalho, huh? Verdade... Tenho um trabalho a fazer. — dizia enquanto estalava o pescoço e as mãos. — Um trabalho que só eu sou capaz de fazer.

— Vai bater em um adulto, garoto...? Quer ser preso?

— Há, há. Se fosse o mundo de verdade. Mas eu já sei que tudo aqui é mentira. Alguém está controlando as coisas por aqui. As mentes e até as circunstâncias.

— Não há erro, garoto. Por que não se senta e aproveita o ar condicionado conosco até o fim do dia?

— Para de tentar me convencer de que não tem nada errado com essa merda de mundo! Eu não vou parar e sentar e deixar que as coisas acabem assim! Já era pra ser noite! Mas ao invés disso eu tô aqui repetindo a merda do dia de novo e de novo! Então para de inventar desculpas e cai pra porrada, porra!

No início, ele tentou resolver as coisas pacificamente. Mas após vinte e duas vezes, o garoto percebeu que deveria usar força bruta se quisesse continuar. E assim o fez nas voltas que se sucederam após. Até agora.

A cada "fase" o mundo se tornava mais difícil e incompreensível. Após passar de Ike em todas as vezes, o prédio da firma literalmente tampava a rua como se tivesse sido construído em cima dela. Sado não tinha escolhas a não ser entrar pela recepção e lutar. Era como se o "controlador" que o faz voltar, modificasse a geografia do lugar, fazendo Yasutora Sado seguir o rumo designado como uma peça em um tabuleiro.

Se ele quisesse ir até o final, o jovem não tinha outras escolhas senão lutar.

Machucar um ser humano que inicialmente era só uma pessoa comum era de partir o coração. Entretanto, Sado tinha que deixar essa moral reprimida e ater aos seus próprios instintos de sobrevivência.

Era ele contra todos.

Cerrando os punhos, ele declara:

— Podem vir bando de cópias baratas. Eu não vou desistir nem mesmo se cair!

Um instinto violento cobriu todo o escritório. Antes uma sala cujo o tédio e a monotonia pairava no ar, agora um ringue de luta...

E como que recebendo do aviso do garoto, os adultos se opuseram a ele na tentativa de o manterem cativo.

O primeiro a tentar algo veio direita, uma mulher com rabo de cavalo, no intuito de agarra-lo como os zumbis fazem nos filmes, mas sem sucesso, pois Yasutora Sado contra-atacou com seu cotovelo à força máxima, jogando todo o peso do seu corpo neste golpe — resultando na queda do oponente com um impacto no nariz.

— Eu juro que não queria bater em uma mulher nunca na minha vida! Mas vocês têm que sair desse controle mental ou seja lá o que está fazendo vocês agirem assim!

Continuamente, dois homens dos 9 trabalhadores restantes avançaram no garoto. Eram magros como ele, mas Sado estava em clara desvantagem numérica, o que dificultava um ataque pois poderia receber um contra-ataque.

Sendo assim, o garoto se afastou deslizando por cima de uma das mesas de escritório, derrubando tudo que tinha em cima dela no processo como o monitor pesado e o computador que fizeram um barulho ao cair, pegou a mesa com ambas as mãos e a levantou jogando em cima dos dois.

— Toma essa!!

A dupla desengonçada recebeu a mesada em cheio e foram recebidos pelo chão de carpete duro.

Sado sem margem para erros (pois aprendeu das vezes em que tentava superar os loopings) pulou em cima da mesa prensando ambos os homens que soltaram grunhidos de dor.

Era doloroso lembrar dessa humanidade ainda oculta neles, mas ele engoliu a autopiedade e pulou da mesa usando-a como prancha e pousou com os dois pés em cima do terceiro que parecia reter um pouco mais de massa muscular.

O mesmo não suportou o impacto dado pelo garoto e caiu se esfarrapando em uma mesa e utensílios de trabalho logo atrás.

Sado já estava começando a perder o ritmo pois não teve nenhuma pausa desde que começou os loopings, e já foram dezenas deles.

Avançando. Avançando. Sempre avançando.

— Um protagonista de anime não desistiria tão facilmente!

Por mais bobo e infantil que seja esse pensamento, ele usava isso como combustível para não se dar por vencido.

Sado havia saído do mundo do "normal" e recebeu algo que chamou de "habilidade", como dos quais seu cérebro viciado em jogos e mangás concluiu ser que nem um "protagonista de história".

Saber disso, ainda pensar nisso, fazia o seu peito cansado fervilhar, reunindo um combustível constante.

Ainda em sua batalha, o movimento arriscado do garoto de pular no meio da manada, fez com que um outro trabalhador o agarrasse pelas costas prendendo-o com ambos os braços.

— Me solta!

Se contorcendo para sair, a força do homem parecia superar os espasmos do garoto. Seus braços estavam presos e ele não conseguia sair do lugar forçando os pés.

— Toma, toma!

Sem outros meios de sair, Sado começou a oferecer cabeçadas no homem que o segurava.

Sentiu a sua nuca batendo no nariz do homem várias e várias vezes, a ponto do impacto reverberar dentro do seu cérebro.

Todavia, não era solto.

E nisso, uma das mulheres veio com um fio longo de telefone e começou a dar voltas com ele, amarrando Sado e o homem no processo.

— Tá de brincadeira? Eu já vi isso antes!

Ele ergueu sua perna e pisou fortemente no fio que a mulher conduzia em mãos, como quem quer muito esmagar uma barata irritante, fazendo a mesma ser puxada para frente onde em um piscar de olhos recebeu um chute de Sado no queixo.

— Agh!

Ela soltou um gemido de dor e caiu para trás. O garoto sentiu o seu coração fraquejar com a voz de uma bela moça sendo atingida pelo seu pé, e junto, sentiu o cordão da linha telefônica afrouxar.

Com isso ele deu uma última cabeçada no que o agarrava por trás, fazendo-o soltar com o impacto e cair para trás levando junto o resto do fio.

Estando livre finalmente, não havia sequer um segundo para comemoração, pois quando sentiu-se aliviado, algo bateu forte em sua cabeça, fazendo ele cambalear até a parede próxima.

— Ahg...

Olhando em volta, um homem segurava um teclado de plástico sem algumas teclas que soltaram com a força da batida.

Sado disse em voz alta enquanto segurava a nuca dolorida:

— Senhor Tsukiama, ainda quer continuar com isso ou vai me deixar passar!?

— Lamento, garoto. É a regra deste mundo.

— Regra é...? Tudo bem.

Sua última tentativa de diálogo foi rejeitada como sempre fora e, sentindo-se mal no coração por ter que brigar com esses engravatados, Sado Yasutora puxou da cintura um cassetete preto.

— Que bom que os itens que carrego comigo me acompanham até mesmo nas outras voltas.

Em uma volta fracassada, ele pegou essa arma branca do segurança da portaria.

Com isso em mãos, ele respirou fundo.

— Ser um brigão não combina nada comigo... Mas são nessas condições que a justiça prevalece. Não é o que eu quero fazer, mas é o que eu devo!

Até mesmo em um momento como esse, o garoto cansado brandiu a plenos pulmões sua determinação.

Como quando lutou contra Maxuel e salvou aquela garotinha.

Como quando lutou contra Fenícia Silver Waite e salvou Yuki.

Agora ele luta contra todos esses executivos...

— Tudo isso para salvar a vocês mesmos!!

O garoto chutou o chão com o cassetete policial em mãos na intenção de bater em algo.

Todos que estavam no meio do caminho e que seriam acertados se separaram para os lados, deixando o local livre. Não iria acertar em ninguém.

Sado então bateu.

Ele não mirava em alguém, mas em um local específico, a vidraça da firma.

Aquilo fez um barulho de "crack" e algumas rachaduras se espalharam pela superfície do vidro.

O impacto duro fez sua mão latejar até os ossos pois era um vidro resistente e o fez cambalear para trás.

— É minha chance!

— Não vou deixar!

Com o vidro fragilizado, o garoto viu ali sua chance de escape. Era sua porta dos fundos improvisada.

Sendo um andar acima do chão, o menino viu que logo abaixo da vidraça, existia uma tenda em cima da saída de emergência que servia para proteger da chuva.

Aterrissar nisso era sua única chance de sobrevivência e reter danos mínimos.

Porém, a voz de Tsukiama foi audível de trás, e antes que Sado concluía seu ato insano de se atirar quebrando o vidro da firma, foi agarrado com toda a força pelo homem que era mais pesado.

— Tsukiama...

— Não vou te deixar ir, garoto!

O homem asfixiava o jovem com um mata-leão pesado.

— .....!

Sado resistindo ao golpe que apertava seu pescoço e lhe tirava todo o oxigênio, tentava escapar se contorcendo e batendo com os cotovelos nas costelas de Tsukiama.

Mas era em vão. Perdia cada vez mais força e ele não alcançava a cabeça do agressor para infligir danos consideráveis com o porrete.

— Durma, garoto. Você já está nessa a bastante tempo.

— Como... Sabe...?

— Eu sei. Eu vi. Eu ouvi. Eu fiz.

— Não é... O Tsukiama com quem eu falo agora... né?

— Você é especial. Não é afetado pela mudança. Mesmo que o mundo que eu crie seja novo. Você permanece o mesmo. Quero te deixar vivo para estudá-lo.

Palavras sem sentido saiam desse que falava como Tsukiama e tinha a aparência do Tsukiama — mas não era Tsukiama.

Quem era esse? Seria o responsável por detrás de todas essas voltas e o comportamento alterado de todos, inclusive Yuki?

Pensar se tornava algo difícil. O cérebro do garoto não estava recebendo oxigênio e sangue o suficiente para funcionar corretamente.

A visão latejava e seus olhos marejados em lágrimas ofuscavam as bordas do campo de visão.

Sado não resistiria por mais alguns segundos...

— .....

Mas ele tinha que sair. O garoto tinha que fazer algo.

Então ele pegou fortemente o seu porrete e bateu.

Bateu na janela em sua frente até sentir que fazia efeito.

Ele bateu de novo. Bateu novo. E bateu de novo.

— Resistir é inútil.

Tsukiama apertou com mais força o pescoço do garoto que salivava com tanta pressão.

Tremendo, ele não podia se dar por vencido. Se ele caísse aqui o que aconteceria com este mundo? Com as pessoas? Com o Tsukiama? Com a Yuki? Com ele?

Todos morreriam?

— Seminari...

Não. Ele não poderia morrer agora. Não aqui. Não assim.

Havia um alguém que queria ver. Um alguém que gostaria de chegar mais perto.

Havia um outro combustível para lutar.

Uma certa ruiva que sempre o tratou bem e com tanto carinho quando tantos outros sequer queriam falar com ele.

Um certo alguém que enchia o seu coração de força e o movia adiante.

Se todos morressem aqui, como ele poderia encará-la? Se é que poderia após tudo isso.

Deixaria que alguém do qual nem o rosto conhece, tirar essa liberdade de você? Deixaria alguém com tamanha má intensão fazer o que quiser e como quiser?

Deixará que aquele sanduíche de hambúrguer dividido no hospital com a menina fossem meras palavras?

— Não!!

Ranja os dentes.

Aperte os seus molares com tanta força que parece que irão quebrar.

E foque no objetivo de sobreviver!

— GGHHHHHHHHHHHH!!!!

Com intensidade, Sado Yasutora socou a vidraça a sua frente. Seu punho atravessou o vidro quebradiço e ele sentiu dezenas de cortes perfurarem e rasgarem sua pele.

Seu cérebro completamente entorpecido pela loucura, envolto em um emaranhado de químicos diferentes como a vontade de viver, de lutar, adrenalina, raiva, paixão, desprezo asfixia e a falta de sangue, fez com que ele mal sentisse dor.

E com essa mesma mão ele agarrou e puxou um pedaço de caco, rasgando toda sua palma e dedos.

O vidro recebendo a coloração vermelha foi puxado e ele usou aquilo para esfaquear a cintura de Tsukiama.

— Ahg!

Sinta a pele alheia rasgando profundamente. Retire a lâmina e perfure de novo. De novo e de novo.

Sangue espirrando. De novo. Sangue esguichando pra todo lado. De novo. Pele e músculos rasgando. Órgãos sendo perfurados.

Tsukiama cuspiu sangue, e a força pareceu reduzir.

Mas não seria o suficiente.

Com a visão tingida de vermelho, Sado Yasutora levou aquele caco de vidro que usava como lâmina, agora completamente salpicado com sangue quente e vivido, e cravou no braço que o asfixiava.

A coordenação motora estava falhando e ele quase se acertou.

Então, aprofundando o vidro na pele do homem, puxe com tudo o que lhe resta de força de vontade e rasgue a pele desse bastardo!

— Gggghhhhhh!!!

— Aaaaaahgggg!!!

Nessa luta sanguinária de resistência, dor e gritos, ouve um estalo alto.

O homem do teclado bateu acertando ambos — Tsukiama e Sado — que soltaram um ao outro.

Gotas de sangue dos ferimentos de Tsukiama voaram pelo ar. O vidro permaneceu cravado no braço dele e Sado que se desprendeu do homem cambaleou para frente quase tropeçando, resfolegando o ar que tanto preenchia seus pulmões com vida.

Seus pés pisavam nos vidros caídos e...

— ...

Ele caiu da janela, terminando de quebra-la por completo.

Seu corpo foi levado pela força da gravidade e caiu na lona que planejava cair dês do início.

Sem forças e com muita dor, o garoto não consegue se apegar em nada e é arrastado deslizando pela mesma.

Seu corpo cai de costas no chão duro e pavimentado da rua.

— Agh, ah, ah... Arff... Uff... Uhh... Cof, cof...

O que se seguiu de repente foi uma dor de cabeça tão forte que o enjoo revirava no seu estômago.

Mas a vontade de inalar o ar era mais forte do que jogar para fora a sua última refeição.

Tonto, ele se vira ainda sob os efeitos da adrenalina com seu coração bombardeando sangue em alta velocidade, e se apoia com a mão boa no chão.

Seu porrete havia caído em algum lugar mas essa era a menor de todas as preocupações aqui.

Sua palma e punho direito estavam ensanguentados com sangue de Tsukiama e o seu próprio sangue, tingida de vermelho.

Ele, vendo que os cacos cortaram seu punho e o vidro que segurava com fervor rasgou sua palma e dedos, se pôs a ficar de pé com a força que lhe restava das pernas.

A tontura quase o fez cair de novo, mas com a ajuda da parede, ele se escora com o ombro apoiado nela.

— ....

O chão era manchado com o sangue que saía pela ponta dos dedos e ele sabia que não poderia deixar assim. Logo, usou os dentes e a mão boa para rasgar com certa dificuldade a manga do seu casaco azulado.

O pano foi partido. Embora não fosse um mestre em sobrevivência, ele usou isso para cobrir e amarrar forte os seus machucados.

— ...Ah, uhg.

Doía. Só não doía como deveria por causa do efeito da adrenalina que logo passaria.

A mão já começara a latejar e ele sentia que era impossível mover os dedos neste estado ruim.

Mas havia mais um lugar do qual ele tinha que passar.

Havia mais uma luta para lutar.

Mais uma batalha para batalhar.

Mais sangue e suor a derramar.

— ...

Recuperando a sensação de espaço a medida que o cérebro voltava a sua percepção normal, ele se retirou da parede após respirar fundo e então marchou adiante segurando sua mão machucada com cuidado.

O bar era seu último objetivo.

Cada looping demorava cerca de 30 - 45 minutos. Alguns menos e outros mais, mas a média era essa.

Porém, sentiu que esse foi mais demorado por causa da luta e machucados que recebeu com ela.

Mesmo assim, a passos vagarosos, ele chegou na fachada do bar.

— Nada anormal por aqui.

Mesmo a dor que queimava do punho cortado, Sado caminhava em direção a porta. Estando de frente, ele pegou na maçaneta com a mão boa.

— Será que posso confiar? Apesar de tudo, eles não estavam tentando me matar, apenas me conter.

Como aconteceu no escritório da firma, era fácil imaginar que estaria ali dentro do bar uma fila de homens bêbados querendo lhe agredir. A própria gerente do bar poderia ser uma dessas pessoas.

— Ela já foi hostil comigo várias vezes, mas nunca ao ponto de me agredir que nem aqueles trabalhadores.

Ele teria que contar com sua sorte novamente.

Assim, Sado fechou seu semblante e abriu a porta.

— O jovem de novo.

A voz era daquela que ele esperava encontrar ali — a própria dona do bar.

Sado ignorou ela por um instante e passou os olhos panoramicamente ao redor do bar e concluiu que não existia mais ninguém ali além da dona que permanecia escorada atrás do balcão.

— De novo? Então sabe que não é a primeira vez que nos vemos, huh.

— Sim. A personalidade por trás dessa voz é a mesma que te mantém preso nesses mundos. Apesar de ser um enorme estorvo, eu respeito sua determinação em não ter cedido até o momento.

Sado ri debochadamente.

— Me sinto lisonjeado em ouvir isso de um alguém do qual não vejo a face.

— Hô? Entendo o seu sentimento. Logo mais poderemos nos ver pessoalmente. Mas antes de tal evento, percebi algo.

— O que foi? — pergunta dirigindo sua hostilidade à figura que controlava a mulher.

Ela sorriu de forma malévola.

— Eu tenho pegado leve demais com você, Sado Yasutora.

De repente, o garoto de cabelos pretos sentiu a atmosfera do bar gelar. Isso era mau.

— Decidiu que vai me matar, é?

— Não irei te matar. Tampouco irei barrar sua saída. Pelo contrário... A menina te espera.

— A menina? A Yuki?

A figura por trás daquele sorriso pareceu assentir calada com a conclusão do menino, ao que por conseguinte, a porta dos fundos se abriu.

— Deixarei ir.

— .....

— Não se preocupe. Já disse que não tentarei te impedir de sair. Dito isso... Nos vemos depois, Yasutora Sado.

Subitamente, como um eco, a mulher pareceu recobrar a consciência. A figura estranha havia saído do controle? Sado poderia confiar nisso?

— Você está bem...? — certificou-se.

— Hãn? O que tu tá fazendo aí parado, garoto? Não vendo bebidas alcoólicas pra quem tem cara de estudante.

— Não tenho dinheiro.

— Saia logo daqui.

— Posso usar a porta dos fundos?

— Saia logo daqui.

Ele saiu escondendo a mão enfaixada.

— Um edifício, é?

No percurso de voltar ao beco pela rua vazia, no meio da rua existia um prédio. Sado olhou para cima tentando encontrar o seu topo mas não conseguia visualizar o último andar de tão alto que era.

— Isso tem cara de chefe final. É uma pena que não tenho nenhum atributo especial fora o "Faker".

Seu Faker não teve efeito algum nas lutas anteriores. Aparentemente só serviu para que ele não fosse tragado pelo controle mental do inimigo.

Fora isso Sado era que nem um estudante do ensino médio padrão.

Em tamanha desvantagem, o que ele poderia fazer?

Ele suspira.

— Vamos entrar.

Passando da porta e indo para a recepção, era só uma sala vazia sem quaisquer tipo de decoração.

Um elevador se via no centro.

— E é aqui que as coisas bizarras como nos filmes acontecem...

Ele entrou no elevador. A porta fechou e automaticamente sentiu ser movido para cima a uma velocidade constante.

A insegurança o acompanhava a todo o momento.

"Não posso morrer aqui. Não vou. Você jurou para ela. Jurou que seria amigo dela. Então seja a única ajuda que ela poderia ter aqui."

Reavendo sua determinação, o garoto olhou para a mão direita — enfaixada e os dedos mal se moviam pela dor. O pano da manga rasgada estava encharcado de sangue.

Ele só tinha uma mão boa e duas pernas. Uma determinação que oscilava entre baixa e alta, um cérebro meio funcional pois não era inteligente, e uma pequena expectativa de "contar com a sorte" do qual se acreditava ser quase nula em sua vida.

— Como imaginei... Meus atributos são horríveis.

Preparado ou não.

Fosse o que fosse.

A porta se abriu finalmente.

— Lets go.

Saindo do elevador, o garoto reconheceu a visão de um terraço no topo de um prédio muito muito alto.

E, ali no meio, a figura de uma pequena menina com agasalho vermelho e cabelos brancos esvoaçando ao vento o olhava com um único olho — um olhar azul.

— Yuki?

Sado soltou essa impressão insegura ao se aproximar e parar a uma certa distância.

— Sado.

— O que aconteceu com seu olho direito? Está machucada?

— Eu apenas perdi o rumo da verdade. Pode-se dizer que perdi a razão.

Enigmática como sempre, mas essas palavras o fez questionar sobre seu controle mental.

— Está consciente das coisas? Você é a única que nunca tentou me impedir da forma como todos tentaram.

O Ike, o pai do Ike, o Tsukiama, a dona do bar... Todos eventualmente se tornaram agressivos conforme ele tentava.

Todos menos a menina.

A menina era sempre gentil.

A menina era sempre amável.

A menina era sempre adorável.

— Eu estou 1/3 de consciente. Mesmo com todas essas mudanças, o que permaneceu em mim era o sentimento de te proteger e te levar para longe do perigo.

— Então você estava sendo você mesma?

— Mas a outra parte é um sentimento cruel e estranho do qual minha mente permanece enevoada. Não tem como escapar.

Ele não sabia exatamente do que ela estava falando, mas de uma coisa tinha certeza:

— Eu vou nos tirar dessa.

Era por isso que lutava, afinal.

— Não, não vai. Isso acaba aqui, Sado. No intuito de te proteger, irei derrotar você.

— ...Então esse é seu plano? Usar ela como último recurso de me fazer desistir?

Ele estalou a língua.

Lutar contra Yuki? Ele não imaginava um desenvolvimento desses. Não era por sua falta de imaginação que ele não concebeu algo assim. Mas sim o fato de que a menina albina era o que era: gentil, esperta e forte.

E Sado era o tipo de amigo do qual não feriria tão fácil assim os sentimentos de uma amiga. Ele era assim.

A única situação para um evento como esse... seria caso ela ou ele não estivessem sendo eles mesmos.

— Você... Está aqui usando todos eles como se fossem bonecos...!

Era o cúmulo do absurdo. Sado se sentiu extremamente indignado. Sua indignação atingiu o ápice quando viu a menina ser controlada.

Era injusto. E quem lutava contra as injustiças desse mundo era Yuki.

Sem ela para resolver as coisas, quem se ofereceria?

Obviamente...

— Eu juro...

Ele apertou seu punho esquerdo e apontou para ela — a pessoa por de trás de tudo isso.

— Eu vou acabar com essa fantasia e te trazer de volta para o mundo real!

...O vento soprou com essa decisiva resolução.


PERTIMBANGAN PENCIPTA
Sado_Yasutora Sado_Yasutora

Na sua opinião, o Arco 2 se mantém mais interessante do que foi o Arco 1?

Apos o término, iniciaremos o Arco 3!

Espero terminar o Arco 2 ainda este ano!

Abraços do Autor (W_W)

Also: Irei por o título nos capítulos seguintes e editar nos capítulos passados, para que pessoas de outros idiomas saibam o título do capítulo (pois vejo que a tradução não ajuda).

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