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77.77% A Herança Saiyajin e a Solidão do Guerreiro / Chapter 28: Capítulo Bônus

Bab 28: Capítulo Bônus

Olá, Leitores!

Hoje eu trouxe um capítulo bônus para vocês: o futuro de Naíma!

Sim, este é um capítulo que narra como é a linha do tempo devastada pelos Androides, da qual veio Trunks através da máquina do tempo. É um bônus porque será o único capítulo desta história narrada por outra personagem fora a Lettie e o Piccolo, e ninguém melhor do que nossa querida Naíma, não é?

Antes de iniciar a leitura, quero recomendar que escutem uma música que me inspirou muito para escrever este capítulo, o qual foi baseado no filme "Gohan e Trunks, os Guerreiros do Futuro". A música se chama "Swan Lake (Epic Trailer Version)", de Hidden Citizens. Ela está disponível no YouTube e Spotify.

Depois, me contem como foi sua experiência de leitura!

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NAÍMA

Eu dançava sobre as ruínas de um prédio destruído pelos Androides.

Em meus fones de ouvido, uma trágica e bela música clássica acompanhava meus passos. À minha frente, o pôr do sol pintava o céu com cores de sangue, anunciando o findar de mais um dia sem esperança e repleto de destruição em minha linha do tempo.

A cada movimento do meu corpo sincronizado com as arcadas dos violinos e o soprar dos metais, minha última memória dos meus pais se iluminava diante de mim. Eu tinha apenas quatro anos na época, mas a lembrança era vívida.

Estávamos no Templo de Kami-sama, mas ele não estava mais lá. Papai tinha se fundido com ele e ficado muito poderoso. Dei um jeito de escapar do meu babá, o Sr. Popo, e me esgueirei pelos corredores silenciosos do Templo, diminuindo o meu Ki o máximo que eu conseguia, como o papai havia me ensinado.

Escondida atrás de uma pilastra de mármore, eu os avistei, meio iluminados pela luz do sol que adentrava as janelas do Templo. Mamãe flutuava para ficar na altura do papai, um sussurrando palavras incompreensíveis para o outro. Ambos tocavam suas testas, de mãos dadas, e suas feições transpareciam uma profunda dor e angústia. Após um tempo conversando, papai pegou no rosto da mamãe e eles trocaram um beijo doce e terno.

Foi então que eles me avistaram e não consegui mais me esconder.

— Naíma! — sussurrou mamãe, assustada, vindo ao meu encontro e abaixando-se na minha altura. — O que está fazendo aqui?

— Era pra você estar com o Sr. Popo, mocinha — acrescentou papai, se abaixando ao lado dela.

— É que… — Desviei o olhar, amassando o meu vestido com minhas mãos nervosas. — Eu quelia ver vocês antes de saírem para combater os Andloides. Sobre o que estavam conversando?

Mamãe e papai se entreolharam com um pequeno sorriso.

— Estávamos combinando nosso casamento — respondeu papai.

— Oh! — exclamei, empolgada. — Posso ser a daminha de honra?

— Pode. — Mamãe sorriu. — Mas, não vamos fazer festa. Será uma comemoração simples só para a família e amigos mais próximos.

— Papai, faz um vestido bem bonito pra mim?

— Claro.

— E depois disso — mamãe acariciou meu rosto —, nós três iremos morar juntos lá em casa. Eu prometo.

— Oba! Eu finalmente vou ganhar um irmãozinho?

— Até dois, se você quiser — replicou papai e todos rimos.

Fomos parando aos poucos, e o clima agradável deu lugar a um silêncio desconfortável. O medo caiu sobre nós. Engoli em seco e senti um grande aperto no peito.

— V-Vocês acham que vão conseguir derrotar os Andloides? — externalizei meu temor. — O senhor vai conseguir, não é, papai? Vai vencer, não vai? Está mais forte agora!

Foi a vez do papai acariciar minha bochecha.

— Darei o meu melhor para derrotar este mal e proteger vocês duas. Eu prometo.

Mamãe então me abraçou e ouvi sua voz embargada em meu ouvido:

— Minha querida, escute-me com atenção. Mesmo que tudo pareça perdido ou que não consiga ver mais nenhuma saída, ainda há esperança. Não importa o que aconteça conosco. — Ela me fez olhar nos olhos dela e finalizou: — Não desista de lutar.

— E o mais importante de tudo… — Papai também me abraçou. — Nunca dê ouvidos à voz do Inimigo.

Dito isso, os dois se levantaram e caminharam para sair do Templo. Antes de sumirem da minha vista, eles se viraram para mim.

— Cuide-se, minha filha. — Sorriu mamãe.

— Voltaremos logo. — Papai acenou com a cabeça.

Nunca mais os vi. Eles e todos os outros guerreiros foram mortos naquele dia, exceto Gohan. A promessa de que moraríamos juntos nunca foi cumprida.

E agora, cerca de treze anos depois, após reviver aquela memória, caí de joelhos no topo das ruínas daquele prédio e chorei amargamente de saudades dos meus pais. A música em meus fones de ouvido chegou ao seu ápice, refletindo o estado da minha alma.

Esperança… Esta era uma palavra que a cada dia eu sentia mais distante da nossa realidade. Onde encontrar esperança em um mundo tomado pelo caos?

Ao ver meu espírito conturbado, o Inimigo falou: "Seus pais te abandonaram. Eles não passavam de dois mentirosos e–"

— CALE-SE!!! — vociferei, e sua voz minguou.

Chega de dança por hoje. Já ficava tarde e a brisa gélida da noite esvoaçava o jaleco branco que eu usava por cima de um conjunto de roupas velhas e usadas. Era difícil conseguir peças novas quando você morava num lugar devastado e cheio de escombros.

Levantei voo e voltei para nossa base secreta: o que restava da Corporação Cápsula, empresa da Bulma. O lugar que antes possuía dezenas de funcionários trabalhando sem parar para trazer os melhores produtos tecnológicos para o mundo, agora caía aos pedaços, servindo de abrigo para as quatro únicas pessoas que viviam lá: eu, Bulma, Trunks e Gohan.

Quando cheguei à cozinha, encontrei meu primo Gohan, com seu típico uniforme idêntico ao que o Tio Goku usava, olhando o cair da noite pela janela. Na verdade, se não fossem seus cabelos curtos, eu diria que ele era uma cópia exata do pai. No sentido físico, é claro, pois na personalidade, continuava igualzinho à minha mãe. Sempre muito calmo e gentil. Às vezes, eu mal acreditava que ele já era um adulto com mais de vinte anos.

Trunks, contudo, estava sentado à mesa de jantar, aos prantos.

— O que houve? — Fui até ele, preocupada. — Por que está chorando? Ah, não… Você desobedeceu sua mãe de novo e fugiu para bisbilhotar os Androides? — Busquei o olhar de Gohan, que me confirmou com uma careta de quem já havia passado por aquela situação diversas vezes.

— É porque eu me sinto humilhado, Naíma! — lamentou-se Trunks. — Eu não posso permitir que esses Androides fiquem causando tanta tristeza às pessoas. Eu PRECISO ficar mais forte para derrotar esses malditos!!! — Ele virou-se para o meu primo. — Escute, Gohan, eu te suplico para que me dê um treinamento mais rigoroso do que o anterior! — Ele levantou-se, resoluto. — Se eu ficar parado aqui e não fazer nada, jamais poderei me perdoar! Sou o único aqui que fica ocioso. Mamãe e Naíma têm a máquina do tempo e você, Gohan, está sempre tentando combater os Androides. Já eu, fico aqui sobrando e me sentindo um inútil! Vamos lá, por favor! Me treine mais! Você sabe que tenho sangue de guerreiro. Herdei isso do meu pai!

Gohan me olhou com um meio sorriso.

— O que você acha, Naíma?

Soltei um longo suspiro e dei de ombros, retribuindo seu sorriso:

— Bom, sabe como Trunks é. Quando coloca uma ideia na cabeça, nada neste mundo o faz desistir. Além disso, se eu discordasse, estaria indo contra tudo o que meus pais me ensinaram sobre a importância dos treinos, não é?

— Sim… — Gohan adquiriu uma feição saudosista. — Hoje eu não seria ninguém sem os ensinamentos do Sr. Piccolo e o carinho da Tia Lettie. Eles fazem muita falta. Você não vai se lembrar, Naíma, pois ainda era bebê, mas foi a sua mãe que convenceu a minha de como meus treinos eram tão importantes quanto os meus estudos. Foi graças aos conselhos da Tia Lettie que ainda estou de pé, pois treinei duro para me tornar cada vez mais forte. Mas você, Trunks… — Gohan caminhou até parar à sua frente. — Ainda não é tão forte quanto pensa. Tem apenas treze anos e é muito impulsivo. Mas este atributo é bom, na medida certa, por isso, irei te treinar.

O semblante de Trunks iluminou-se.

— Sério?! Puxa, muito obrigado! Pode ter certeza de que darei o meu melhor!

Me levantei da cadeira e afaguei os cabelos roxos dele, dizendo:

— Aposto que toda essa empolgação vai deixar vocês com fome! Conheço bem o estômago dos Saiyajins. — Nós rimos e continuei: — A propósito, cadê a Bulma? Ela tinha ido comprar comida, certo?

Antes que os meninos pudessem responder, a voz de Bulma ecoou pelos corredores da Corporação Cápsula, chamando pelo nome do filho.

— Xiii, minha mãe chegou! — Trunks limpou as lágrimas na manga da blusa. — Pessoal, não digam nada a ela, por favor. Sabem como ela não gosta desses assuntos.

Rapidinho, Trunks voltou a sentar-se à mesa, fingindo ler um livro; Gohan foi até a janela para contemplar a paisagem; e eu, abri os armários da cozinha e comecei a pôr em prática os dotes culinários que mamãe me ensinou no pouco tempo que esteve comigo. Logo, Bulma apareceu na porta, carregando pacotes com comida fresca, uma raridade naqueles dias.

— Ah, aí está você, Trunks — disse ela. — Eu estava tão preocupada. Pensei que tivesse ido para a cidade.

Nem ousei olhá-la enquanto Trunks gaguejava em nervosismo. Por conta dos Androides, com o passar dos anos, Bulma deixou de ter aquele espírito aventureiro e aos poucos foi adquirindo uma disciplina rígida contra qualquer tipo de envolvimento com eles que pudesse trazer risco às nossas vidas, especialmente a do filho.

— Imagino que todos estejam com fome! — Ela se aproximou de mim. — Naíma, querida, sua ajuda será de grande valia. Estou sem criatividade nenhuma para fazer o jantar.

— Claro! — Tirei o jaleco e coloquei um avental de cozinha no lugar. — O que a senhora conseguiu comprar?

Enquanto eu bisbilhotava os pacotes com os alimentos, Bulma virou-se para os meninos e disse, num tom autoritário:

— Ah, um lembrete para vocês dois: qualquer coisa perigosa está proibida!

De relance, olhei para Gohan e Trunks, e adquirimos uma expressão confusa. Era como se Bulma pudesse adivinhar a conversa que tivemos há pouco.

Tivemos um jantar bem agradável e, acima disso, muito farto. Os meninos, como bons Saiyajins que eram, se empanturraram até não aguentarem mais. Aquilo fez Bulma recordar-se de Goku, e ela reforçou minha opinião de que Gohan estava cada vez mais parecido fisicamente com o pai. Infelizmente, não tive muito contato com meu Tio Goku devido à sua morte precoce do coração, mas sua aparência e estética eram muito vivas na minha memória.

— Eu queria muito ficar tão forte quanto o meu pai. — Gohan brincou com o tecido do seu uniforme de luta. — Por isso, eu mesmo fiz esta roupa. Mas, parece que não funcionou. — Ele riu de nervoso.

— Pois fiquei sabendo por uns boatos na cidade de que você desafiou os Androides SOZINHO. — Bulma entregou-lhe uma cumbuca cheia de arroz. — Não é verdade? Confesso que eu te admiro por isso, Gohan.

— É… Eu… Bom… Eu… — Ele coçou atrás da cabeça.

— É verdade, sim — respondi ao tirar outro assado do forno. — Gohan é o único que consegue enfrentar os Androides. Tenho esperanças de que você ainda vai derrotá-los, primo.

— Assim espero… — disse ele, incerto.

— Mas temos um grande porém. — Bulma torceu os lábios em uma careta insatisfeita. — Apesar de te admirar, estou tendo problemas com o Trunks. — Ela olhou feio para o filho. — Porque ele quer ser como você e tenta te imitar. Gohan, por favor, diga para ele não fazer isso, é muito perigoso!

Trunks se engasgou com a comida enquanto um clima pesado caía sobre nós. Pobre Bulma… Eu entendia sua preocupação, mas seu comportamento rígido impedia que o seu filho aflorasse todo o seu potencial Saiyajin.

Naquela noite, terminamos o jantar em silêncio.

Gohan cumpriu sua promessa e treinou Trunks. Escondido de Bulma, é claro. Eu dei uma ajudinha nisso. Pelo fato de nós duas estarmos ocupadas em construir a máquina do tempo, eu tentava a todo custo mantê-la em nosso grande laboratório, às vezes criando problemas bobos aqui e ali só para distraí-la em momentos em que pensava falar com o filho que decerto já estava longe treinando em alguma praia inóspita.

Então, à noite, quando todos já tinham jantado e Bulma tinha ido dormir, nós três nos reuníamos para passarmos um relatório dos nossos progressos: eu com a máquina do tempo e os meninos com o treino.

Meu progresso era sempre o mais lento, pois construir uma máquina do tempo do zero não era brincadeira. Fora toda a questão complexa da viagem no tempo em si, precisávamos encontrar os materiais necessários para a construção da máquina. Era um projeto de longo prazo.

Já em relação ao treino dos meninos, o progresso era mais rápido, entretanto, também tinha suas dificuldades. Trunks não conseguia se transformar em um Super Saiyajin, e isso o deixava bem frustrado. Eu e Gohan tentávamos consolá-lo, dizendo que era difícil e que demandava um gatilho muito forte, mas, mesmo assim, para Trunks, era inadmissível.

Nunca vi um garoto com tanta garra e determinação como ele. Aposto que papai teria adorado treiná-lo, pois seria um excelente aluno para sua disciplina mais rígida.

Ah, eu até podia ver a cena! Papai de um lado gritando nos ouvidos de Trunks para fazer quinhentas flexões, enquanto isso, do outro lado, mamãe tentando fazê-lo pegar mais leve com o pobre garoto e oferecendo-lhe alguma torta ou bolo como recompensa pelo esforço. É óbvio que eu e Gohan ficaríamos rindo e tirando sarro de toda a situação (e também devorando os quitutes da mamãe).

Nosso plano secreto estava indo muito bem, até que chegou o dia em que sofremos um grande baque.

Eu tinha passado o dia inteiro no laboratório com Bulma enquanto os meninos treinavam escondidos. Tínhamos o costume de sempre deixar o rádio ligado para ouvirmos as notícias, e naquele entardecer, o locutor desesperadamente relatou um ataque surpresa dos Androides em um parque de diversões de uma cidade próxima.

— Oh, essa não! — exclamou Bulma, aflita. — Será que Gohan está por lá?

Não consegui respondê-la e só fiquei alisando meus longos cabelos, tomada pela ansiedade. Era óbvio que Gohan estaria por lá, mas, pior do que isso, era que Trunks também estaria.

Ele ainda não estava preparado para enfrentar os Androides. Qualquer confronto entre eles poderia ser fatal.

— Onde está o Trunks? — Bulma discou o ramal do quarto do filho no telefone do laboratório enquanto batia o pé no piso. — Ah!!! Ele não atende!

Foi então que seu olhar se encontrou com o meu, e paralisei.

— Naíma… — Ela caminhou lentamente em minha direção, com seu típico tom autoritário. — O que está me escondendo, mocinha?

— E-Eu… Hã… E-Eu… — gaguejei, procurando qualquer coisa que pudesse distraí-la naquele laboratório, mas, no fundo, eu sabia que nada seria o suficiente.

Bulma de repente parou e empalideceu.

— Por favor… — ela sussurrou. — Não me diga que Trunks está no local do ataque.

Contorci meu rosto em uma expressão de dor e agonia.

— M-Me perdoe… — Baixei a cabeça. — Por favor, me perdoe.

— Responda!!! — ordenou ela. — Trunks está ou não está lá???

— Sim, provavelmente… — respondi, mas logo acrescentei: — N-Não sei! Depende se eles treinavam perto do parque de diversões ou não.

A palidez na face de Bulma deu lugar a um enrubescimento raivoso.

— TREINANDO?!?! QUER DIZER QUE ELES ESTAVAM TREINANDO, E SEM MEU CONSENTIMENTO??? NAÍMA, COMO PÔDE FAZER–

Fomos interrompidas quando ouvimos Trunks gritando desesperadamente pelos nossos nomes no saguão de entrada da Corporação Cápsula. Trocamos olhares apavorados e disparamos laboratório afora.

Quando encontramos os meninos, arquejamos em horror. Trunks, com suas roupas rasgadas e sujas, carregava meu primo desmaiado nas costas.

Gohan estava sem um braço.

Uma grotesca ferida mostrava uma amputação, decerto causada por alguma explosão fortíssima. Meu sangue congelou.

— O QUE ACONTECEU?!?! — esganiçou Bulma e corri para ajudá-los.

— F-F-Fomos enfrentar os A-Androides no parque de d-diversão… — Trunks tremia dos pés à cabeça, lívido. — E G-Gohan me protegeu p-para que eu não fosse f-f-ferido!!!

— Rápido! — Peguei as pernas de Gohan enquanto Trunks o apoiava pelo torso. — Vamos colocá-lo na enfermaria!

— Eu vou chamar um médico! — Bulma disparou corredor afora.

Felizmente, Gohan ficaria bem. O médico informou que foi um ferimento muito grave, mas ele conseguiu fechá-lo numa cirurgia de emergência em nossa enfermaria.

Após a cirurgia, todos nos sentamos ao redor da cama de Gohan, que dormia.

— Já estou sabendo de tudo o que aconteceu — disse Bulma ao seu filho num tom severo. — Sei que foi lutar com Gohan. Estou muito decepcionada. Com vocês três. Me enganaram por todo esse tempo, treinando fora das minhas vistas, não é?

Trunks e eu baixamos a cabeça. Não havia como esconder mais.

— Sinto muito, Bulma… — repliquei. — Não era nossa intenção magoá-la.

— Mãe, procure entender! — acrescentou Trunks. — Eu preciso ficar forte como o Gohan para também combater os Androides.

— Mas a que custo?! — Bulma apontou para Gohan. — Olhe o que aconteceu com ele!

— Isso aconteceu porque eu ainda sou fraco e não soube me defender sozinho! — Trunks tinha a voz embargada. Senti muita pena dele. Com certeza se culpava pela atrocidade que aconteceu com seu Mestre.

Fez-se silêncio.

Com carinho, peguei as mãos de Bulma.

— Trunks precisa deste treinamento. Dois guerreiros são melhores do que um. Seu filho ainda é novo, isso é verdade, mas ele tem um potencial incrível e, acima disso, tem sangue Saiyajin. Por favor, Bulma, deixe-o treinar.

Bulma olhou de um para o outro. Era nítido o seu conflito interno. Por fim, ela soltou um longo suspiro e respondeu:

— Você é mesmo filha da sua mãe, Naíma. Ah, se pelo menos os outros guerreiros estivessem vivos!

Não consegui evitar um pequeno sorriso triste, e Bulma prosseguiu:

— Tudo bem. Autorizo que você treine com Gohan, meu filho. Mas primeiro, ele precisa se recuperar bem. Eu e Naíma temos esperanças de que em breve, a máquina do tempo estará pronta, e então, você poderá voltar no tempo em que os guerreiros estavam vivos.

— A senhora acha que, se eu viajar no tempo, vamos conseguir mudar nosso futuro, mamãe? — indagou ele.

Bulma e eu trocamos olhares ansiosos.

— Bom… — disse eu. — Não temos certeza disso, ainda.

— N-Não? — replicou ele, assustado.

Ajeitei-me na cadeira e respondi:

— Existe a possibilidade de que sua viagem no tempo crie uma nova linha temporal, em vez de alterar a nossa. Se você voltar no tempo, pode acontecer duas possibilidades: a primeira é o nosso presente de fato mudar ao você alertar os guerreiros sobre o perigo dos Androides. Já a segunda, é o nosso presente permanecer o mesmo, e o futuro que de fato irá mudar será o dos guerreiros que você alertou no passado.

— Resumindo — acrescentou Bulma —, com a viagem no tempo, podemos acabar criando duas linhas temporais. Você entendeu, meu filho?

— Sim… Entendi… — respondeu ele num sussurro, encarando um ponto fixo ao assimilar todas aquelas informações complicadas.

— Mas não desanime! — Afaguei suas costas. — Mesmo que nosso presente não altere em nada, você tem a possibilidade de voltar para o passado e treinar com todos os guerreiros. Isso não seria maravilhoso? Tenho inveja de você. Pelo menos, poderá rever seu pai.

— Oh!!! — Trunks sorriu. — É verdade! Eu tinha me esquecido deste detalhe!

— Não se empolgue tanto, meu filho — suspirou Bulma, abatida. — Naquela época, seu pai era um homem muito difícil de lidar. É melhor diminuir suas expectativas.

— Bom, Trunks… — eu disse. — Se Vegeta não quiser treinar com você, aposto que minha mãe ou meu pai farão isso com prazer. De qualquer maneira, será uma experiência impressionante para você. Tenho certeza de que voltará muito mais forte e, enfim, você e Gohan poderão derrotar esses Androides desgraçados de uma vez por todas!

Trunks deu um grande sorriso para mim, no entanto, quando abriu a boca para me responder, Gohan começou a agonizar em seu sono:

— Ah!!! Droga!!! Androides malditos!!!

Pobre Gohan. Até em sonhos lutava com os Androides.

Meu primo demorou uma semana para se recuperar da inesperada amputação do seu braço. Foi um processo lento, pois ele deu a última Semente dos Deuses para Trunks quando foi salvá-lo. A partir de agora, eles precisariam ser cautelosos.

Durante sua recuperação, não saí do lado do meu primo, retribuindo todo o cuidado que ele mostrou para comigo desde que fiquei órfã. Após a morte dos meus pais e dos outros guerreiros, Gohan praticamente me criou, se tornando como um irmão mais velho carinhoso e protetor. Minha Tia Chi-chi infelizmente foi morta num dos ataques dos Androides, e então, Bulma nos acolheu sob seu teto e também cuidou da gente, afinal, até mesmo o Templo de Kami-sama fora destruído, levando consigo meu querido babá Sr. Popo.

Eu e Gohan havíamos perdido nossos pais de um modo triste e terrível, contudo, éramos gratos por termos Trunks como nosso irmãozinho caçula e Bulma como nossa nova mãe.

Apesar de agora Trunks ter a aprovação de Bulma para treinar com Gohan, ele passou a enfrentar outra dificuldade: ele não conseguia se transformar em Super Saiyajin de jeito nenhum.

Era doloroso assisti-lo se esforçando nos treinamentos a ponto de quase desmaiar de exaustão. Ele tentava, tentava e tentava, mas não se transformava. Gohan, mesmo sendo um Mestre rígido, não deixava de mostrar compaixão para com as dificuldades do garoto.

Eu tentava levantar seus ânimos, levando alguma comida gostosa para os meninos durante o treinamento, mas mesmo assim, Trunks sempre voltava no fim do dia com uma expressão abatida e derrotada. Era nítido o quanto ele se cobrava, colocando um peso muito maior do que poderia suportar.

— Falta pouco, Trunks — disse Gohan numa certa tarde em que descansávamos no topo de uma formação rochosa de frente a uma cidade grande. — Eu tive muito trabalho para me transformar em um Super Saiyajin. É preciso estar com muita raiva. Só consegui me transformar quando vi matarem o Sr. Piccolo, a Tia Lettie, o Kuririn e todos os outros guerreiros. A raiva foi tanta, que não consegui me controlar.

Às vezes, eu me esquecia de que Gohan testemunhou o massacre dos guerreiros, incluindo a morte dos meus pais. Eu me admirava muito com o seu comportamento. Mesmo vivendo tantas atrocidades, sua mente e espírito permaneciam fortes e resilientes.

— Além disso — continuou ele —, você tem sangue de Saiyajin por parte do seu pai, Trunks. Tenho certeza de que, em breve, você vai conseguir. Não tenha pressa, você será bem mais forte que eu. — Gohan virou-se para mim e brincou: — Aposto que até Naíma consegue se transformar em Super Saiyajin, se se esforçar bastante. E olha que você é humana!

Rimos bastante. Era bom.

BUM!!!!!!!!!!! — Uma grande explosão amarelada de repente surgiu no meio da cidade, deixando-nos cegos por um momento.

— Essa não! — exclamei e levantamos num pulo, atônitos.

— Não acredito!!! — vociferou Gohan. — Os Androides já chegaram aqui??

Eu e Trunks mal tivemos tempo de responder qualquer coisa e, num ato de fúria, Gohan se transformou num Super Saiyajin e se impulsionou para levantar voo.

— Não!!! — interferiu Trunks, segurando-o pelo único braço que tinha. — Não tem como você lutar sozinho contra eles!!!

— Fique aqui e leve Naíma para casa — ordenou Gohan. — Pode ser muito perigoso, entendeu?

— Não vou ficar aqui! — objetou Trunks. — Se você vai, eu vou com você! Tenho forças suficientes para lutar!

— Pensa um pouco! — replicou Gohan. — Eu já disse para você não subestimar o poder dos Androides!

— Gohan, prometo que não vou atrapalhar! — implorou Trunks. — Quero lutar ao seu lado! Por favor, me deixe te ajudar!!!

Eu olhava de um para o outro, com meu coração disparado em aflição. Estávamos num impasse, e os gritos de terror das pessoas da cidade já alcançavam nossos ouvidos.

Gohan então me olhou, profundamente. Sem precisar dizer uma só palavra, entendi o que ele faria a seguir. Um calafrio percorreu meu corpo.

— Tudo bem, Trunks. — Gohan desfez sua feição carrancuda e abriu um sorriso gentil. — Sei como se sente. Está pronto?

— Sim!

E então, sem mais nem menos, Gohan deu um golpe atrás do pescoço de Trunks, que desfaleceu, caído no chão ao meu lado. Boquiaberta, encarei meu primo, que se virou para mim. Agora, o seu olhar era de profunda tristeza.

— Naíma, por favor, leve-o para casa. Ele ainda não está pronto. Trunks é a nossa última esperança. Se ele morrer, não haverá mais guerreiros para defender a Terra.

— O-O que está dizendo?! — Eu tremia por inteiro. — É claro que ainda haverá guerreiros para defender a Terra: VOCÊ!

Pela segunda vez, Gohan não precisou dizer as palavras para que eu entendesse o que se passava na sua mente.

— N-Não… — Dei um passo para trás. — Não diga que acha que… desta vez, v-você não vai voltar…

— Naíma… — Gohan colocou a única mão em meu ombro. — Uma hora, isso vai acontecer. No fundo, você sabe disso.

Mas eu me recusava a acreditar.

— Escuta — continuou ele, firme —, dentro de poucos anos, Trunks provavelmente será o único guerreiro capaz de derrotar os Androides. — Ele então me deu um pequeno sorriso. — E conto com sua ajuda para isso. Faça-o continuar treinando e nunca o deixe esquecer-se das palavras da Tia Lettie. Não percam as esperanças.

Nos olhamos por longos segundos.

— Adeus, prima. — Gohan me abraçou. — Fique bem.

De início, não tive reação, mas uma nova explosão atingiu a cidade. Abracei Gohan de volta. Ele não podia esperar mais.

— Adeus… — sussurrei, não contendo minhas lágrimas. — Obrigada por tudo.

E foi assim que vi Gohan pela última vez.

Por acaso adianta celebrar que, em consequência da sua morte, Trunks finalmente conseguiu se transformar em um Super Saiyajin? Não. Claro que não. Porém, Gohan estava certo. A raiva é um grande gatilho para a transformação.

O luto dominou nossa casa, e as esperanças, quase desvaneceram.

Mas não completamente.

Três anos se passaram desde aquela tragédia, e agora eu já era uma jovem mulher adulta. A morte do meu primo deu um impulso para que Trunks continuasse treinando, e eu e Bulma nos dedicássemos ao máximo na construção da máquina do tempo.

E ela ficou pronta.

Era uma nave oval, com quatro pernas amarelas e cilindros acoplados em suas laterais. Tinha espaço para apenas um passageiro, que ficaria abrigado em uma cabine envolta em vidro.

E então, após inúmeras noites em claro fazendo os últimos preparativos, chegou o dia de Trunks voltar vinte anos no passado e ir para sua missão.

— Aqui, meu filho. — Bulma entregou um pequeno frasco para Trunks. — Este é o remédio para o coração de Goku. Não se esqueça de entregar a ele, entendeu?

— Claro, pode deixar! — Trunks colocou o frasco no bolso da sua jaqueta. — Bom, acho que estou pronto para partir.

— Ah, espere um momento. — Fui até um armário e de lá, tirei meu projeto secreto, o qual trabalhei durante muito tempo.

Voltei até Trunks e o entreguei uma espada. Ele e Bulma arquejaram em surpresa.

— Na época que você viajará, será no momento em que Freeza retornará à Terra — informei. — Que esta espada seja útil em sua luta contra ele.

— Uau… — Trunks tirou a espada da bainha de couro avermelhado e revelou uma arma longa e prateada, sustentada por um cabo preto e resistente. Seus olhos então marejaram de emoção. — Muito obrigado, Naíma.

Sorri em resposta, e então, tirei do bolso do jaleco uma pequena cápsula e também a entreguei a Trunks.

— Dentro desta cápsula, há um mini frigobar cheio das melhores bebidas que encontramos em nosso tempo presente. Ofereça-as ao pessoal. Tenho certeza de que eles irão gostar. Ah! Dê a bebida de chocolate para a minha mãe. Ela adora. E não se ofenda caso o meu pai não queira beber. Ele era sempre desconfiado com tudo.

Nós três rimos e, por fim, levamos a máquina do tempo para o quintal da Corporação Cápsula, com o auxílio de um carro-guincho.

— Oh, o que é isso na lateral do tambor de combustível? — Indagou Trunks ao ler a palavra "Esperança" pintada com tinta preta.

Coloquei as mãos na cintura e sorri, contemplativa.

— Decidi escrever esta palavra para nunca esquecermos do que minha mãe disse, como Gohan me orientou antes de morrer.

Uma mistura de saudade e melancolia nos rodeou quando nos lembramos dos que já se foram. Então, nos abraçamos forte, permitindo derramar algumas lágrimas, afinal, tudo era incerto.

— Tomem cuidado, por favor — disse Trunks ao nos afastarmos.

— Fique tranquilo. — Bulma limpou as lágrimas na manga do jaleco. — Cuidaremos uma da outra.

— Faça uma boa viagem — completei.

E assim, Trunks subiu na máquina do tempo, a ligou e partiu, sumindo gradualmente de nossas vistas. Fez-se silêncio. Bulma me abraçou de lado, e contemplamos um céu azul e sem nuvens. Uma lágrima escorreu dos meus olhos e caiu na minha boca. Trunks encontraria o seu falecido pai e os meus pais, também.

Este era um privilégio para poucos.

No entanto, por ora, não havia mais nada a fazer, apenas torcer e esperar que ele conseguisse, ao menos, trazer uma solução para o nosso tempo.

Será que eu ainda tinha chances de rever os meus pais, ou as esperanças não passavam de fantasias que alimentamos em vão em nossos corações?


PERTIMBANGAN PENCIPTA
Nathalia_Croft Nathalia_Croft

Espero que tenham gostado deste capítulo bônus no POV da Naíma!

Comentários são sempre bem-vindos.

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