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60% Protegida pelo Bilionário Dinamarquês / Chapter 3: CAPÍTULO TRÊS

Chapitre 3: CAPÍTULO TRÊS

Erin

Sinto que estou dentro de um carro. Ele balança muito e isso faz com que eu sinta enjoo, então me controlo para não vomitar.

Sequestrada.

Eu fui sequestrada, disso me lembro vagamente, mas sei que aquele homem que esteve em meu aniversário está por trás disso, aquele sotaque forte não foi esquecido por mim.

Me sento e abro meus olhos lentamente, mas, ao encontrar tudo escuro, eu suspiro chorosa me lembrando de tudo que aconteceu comigo enquanto ia para o trabalho.

Meu coração bate em descompasso, e sinto um pouco de falta de ar. Me levanto, e vejo que minhas pernas estão com algemas.

— Não grite! — Ouço uma voz feminina sussurrar, seu sotaque suave não passa despercebido e sei que ela não é dos Estados Unidos.

— Não estou enxergando nada — sussurro com o coração mais acelerado.

— Estamos em uma van — ela informa e percebo que o lugar é espaçoso para ser um simples carro.

— Onde estamos?

Minha voz amedrontada não me deixa manter a calma.

— Copenhague — ela responde como se fosse óbvio.

— Na Dinamarca?! — pergunto com um grito.

— Sim, eu sei que está assustada, mas, se ficar gritando, eles irão te bater — ela informa, paciente como se estivesse acostumada com tudo isso.

— Como cheguei aqui? — pergunto querendo correr para longe e voltar para meus pais.

— De avião, eu acho — ela responde.

Avião?

Eu nunca andei de avião.

— Você é daqui? — pergunto, controlando minha vontade de chorar por estar longe de casa.

— Eu sou sueca, estou falando em inglês porque Balduin falou que você é americana — ela explica com uma voz tensa.

Sim, Balduin me sequestrou, não podia estar mais convicta em relação a isso, minha mente não me enganou.

— Ele também te sequestrou? —pergunto.

— É a sua primeira vez, né? — ela indaga, procurando minha mão, que seguro sentindo um pouco de conforto por não estar sozinha.

Sua voz parece decepcionada e ouço um fungar, ela está chorando baixinho.

— Como assim, minha primeira vez? — questiono sem entender.

— Eles estão nos levando para um prostíbulo — revela.

— Um prostíbulo? — Minha voz quase não sai, e ela aperta mais forte minha mão.

— Sim, uma casa de prostituição, sinto muito — responde, e começo a perder a fala.

Isso não pode estar acontecendo!

— Socorro! — grito forte, a mão da mulher, que ainda não sei o nome, tenta fechar minha boca, mas me afasto dela e continuo gritando.

— Não faça isso! — ela choraminga.

Sentimos o carro parar, e logo a porta sendo aberta, trazendo iluminação para dentro do veículo.

— Por que a putinha está gritando? — Ouço uma voz, e um homem pula para dentro da van. Ele tem uma expressão sombria e me deixa assustada, então me recolho, fechando meus olhos.

— Não machuque a bebezinha, Harald. — Ouço uma voz conhecida e sinto um arrepio, porque imagino quem seja, o mesmo que me sequestrou.

— Zara, controle sua nova aprendiz! — O homem assustador resmunga com a mulher ao meu lado.

Me viro para a minha companheira, que agora sei que se chama Zara. Ela tem um rosto angelical e ao mesmo tempo selvagem, parece assustada com medo de que algo aconteça.

— Oi, Erin.

Quando ouço a voz do Balduin, meu coração para e me viro para o homem que me sequestrou. O mesmo que estava com meus pais, agora me mantém presa em uma van.

— Por que você me sequestrou? — pergunto, evitando olhar em seus olhos, ele me causa medo.

— Você é minha! — ele diz, firme, levantando meu queixo para que encare seu sorriso perverso.

— Não sou de ninguém, meus pais irão me procurar e você estará ferrado! — aviso, e ele gargalha.

— Bebezinha, eu tive que fazer o trabalho sozinho, você é uma putinha virgem, meus homens iriam querer te estuprar, e eu vou ganhar muito dinheiro com isso, mas preciso do seu rosto inocente. — Ele pisca e fecha a van, deixando eu e a Zara no escuro.

— Me tire daqui! — Bato na lateral da van e Zara me puxa para os seus braços.

— Erin, certo? — ela pergunta, e confirmo um sim choroso. — Não faça isso, eles podem machucar você.

— Eu estou com medo — conto, deixando as lágrimas rolarem por não conseguir controlar essa angústia.

— Sinto muito por tudo que está te acontecendo — ela suspira me mantendo em seus braços.

— Conosco, ele sequestrou nós duas.

— Eu já estou nessa vida há anos, nunca consigo sair, eles me ameaçam toda vez e agora fui trocada de dono — ela choraminga, baixinho.

— Ninguém é seu dono, Zara. — Tento ser reconfortante, mas não posso falar muitas coisas porque não conheço sua vida.

— Eles são, me sequestraram aos dezessete anos, e depois disso eu sou isso aqui, um corpo para ser usado e em recompensa ganho comida para sobreviver. — Sua voz é triste.

Fecho meus olhos pedindo que isso não seja verdade. Eu estava muito feliz, as coisas estavam indo bem.

Alguns minutos reina o silêncio entre nós duas, e fico aliviada quando o automóvel para. Suspiro e logo a porta é aberta.

— Chegaram ao lar. — Harald abre a porta, animado.

Sou a primeira que ele puxa e fico aliviado por sentir um pouco de sol em meu corpo. Zara se põe ao meu lado e olhamos para o fundo da enorme casa que paramos.

O lugar deve ter uns cinco andares, é luxuoso, mas por mim parece um inferno que estou sendo arrastada.

— Hoje somente a Zara irá trabalhar, Erin ficará quietinha guardando sua virgindade para quem pagar mais caro — Balduin diz, com um sorriso maléfico.

Harald nos puxa para dentro da mansão. Onde subimos várias escadas, sem ter chance de conhecer o ambiente e as algemas nos nossos pés dificultam toda movimentação.

— Vocês irão ficar no mesmo quarto, tem tudo que precisam! — Harald informa enquanto abre a primeira porta do corredor, e nos joga lá dentro como se fôssemos lixos.

Olho para Zara, e ela chora, seguindo em direção à cama.

— Vamos chamar a polícia — digo, tentando abrir a porta, que está trancada.

— Não escaparemos daqui vivas — ela nega, se sentando na cama.

— Não posso ficar aqui — choramingo, indo me sentar ao seu lado.

— Não queria que perdesse a sua virgindade neste prostíbulo — ela lamenta, pesarosa.

— Não somos prostitutas, estamos sendo forçadas a estar aqui.

— Eles não se importam com isso. — Sua voz é tão amarga.

— Meus pais irão me procurar, eu te ajudarei também — digo, firme, confiando que meus pais estão loucos me procurando.

— Eles ameaçaram matar minha irmã mais nova, não podia deixar que isso acontecesse, eu já perdi meus pais, não quero perder minha irmãzinha.

Limpo suas lágrimas.

É horrível e doloroso que ela precise fazer isso para proteger sua irmã.

— Você tem quantos anos? — pergunto.

— Vinte e três. Quando eles me levaram, eu estava indo para o meu primeiro dia de aula na universidade, eu iria cursar Arquitetura, era meu sonho.

Seus olhos castanhos brilham com a tristeza que moldam seu semblante quando fala do seu sonho, que foi bruscamente tirado dela e hoje ela compartilha dolorosamente comigo.

Sinto tanta pena dela e a abraço, porque preciso ser solidária, mesmo morrendo de medo de tudo que pode acontecer aqui.

— Sinto muito. — Passo a mão pelo seu ombro e ela dá um sorriso.

— Já devia ter me acostumado.

— Não, isso que eles estão fazendo é crime! — digo firme.

— Sim, mas o Balduin é um dos grandes, e ele sempre escapa da polícia. Dizem que apenas nos oferecem um lugar seguro, e como aqui na Dinamarca é permitido se prostituir, eles não dão importância para as garotas que vivem na prostituição, e muitos deles são corruptos — ela informa.

Meu coração começa a acelerar e as lágrimas ficam mais forte, coloco os meus pés em cima da cama e abraço meu joelho, sabendo que estou perdida. A única chance é que meus pais me procurem, não sei como cheguei aqui, mas sei que não foi de forma legal.

— Os documentos de vocês! — Harald abre a porta, e joga duas mochilas no chão, reconheço a minha e corro para pegar. — Zara, volto para te buscar em duas horas, esteja linda.

Harald fecha a porta e eu abro minha mochila à procura do meu celular, mas só tenho meus documentos. Pego meu passaporte, que certamente Balduin roubou no dia que esteve em minha casa, talvez ele estivesse me espionando há dias, e inventou que era dono de imóveis em Yuma para se aproximar dos meus pais.

Meu passaporte tem um visto de trabalho para a Dinamarca e abro minha boca olhando a Zara, que pega sua mochila.

— Eles fazem tudo perfeito, isso é legal. Eu consegui minha cidadania dinamarquesa sem saber, como sou sueca foi mais fácil, e eles apenas jogaram meu novo documento dizendo que eu era uma puta dinamarquesa. — Ela dá de ombros e não sei como ela suporta tudo isso.

— Eu estou com medo — admito, e ela me puxa para a cama.

— Se você não ficar gritando, eles não te machucarão, mas precisa fazer o que eles mandam.

Zara me olha com carinho, e eu sinto pena dela por viver se prostituindo contra a sua vontade, não sei como ainda há pessoas cruéis assim.

— Eu não vou fazer nada, não deixarei que usem meu corpo. — Minha voz sai determinada, mas meu coração agitado diz que não sou tão forte assim.

— Erin, eles irão te matar.

Arregalo os olhos com suas palavras e volto a chorar sabendo que estou perdida. Não terei salvação, mas não me entregarei a ninguém.

Meus pais desistiram da Cora, e se eles acharem que estou morta, eles me deixarão aqui, onde morrerei pela minha rebeldia.

Ela se levanta da cama e segue para uma porta, certamente é o banheiro. Consigo olhar para o quarto, e ele é luxuoso, mas só queria uma brecha para fugir.

Me levanto e entro no closet, onde tem várias roupas sexy e chamativas. Saio do local, com uma enorme vontade de vomitar, e me sento na cama.

Depois de alguns minutos, Zara sai do banheiro com uma toalha no corpo e outra no cabelo.

— O que está fazendo? — pergunto, e ela me encara.

— Vou ter que descer — explica, e sei que isso significa que ela terá que fazer sexo com homens que ela não quer.

— Como você suporta isso?

Ela dá de ombros.

— Eu preciso viver para a minha irmã viver e não ter o mesmo destino que o meu — explica e isso parte o meu coração.

— Sinto muito.

— Erin, não se preocupe comigo, mas pense em você, na sua família, eu queria poder te ajudar, mas estou tão condenada quanto você.

Ela se afasta e depois volta com um vestido azul. Zara é linda, sua pele é mil vezes mais bronzeada que a minha, seus cabelos pretos ondulados complementam com sua cor belíssima.

— Tudo é limpo, não se preocupe, ele cuida da higiene das mulheres para os clientes não ficarem insatisfeitos. Pode deitar-se na cama, e se quiser tomar banho tem roupas decentes no closet. — Ela dá um sorriso, e volta para o closet.

Me deito na cama e me encolho toda, deixando que as lágrimas me dominem por completo. Sinto todos os meus músculos doerem e só queria que tudo isso fosse uma mentira.

Ouço a porta abrir e vozes altas, mas permaneço de olhos fechados, sabendo que não tenho força para lutar.

Quando abro os olhos, tudo está escuro. Me levanto lentamente e alguém liga a luz, revelando Balduin sentado no sofá.

— Acordou, bebezinha. — Ele dá um sorriso genuíno.

— O que você está fazendo aqui? — pergunto, sem o encarar.

— Quero me certificar de que amanhã você estará pronta para o trabalho. — Ele se levanta e caminha em minha direção, permaneço no mesmo lugar porque não consigo me mover.

— Não irei fazer seu trabalho nojento! — grito.

— Você é uma riquinha mimada, e terá tudo que merece aqui. — Ele sobe em cima de mim e, mesmo esperneando, ele consegue me prender.

— Me solte! — berro mais forte.

— Eu estou louco para meter o pau em você e tirar essa inocência do seu rosto — ele ri, cheirando meu pescoço e isso me causa náusea.

— Me deixe! — grito de novo, e ele me solta.

— Fique aí! — ele esbraveja e permaneço no mesmo lugar.

Balduin abaixa sua calça social, revelando uma cueca branca, e desvio o olhar, me sentindo enjoada.

— Por favor, não — peço.

— Olhe! — ele exige e fecho meus olhos.

— Ah! — grito quando sinto sua mão atingir minha bochecha. Coloco a mão no local atingido e o encaro, evitando olhar para baixo.

— Aqui, Erin. — Ele aponta para baixo e nego, recebendo outro tapa, que me faz sentir mais dor.

— Por favor, não me bata — suplico.

— Então olha aqui, você precisa aprender — ele resmunga, e sinto ele tocar minhas pernas com seu pênis.

— Eu poderia te comer aqui e ouvir seu grito de súplica, isso me deixaria mais excitado, mas você é valiosa, e ganharei muito dinheiro com sua virgindade. — Ele pisca e aproxima o pênis do meu rosto. Para não apanhar, eu olho para o seu membro, sentindo mais nojo ainda.

— Não me bata mais — peço, a ardência em meu rosto é tão intensa que eu sei que estou vermelha.

— Não farei isso, bebezinha, mas precisa cooperar comigo. Com essa marca, os homens não irão te querer, então te darei uma semana para melhorar. E terá que aprender com a Zara, ou eu voltarei aqui, comerei você, depois te matarei, farei o mesmo com seus pais. — Ele pisca, e sai de perto de mim. — Estamos entendidos, Erin?

— S-Sim. — gaguejo, e ele dá um sorriso vitorioso.

— Por me desobedecer, irá ficar sem comer para aprender mais um pouco. — Ele caminha em direção a mesa, pega uma sacola, que imagino ser a comida, e sai me deixando sozinha.

Minha barriga ronca de fome e limpo as lágrimas, que fazem meu rosto arder com o contato delas.

Me levanto e sigo na direção do closet, vou direto para o espelho no final, e me assusto por ver a marca da sua mão em meu rosto.

Volto a chorar, minha vida não vale muito, mas as dos meus pais sim, então precisarei entrar nessa vida, mesmo odiando a ideia de homens me tocando sem o meu consentimento, eu preciso proteger quem eu amo.

Pego uma toalha e sigo para o banheiro, que também é luxuoso e tem até banheira. Pelo jeito, Balduin quer que as mulheres estejam confortáveis, mas isso é somente uma manobra para conquistar as pobres inocentes.

Me ajoelho em frente ao vaso sanitário e devolvo apenas água ao vomitar, porque não comi nada durante muito tempo.

Me sinto suja ao entrar debaixo do chuveiro, minhas bochechas queimam de dor, me avisando que eu sou dona das minhas escolhas.

Eu estou em um dos países mais seguros do mundo, mas não me sinto segura. Eu queria conhecer Copenhague, estava nos meus planos, mas sinto que verei a cidade apenas da janela.

Volto para o closet, seco meus cabelos, e visto uma lingerie, depois de conferir se são realmente novas, e coloco um vestido florido.

Volto para a cama e fecho meus olhos com a mão na barriga, sabendo que sentirei fome até amanhã, e isso me faz chorar novamente.

Fecho os olhos, assim passará mais rápido, e, quando acordar, eu já poderei comer algo e espero que eles me deem comida.

— Erin?

Sinto mãos em meus cabelos e abro meus olhos, rapidamente, me acalmando quando vejo Zara ao meu lado na cama. Ela também está com um vestido florido e parece que chegou há muito tempo.

— Oi. — Me espreguiço.

— Eu iria dormir, mas sua barriga estava fazendo barulhos. — Ela me entrega dois bombons.

— Onde você arrumou isso? — indago, e ela dá um sorriso.

— Roubei da cozinha, eles deixam a gente comer quando terminamos nosso serviço — ela explica.

— Obrigada, eu estou com muita fome.

Abro um e enfio tudo na boca, sentindo que não matará a fome, mas deixará menos estrago.

— Ele te bateu, né? — ela pergunta, olhando meu rosto.

— Sim.

Ela toca meus cabelos e parece triste, então dou um sorriso e como o outro bombom, me deixando mais aliviada.

— Ele disse que você precisa aprender?

Dou de ombros.

— Sim, mas eu não sei de nada, não sei como me comportar perto de um homem, fazê-lo me desejar — digo, constrangida.

— Só usar esse rostinho inocente e todos cairão ao seu pé, não queria que entrasse nisso, mas sei que ele está te ameaçando. Faz isso com todas que foram sequestradas — ela explica.

— E tem mulheres que vieram por vontade própria? — pergunto, jogando os papéis dos bombons na lixeira próxima a cama.

— Sim, já eram garotas de programas, e estão aqui porque ganham mais do que se estivesse na rua — explica.

— Nem todos têm o direito a própria vontade! — rosno.

— Sim, a vida não é fácil — ela concorda comigo.

— E tem homens de qual idade? — indago, mas meu estômago volta a embrulhar quando penso em vários homens usando meu corpo.

Sei que estou sendo curiosa, mas preciso saber com o que irei lidar já que entrei nessa vida porque eu não tive escolha.

— De vinte a sessenta no máximo. Tem homens nojentos, outros carinhosos; alguns não falam nada, outros precisam te xingar para se sentirem satisfeitos; e uns são lindos, mas são os piores. Quanto mais pagam, mais podem te usar da maneira que desejar, e você não pode abrir a boca para reclamar, apenas dar o prazer que eles buscam.

— Isso é horrível! — lamento, mesmo ainda não fazendo tal ato, já me sinto pior do que o abismo.

— Eu nunca me acostumo, mas toda vez que tento negar, eu lembro da minha irmã, que nunca saberei se está bem. — Ela dá de ombros e a abraço.

Fico em silêncio e me lembro dos meus pais, eles devem estar desesperados, e agora sei que é melhor que eles não me procurem, assim estarão seguros.

— Durma, Erin — Zara pede, se virando para o lado oposto.

Pego meu cobertor e me cubro sabendo que o único momento que terei paz é quando estarei presa em meus sonhos.

Sair de Yuma se tornou meu pior pesadelo, eu queria que tudo voltasse ao normal.

Fui arrancada da bolha de proteção dos meus pais, sabendo que eles me mantiveram segura durante anos, mas agora eu os deixarei seguros, porque só dessa forma eu compensarei tudo o que fizeram por mim e eu só reclamava.

Oh, céus!

Eu sou tão burra!


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