Três dias depois.
Noah estava em seu escritório, esperava que, com Ari trancada em seu quarto sem comida e água, ela desistiria de sua tola rebelião. Ele ouviria suas desculpas e as coisas voltariam a ser como eram, mas viu que estava enganado.
Sua esposa, que antes tinha pouca ou nenhuma determinação, de repente tornou-se teimosa como um touro. Ela se recusava a admitir que estava errada e não havia dito uma palavra de desculpa. Toda vez que ele se aproximava de seu quarto, ouvia-a exigindo que ele abrisse a porta e a deixasse ir.
Era cansativo e irritante.
Se soubesse que apenas um pequeno beijo faria tudo sair do controle, ele nunca teria bebido aquele vinho e se soltado. No entanto, agora que tudo estava feito, só lhe restava resolver o problema à sua frente.
Noah pressionou a ponte do nariz.
"Senhor Nelson, o Senhor Jeremy Nelson está pedindo para vê-lo," a voz de Brandon ecoou pelo interfone em sua mesa e Noah sentiu um alívio avassalador em seu peito.
Finalmente, seu tio estava de volta e lhe diria o que precisava fazer naquela situação.
"Deixe-o entrar," Noah disse quase instantaneamente. Ele mal podia esperar para encontrar seu tio, que tinha ido a Vence para uma reunião de negócios há um mês.
A porta de seu escritório foi aberta e um homem de quarenta anos entrou. Seu cabelo vermelho estava marcado por fios brancos, e seus olhos cinza metal eram iguais aos de Noah.
No entanto, comparado a Noah, que sempre tinha um olhar vazio e estoico, Jeremy Nelson parecia muito mais cordial, com um sorriso gentil no rosto.
"Tio!" Noah levantou-se da cadeira e andou até onde Jeremy estava.
"Noah, meu rapaz!" Jeremy abraçou Noah apertado enquanto lhe dava tapinhas nas costas. "Você está mais magro, os assuntos da empresa estão te desgastando?"
Noah sorriu e balançou a cabeça. Ele disse, "Estou bem. Tudo está bem na empresa, você veio direto do aeroporto?"
Jeremy se afastou suspirando pesadamente. Então, ele tirou seu paletó e caminhou até o sofá dentro do escritório de Noah antes de se sentar, "Vim sim. Você não faz ideia do quanto foi difícil para mim garantir esse negócio com os Hamiltons. Estava certo de que seria morto com tanta gente de olho no terreno onde queremos abrir nosso resort turístico."
Ele colocou a maleta que trouxe consigo na mesa pequena à sua frente, justo quando Noah se sentou na cadeira adjacente ao grande sofá.
Enquanto Jeremy abria sua maleta, Noah olhou para ele preocupado, "Por isso pedi para você levar guarda-costas. Por que não aceitou? E se algo tivesse acontecido?"
"Oh, por favor, sou um empresário e não um político, para que preciso de guarda-costas? E você sabe que odeio quando estou sendo monitorado o tempo todo," Jeremy comentou enquanto empurrava a tampa da maleta. Depois ele remexeu os documentos antes de tirar o contrato que assinou com a empresa Hamilton. "Aqui está, guarde-o com segurança. Se esse contrato sumir, aquele bastardo do Senhor Hamilton com certeza se recusará a reconhecê-lo."
Noah pegou o contrato das mãos de Jeremy e o leu, surpreendeu-se ao ver que seu tio havia garantido um negócio ainda melhor do que ele poderia ter conseguido. Ele disse ao seu tio, "Isso é fantástico. Com isso, seremos nós que mais lucraremos com o resort."
"Eu sei, né?" Jeremy estufou o peito em orgulho falso antes de dar um tapinha no joelho de Noah. "Aquele velhaco queria manter a maior parte das ações para si, já que era ele quem estava cooperando conosco, mas eu fiquei firme na minha palavra. Não cedi nem um pouquinho, e consegui fazer o Senhor Hamilton assinar. Haha."
Ao ouvir a risada alegre de seu tio, até Noah sorriu. Comparado a seu pai, ele preferia seu tio, pois seu tio foi criado por sua avó e era muito mais amigável que seu pai, que cresceu sob a tutela de seu avô.
"Aliás," Jeremy olhou para ele hesitante antes de perguntar, "Eu ouvi algo de Mia, ela disse que você trancou Ari no quarto de hóspedes?"
Noah se enrijeceu. Ele não pensou que sua mãe falaria sobre esse assunto com seu tio, mas dado que seu pai estava fora do país. Como ela não podia discutir essa questão com seu avô, sua mãe só poderia recorrer a Jeremy.
Afinal, Mia Nelson tinha uma língua afiada mas a coragem de um gatinho. Ela deve estar preocupada que, caso algo acontecesse com Ari, a reputação de sua família sofreria.
"Ela cometeu um erro," Noah não mencionou o desejo de Ari de se divorciar, já que pensava que nunca assinaria aqueles papéis em sua vida. A não ser que ele pegasse o assassino de sua avó.
Jeremy não investigou mais e era por isso que Noah gostava de seu tio, ele não se intrometia em seus negócios como sua mãe, que muitas vezes tentava manter tudo sob seu controle.
"Noah… Eu sei que você ainda está abalado com o que aconteceu há anos, mas estou te dizendo que foi apenas um acidente," Jeremy começou. Sua voz era suave, como se tivesse medo de dizer a coisa errada. Ele sabia que seu sobrinho era sensível quando se tratava desse assunto e, por isso, andava com cautela.
Porém, Noah se recusou a ouvir. Ele balançou a cabeça e teimosamente disse, "Não foi um acidente, a avó morreu por causa da Ari, se não fosse por ela, a vó ainda estaria viva."
Ao pensar na morte de sua avó, Noah odiava Ari ainda mais. Embora todos, inclusive a polícia, dissessem que a morte de sua avó foi um trágico acidente e ninguém acreditasse nele, Noah sabia que estava certo.
Por outro lado, Jeremy olhava para seu sobrinho teimoso, sem saber o que fazer.
Ele realmente não conseguia entender por que seu sobrinho insistia nessa teoria confusa, mas não podia ver seu sobrinho tornar-se algo que ele não era, ele suavizou o tom ainda mais e disse, "Tudo bem, eu entendo. Mas Noah… se você punir Ari assim, só fará com que ela te odeie ainda mais. Por que você não volta e senta com ela para conversar?"
"Vocês são marido e mulher, não importa o quê. Não há nada que vocês não possam resolver com uma boa conversinha, certo?"
Noah franziu os lábios. Ele nunca quis aceitar Ari como sua esposa, pois ela não era apenas egoísta, mas também a causa da morte de sua avó.
Entretanto, ele concordou quando foi persuadido por seu tio.
"Vou e falar com ela de noite."
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