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74.07% A Crônica do Contador de Histórias / Chapter 78: LXXVII. FOLES PT.4

Bab 78: LXXVII. FOLES PT.4

O entretenimento noturno foi iniciado por um dos músicos premiados da plateia. Ele tinha um alaúde e mostrou que sabia tocá-lo tão bem quanto qualquer Therion. Sua segunda canção foi melhor ainda, e eu nunca a tinha ouvido.

Houve um intervalo de uns 10 minutos antes que outro músico premiado fosse convidado a subir ao palco para cantar. O homem tinha uma gaita-de-foles e a tocou melhor do que qualquer pessoa que eu já tivesse ouvido. Em seguida cantou um cativante hino de louvor em tom menor. Sem nenhum Instrumento, apenas com a voz alta e clara, que subia e fluía como os tubos da gaita que tinha tocado antes.

Fiquei satisfeito ao ver que a habilidade dos músicos premiados era tudo o que diziam ser. Mas minha ansiedade teve um aumento proporcional. A excelência só é companheira da excelência. Se eu já não tivesse decidido tocar O Lar de Silver Thelliar por pura pirraça, essas apresentações me haveriam convencido a fazê-lo.

Seguiu-se outro intervalo de cinco ou 10 minutos. Percebi que Radagon estava espaçando as coisas de propósito para dar à plateia uma chance de circular e fazer barulho entre as canções. O homem entendia do riscado. Perguntei a mim mesmo se já teria feito parte de uma trupe.

Veio então o primeiro teste da noite. Um homem barbudo, de cerca de 30 anos, foi conduzido ao palco por Radagon e apresentado à plateia. Tocava flauta. E tocou bem. Executou duas peças pequenas que eu conhecia e uma terceira que nunca tinha ouvido. Passou ao todo uns 20 minutos tocando, talvez, e cometeu apenas um pequeno erro, ao que eu pudesse perceber.

Depois dos aplausos, o flautista permaneceu no palco, enquanto Radagon circulava pela plateia e colhia opiniões. Um garoto que servia bebidas levou ao músico um copo d'água.

Radagon finalmente voltou ao palco. O salão ficou em silêncio e o proprietário se aproximou e apertou a mão do homem com ar solene. O flautista fez uma expressão desolada, mas conseguiu dar um sorriso amarelo e fazer uma pequena mesura para o público. Radagon o conduziu para fora do palco e lhe ofereceu alguma coisa servida num caneco alto.

À pessoa seguinte a testar seu talento foi uma jovem ricamente vestida, de cabelos dourados. Depois que Radagon a apresentou, ela cantou uma ária1 com uma voz tão cristalina e pura que, por algum tempo, esqueci minha ansiedade e me deixei cativar pela canção. Durante alguns minutos abençoados esqueci de mim mesmo e não pude fazer nada senão ouvir.

Acabou depressa demais, deixando-me um sentimento de ternura no peito e uma vaga vontade de chorar. Leif fungou um pouco e esfregou o rosto, sem jeito.

Depois ela entoou uma segunda canção, acompanhada de uma meia-harpa. Observei-a com atenção, e devo admitir que não foi inteiramente por sua habilidade musical. Seu cabelo era como trigo maduro. De onde eu estava, a quase 10 metros de distância, pude ver o azul cristalino de seus olhos. Os braços eram lisos, com mãozinhas delicadas, ágeis nas cordas. E seu jeito de prender a harpa entre as pernas me fez pensar em... bem, nas coisas em que todo garoto de 14 anos pensa sem parar.

A voz foi tão encantadora quanto antes, o bastante para comover o coração. Infelizmente ela não soube tocar à altura de seu canto. Errou algumas notas, ali pelo meio da segunda canção, hesitou e se recuperou, até chegar ao fim da apresentação.

Dessa vez houve uma pausa mais longa enquanto Radagon circulava. Ele percorreu os três andares da Foles, conversando com todos, jovens e velhos, músicos ou não.

Enquanto eu observava, Drazno captou a atenção da moça no palco e lhe deu um daqueles sorrisos que me pareciam distorcidos, mas que tanto encantavam as mulheres. Depois, desviando o rosto da jovem, deixou o olhar vagar até minha mesa e cruzar com o meu. Seu sorriso desapareceu e, durante um bom tempo, apenas nos encaramos, sem qualquer expressão. Nenhum de nós deu um sorriso zombeteiro nem moveu os lábios em pequenos insultos ao outro. Mesmo assim, nossa inimizade surda e carregada de ódio renovou-se naqueles poucos minutos. Não sei dizer ao certo quem de nós desviou o olhar primeiro.

Após quase 15 minutos colhendo opiniões, Radagon tornou a subir ao palco. Aproximou-se da mulher de cabelos dourados e segurou sua mão, tal como fizera com o músico anterior. O rosto da jovem se abateu do mesmo jeito que o dele. Radagon a conduziu para fora do palco e lhe ofereceu o que supus ser o caneco de consolação.

Logo depois desse fracasso veio outro músico talentoso, um violinista excelente, como os dois candidatos que o haviam antecedido. Depois um homem mais velho foi levado ao palco por Radagon, como se estivesse testando seu talento. Mas os aplausos que o saudaram pareceram deixar implícito que ele era tão popular quanto qualquer dos músicos premiados que haviam tocado antes.

— Quem é esse? — perguntei a Leif, cutucando-o, enquanto o homem de barba grisalha afinava a lira.

— É o Augus — respondeu Leif num sussurro. — Conde Augus, na verdade. Está sempre tocando aqui, há anos. Grande patrono das artes. Desistiu de tentar ganhar a gaita-de-foles anos atrás. Agora apenas toca. Todo mundo o adora.

Augus começou a tocar e percebi de imediato por que nunca havia conquistado a gaita pelo talento. Sua voz falhava e oscilava enquanto ele dedilhava a lira. O ritmo tinha variações ao acaso e era difícil dizer se ele havia tocado uma nota errada. A canção era obviamente de sua autoria, uma revelação bastante franca dos hábitos pessoais de um nobre do lugar. Mas, apesar de lhe faltar um clássico mérito artístico, apanhei-me dando risadas com o resto da plateia.

Quando ele terminou, houve uma estrepitosa salva de palmas, e algumas pessoas também socaram as mesas ou bateram com os pés. Radagon foi direto ao palco e apertou a mão do conde, mas Augus não pareceu minimamente decepcionado. Radagon lhe deu tapas entusiásticos nas costas ao conduzi-lo para o bar.

Chegou a hora. Levantei-me e peguei meu alaúde.

Alastor deu um tapinha em meu braço e Leif me abriu um sorriso, tentando não parecer quase doente de amistosa preocupação. Balancei a cabeça em silêncio para os dois e me dirigi ao assento vazio de Radagon, na ponta em que o bar se curvava para o palco.

Apalpei o crimo de prata em meu bolso, grosso e pesado. Uma parte irracional de mim quis segurá-lo, guardá-lo para depois. Mas eu sabia que, em mais alguns dias, um único crimo não me faria a menor diferença.

Com uma gaita-de-foles como prêmio eu poderia me sustentar tocando nas pousadas locais. Se tivesse a sorte de chamar a atenção de um mecenas, poderia ganhar o bastante para quitar minha dívida com Devi e pagar também a taxa do novo período escolar. Era um risco que eu tinha de correr.

Radagon voltou sem pressa para sua banqueta no bar.

— Serei o próximo, senhor, se assim lhe convier — disse-lhe. Torci para não aparentar o nervosismo que sentia. Minhas mãos escorregavam no estojo do alaúde por causa das palmas suadas.

Ele sorriu para mim e meneou a cabeça.

— Você tem um bom olho para o público, rapaz. Esse está pronto para uma música triste. Ainda pretende tocar Sir Silver?

Fiz que sim.

Ele se sentou e bebeu um trago.

— Bem, nesse caso, vamos dar-lhes uns minutos para se acalmarem e terminarem a conversa.

Concordei e me encostei no bar.

Aproveitei o tempo para me inquietar inutilmente com coisas sobre as quais não tinha o menor controle. Uma das cravelhas do meu alaúde estava solta e eu não tinha dinheiro para consertá-la.

Ainda não havia aparecido nenhuma mulher premiada no palco. Senti uma fisgada de angústia ao pensar que justamente nessa noite os únicos músicos premiados na Foles seriam homens, ou mulheres que não conheciam a partitura de Aloise.

  1. ária;
    1. Ária, no sentido estrito, é qualquer composição musical escrita para um cantor solista, tendo quase o mesmo significado de canção. Geralmente usa-se o termo "ária" quando está contida dentro de uma obra maior, como uma ópera, cantata ou oratório e "canção" quando é uma peça avulsa.

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