Já era de manhã e Rengi estava andando até o quarto de Itaro, esperando que ele estivesse acordado e pronto para a missão. Enquanto caminhava pelos corredores longos e conduzidos de pedra, ele passa pelo salão de refeição, onde estavam Tamaky e Zattai.
— Bom dia! — cumprimenta Rengi, em tom seco, desbotado.
— Boom diiia! — Tamaky devolve o cumprimento, sempre com sua voz alegre e bem alta para os ouvidos enquanto acena com sua mão direita.
Zattai não cumprimenta Rengi, pois está muito ocupado comendo. Seguindo direto, ele chega na parte onde fica os dormitórios. Um complexo de cômodos subterrâneos, onde cada um tinha seu estilo próprio.
Indo até o último quarto, Rengi bate na porta e logo em seguida entra. Logo de cara ele já vê Itaro de pé na frente de seu espelho, colocando um longo casaco preto que cobria todo seu tronco e com mangas que velavam seus braços.
— Está pronto? — indaga Rengi, o olhando diretamente em seus olhos.
— Sim! — confirma ele, com confiança em sua resposta enquanto bate seus braços em cada perna e se mantém com sua postura reta.
— Então vamos.
Rengi se vira e Itaro o segue. Novamente eles passam pelo salão onde Tamaky e Zattai estavam, e Glade agora os esperava lá. Sinalizando-lhe, Glade se despede dos outros dois e corre em direção a Rengi.
— Espero que possamos nos divertir — falava ele, sorrindo para Itaro.
— Espero que tudo ocorra bem...
— Não se preocupe. Somos forte o bastante para sobreviver a masmorra.
Itaro passa a pensar positivo. Não era mentira o que Rengi havia dito, eles realmente eram capazes de sair vivos, afinal, eles estavam no nível dos Deuses.
Mesmo que inúmeras e incontáveis bestas habitassem a masmorra e o lado de fora dela, nenhuma ali séria capaz de deixar algum deles em estado crítico, nenhum deles teria dificuldade em passar e limpar tudo.
Saindo de sua base e sendo tocado pela luz do dia, eles caminham sobre a água. Não importa quantas vezes Itaro e Glade vissem a demonstração dos poderes de Rengi, sempre iria ser surpreendentemente incrível.
Rengi podia manipular a luz solar como ele quisesse, não apenas a luz solar, seu corpo em si era uma fonte de luz, assim ele não precisava de uma fonte para poder usar seus poderes, a partir dele mesmo ele podia criar tudo o que quiser.
Era exatamente o que fazia agora, criando uma ponte de luz quase invisível que começava atrás da parede de água e ia até o solo do outro lado do lago.
— Sério, acho que não importa quantas vezes eu veja, vai sempre ser incrível — falava Itaro, olhando admirado e encantado para Rengi.
— Ainda há muito para mostrar — respondia ele, levantando seu braço direito e abrindo a palma de sua mão.
Caminhando pela ponte, eles atravessam o lago e logo pisam no terreno da floresta que cercava toda a cachoeira e se estendi por quilômetros.
Rengi lança uma pequena orbe de luz no ar, e algo começa a se formar a partir dela. Em alguns segundos uma imensa ave de luz é criada. Batendo suas asas luminosas flamejantes, brilhante o suficiente para fazer Itaro e Glade tamparem seus olhos, e gritando como uma fênix ressurgindo.
Após alguns segundos, os dois voltam a abrir seus olhos, e os olhos de Itaro chegavam a brilhar ao ver a bela ave, era realmente linda, nunca na vida ele havia visto tal coisa como essa. Descendo e pousando sobre uma superfície luminosa criado por Rengi, ele sobe nela e logo em seguida chama os outros dois.
— Vamos. Ela não morde — ordena ele.
Itaro e Glade sobem só de ouvir a ordem de Rengi, e em seguida a ave bate suas asas e começa a subir até ficar acima das árvores na floresta. Rengi dá um pequeno toque nela e logo ela começa a voar rapidamente na direção por trás da cachoeira.
Subindo até chegar nas nuvens, ela parava um pouco e diminuía a velocidade, dando espaço para que Itaro pudesse aproveitar aquele momento. Ele tocava as nuvens com um brilho em seus olhos, e um sorriso exuberante se formava em seu rosto.
Glade e Rengi apenas observavam. Ele parecia até mesmo uma criança em um parque de diversões, todo feliz, sorridente e elétrico.A ave voltava a voar rápido e logo após descia, atravessando as nuvens.
Dando espaço agora para uma imensa montanha pontiaguda a frente deles, Itaro passa a observá-la.
— Então é aqui onde ela fica?
Itaro perguntava a Rengi, enquanto olhava atentamente para um grande buraco perfeitamente bem feito e circular, quase como se alguém tivesse feito ele daquela forma. Parecia como uma porta gigante e circular, quase como as entradas de um Coliseu.
Se aproximando mais, era possível ver, lá embaixo, várias bestas olhando para cima e tentando subir a montanha. Pousando bem na frente do buraco que parecia ser a entrada, os três descem da ave e em seguida ela é desfeita.
— A entrada é por aqui — dizia Rengi, andando e entrando.
Glade e Itaro iam logo atrás. No começo era bem iluminado, a luz do dia entrava e iluminava o começo, mas ao caminhar 100 metros para dentro, logo surgia a escuridão. Rengi cria uma esfera de luz muito parecida com o sol. De cor amarelo-queimado com formas diferentes ao ser redor, e gerando um calor ainda maior no local.
— Esse calor é normal? — pergunta Itaro, passando a mão em seu rosto limpando as gotas de suor.
— Acabei de criar um mini sol, porém com energia e aspectos diferentes do original. Temos sorte por estar apenas essa fraca temperatura.
Rengi responde Itaro enquanto continua andando, com seu mini sol tomando liderança em sua frente e iluminando todo o local. Após andarem por 34 minutos. Eles encontram escadas que levariam para o fundo da montanha.
— Acredita que a relíquia está na última camada?
Glade pergunta enquanto desce as escadas e olha para os lados.
— Não tenho essa informação, teremos que olhar camada por camada.
Rengi apenas o responde normalmente enquanto continua descendo. Chegando até uma porta grande de madeira com um risco no centro dela, os três param e ficando na frente dela olhando e esperando algo para entrarem.
— Então... entraremos? — pergunta Itaro, se aproximando da porta e erguendo seu braço direito.
— Quer fazer as honras?
Itaro vira seu olhar para Rengi, que acabava de permitir que ele abrisse a porta da primeira camada da masmorra. Sorrindo confiante, ele empurra com apenas sua mão direita a porta e lentamente ela se abre, dando lhes a visão e inúmeras bestas selvagens.
Bestas parecidas com lobos. Seus pelos eram tão escuros que até mesmo a escuridão que foi iluminada pelo sol criado por Rengi nem chegava perto de ser tão escuro e profundo. Seus dentes afiados de cor branco e amarelados, a água que escorria pelas suas bocas, seus olhos vermelhos brilhantes que trazia uma expressão de morte e fome, a mesma fome de quem está a anos sem comer nada.
— Acho que a diversão está para começar!
Glade sorria e abria seus braços, enquanto inúmeras espadas surgiam atrás de si. O mais incrível, é que não eram apenas espadas de ferro, espadas elementares também eram criadas. Espadas feitas inteiramente por fogo, água, terra, ar, raio, ácido.
— Tentem, aguentar!
Glade gritava enquanto lançava suas espadas com o balançar de seus braços. As bestas que corriam na direção deles, logo eram perfuradas pelas espadas e morriam em alguns segundos. Algumas queimavam até não sobrar nada, outras eram derretidas pelo ácido e gritavam horrorosamente nos últimos segundos antes de sumir. Algumas congelavam ao serem tocadas pelas espadas de gelo. Mesmo Glade matando várias bestas sem nem mesmo sair do local, a quantidade delas era grande demais.
— Pode parar de brincar, Glade — ordena Rengi.
Glade vira sua cabeça para olhar seu líder, e ele o olhava fundo em seus olhos, fazendo ele entender que aquilo era de fato uma ordem.
— Tudo bem.
Glade se vira para as bestas novamente e engole seco.
— Acho melhor fugirem para outra camada, nenhuma de vocês sobreviverão.
Apontando suas mãos para cima, a mais de 14 metros acima deles, Glade cria mais de 5 mil espadas, mais que o suficiente para acabar com todas as bestas ainda restante.
Abaixando suas mãos, todas as espadas caem simultaneamente e perfuram cada besta. Seus gritos ecoavam por toda a sala ao serem perfuradas e morrerem segundos depois.
— Acho que será fácil afinal.
— Não subestime a masmorra só por conta da primeira camada, fique esperto, Itaro — responde Glade, caminhando até a porta que ficava do outro lado.
Rengi começa a andar e chama Itaro também. Enquanto Glade matava cada besta, Rengi verificou se a relíquia estava naquela camada, e como esperado, não estava.
— Vamos continuar, ela não está aqui.
Rengi abre a porta e mais escadas aparecem, circulares e no sentido de descer.
— Bem, vai ser um longo caminho... — Itaro fala ao ver mais escadas, enquanto olha Rengi já descendo.
Descendo por aproximadamente 39 minutos, eles chegam até o fim das escadas e vêm novamente mais uma porta, agora com dois riscos entalhados nela.
— Segundo round? Vamos vê o que a masmorra traz para nós agora!
Glade cria espadas atrás de si antes mesmo de abrirem a porta, e agora Itaro cobria todo seu corpo com raios negros, até seus olhos eram energizados pelos raios.