Emma ignorou as ligações de Richard e também suas mensagens por um bom tempo enquanto estava à espera da chamada de seu voo. Mas depois não resistiu e disse a ele que Elena estava na casa de Andrey e disse que fizessem um bom proveito dela, pois jamais voltariam a ver ela novamente. Richard ficou desesperado e começou a perguntar onde ela estava o que fez Emma se lembrar que eles podiam rastrear através daquele celular e assim que seu voo foi anunciado ela o deixou no banco do aeroporto torcendo para que alguém o pegasse e o levasse para longe.
Ela foi direto para Round Top onde tinha conversado sobre o trabalho de faxineira em uma pequena pousada afastada. Lá não havia televisão e os aparelhos de celular não tinham sinal. Era mais um lugar de encontros amorosos furtivos. Ela foi bem recebida e assim que chegou se trocou e começou a faxina pesada. Parecia que tinha anos que a pousada não era limpa e ela trabalhou duro. Cerca de um dia inteiro, mas conseguiu ver o resultado de seu esforço. A pousada estava limpa e até cheirosa. O que tornou o ambiente mais agradável. O dono da hospedaria a fitava como se fosse sua neta e até tentou manter uma conversa com ela, mas sua frieza e indiferença acabou o afastando e fazendo desistir de fazer amizade. Ele não achava justo que uma moça com a beleza dela perdesse sua juventude num lugar como aquele que não daria um futuro para ela. Com a hospedagem limpa os clientes aumentaram e alguns passaram a frequentar assiduamente. Emma resolveu ajudar na cozinha, pois achava que os pratos servidos pelo dono da pensão ainda estavam deixando a desejar. E as pessoas gostaram da comida dela e mais frequentadores começaram a chegar. Em poucos meses o dono da pousada se viu obrigado a fazer mais quartos e acatou a ideia de Emma sobre como deviam ser feitos. O terreno em volta e atrás da pousada era enorme e Emma mandou que fizessem uma piscina e em volta vários brioches.
Mesmo após esse aumento a demanda aumentou e passaram a ter que recusar clientes. Mas Emma falou com ele sobre agendamento e o velho gostou. Teve que contratar mais gente e Emma passou a ser a gerente. Ela se vestia como seu cargo exigia, mas continuava ajudando em todas as tarefas. O dono da pensão começou a estimular ela a voltar para escola. Mas ela sabia que isso significava se registrar e ela não queria ser encontrada, mas para não desagradar o velho ela comprou alguns livros e começou a entender ainda mais de administração.
Sua vida agora tinha uma rotina definida que a deixava bem. Não tinha tempo para pensar em si mesma ou em quem deixou para trás. E ela gostava e precisava disso. Ou desabaria.
Mas a calmaria durou exatamente sete meses. Um dia um hóspede a ficou encarando demais. O que a levou a suspeitar dele. O dono da pensão comentou com ela que o homem que a fitava insistente era detetive e estava atrás de uma moça que se parecia muito com ela.
"Se você for essa moça... Se seu nome for Emma aconselho você a partir. Vai me fazer muita falta, mas seja lá do que esteja fugindo já te encontrou." O dono da pensão disse e entregou três mil dólares a ela. "Mande notícias se decidir partir."
Emma não disse nada. Foi até seu pequeno quarto e colocou suas roupas de volta na mala e pediu carona para um casal que estava saindo. Eles a deixaram no condado de Fayette onde ela pegou um ônibus e foi para o aeroporto. Decidiu que tinha que mudar de continente e foi para a Inglaterra.
Ela alugou um quarto em uma pensão em Londres e começou a tarefa de procurar emprego. Mas não tinha como comprovar sua experiencia e ninguém a aceitava. Viu vários empregos de babás, mas não olhava por muito tempo para eles. Crianças lhe fariam lembrar alguém que ela já havia esquecido e tirado de sua vida.
Ela ainda tinha dinheiro para se manter por algum tempo. Tinha gastado dos noventa mil dólares apenas três mil que foi reposto pelo dono da pousada. Ela colocou esse dinheiro em um banco ali de Londres e deixou em sua bolsa apenas o salário que recebeu nos meses em que trabalhou. Como ela não saia lá não tinha gastos e nem despesas. O dinheiro foi se acumulando e ela foi jogando o em sua bolsa.
Emma passou por uma banca de revistas e viu a palavra Chipre e isso a fez parar. Aquele nome lhe era familiar. Comprou a revista e viu os lugares lindos que haviam lá. E por alguma razão soube que precisava ir até lá. Foi até a pensão em que estava hospedada e pegou suas malas e foi para o aeroporto. De lá foi para Chipre.
Alguns meses antes...
Andrey foi para a sala de jantar e Elena chegou em seguida. Seu rosto estava inchado.
"Vou processar Emma. Ela não podia me machucar." Elena disse se sentando com dificuldade.
"Ela apenas se defendeu." Andrey retrucou tomando sua taça de vinho tranquilo.
"Ela é uma arma, Andrey. Como pode dormir tranquilo ao lado de alguém assim?"
"Ela é minha esposa Elena. Não posso impedir que ela faça o que quiser na casa dela. Não dei motivos para ela querer me matar, por isso não a temo."
"Ah! Você deu sim!" Elena disse e se serviu de vinho também. "Você roubou o filho dela. É uma pobre coitada e era a única coisa que ela tinha. O que você fez é bem pior do que o que eu fiz e esteja certo que ela só está esperando o melhor momento para se vingar de você."
"Ela não é assim. Emma age impulsivamente. Seria incapaz de premeditar algo. Se ela quisesse vingança já tinha me dado um chute entre as pernas a muito tempo."
"Sabe porque ela não fez isso? Porque a dor não seria suficiente. Vai por mim..."
Caio entrou correndo na sala de jantar e sentou ao lado de Andrey.
"Onde está mamãe?" Caio perguntou ignorando a presença de Elena.
"Não me viu aqui Caio? Onde estão seus modos?" Elena o repreendeu.
"Papai, você me prometeu que eu não ia ver essa mulher!" Caio disse e saiu correndo.
Andrey passou as mãos nervosamente pelo cabelo e respirou fundo antes de fitar Elena constrangido.
"Tinha me esquecido disso." Ele disse e se levantou. "Aproveite a refeição, Elena." Ele disse e foi atrás de Caio. As empregadas disseram que a babá o levou para brincar no parquinho da mansão e Andrey pediu que preparassem uma cesta de piquenique e levou até Caio.
Eles se sentaram e comeram os sanduiches enquanto conversavam. Elena ficou sozinha a mesa e dispensou a cozinheira. Não iria comer sozinha. Foi para a sala de estar e ficou a fumar e passando os canais da televisão com o controle.
Passaram se menos de duas horas e uma empregada foi até onde Andrey estava com Casio.
"Senhor... O senhor Richard está na sala e disse que tem algo urgente que precisa saber."
"Já disse para não o receber! Ele não é bem vindo aqui!"
"A senhora Elena achou que o senhor deveria ouvir o que ele tem a dizer..."
"Papai! Eu quero ver Richard! Eu gosto dele!"
Andrey fitou a empregada irritado.
"Limpe tudo aqui." Ele disse e levantou e estendeu a mão para Caio e foi para a sala de estar odiando Elena.
Quando entraram lá Richard estava sentado com uma das mãos na perna nua de Elena e Caio correu para seus braços. Ele correspondeu afetuosamente e Caio passou os quinze minutos seguintes contando tudo que acontecera para ele desde a última vez que se viram. Richard demonstrou interesse quando ele disse que tinha uma pasta com suas pinturas e ele quis ver. Quando Caio saiu correndo para buscar Elena fitou Andrey com olhar debochado.
"O que faz aqui Richard?" Andrey perguntou fingindo não perceber o olhar de Elena.
"Abandonei a busca. Sei que a mãe vai cuidar bem de nossa filha. Emma me ligou. Disse que você roubou Caio dela! Como ousou Andrey? Vou jogar um processo em cima de você que vai sair devendo favores para Emma! Vou deixar você falido!"
"Não diga bobagens! Emma é minha esposa e não creio que ela vá concordar com você. Sabe que não será fácil uma batalha comigo na justiça. Vai levar anos para que tomem uma decisão definitiva e até lá Caio poderá escolher com quem quer ficar."
"Primeiro vou encontrar Emma. E depois vou colocar você atrás das grades!"
"Ela não deve demorar para chegar." Andrey disse olhando o relógio tranquilo.
"Você é imbecil ou o que? Não ouviu que ela me ligou? Não tem nem uma hora que me disse que nunca mais veríamos ela." Richard disse e tirou seu celular do bolso e encontrando a mensagem a mostrou para Andrey.
Andrey olhou em dúvida. Qualquer pessoa poderia ter mandado aquela mensagem. Era uma amarga invenção ciumenta de Elena. Mas para acabar com qualquer mal-entendido devolveu o celular a Richard e ligou para o motorista. Ele estava parado na frente da loja em que ela entrou para fazer compras e cumprindo ordens de Andrey foi procurar ela dentro da loja e a moça disse que ela já havia ido embora. Andrey desligou o celular irado. Caio entrou nesse momento e mostrou a pasta para Richard que decidiu dar atenção ao menino. Estava sentindo falta dele. Andrey aproveitou a distração de Caio e foi para o escritório. Colocou sete detetives atrás de Emma e não demorou a descobrirem de que aeroporto ela saiu de Chicago para o Texas.
Richard juntou forças com Andrey para encontrar Emma com a promessa de Andrey de que a deixaria decidir com qual dos dois ficaria. Não dariam a ela a opção de ficar sozinha ou com outra pessoa. Andrey começou imediatamente a construção de uma casa em sua propriedade para manter Emma trancada sem o conhecimento de Richard e começou também a procurar um lugar em Iêmem e encontrou um palácio que o agradou muito e ficou a espera que a encontrassem. A prisão que ele mandou construir para ela ficou pronta e depois dos últimos detalhes acertados ele passou a dar atenção para seu palácio que adquiriu em Iêmem.
Caio perguntou pela mãe no princípio, mas depois com todas as atividades, escola, aula de natação e judô, ele foi esquecendo. Ele sentia muito prazer em todas essas atividades e não tinha muito tempo mais para reclamar a ausência da mãe. Andrey sempre lhe contava sobre a segunda guerra mundial que era a história favorita de Caio apesar de as vezes chorar ouvindo Andrey contando sobre coisas e detalhes que ocorreram.
Richard também se tornou mais participativo e Andrey permitiu que ele passasse três horas aos domingos com Caio.
Elena se tornou presente e acabou dividindo a cama com os dois. Andrey e Richard ficavam com ela ao mesmo tempo e nessas horas se tornavam os melhores amigos novamente. Eles se divertiam quando Elena não estava presente e faziam planos sobre como iriam usar ela e se divertiam quando faziam o que haviam combinado e se entreolhavam. Elena gostava de ficar com os dois. Eram ambos bons de cama, mas gostava mais do membro de Andrey.
Richard também fazia planos para manter Emma encarcerada se ela o escolhesse. Mandou que colocassem grade na janela de sua mansão e colocou uma porta de aço alertado por Andrey que pela força com que Emma usou em Elena era capaz de arrombar uma porta comum. Comprou roupas para ela e pensou em combinar com Andrey que a dividissem, pois era claro que Andrey tinha uma vantagem sobre ele. Ele tinha Caio.
Eles estavam almoçando com Elena entre eles. Ambos com suas mãos no corpo dela, aproveitando que Caio fora passar o dia na casa de um amiguinho quando tiveram a notícia que Emma estava no Texas. Andrey orientou o detetive para que dissesse ao dono da pousada que ela estava sendo perseguida e que deveria partir.
No dia seguinte tiveram a notícia que ela fora para Londres. Andrey e Richard estavam se preparando para ir atrás dela quando o detetive disse que ela estava em um avião para Chipre. Eles se entreolharam e foram direto para Chipre. Iriam encontrar com ela lá.
Emma visitou museus e o Templo Sagrado de Faneromenis e a Catedral de São João. Depois parou em um restaurante. A comida ali era muito agradável ao paladar. Ela estava gostando do lugar. Era como se ali fosse seu verdadeiro lar. Mas era tudo muito caro e ainda não tinha conseguido nem pensar em como trabalhar ali. É um lugar paradisíaco e ela estava distraída com a beleza. As praias de águas azuis e até mesmo as ruinas antigas eram algo que fazia bem aos seus olhos.
O homem que veio lhe servir a refeição parou com ar surpreso e com a testa franzida.
"Cytherea?"
"Não..." Emma respondeu estranhando que o homem a confundisse com alguém. "Quem é essa pessoa?"
"Você se parece muito com ela. Tem anos que não a vejo, mas você é a cópia fiel dela na sua idade..."
"Ela tinha filhos?" Emma perguntou se lembrando da imagem que teve de sua mãe em uma lembrança involuntária.
"Tinha uma menina... Elas passavam as férias aqui..."
Emma susteve a respiração. Talvez estivesse diante da pessoa que falaria sobre sua mãe e a ajudaria a encontrar suas lembranças perdidas.
"Será que eu poderia ser a filha dela? Perdi a memória alguns anos atrás e..."
"Ela se casou com um americano. Você pode ser filha dela sim. Isso explicaria sua semelhança."
"Por favor, me fale mais sobre ela... Tem uma foto?"
"Infelizmente não tenho. Eu amei Cytherea e minha esposa atual é muito ciumenta. Tive que lançar tudo que eu tinha sobre ela fora... Mas tem uma irmã dela passando as férias aqui..."
"Já terminou por aqui." A voz de Andrey encerrando a conversa fez o coração de Emma congelar.
O garçom olhou para ela e deu de ombros e saiu em seguida. Emma olhou para trás. Richard e Andrey a fitavam irritados. Eles se sentaram a mesa com ela e Emma perdeu o apetite. Os fitou indiferente e fria. Lembrou do dinheiro que roubara de Andrey e sentiu suas bochechas arderem.
"Já tirou sua folga Emma agora é hora de voltar para casa." Richard disse amistoso, mas Emma não se deixou enganar. Ele estava irritado.
"Sou maior de idade Richard. Não podem me obrigar a voltar. Sou livre..."
"Não é livre. Você é minha esposa!" Andrey disse furioso. "Se não sair sem escândalos daqui com a gente Caio vai sofrer um acidente."
Emma fitou Andrey surpresa por ele ameaçar a vida de seu filho. Ele estava blefando. E ela não cairia nessa. Viu o quanto Caio era importante para Andrey. Ela deu de ombros e começou a comer sua refeição sem dar atenção a eles.
"É melhor vir por bem Emma." Richard avisou.
"Elena não está os distraindo o suficiente? Como me encontraram?"
"Esqueça Elena. Você assinou um contrato e ainda não cumpriu sua parte. E quanto a te encontrar...Dinheiro é poder Emma. E nós temos muito." Andrey respondeu.
"Não vou com vocês. Não há nada que falem que vai me obrigar a sair daqui. Pensei que fossem inimigos... Mas já me enganei antes a respeito de vocês dois. São ótimos atores."
Andrey se levantou e Richard o imitou.
"Você vai embora com a gente Emma."
"Fique com Elena Andrey. Vocês dois são iguais. Ela servirá melhor a você..." Emma disse e se voltou para Richard. "Podem compartilhar ela. Não seria a primeira, não é mesmo? Pelo caráter dela sei que vai aceitar... E ainda mais, vai até gostar.
"Sua afasia sumiu. É um bom sinal." Andrey disse e já ia se retirando quando Emma falou com eles.
"Deviam experimentar o Stifado. É realmente divino!" Emma disse e ficou os observando sair do restaurante. Ela se levantou e saiu por trás onde haviam algumas escadarias que levavam para a hospedaria onde ela estava. Mas voltaria ali para saber mais sobre sua provável tia que estava de férias ali.
Ela descia a escadaria atrás do restaurante tranquila até ouvir passos apressados atrás de si. Olhou para trás e viu dois homens encapuzados cada vez mais próximos dela. Ela ainda tentou descer mais rápido tirando o salto que usava, mas eles eram mais rápidos. Ela tentou lutar quando a seguraram, mas sentiu uma agulhada no braço e sua visão escureceu e ela foi levada sem resistência.