Enquanto circulava pela caverna, tomando cuidado para não me afastar demais do único abrigo que poderia me proteger de uma eventual chuva, acabei me cortando em alguns espinhos de um arbusto. "Ai, ai", murmurei, tirando alguns espinhos da mão. Apesar da dor e do leve desconforto, continuei minha busca com mais cautela. Foi então que encontrei uma árvore diferente, que lembrava uma figueira, com frutas curiosas.
As frutas eram estranhas, algo que eu nunca havia visto antes: pareciam maçãs azuladas, um pouco maiores do que o comum. Ignorando o aspecto peculiar, decidi colhê-las, aproveitando que a árvore era baixa e de fácil escalada.
Colhi cerca de cinco frutas e voltei para a caverna com uma expressão satisfeita. Ao chegar, sentei-me perto do poço e lavei as frutas antes de comê-las.
ShhhhShhhhhh~
Depois de lavar as frutas, dei uma mordida generosa. O gosto era estranho: metálico e amargo, sem nenhuma doçura. Nunca havia provado nada parecido. Para evitar prolongar aquela experiência desagradável, comi rapidamente, focado em saciar minha fome.
Pontada
De repente, senti um desconforto lancinante no estômago, como uma facada, seguido de uma sensação nauseante que me fez querer vomitar. Abracei meu estômago enquanto me curvava no chão. A dor aumentava exponencialmente, e meus dedos, que haviam sido feridos pelos espinhos, começaram a inflamar. Sem conseguir conter o vômito, um frio indescritível percorreu meu corpo. Quando finalmente vomitei, entrei em pânico: era sangue. O sabor metálico preenchia minha boca enquanto soluços e gemidos ecoavam pela caverna.
A cada segundo, parecia que minha força vital escapava. Em desespero, joguei meu rosto na água do poço, bebendo como se nunca tivesse sentido sede antes.
Assim que me afastei da água, notei algo inacreditável: as dores e náuseas diminuíram, a inflamação dos meus dedos regrediu e minha energia foi voltando. Era como se nada tivesse acontecido. Ofegante, deitei-me de costas no chão.
"Essa água... com certeza me salvou", murmurei, ainda atordoado. Ao olhar para o poço, percebi seu brilho púrpura pálido e hipnotizante. Ele era minha chave de sobrevivência. Encarei o reflexo da água por um tempo, perdido em pensamentos sobre meus pais e Bryn, o mercenário que mais conversava comigo durante a viagem. Algumas lágrimas escaparam antes de eu finalmente adormecer.
Estrondo! A chuva caía acompanhada de trovões.
"Aaah, logo hoje que resolvo escalar? Que droga! Como a previsão do tempo errou assim?", reclamou um jovem adulto, com cerca de 25 anos. Seus cabelos negros curtos estavam encharcados, assim como suas roupas e mochila.
Ele estava em uma de suas aventuras habituais. Como hobby, gostava de explorar florestas e escalar montanhas. Mas, naquele dia, havia sido pego de surpresa por uma tempestade.
"Isso não vai passar tão cedo. Que azar…", murmurou, com uma expressão amarga. Sem muitas opções, segurava-se em um ponto seguro da montanha, evitando qualquer movimento brusco que pudesse levá-lo a escorregar e cair.
"Aaahhhh...mmm...".
Acordei mais uma vez, perturbado por um sonho estranho com um homem que eu não conhecia, mas com quem sentia uma conexão inexplicável. "Quem era ele? Não me lembro de ninguém parecido", pensei, soltando um suspiro enquanto me levantava. Meu corpo doía, como se tivesse sido atropelado por cavalos. Imediatamente lembrei-me do alívio que a água proporcionava.
Depois de beber alguns goles, saí da caverna para observar a floresta novamente. Ainda não tinha a menor ideia de onde estava. Não havia sinais de vida humana, apenas o canto de pássaros no topo das árvores. Ao me virar para olhar a caverna, que ficava na base de uma pequena montanha, lembrei-me do sonho. "Aquele homem tinha uma boa visão lá de cima", refleti, analisando a montanha. Não parecia muito alta.
Depois de ponderar, decidi escalá-la. Sem pensar duas vezes, comecei a subir. Para minha sorte, a montanha realmente não era tão alta e era relativamente fácil de escalar. Quando alcancei o topo, fui recompensado com uma vista deslumbrante: a floresta se estendia por quilômetros, uma imensidão verde que não podia ser descrita em palavras. Em uma direção, avistei uma cadeia de montanhas distante; em outra, um pequeno riacho. Fora isso, apenas árvores sem fim.
Suspirei, pensando que talvez pudesse tentar pescar no riacho. Mesmo com o trauma da fruta, sabia que precisava comer algo. Felizmente, a água da caverna parecia neutralizar qualquer coisa. Era minha maior vantagem.
Enquanto refletia, fui até a beirada para descer. Mas ao olhar para baixo, meu coração disparou: o medo de altura tomou conta de mim. Subir foi fácil, mas descer era outra história. Sabendo que não podia evitar, virei-me, segurando-me com as duas mãos enquanto encaixava os pés nas frestas. Suor frio escorria pela minha testa; meu coração estava acelerado, e a ansiedade aumentava a cada movimento.
Lentamente, fui descendo, mas meu corpo estava exausto. Meus movimentos tornaram-se imprecisos, e, como se fosse inevitável, escorreguei.
Baque
"Uhm, uhm, uhm..."
O mesmo jovem do sonho estava agora assando carne em uma fogueira, cantarolando uma melodia tranquila.
MastigaMastiga~
Ele comeu um dos espetos e bebeu algo enquanto um caderno descansava ao seu lado direito. Depois de terminar a refeição, pegou o caderno e começou a escrever.
RabiscaRabisca~
Quando terminou, fechou o caderno, guardou-o na mochila e se espreguiçou. Apagando as brasas da fogueira com um chute, ajustou a mochila nas costas e seguiu seu caminho, com um sorriso confiante no rosto.
Abri os olhos e fui recebido pela escuridão. Meu corpo inteiro latejava, e uma mancha de sangue destacava-se onde minha cabeça estava apoiada. Preocupado, passei a mão no cabelo e, ao olhar, vi que ainda sangrava. Felizmente, parecia que eu não havia quebrado nada.
Arrastei-me de volta à caverna e mergulhei a cabeça no poço, bebendo a água milagrosa. Mais uma vez, ela me salvou: a dor sumiu, e o sangue parou.
Suspirei, sentindo alívio, mas logo minha fome voltou com força. Minha expressão preocupada retornou ao lembrar que as únicas coisas para comer eram aquelas frutas amargas. No entanto, com a água por perto, achei que poderia comer sem grandes problemas.
Peguei uma das quatro frutas restantes, sentei-me perto do poço e comecei a mastigar, intercalando com goles de água. Era horrível, mas funcionava. Por enquanto, isso bastava.
Espero que tenham gostado do capítulo 2!
Nota: Com minha rotina, conseguirei manter uma média de um capítulo por dia, cada um com cerca de 1.500 palavras ou um pouco mais.
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