Chapitre 5: Invisibilidade Psicológica
Ariandel olhou ao redor e pousou os olhos sobre Sunless, ainda preso ao seu Primeiro Pesadelo. Seu olhar demorou-se sobre ele.
'Olá, Sunless 'Mongrel' Lost from Light, personagem central deste mundo', pensou Ariandel, com um sorriso e os olhos reluzindo de emoção.
Lentamente, desviou a atenção para baixo, para aquela que os vigiava em seus pesadelos.
Sentada numa cadeira de plástico ao lado da cama médica reforçada, estava a mulher mais bonita que ele já vira. Cabelos negros como corvo, olhos azul-claros, pele impecável e pálida como a neve. Ele já a conhecia bem — ou pelo menos gostava de pensar que sim.
Ela aparentava ter cerca de vinte anos e vestia um uniforme azul-escuro, com ombreiras prateadas e botas de couro preto. A jaqueta, casualmente desabotoada, revelava uma regata preta por baixo. No momento, ela se espreguiçava, os braços estendidos acima da cabeça, entediada e sonolenta, fazendo o tecido ajustar-se provocativamente ao corpo.
Jet e Sunless eram pessoas queridas, recorrentes em sonhos e cenários imaginários. Mas agora… estavam ali, reais.
Ariandel suspirou, hipnotizado ao ver os personagens ganharem vida. Mas então, uma sensação desconfortável o atingiu como um soco no estômago: ele estava pensando como um perseguidor, como um fã obsessivo espionando a privacidade de seus ídolos.
Engasgando com a própria percepção, estremeceu.
'Eles nunca me conheceram, e eu… nunca os conheci de verdade. Estou me comportando exatamente como um perseguidor...'
Respirou fundo, acalmando-se.
'É melhor não deixar esses sentimentos surgirem assim de novo... Não quero parecer muito estranho...'
Sacudindo a cabeça — ele tentou, mas não conseguiu — desviou a atenção para algo mais produtivo. Mesmo desperto há algum tempo, Jet ainda o ignorava, como se sua presença simplesmente não existisse.
'Acho que sei o motivo.'
Ariandel estava sentindo diferentes graus de pressão das pessoas ao redor, algo que ele apelidou de Sentido Mental. Era como se essa percepção consciente dos outros formasse uma Aura Mental, um campo invisível que influenciava a atenção e a presença.
'Essa 'pressão' pode ser o motivo pelo qual alguns Despertos e Criaturas do Pesadelo podem perceber os olhares e até mesmo os pensamentos dirigidos a eles.'
Ao retrair sua própria aura mental, ativava uma subfunção de sua Habilidade [Ser Onírico].
'Ao recuar minha aura, oculto minha própria consciência e influencio a percepção dos outros, criando uma ausência silenciosa que os impede de focar em mim.'
Sorriu levemente, murmurando para si mesmo:
"Cuidado com o 'Espectador'."
Foi então que algo chamou sua atenção.
Sunless estava prestes a despertar. Seus olhos moviam-se sob as pálpebras fechadas, e Ariandel sorriu ao observar a cena, seus olhos brilhando de curiosidade. Quis cruzar os braços, mas a lembrança das amarras o deteve.
'Pelos deuses mortos! Quantas vezes já esqueci que estou preso a esta cama?'
Ajeitou-se o máximo possível, reprimindo a vontade de romper as restrições.
"Bem... Não que eu vá sair por aí danificando os bens do governo", murmurou com um leve toque de humor.
Não que ele tivesse força para quebrar aquela coisa, de qualquer forma.
'Ah, foco, Ariandel... Uma comédia de ouro está se desenrolando bem diante de você. Não perca!'
Observava Sunless tentando processar a presença de Jet ao lado de sua cama, imaginando os pensamentos que deviam ecoar em sua mente enquanto tentava compreender aquela figura desconcertante.
O Peregrino quase riu ao ver o pânico evidente de Sunless ao notar o distintivo no ombro de Jet. Ele parecia um peixe fora d'água, e Ariandel podia jurar que estava prestes a balbuciar desculpas — se seu próprio Defeito o permitisse.
'Não tem preço assistir, ao vivo e em cores, Sunless tentando ser… audacioso.'
Então, num acesso de nervos, Sunless soltou um desajeitado 'seios'.
O silêncio foi palpável.
Jet o fulminava com o olhar, enquanto Ariandel testava sua invisibilidade psicológica, curioso para ver até onde ela continuaria ignorando sua presença.
PLÁC!—
Ele mal conteve a risada ao ver o tapa de Jet, que só não jogou Sunless para fora da cama porque as restrições o seguraram.
"Eu vi muitas... mas nenhuma tão bonita como você", disse Sunless, recuando. Seu rosto vermelho como seus pensamentos embaraçados.
Jet riu leve e musicalmente.
"À medida que seu núcleo de alma se desenvolve, o corpo se livra de todas as suas imperfeições. Então, é difícil encontrar um Desperto não atraente, especialmente entre os mais fortes."
Ela então cruzou os braços e inclinou ligeiramente a cabeça.
"Já que está acordado, seja bem-vindo de volta à terra dos vivos. Parabéns por sobreviver ao seu Primeiro Pesadelo, Dorminhoco Sunless."
Com essas palavras, soltou as amarras de Sunless.
"Sou Mestre Jet, do Governo."
Esse era o momento que Ariandel aguardava. Com um sorriso gentil e educado, ele finalmente se deixou ser notado.
"Ah, desculpe, acho que está na hora de me mostrar... qualquer coisa além disso, e eu vou ser esquecido nessa cama", disse ele, invadindo a cena — com sua voz profunda e suave.
"Você! De onde você saiu? E já é está a segunda vez que aparece atrás de mim de repente!" reclamou Sunless, devido ao susto.
"Então você estava se divertindo às nossas custas o tempo todo, hm?" indagou Jet, erguendo uma sobrancelha.
O Peregrino sorriu um pouco mais, encantado com a situação.
"Não foi bem a minha intenção. Quando acordei, meio que já estava... sendo ignorado, por assim diz—"
Jet o interrompeu, analisando-o com um olhar atento.
"Você está tentando nos fazer de bobos, não é?"
"..."
"..."
Aproximou-se e, com movimentos calmos, desfez as amarras da cama.
"Vamos lá, Dorminhoco Ariandel."
Seu tom carregava uma ironia calafrienta.
"Agora você pode caminhar. Mas lembre-se: como o primeiro a tentar zombar de mim… talvez você não sobreviva para contar a história."
***
Do outro lado da sala, Sunless os observava com um misto de perplexidade e incredulidade.
A postura tranquila do jovem, suas provocações sutis e sua ousadia diante de uma Ascendida como Jet… tudo isso o deixava quase em choque.
'Esse cara só pode ser maluco. Ou muito corajoso. Ou… ambas as coisas?
'Alguém precisa avisar esse sujeito sobre o tipo de gente que ele está provocando…'
'Como o cabelo dele cresceu tanto? E aqueles olhos… que ridículos.'
Assim que Mestre Jet terminou de soltar a última amarra, Ariandel lançou-lhe um último olhar quase travesso, com um sorriso amigável que parecia fora de lugar.
Sunless sentiu a tensão crescer no ar como uma tempestade prestes a explodir.
Mas Jet apenas sorriu, uma expressão que tornava seu olhar ainda mais perturbador. Talvez tivesse gostado da provocação… ou estivesse apenas guardando a vingança para mais tarde.
'Isso ainda vai acabar mal pra ele', pensou ele, engolindo em seco.
E quando Ariandel finalmente se levantou, percebeu que, de alguma forma, esse maldito já agia como se fosse dono da situação.
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