Noah tentou levantar o corpo, porém não conseguiu. Ele ficou confuso e tentou mais algumas vezes, porém, tudo o que conseguiu foi ter uma tremenda dor no corpo.
"Droga... eu desmaiei?"
Noah pensou um pouco e olhou em volta. Seus olhos quase fechados não conseguiam enxergar muito, mas o pouco que viram notaram. Aquele não era seu quarto.
Desesperado, Noah novamente tenta se mexer. Na tentativa desesperada ele acabou derrubando algo que estava próximo. O barulho alto de metal fez com que uma mulher vestida de empregada abrisse a porta do quarto assustada.
— Jovem mestre, está acordado?
A mulher perguntou.
Mas não houve respostas por parte de Noah.
"dói..."
Sua garganta queimava intensamente, praticamente o impedindo de falar.
— E-Espera, chamarei a senhora!
A mulher saiu às pressas se esquecendo até mesmo de fechar a porta do quarto. Noah estava extremamente confuso com a situação. Ele não reconhecia a mulher.
O corpo de Noah nunca foi particularmente forte, mas não era tão fraco a esse ponto. Não era a primeira vez que ele desmaiava assim, mas não teve uma única vez em que ele acordou com o corpo nesse estado após desmaiar. Também era a primeira vez que lhe chamavam de "jovem mestre".
"Não me diga que..."
Antes mesmo de Noah ser capaz de concluir seu próprio pensamento, alguém bateu na porta.
— Khalid?
Era uma voz desconhecida.
Depois de um tempo sem resposta, uma mulher usando um vestido luxuoso que parecia ter vindo direto da época vitoriana entrou com outras duas mulheres vestidas da mesma forma que a outra que havia saído a pouco.
— Parece que ainda não morreu. Quanta sorte.
"Eu? É de mim que ela está falando?"
Noah estava com dificuldades de entender o que estava ocorrendo.
— Senhora, o jovem mestre está acordado. — uma das criadas que veio com a dama comentou.
— Então o que? — ela lançou um olhar frio para Noah, saindo quase imediatamente sem dizer mais nada.
"Quem é essa pessoa?"
Foi o que Noah pensou quando a viu saindo.
As empregadas que vieram com ela se apressaram para acompanhá-la. Exceto por uma. A mulher tinha um cabelo castanho bem claro e olhos verdes como uma esmeralda, junto a uma pele branca e limpa. Ela ajudou Noah a se sentar colocando algumas almofadas em suas costas. Então lhe deu água.
Ele estava confuso, mas agradecido. Ele realmente sentia sede.
A mulher quebrou o silencio com suas palavras.
— Não se importe muito com o que a senhora disse, jovem mestre. A senhora apenas está preocupada.
Ela não parecia preocupada. Decepcionada? Mas que isso, ela parecia... triste, dolorida.
Fios de cabelo bloquearam parcialmente a visão de Noah. Nesse instante, ele percebeu algo. Noah sempre manteve o cabelo curto, ele não tinha tempo para ficar se preocupando em pentear ou cuidar de cabelos, por isso sempre o cortava de três em três meses.
"Isso não é meu... impossível ser, certo?"
Noah ignorou toda a dor e começou a passar a mão no suposto cabelo.
Seu cabelo não estava apenas grande, ele estava gigantesco! Ele fazia curvas na cama, talvez fosse até do mesmo tamanho que ele
A primeira coisa que veio à mente de Noah, foi que ele poderia ter entrado em coma. Mas ele logo descartou essa ideia ao se lembrar de como aquelas pessoas estavam vestidas. Ele levantou aos pouco o rosto, olhou em sua volta e concluiu o pensamento.
"Impossível ter estado em coma, mesmo que estivesse, essa cena... esse lugar... tudo era estranho, parece... 1830?"
Noah descartou a possibilidade de ter estado em coma, pois para ele, não faria nenhum sentido.
Noah se observou. Vestia um robe branco bem detalhado, olhando assim, parecia valer mais do que a própria casa de Noah. O quarto também era bem luxuoso, então era impossível que seja uma brincadeira de alguém, ninguém que ele conhecia conseguiria arcar com algo assim.
Nesse caso, sobrava apenas as situações mais obvias. Ou ele havia voltado no tempo e possuído alguém que viveu em 1900 na Terra, ou transmigrado para algum lugar que definitivamente não é a Terra.
Khalid tinha mais cara de nome usado para personagem em livros de fantasia. Foi a conclusão que Noah havia chegado.
Como aquilo havia acontecido? a maioria das possessões acontece depois da pessoa ter morrido ou se deparado com algo ou alguém super estranho. Noah não se lembrava de algo assim.
Um pensamento um pouco extremo passou em sua mente.
"Talvez... eu não tenha desmaiado e sim morrido?"
Depois de algum tempo Noah foi capaz de começar a se mexer aos poucos. Quando finalmente tinha forças o suficiente para mexer livremente, tocou a própria cabeça.
Ele não estava delirando, aquilo era real, o calor que sentia, o toque e até os puxões no cabelo machucavam de verdade.
Um forte gosto metálico percorreu o paladar de Noah, que rapidamente foi acompanhado por uma tosse. Noah sentiu seu estomago rasgar em mil pedaços, seus braços perderam a força na mesma hora e seus olhos se reviraram pela dor repentina. Ele já não conseguia pensar em mais nada.
— Cough! Cough!
Rapidamente sua boca se encheu de sangue. Noah desmaiou em seguida.
━─━────༺༻────━─━
Lentamente Noah abriu os olhos, o peso que havia sentido ao fazer isso na primeira vez já não estava mais lá. Noah se sentiu aliviado por não precisar passar por isso de novo.
— Acordou?
Havia um homem sentado na frente da cama em que Noah se encontrava. Uma aparência velha, mas com uma expressão gentil em seu rosto. Parecia esperar que Noah acordasse.
Noah quis perguntar quem era aquele homem, mas lembrou da sensação horrível de não conseguir falar pela dor.
— Ainda não consegue falar jovem mestre? — Uma preocupação imensa tomou o rosto do velho. — Deixe-me ver... não, não está com febre. — O homem concluiu ao pousar a mão na testa de Noah.
Noah juntou toda a coragem que tinha e perguntou:
— Que-Quem?
A pergunta fez o suposto doutor congelar por um breve momento, em seguida suspirou e questionou para si mesmo.
"Talvez amnesia? Sinceramente me surpreenderia se ele tivesse se recuperado sem nenhuma dificuldade."
— Sou Edgar, o médico da família. Cuidei do jovem mestre desde quando ainda era um recém-nascido, não se lembra? — ao ver que não havia resposta do outro parte, continuou. — O jovem mestre pulou da janela para fugir das aulas. Foi assim que terminou todo machucado. Se lembra disso?
— Pular da janela? Espera, o que?!
O que ele havia acabado de escutar era um absurdo, o dono do corpo pulou de uma janela por conta de umas aulas? Noah queria rir naquele exato momento, foi a coisa mais maluca e idiota que ele tinha ouvido em muito tempo. Ele estava prestes a chama-lo de idiota, mas uma memória distante o impediu de o fazer.
Era a memória de muito tempo atrás, de quando Noah estava na secundaria, ele havia feito a mesma coisa para fugir da aula de física.
"Merda"
Ele se encolheu de vergonha pela lembrança repentina.
— É possível que seja uma amnesia temporária, não se preocupe, é possível que até amanhã recupere todas as memórias. — Ele se levantou antes de prosseguir. — Por hora, por favor descanse, se alimente bem e tome os remédios nos horários certo. Pedirei para que alguém venha atende-lo.
Ele não esperou uma resposta por parte de seu jovem mestre, se retirou sem ao menos se despedir apropriadamente, estava com pressa e preocupado, mas sua preocupação não era dirigida a Noah.
Meooow!
Miados podiam ser ouvidos da varanda do quarto, junto com o som do vidro sendo arranhado pelas patas de um felino desconhecido. Noah não pensou duas vezes antes de se levantar para ir até lá, ele tinha sorte de seu corpo aparentemente já estar recuperado, mesmo com um desconforto aqui e ali, ele não teve problemas ao levantar da cama.
— É gigante.
Comentou para si mesmo. O choque da ultima vez não o permitiu dar uma olhada adequada no lugar, um quarto enorme, era tanto dourado que seus olhos começaram a arder. Um espelho enorme se encontrava ao lado esquerdo da cama, era uma boa ideia ao menos saber como se parecia.
— Isso é loucura... esse cara definitivamente é um dos personagens principal certo? Digo, essa pele é tão branca e suave.
Ele tentou se lembrar das webnovels que havia lido, tentou lembrar de algum personagem que se pareça com isso, mas depois de alguns segundos notou algo.
— É marrom... Cabelo preto e olhos marrons, isso está certo? É lindo, mas parece... comum.
Normalmente os personagens principais e até mesmo secundários possuem cores exóticas, mesmo que não sejam extremamente bonitos. Mas a paleta dele era simples, pele branca, cabelos escuros e olhos marrons, não vermelhos, não dourados, mas sim marrons. Não havia nenhuma marca de nascença ou símbolo estranho, apenas uma pequena pinta abaixo dos lábios.
A um tempo veio se tornando bem popular o tipo de história onde o protagonista reencarna em um extra, mas mesmo entre esses, ele não conseguia se lembrar de nenhum que tivesse características tão comuns.
Noah ficou preocupado e começou a dar leves socos no reflexo do espelho — Não tem como ser, certo? Eu detesto esses! Só por favor, que não seja um desses!
Meeeow!!
O miado incessante do gato se tornou mais alto. Noah tirou o cabelo da frente do rosto e rapidamente se recompôs.
"O gato vem primeiro. Terei tempo o bastante pra xingar quem for que me fez vim para cá depois."
— Un nouveau chapitre arrive bientôt — Écrire un avis