Erna saiu correndo do salão de banquetes.
Passou pelo salão, onde os convidados descansavam desfrutando de refrescos, e caminhou e caminhou, diligentemente, pelo corredor interminável. Ela respirou aliviada quando chegou à sala do lado leste e a encontrou vazia.
Sentada cautelosamente no final do sofá, os olhos exaustos de Erna caíram sobre o relógio. Era quase meia-noite, mas a festa não dava sinais de acabar.
Erna suspirou novamente, desta vez sem alívio. Do nada, ela foi acusada de ser ladra e ter dívidas enormes; Ela havia dançado com o príncipe e sofrido com os olhos amargos que a cercavam. O dia tinha sido exaustivo; além de todo o seu trabalho, a insistência do filho da família Heinz em pedir-lhe uma dança a havia esgotado.
Robin Heinz, como ele mesmo se chamava quando fez sua apresentação, parecia estar em todos os lugares, não importa o quanto ele tentasse escapar. Seus primeiros pedidos foram educados, mas cada vez que ela recusava, ele se tornava cada vez mais autoritário.
Erna tinha conseguido sair tranquilamente do salão de banquetes, e agora ela planejava se esconder aqui até que a festa terminasse. Mas, assim que ele chegou àquela conclusão tranquilizadora, uma sombra atravessou a porta.
"Eu me perguntei para onde você estava indo com tanta pressa!" Eu encontrei, senhorita Snob Hardy! Robin Heinz aproximou-se do sofá onde Erna estava sentada com sarcasmo malicioso.
Assustada, Erna reajustou os sapatos e saltou para os pés, um sentimento momentâneo de medo correndo por ela. O homem cheirava muito a bebida.
"Você tem um compromisso aqui com o grão-duque, talvez?" Heinz zombou.
"Deixe-me em paz, Sr. Heinz.
"Acho que não. A mão de Robin Heinz disparou e arrebatou o pulso de Erna, rápido demais para que ela evitasse o movimento. Homens são palhaços para você, hein? Ele perguntou.
"Solte minha mão!" Você é doido?!
"Mulher estúpida. Não adianta você perseguir o príncipe. É melhor você me mostrar um pouco de doçura. O príncipe não pode fazer nada, mas você não sabe, ele pode comprar você em vez do velho.
"Não sei do que você está falando. Solte minha mão!
"Não sabe?" Por um segundo, Robin abandonou o tom sarcástico. Seu pai é o homem certo para vender sua filha para quem traz muito dinheiro. Se eu oferecer um centavo a mais do que o velho, você será minha, senhorita Hardy. Você ainda acha que pode me recusar?
"O quê?" Por que... Não...?"
Robin Heinz puxou Erna para mais perto dele, murmurando inarticuladamente agora. Quando seu corpo tocou seu peito, Erna começou a gritar e lutar. Surpreendido pela resistência mais forte do que ele esperava, o controle de Robin se afrouxou.
"Ha! Realmente, você é uma mulher", começou Heinz, vendo Erna correr para o outro lado da sala.
Erna olhou pela janela com os olhos assustados. O homem estava entre ela e a saída, e ela sabia que não poderia agredi-lo em uma briga física. A janela era sua única esperança. Ela pousou as duas mãos no peitoril da janela, mas olhar para baixo a apavorou. Com lágrimas de medo, ela tentou reunir sua determinação, mas já era tarde demais. Heinz já a agarrou por trás.
Um grito agudo encheu a sala e ecoou pelo corredor vazio.
Foi o grito desesperado de uma mulher que parou os passos de Björn. O som vinha claramente do final do corredor que leva ao lado leste da mansão. Não era um lugar onde os convidados da festa se reuniam.
Pensando que tinha ouvido mal, Björn estava prestes a continuar seu caminho, mas outro grito, ainda mais agudo do que o anterior, o impediu de seguir seus caminhos. Havia muito medo real naquele grito para descartá-lo como sua imaginação ou o vento.
"Que bastardo não podia beber e está brincando com a empregada?" Pensou secamente.
Com um leve suspiro, Björn virou-se para o corredor leste. Seus planos de dormir um pouco sem ninguém por perto pareciam ter dado errado.
A noite de verão tinha sido irritante em mais de um aspecto, mas isso não era novidade para ele.
Sua vida distorcida desde que se divorciou de Gladys agora era tão familiar para ele quanto seu braço ou sua perna. Na verdade, não mudou muita coisa. Mesmo antes de seu divórcio, ele nunca tinha sido uma criança modelo, e seu modo de vida nunca tinha sido muito diferente do que era agora.
Tudo considerado, Bjorn gostava da liberdade que havia obtido em troca da antecipação da coroa.
Ele desfrutava ainda mais de sua liberdade quando festas como essa chegavam. Era um prazer não ter que suportar tolos tratando o príncipe herdeiro com dignidade absurda. Mesmo poder escapar assim, correr pelo corredor em busca do grito de uma mulher, era um pouco de liberdade que o príncipe herdeiro não desfrutava. Então, Bjorn decidiu que estava disposto a desfrutar de sua liberdade hoje. Até que encontrou um rosto inesperado.
"Senhorita Hardy?!"
Bjorn parou na entrada da sala de visitas, gaguejando sobre o nome, incapaz de acreditar no que seus olhos lhe diziam. Erna, tremendo e chorando, levantou o rosto agoniado e o viu. Demorou um minuto para que seus olhos vagos se concentrassem.
"O que é tudo isso..." Bjorn parou a poucos passos de Erna, abrindo escanteio enquanto tentava entender a bagunça à sua frente.
Uma mulher chorando, um vestido rasgado, um castiçal ensanguentado. E um homem caído. Os olhos de Bjorn se estreitaram gradualmente. Parte disso ele esperava, embora encontrar Erna em vez de uma empregada tenha sido uma surpresa. E o fato de ser o homem deitado ensanguentado no chão também foi uma surpresa.
"Príncipe, eu... Acho que matei um homem." Erna ofegou e tentou se mobilizar, lutando para falar. "Não tive a intenção! Fiquei com tanto medo, tive que... ele caiu, eu bati a cabeça dele... há sangue..."
As lágrimas de Erna tornaram-se incontroláveis à medida que a plena realização se afundava. O sangue escorria do castiçal que ela segurava na mão, pontuando o tapete com manchas escuras.
Os sons do pano fino rasgando, do castiçal dando um golpe sem graça, do grito ofegante de Heinz enquanto ele caía, ecoavam pela mente de Erna ao mesmo tempo. Ela tinha acabado de estender a mão sem pensar, pegou a primeira coisa que veio à mão e o golpeou com todas as forças enquanto sua mão a tocava. Ainda em choque, ela ficou com o castiçal manchado de sangue sobre o homem caído, mal conseguindo ver os resultados através de suas lágrimas, mas ainda muito vividamente ciente do que havia acontecido.
"Não se preocupe, senhorita Hardy." Bjorn havia se ajoelhado para examinar o homem, e agora ele se levantou com um leve suspiro. "Ele acabou de desmaiar, vai acordar logo. Seu tipo não morre tão facilmente."
"... Sério?" Erna respirou, através de suas lágrimas exaustas. A frente de seu vestido rasgado estava encharcada, mas ela já havia percebido.
"Realmente", Bjorn assentiu enfaticamente, escorregando seu casaco de noite de seus próprios ombros para o de Erna. "Pode andar?", perguntou.
Erna assentiu, dando alguns passos trêmulos.
"Então vá." Curta e firme, Bjorn a tirou da sala, tirando o castiçal de suas garras ao mesmo tempo. O sangue nele embebia em suas luvas. "Saia daqui, pegue as escadas no final do corredor esquerdo. Você sairá no jardim atrás da mansão e, se pegar a estrada reta, chegará às carruagens. Vá para casa na carruagem da família Hardy; Vou cuidar dos outros".
"Mas..."
"Lembre-se, as escadas no final do corredor esquerdo. Escadas, jardins, em frente", repetiu Bjorn calmamente, imprimindo as instruções em Erna, que ainda se recuperava um pouco de tudo o que havia passado.
"Não posso fazer isso. Você... o homem..."
"Eu sou um pouco culpado por isso, né? Estou apenas fazendo a minha parte".
"Mas príncipe..."
"Não se preocupe", sorriu Bjorn. "Sempre recebo minhas dívidas pagas." Bjorn terminou de amarrar as mangas de seu casaco no pescoço de Erna. Envolta em suas roupas, ela parecia ridiculamente pequena. "Aliás, você gosta de andar de barco?" O tom de Bjorn era descontraído, casual, fazendo perguntas que não se encaixavam na situação.
"O quê?" Erna piscou, duvidando de seus ouvidos. Mas Bjorn ainda sorriu para ela com seu sorriso inconsequente.
"Você vai ter que gostar."
"O que você quer dizer?"
"É o suficiente, é melhor você ir agora", anunciou Bjorn, olhando de volta para a sala de visitas de Robin Heinz, que havia se mexido um pouco.
"Vai", repetiu, frio e sem sorrir.
Erna assentiu com a cabeça entre lágrimas.
A sala de visitas ficou em silêncio novamente quando os passos ecoantes de Erna deixaram o salão. Bjorn olhou com desprezo para o homem caído. Ele esperava um, claro, mas não esperava esse. Como alguém poderia tratar a filha de uma família nobre conhecida assim?
Ele pegou o vaso no console. Seus passos se aproximaram do homem caído com calma e sem pressa, sem qualquer indício da situação dramática em que se encontrava.
Bjorn parou quando chegou à piscina de vermelho no tapete – vermelho do sangue que escorria do rosto de Robin Heinz. Apesar do sangue, porém, o homem não ficou gravemente ferido. O sangramento vinha de alguns arranhões na lateral da cabeça e principalmente do nariz, onde o castiçal o atingira com força.
Por um momento, Bjorn sentiu pena de Robin, e ele acelerou o processo de vigília derramando um pouco da água do vaso em seu rosto. Em um minuto, Robin recuperou a consciência, lutando para se sentar e parecendo atordoado como um homem se afogando.
"Oi, Heinz", disse Bjorn calmamente, colocando o vaso de volta em seu lugar.
Robin Heinz olhou para ele confuso, tentando entender o rosto sorridente de Bjorn e o castiçal vermelho em sua mão.
Heinz levantou-se espantado, aos poucos chegando aos seus sentidos. As rosas que estavam no vaso rolaram sobre o tapete arruinado.
"Sinto muito se fui longe demais", disse Bjorn.
"O quê?!"
"Mas você não morreu, então está tudo bem. Não acha?" Bjorn riu, batendo na cabeça de Robin com o castiçal ensanguentado.
Os olhos de Robin se arregalaram quando ele começou a entender o que Bjorn estava dizendo. "Seu punk louco!", gritou, cuspindo sangue. Mesmo assim, o sorriso de Bjorn se aprofundou ao ver a raiva nos olhos de Robin.
Robin Heinz, Bjorn tinha certeza, nunca faria barulho ao ser nocauteado por uma mulher esbelta. Então, mesmo que ele não gostasse, ele não teria escolha a não ser tomar a saída de Bjorn. Seria muito melhor ter uma grande briga com o infame príncipe para salvar a cara.
Ainda sorrindo, mas suspirando também, Bjorn balançou o castiçal. Robin Heinz, atingido na cabeça já machucada, gritou e desabou no chão novamente. As rosas em que ele caiu encheram a sala com seu cheiro forte.
"Sabe o quanto a gente lutou?" Bjorn riu secamente, chutando Heinz no estômago. "Vocês sabem como o pessoal aqui é atencioso."
Bjorn estava aproveitando a desculpa para vencer Robin com mais força e vender a luta.
Outro chute, desta vez no rosto, e o nariz de Robin estava sangrando novamente.
"Você entende como é, Heinz."
Mesmo enquanto falava, Bjorn não parava de chutar. Robin lutou para se salvar, mas foi incapaz de ficar de pé. Quando começou a gritar e chorar, Bjorn deu um passo para trás.
"Acho que é o suficiente."
Bjorn ajoelhou-se para examinar seu trabalho. Um sorriso veio ao seu rosto.
Ele acariciou a cabeça de Robin como se estivesse elogiando um cão leal, depois jogou suas luvas ensanguentadas e se levantou. Seu nome, bordado com ouro no pulso de uma luva outrora branca, brilhava claramente na luz fraca.