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33.33% Coroa de Brandon - [PT-BR] / Chapter 13: 2.6

Bab 13: 2.6

Os leves ruídos do ambiente chegaram aos ouvidos de Brandon. Os passos quase silenciosos do pessoal da mansão eram ouvidos em volta. No entanto, havia poucas pessoas que estavam em seu caminho ou o encontrou, enquanto ele caminhava em direção ao seu destino.

Seus sapatos de couro pisavam no chão de madeira de maneira constante e ritmada. A respiração estava sincronizada com seu andar. Ele caminhava de maneira rápida, mas ainda próxima ao normal, como se não estivesse com pressa. Estava próximo ao horário dele estar no quarto de Ferion, mas não era algo urgente. Logo, não havia um único sinal de urgência em seu olhar, enquanto piscava.

Seu semblante estava indiferente, frio, sem reação, mas quem o conhecesse bem e o observasse bem, perceberia que seus olhos estavam com um leve brilho e um ligeiramente curvado estava em seus lábios. O bom-humor da manhã ainda não havia ido após a conversa com seu amigo. Pelo contrário, somente o aumentou. Vê-lo depois de algum tempo, cujo estava triste e confuso, o ajudou em seu estado. Seu coração estava mais leve.

Um suspiro saiu de seus lábios sem esforço nenhum. Era algo que ele começou a fazer desde o começo da semana. Às vezes, ele se pegava suspirando em momentos aleatórios, mesmo sem causa evidente. Talvez fosse somente cansaço mental ou o estresse ao qual toda a situação está o fazendo sentir.

Contudo, nada conseguiria estragar seu ânimo. Phillip e Johannes ainda estavam fora e ele iria trabalhar normalmente, sem tempo para vê-los.

Ao se lembrar de tal fato, não conseguiu se conter e começou a parecer que estava saltitando inconscientemente. Era incrível que ele não descobrisse, pois os espaçamentos entre cada passo era maior do que anteriormente, mas ele não notou. Os fios vermelhos vibraram com os movimentos um pouco mais rápidos.

Assim que chegou em seu destino, ele parou. A porta de madeira bem trabalhada e refinada estava à sua frente. Ele bateu três vezes e esperou. O objeto de madeira se abriu e um homem de cabelos negros se relevou atrás da porta. Brandon olhou para Ferion que parecia estar se arrumando. Uma blusa verde estava evidente e uma calça que não era comum em usar em casa, pois essa era mais bem trabalhada.

Os olhos verdes estavam de olhos arregalados e surpresos pelo outro estar vestido. Não demorou muito para a confusão subir aos pensamentos de Brandon e ele olhar aquilo com curiosidade. Seu jovem mestre e a pessoa a quem ajuda no trabalho iria sair, ao invés deles continuarem com a programação atual. Rapidamente, ele presumiu que o conde havia mandado eles irem olhar algum lugar.

"Para onde vamos, Ferion?" Ele questionou, observando o homem de cabelos negros procurando algum casaco em seu armário, enquanto entrava e fechava a porta.

"Para um orfanato." Ferion respondeu, sem se virar. Suas mãos se moviam de um lado para o outro, à procura de uma roupa que fosse de seu gosto. Ele não gostava de pedir a seus empregados por roupas ou fazer algumas tarefas, pois ele mesmo podia escolher. "Meu pai pediu para irmos lá hoje e inspecioná-los."

"Será igual ao outro dia, quando fomos ao quartel?"

As memórias do dia vem em mente a Brandon. Eles foram ao quartel, o local responsável pela administração dos soldados que vagam pela cidade como medida de segurança e aceitam pedidos ou denúncias dos moradores, sob ordens da família Miller e do governo. O ambiente ficava bem localizado no centro da cidade e era um local bem-visto e fácil de identificar. Havia mais pessoas do que Brandon foi junto ao conde, mas eles eram todos soldados que estavam na guerra e queriam ter uma pequena conversa com seus amigos em horários livres.

Ambos foram com a ideia de inspecionar e ter mais detalhes do que era necessário modificar e quais eram necessidades mais urgentes. Também foram devido a uma visita programada que haviam feito, algo que Ferion rapidamente o marcou ao discutir o documento com Brandon. E foram bem recepcionados e se encontraram com o líder do quartel sobre seu propósito. Não demorou muito e o trabalho foi feito de maneira rápida e eficiente, já que foram mais com o propósito de observar e averiguar o ambiente.

O clima naquele local era alegre, mas havia alguns com olhares tristes, enquanto olhavam para seus colegas. Como se tivessem perdido algo precioso, ao ver os sorrisos dos outros. Brandon não sabia o porquê deles estarem daquela maneira, mas poderia supor o motivo e um gosto amargo surgiu em sua boca ao pensar nisso.

"Sim, só que esse é um pouco diferente." Ferion disse, pegando um casaco marrom de seu closet. O casaco era de cor clara, com botões de cor branca e com abas abertas para fora. A costura da roupa era fina, mostrando que era algo caro. Todas as roupas dos nobres tinham que ser de algum valor, era questão de orgulho.

"Não é uma instituição sob a asa da família, mas pelo governo. E também, é apoiado pela mãe, então o pai quer que vamos olhá-lo e verificar um pouco. Como representantes do senhor, teremos autoridade o suficiente para fazer uma inspeção lá e fazer algo caso encontremos alguma irregularidade não vista antes." O Miller terminou de falar, virando-se para o espelho, ao colocar as abotoaduras em suas mangas.

"Entendo…" O ruivo assentiu e analisou o outro.

O visual dele com a roupa caía bem. Sua aparência séria com o casaco o tornava alguém intelectual em sua atmosfera. Brandon o olhava e aprovava sua escolha. Seria bom para um local que iriam pela primeira vez. Dar uma boa primeira impressão era essencial em qualquer ramo e lugar ao conhecer outra pessoa. Não era intimidante e nem parecia arrogante, era na medida que era marcante e suave, mas não o bastante para ter sua autoridade questionada.

Ferion passa suas mãos pela roupa e termina os últimos detalhes, antes de dar uma última olhada em nelas e no espelho. Não havia nada errado e era apresentável. O homem balançou a cabeça e se virou para Brandon, que o observava.

"Há algo errado?" Ferion pergunta, com um olhar confuso para Brandon. Sua roupa não foi uma boa escolha? Ele gostou do resultado e sabia que Brandon tinha um bom olho, por isso perguntou.

"Não. Suas roupas estão boas." As palavras de Brandon não eram mentira e Ferion sabia disso. Ele concordava com seus pensamentos e não havia o porquê do outro ter mentido para ele. Brandon estava apenas esperando o momento do homem sair para ir com ele. "Vamos?"

"Sim."

Com um aceno de cabeça, os dois começam a se dirigir para a saída do quarto, com Ferion liderando o caminho. Os criados se curvaram ao passar pelo Primeiro Jovem Mestre e voltaram aos seus objetivos. Mesmo assim, foram somente alguns e seus passos não produziam nenhum ruído aparente, mas Brandon ainda ouvia tais sons silenciosos.

Não demorou para os dois estarem do lado de fora da mansão. Os raios do sol iluminaram seus cabelos, tornando o de Ferion brilhante, enquanto o de Brandon um pouco alaranjado por causa da cor amarelada, mas ainda estava vermelho em sua maior parte. A sensação de calor sentida por Brandon era, de alguma forma, confortável nas áreas de sua pele expostas.

A carruagem apareceu, não os deixando plantados por muito tempo. Os dois cavalos na frente e o cocheiro no banco da frente com nas rédeas. A carruagem era diferente da que Brandon havia usado para ir com a senhora, era mais simples, mas ainda era perceptível que era de um nobre, pelos materiais usados e pelo cuidado que ela possuía. Ferion e ele entraram e se sentaram em silêncio, enquanto o cocheiro dava o sinal e a carruagem começava a andar.

Brandon olhou para Ferion que olhava para a janela, assistindo os outros com uma cara séria. Ele fazia isso sempre. Era claro que olhar para o rosto um do outro durante a viagem era cansativo e tedioso, por isso era melhor observar o exterior, que estava em movimento direto. No entanto, ele percebia que era algo maior do que o simples de ver a paisagem. O que Ferion fazia era ver a vida das pessoas que ele protegeu durante os três anos. Vê-los vivendo sua vida de maneira comum, andando pelas ruas e interagindo, alheios ao fato dos sacrifícios que os soldados fizeram.

O Miller não se arrependia. Ele protegeu a paz de seu condado e país. No entanto, em seu coração ele ainda se culpava um pouco dizendo que poderia ter feito melhor daquela maneira. Mas era sentimentos e pensamentos que não poderiam mudar o passado e seu resultado, apenas atormentá-lo em seus sonhos e tornar suas noites um pouco mais longas.

O ruivo não sabia o que Ferion pensava, nem o que sua expressão transmitia. Um olhar profundo era visto por ele, mas não a extensão de seus pensamentos. Ele não conseguia supor ou teorizar com sua observação, mas havia significado naquela ação. Disso ele, ao menos, sabia. Seu olhar voltou-se para fora também.

A carruagem parou em frente a um portão de ferro. Alguns pedestres olhavam para o veículo de madeira, mas logo desviaram o olhar e voltaram ao seu mundo. O cocheiro desceu de seu assento e abriu a porta. Ferion saiu primeiro e Brandon logo em seguida, ambos estudando o novo ambiente que os rodeava.

Em uma vista rápida, eles conseguiram ver os muros e o portão de ferro, bem como o edifício que estava dentro daquele terreno. No entanto, assim que olhavam com mais detalhes, perceberam que os portões estavam desgastados e um pouco enferrujados, até descascados. Os muros estavam riscados e precisavam de alguns reparos. Era um local que parecia precisar de apoio, somente pelo olhar.

Ferion estreitou os olhos com o que via em sua frente. Ele não conseguia acreditar que aquilo estava assim. Pelo que seu pai, o Conde Ivan, disse, sua mãe investiu uma boa quantia todos os meses, então, como estava daquele jeito? Também deveria haver o suporte do governo, que, com certeza, não deveria ser pequeno. Para estar em tal estado precário, era visível que havia algo errado e uma coisa estranha.

Brandon estava surpreso com o que via também. Ele não esperava que algo como um orfanato, um local que acolhia crianças sem pais, estava em tal estado, ainda mais no território dos Miller. Porém sua expressão não o traiu e ele não expressou de maneira clara. Apenas encarou o edifício e depois virou-se notando a face desconfiada de Ferion.

Passos foram ouvidos e um leve tilintar de metal foi captado pelos ouvidos de Brandon. Ele virou-se notando dois cavaleiros vindo de trás da carruagem. Um tinha cabelos azuis escuros e olhos de cor preta também. O outro, ele reconheceu. Era Nott. Os cabelos castanhos escuros e o rosto gentil dele estava vindo em sua direção. Um sorriso estava enfeitado ao olhar para ele. Com certeza, ele também tinha um ao olhar para ele.

Qual seria a chance dele ter ido visitá-lo e depois ter encontrado ele no trabalho? Se isso acontecesse mesmo depois de ele não ter ido vê-lo, não deixaria de ser uma ocorrência bem-vinda.

Os dois homens com espadas se aproximaram e tomaram sua posição, ficando próximos a eles. Nott quase ficou do lado de Brandon, no entanto, ele ficou um pouco mais afastado, junto a seu colega. Era a norma de um cavaleiro os acompanhar, mas não poderiam ficar lado a lado. Brandon era somente um ajudante, mas ainda seria estranho se ele estivesse ao seu lado, visto que o ruivo estava seguindo o Primeiro Jovem Mestre.

Brandon piscou e balançou a cabeça, entendendo o raciocínio de Nott. Ele virou-se para Ferion, percebendo que o olhar do homem estava sobre si. Contudo ele não notou o rosto de Nott se fechar ao olhar para o prédio. O Miller estava curioso sobre a reação que Brandon fez ao ver o cavaleiro de cabelos castanhos, cuja identidade ele não sabia. Deveria ser um dos novos cavaleiros recrutados dentre os três anos que ele esteve fora, supôs.

Ainda sim, era surpreendente ele conseguir tirar algo da face de Brandon em pouco tempo. O rosto que ficou indiferente em comparação com o passado podia expressar sentimentos positivos mais fáceis que negativos. Isso era um ponto a ser anotado.

"Vamos em frente." Ferion ordenou, movendo seus pés em direção ao portão de ferro e o empurrando de forma moderada. Sua companhia assentiu e esperou ele entrar primeiro.

O portão de ferro gasto rangeu com um ruído estridente ao se movimentar. Uma indicação clara da falta de cuidado com o portão. Ele estava levemente sujo também. Ferion não conseguiu conter e estreitou ainda mais os olhos ao olhar para isso. Parecia pior a cada segundo que se passava.

Limpando a mão com um lenço, ele caminhou para o interior. Brandon o seguiu logo atrás e os cavaleiros da mesma maneira. Todos olhando em volta para adquirir informações sobre o espaço que acabaram de entrar. O chão possui ervas daninhas crescendo e a grama um pouco alta do que o aceitável. Era perigoso, porque as crianças podiam cair caso corressem na parte frontal do edifício. Isso não deixou de ser notado por Ferion, o qual notou mais algumas coisas ao entrar na propriedade.

O edifício, uma casa um pouco grande, estava com a pintura descascada e com algumas rachaduras visíveis. As janelas um pouco sujas e a estrutura precária. Nenhuma criança à vista ou alguém para vir cumprimentar. Cada vez que se aproximavam era visto ainda mais defeitos que não deveriam existir com o orçamento que a instituição deveria ter. Ferion teve algumas ideias do que estaria ocorrendo, mas parecia que uma tinha sido sua favorita, pois seu instinto estava apontando para ela.

Por fim, o grupo de homens chegou à entrada. Eles subiram os dois degraus e pararam diante da porta. Ao contrário da porta do quarto que vira mais cedo, ou até mesmo da entrada dos empregados, a porta que estava em frente a Brandon era uma porta velha, sem brilho e da mesma maneira que o portão e as paredes que viu desde que chegou ao orfanato. Ela era escura e tinha lascas soltas. Era chocante que aquilo era a entrada. Mas, se pensasse bem, não tanto se comparado ao portão.

Ferion estendeu a mão e a levantou, tocando com seu osso a porta de madeira velha três vezes seguidas e deu um passo para trás. Ele esperou. A porta foi aberta e um homem velho de bigode abriu. Ele estava os olhando com olhos frios, mas mudou o olhar para um simpático assim que percebeu quem eles eram. O olhar rápido na roupa de Ferion foi o bastante para saber que eles eram ricos ou nobres e que isso foi o suficiente para ele mudar sua mentalidade e tratamento com o grupo que chegou.

Contudo, isso não foi despercebido por Ferion, Brandon, nem os dois cavaleiros que seguiam atrás e ficaram alertas com os olhos que foram direcionados a seu mestre. Em especial, Nott não conseguiu esconder o rosto ligeiramente torcido ao olhar para o homem que apareceu na entrada. Sentimentos desagradáveis surgiam em seu interior.

"Olá. Em que posso lhe ajudar?" A voz do homem soou gentil. Sua voz foi clara e de tom audível. Sua expressão também estava sorridente. Como uma raposa astuta que esperava ganhar algo.

"Nós viemos adotar." Ferion respondeu.

'O quê?'

Brandon virou-se para o jovem mestre e o olhou. Um misto de confusão e surpresas cresceu em sua mente pela fala repentina e não acordada anteriormente, mas não a expressou. Um homem estranho estava à sua frente, e não poderia deixar de achá-lo suspeito. Ele também endireitou as costas e olhou para a figura que estava à sua frente, com uma roupa preta que parecia de boa costura.

'Algo nele cheira a peixe.'

Brandon não expressou, com o rosto frio como gelo, mas não gostou do homem assim que o viu. Ele não parecia bom, muito menos confiável, embora tentasse manter as aparências de que era um homem de idade simpático.

"Oh meu, isso é maravilhoso." O bigode subiu. "Irei levá-los até a recepção. Minhas crianças estarão prontas logo, então, espero que vocês não se importem de esperá-los por enquanto."

"De forma alguma."

Ferion não desmanchou o rosto sério enquanto falava com o homem, mas ele conseguiu esconder a desconfiança e suspeita que tinha em relação a ele bem fundo em sua mente. Seu rosto não intimidou o homem, que agiu como se não tivesse notado. A arrogância era natural para um nobre e a forma como ele falava também indicava que ele era um. O homem não conseguiu se conter e um brilho surgiu em seus olhos. Era ganância.

"Ok. Por favor, me sigam."

Ele abriu espaço na porta. O interior foi visto e era espaçoso com áreas escuras devido a luz do sol entrando pela abertura. O homem deu um passo para trás e permitiu que Ferion e companhia entrassem naquele edifício que parecia tão ruim por fora quanto por dentro. No entanto, ainda havia coisas a ser salvas, como se estivessem escondidas, não havia rachaduras ou arranhões nas paredes. Sequer havia um único detalhe fora do lugar.

Como um lugar que está acabado do lado de fora, estava tão bem conservado no lado de dentro? Aquilo parecia irrealista e ainda mais suspeito da parte do homem.

O homem de bigode e cabelos brancos fechou a porta e os guiou. Os corredores estavam com alguns retratos e alguns detalhes em posições estranhas, Os móveis também pareciam usados e riscos eram vistos na madeira. Brandon olhava tudo com atenção, enquanto Ferion seguia em frente com o olhar sob o homem desconhecido.


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