Chapitre 2: me adaptando
[26 de janeiro de 1878]
Enquanto eu andava pelo palácio, estava recapitulando os acontecimentos.
'tenho que dizer, tive que reaprender o português quase do zero, o português antigo é formal, arcaico e usa muitas coisas do espanhol, ainda tem o numeral adjetivo e substantivo, eles usam ênclise a exaustão, sempre tem um fazer-lo-ei ou dar-lhe-ei'
Logo entro na biblioteca e encontro meu vô e ele me chamou: "bom dia pequeno Pedro, o que você vem fazer aqui?"
Me apresento: "Benção vô, estou pegando obras literárias para melhorar minha leitura"
Ele logo sugere: "Deus te abençoe, tem alguns livros que estam a fazer sucesso, leia O guarani de José de Alencar, sabia, até fizeram uma música orquestral alguns anos atrás"
Relaxadamente concordo e começo a procurar. Sabia que apesar de ser uma família imperial, nosso palácio tem a mesma grandeza de uma mansão de uma elite cafeicultora, mas isso é bom em partes, significa que não temos a arrogância da nobreza alemã e francesa.
"Se precisar de ajuda, só me chamar, hoje finalmente os liberais e conservadores me deram descanso"
Assim passei a tarde, lendo.
No dia seguinte eu encontrei com meu pai, conde D'eu no café da manhã e propus: "pai, você quer que eu seja imperador algum dia, certo?"
Ele respondeu: "não fale enquanto almoça, depois a gente conversa"
Quando terminamos de come ele propôs novamente: "fale, o que você quer?"
Logo eu animadamente: "pai, provavelmente eu serei rei no futuro, para ser um bom rei eu preciso ser bastante inteligente, mas eu também quero montar negócios para que não dependermos do governo"
Ele logo interrompeu com a testa franzida: "pare de enrolar, diga o que você quer"
Me ajeito na cadeira e concluo: "Quero que a cada livro que eu leio, eu ganho 600 mil-réis "{1 milhão de réis = 1000 mil-réis = 1 conto de réis}
Se o mil-réis é 1 grama, então seguindo as convenções das potências que são lastros para as moedas que outros países acabam adotando, então, 1 dólar ≈ 1,5 mil-réis, 1 libra ≈ 7,5 mil-réis e 3 francos ≈ 1 mil-réis ou 1 franco ≈ 300 réis.
A Europa continental e Bálcãs costuma seguir a convenção adotada pela França.
A América espanhola geralmente adota a convenção do dólar, nós tentamos, mas a gente tem o mesmo problema da Russia, elite patrimonialista, a gente pegava empréstimos para financiar projetos que bastava aumentar os impostos baixos para suprir, não tinhamos impostos direto baseado na renda e apesar de ter jazidas de ouro significativas, não conseguiamos produzir ouro o suficiente para manter essa paridade enquanto pagavamos empréstimos aos britânicos, a guerra do Paraguai também não ajudou.
A libra eu não me recordo, o império Britânico realmente tinha uma moeda bizarramente valorizada.
Ele me repreendeu: "não, você é muito novo para pensar em dinheiro. Se você quiser, só te darei 120"
Eu tento negociar: "e se a gente variar o prêmio por livro?"
Ele aceita: "se for literatura brasileira e livros técnicos básicos, será 120 mil-réis que é um salário anual de infantaria, se for um livro técnico de média complexidade que é de outro idioma, então te dou 240 mil-réis, um militar de alta patente ganha isso por ano e 360 mil-réis se for um livro complexo, isso é o salário de um juiz, então fique experto, se não me engano também é a renda de um francês e britânico "
Ou seja, 80/160/240 em dólares, ou seja, 16/32/48 libras e 360/720/1080 francos.
Eu fiquei um pouco frustrado, mas rapidamente me recompus: "bem, é menos, mas vai ser meu?"
"Vai, mas a gente vai vigiar pois você ainda é menor de idade. Todo livro que você ler vai ser avaliado através de uma redação"
Eu agradeci e me despedi: 'Bem, é melhor que nada. Tenho que construir uma indústria para que não sejamos intimado por nossas elites e os europeus, majoritariamente os Britânicos. Queria salvar Barão de Mauá, mas agora é tarde e simplesmente não dá, fiquei sabendo que o banco dele foi hipotecado para britânicos e americanos'
Enquanto eu passeava pelo jardim que minha mãe montou eu continuei a ponderar:
'bem, a proposta do pai realmente há de facilitar as coisas, seria pouco se fosse uma criança normal, mas eu passei no ITA, eu consigo ler livros em escala, se for livro técnico eu consigo fechar dezenas em um ano quiçá mais de cem. Apesar de poder, vou focar em filosofia, eu não sou bem versado e futuramente serei o imperador, eu já era engenheiro, agora preciso ser bem versado na vertente de humanas'
'será que realmente não tem jeito de bloquear essas ondas positivistas e maçons? Não atrasar o salário dos militares é um bom começo, mas estamos endividados por causa da guerra. A elite é escravista, gosta de importar ideologias européias e se negam a pagar imposto. Atualmente a maior fonte de receita do governo é taxação de importação e exportação'
Eu pulei de determinação 'não posso cometer o mesmo erro do barão de Mauá, tenho que construir minha indústria de forma verticalizada, pois temos interesse mútuo dos europeus, americanos e elite agrária para que nossa indústria não se desenvolva, isso aconteceu até no final do século XX que o mundo já tinha parado de ser várzea, havia uma empresa de carros brasileira que estava ganhando espaço no mercado e as montadoras internacionais ameaçaram os fornecedores para que eles não vendessem para aquela empresa'
'a questão é, como vou conseguir o controle das minas, como combater o golpe e não dar espaço para que eles negociem o Brasil para os estrangeiros. Verei o que fazer no futuro, um passo de cada vez'
Assim voltei para a biblioteca para estudar.
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