Amir não conseguia deixar de olhar para Xo Bou parada na sua frente com seus cabelos negros apenas tampando os seios, enquanto Xo Bou não conseguia deixar de pensar no que iria vir a seguir.
O que ela deveria fazer? Dar um passo à frente e o encontrar no caminho? Ou deixar que ele apenas a seguisse? A tomasse nos braços e fizesse o que era para ser feito? Ela não sabia, mas bem lá no fundo do seu ser algo queimava como as chamas que habitavam os confins da Reino de Umlilo.
Os dois ficaram parados um na frente do outro por algum tempo sem verem nada ao redor, tudo se resumia aquele momento... Amir sentia algo bem lá no fundo criando raízes, enquanto olhava para os olhos dourados da Princesa, seus olhos pareciam pedras de ouro reluzentes que Amir encontrara, e sem pensar e hipnotizado pela coloração que aqueles olhos adquiriam ele deu um passo à frente, fazendo com que Xo Bou apenas ofegasse.
Ela sabia o que estava por vir, já tinha ouvido histórias por detrás de portas nos Salões da Corte, ele a tomaria em seus braços, a beijaria, a faria arder em brasa enquanto a mesma soltaria um gemido, deslizaria as mãos pelas suas curvas enquanto a mesma estremeceria em êxtase.
E sem pensar ela deu um passo à frente, seu corpo queria que Amir a tocasse, a tomasse sem medo de que pudesse a quebrar, e com esse pensamento em mente ela deu outro passo à frente, fazendo com que Amir também desse... A água ao redor deles deslizava por seus corpos como mãos que ansiavam por eles, mas eles não ligavam, só queria um ao outro.
Mas antes mesmo que Amir pudesse tocá-la alguém bateu na porta, os fazendo sair do transe que se entravam, olhando um para o outro Amir e Xo Bou viram que seus corpos nus estavam quase se tocando, se conhecendo e apreciando a maciez um do outro.
Amir sem pensar dá um passo para trás com os olhos arregalados pelo fato de que ele iria fazer Xo Bou sua mulher naquele banheiro, e sem pensar ele apenas se virou para poder fugir da tentação que era ela com seus cabelos negros cobrindo apenas seus seios, e fazendo com que sua imaginação a desenhasse como uma das Ninfas que ele tanto ouvia sua mãe falar, com seus longos cabelos coloridos tampando apenas a nudez delas enquanto elas brincavam na floresta entre risos e caminhadas.
— Xo Bou, você está ai? — Eles ouviram alguém perguntar, fazendo com que se olhassem por um breve momento.
— Sim, o que foi, Lótus? — Xo Bou pergunta enquanto desliza pela água com leves braçadas até as escadas que ficava no centro da piscina e começa a subir a mesma.
Amir então olha para ela e sente seu rosto ficar vermelho, ele apenas se vira outra vez e passa a observar o azulejo que decorava a parede daquele imenso banheiro.
— A Rainha pediu para que você fosse vê-a! — Lótus fala.
Ao ouvir aquelas palavras Xo Bou apenas franze a testa, porque ela sabe que a Rainha não gosta dela. Ela sabia que se a Rainha tivesse uma chance teria pedido que sua cabeça fosse colocada numa estaca em praça pública.
— Tome cuidado com aquela mulher! — Xo Bou ouviu uma voz masculina lhe sussurrar perto do ouvido, a fazendo ter leves calafrios de prazer enquanto sentia suas costas queimarem.
Ela então apenas sorri, e com seu melhor sorriso se vira para dar de cara com Amir parado atrás dela, com os braços cruzados e os olhos negros como uma tempestade.
— Não se preocupe, sei lidar melhor com as cobras do que com tubarões! — Xo Bou diz enquanto se vira para pegar o vestido branco como a neve que estava estendido num canto.
Ela apenas para na frente do vestido e suspira, aquele vestido era um presente que seu pai humano queria dar para ela quando tivesse idade suficiente para enfrentar uma Corte, que não aceitaria uma mulher governar em vez de um homem, passando a mão direita em cima Xo Bou pode ver que ele era todo trabalhado com pequenos desenhos vermelhos de pétalas que deslizavam na brancura do vestido, que lhe caía como se fosse parte dela.
— É um bonito vestido! — Amir fala enquanto se encosta na parede, com os braços cruzados enquanto observa ela se vestir.
— É um vestido para enfrentar um inimigo! — Xo Bou fala enquanto retira seus cabelos negros de dentro do vestido.
E era mesmo, ela conseguia sentir isso, a força que ela começara a sentir deslizava pelo seu sangue, e ao se virar Amir viu uma Rainha parada ali na frente dele, seus olhos dourados pareciam brilhar e sua face adquiria o tom meio que rosado como um botão de rosa.
Xo Bou então sorri para ele e se vira indo até a porta.
Era agora ou nunca, Xo Bou iria ficar cara a cara com a Rainha pela segunda vez desde que chegara a quase 3 semanas, era aquela hora para colocar o outro plano em prática, ela precisava saber a verdade sobre a morte da Antiga Rainha, e se deixar ela também queria saber a verdade por detrás da morte do Rei.
E com um sorriso Xo Bou abriu a porta, dando de cara com Lótus e Bu Bu paradas na frente da porta.
— Vamos! — Xo Bou fala para sua irmã sem antes olhar para Bu Bu, que tinha nos olhos uma preocupação que não passou despercebida por Xo Bou, que apenas dá de ombros enquanto sai pelo corredor acompanhada apenas por sua pequena e doce irmã.
Amir assim que Xo Bou saiu pela porta apenas liberou o ar que prendia em seus pulmões, enquanto socava a parede com as imagens dela nua em sua mente criando raízes e se fortalecendo.
— Amir? — Ele ouviu alguém o chamar enquanto socava a parede com a fúria de um homem que não conseguia derrotar o inimigo declarado.
Ele apenas continua a socar a parede, sua mente parecia se concentrar apenas na jovem Princesa de olhos dourados, que com sua dança o tinha nas mãos, mas Amir não queria que uma mulher o tivesse nas mãos, se alguém tinha que estar em cima de uma mão não era ele e sim uma mulher, as mulheres eram apenas objetos, e Amir via isso quando seu pai deixava sua mãe em seu quarto apenas para ir ao harém escolher uma entre as suas concubinas que passaria a noite com ele, mas Amir não era como seu pai... Ele não conseguia ficar indiferente a uma situação onde uma mulher estivesse sendo humilhada... Mas Amir se sentia como uma pessoa inferior quando estava perto da Xo Bou, como se seus atos lhe fossem um tapa na sua cara, ele conseguia ver a força da natureza naquela Princesa, assim como também conseguia ver a fúria da noite em seus olhos dourados.
E sem pensar ele continuou a socar a parede até que sua mão sangrasse e sua fúria fosse amenizada, mas nem socando uma parede ele conseguia esquecer aquela jovem Princesa... Ela parecia estar em seu sangue dançando.
— Amir, pare com isso pelo amor dos Deuses! — Ele ouviu sua irmã gritar enquanto lhe tocava o ombro com a mão delicada para uma guerreira.
— Sai, Bu Bu! — Amir diz retirando a mão de Bu Bu de cima de si.
Sua fúria estava deslizando pelo seu sangue enquanto o sangue deslizava por sua mão, pingando em direção ao chão como pequenos cristais vermelhos que espatifavam ao caírem.
Bu Bu apenas foi jogada para trás enquanto tropeçava nos próprios pés, ela ainda não conseguia acreditar que seu irmão estava assim por causa de uma mulher, mas antes mesmo de poder pensar, ela tropeçara num dos seus pés e sentiu seu corpo deslizar para trás, e como em câmera lenta ela viu suas costas baterem em algo solido e quente, enquanto mãos grandes e calejadas lhe seguravam pelos ombros.
— Não adianta nada ficar ai descontando sua raiva contra a parede, Príncipe Amir! — Uma voz máscula disse atrás de Bu Bu, que se sentira como se estivesse protegida, mas antes mesmo que aquele sentimento pudesse criar raízes, algo como lodo deslizou pela terra em direção a si e Bu Bu apenas se afastou do homem com os olhos arregalados de medo, e algo mais, algo mais doloroso e perverso.
— Quem é você para me dizer o que fazer? — Amir perguntou enquanto socava a parede mais uma vez, deixando o que restou dos azulejos vermelhos de sangue e se virava para o homem.
Sem ligar para os olhos negros banhados de raiva e fúria o jovem apenas sorriu de lado, e esse sorriso lembro Amir de Xo Bou, aquele sorriso de quem sabe demais e usa as armas que tem para conseguir o que quer. A fúria se apoderou de Amir quando se deu conta de que apenas um sorriso de lado o lembraria sempre daquela Princesa dos olhos dourados.
— Sou apenas um amigo! — O jovem fala com os olhos vermelhos o encarando enquanto sorri.
Amir apenas o olha, fica parado o olhando como se tentasse adivinhar algo que estava fora de suas vistas, enquanto o sangue deslizava pela sua mão em direção ao chão. Mas quanto mais ele olhava para aquele jovem, mais ele se sentia tentado a quebrar tudo.
Xo Bou estava andando pelo corredor acompanhada por sua irmã enquanto seus pensamentos estavam centrados em um certo homem que se encontrava ocupando sua mente como um parasita, ela sabia que o que estava sentindo por aquele homem não era amor, mas sim luxúria, uma luxúria forte e a ganância de ter o trono para si, com um suspiro Xo Bou se pôs a pensar numa velha história que ouvira sua mãe lhe contar quando criança...
Existia há muito tempo atrás duas mulheres, muitos diziam que eram as primeiras mulheres perfeitas que já existiram, cada uma tinha uma missão para realizar, seus nomes eram Ganância e Luxúria, duas poderosas e mortais mulheres que muitos homens almejaram para si sem saber do que elas eram capazes de fazer, e quando conseguiram, viram que elas eram mais fortes do que eles todos juntos, a Ganância tinha a força do desejo pelo poder, enquanto a Luxúria tinha a força do desejo mais obscuro do ser humano. E temendo que aquelas poderosas e temidas mulheres lhes tomassem o poder eles se uniram para as enviarem para a Montanha da Redenção, onde dizem que vivem em meio a uma luxuosa e tenebrosa prisão... Mas Xo Bou não acreditava naquela história, porque para ela a Luxúria e a Ganância estavam enraizadas tanto nos seres humanos como nos imortais, foram as armas que muitos usaram para acabar com um inimigo.
E ela tinha dentro de si enraizada e querendo brotar uma Ganância que talvez fosse a sua ruína, quando fora chamada para vir a Corte no Reino Mortal Xo Bou não esperava que tivesse que seduzir um homem para poder viver, ela apenas esperava que tivesse que o orientar em direção ao trono... Mas então ela descobriu que se quisesse viver, o trono ela teria que ter.
— Xo Bou? — Ela ouviu alguém lhe chamar, mas sua mente estava vagando entre os labirintos que se encontravam em seu cérebro. — Xo Bou? Pelo amor dos Deuses fale comigo!
Lótus tinha parado no momento em que viu que sua irmã não a estava acompanhando, ao se virar ela viu sua irmã parada com os olhos distantes, como se estivesse pensando em algo que estaria a milhas e milhas de distância. Lótus então se colocou ao lado dela e passou a chamá-la, mas Xo Bou ainda estava vagando pelo seu próprio labirinto, tentado encontrar respostas para as perguntas que surgiam em sua mente.
— Xo Bou! — Lótus vendo que não teria escolha grita, a fazendo dar um pulo enquanto a olhava.
As duas ficaram paradas ali, se olhando enquanto que ao redor das duas o vento levava embora as pequenas pétalas de Sakura, o vento sussurrava ao redor das duas enquanto os olhos vagavam pelo rosto uma da outra.
— Lótus, o que foi? — Xo Bou disse enquanto se colocava a andar pelo corredor deserto daquele Palácio.
— Você parecia perdida em seus próprios pensamentos!
— Eu estava apenas pensando no que a Rainha poderia querer com a minha presença! — Xo Bou fala enquanto pensa no que aquela mulher poderia querer com ela.
A Rainha era do tipo de mulher que Xo Bou lidava todos os dias na Corte, sua ganância estava explícita em seus olhos, enquanto em seus sorrisos distribuídos para os seus súditos tinham ameças veladas contra aqueles que se voltavam contra ela.
— Eu não sei, mas ela estava muito quieta até um tempo atrás... Parecia não se preocupar conosco como os outros! — Lótus diz enquanto Xo Bou pensa nas suas palavras.
Era verdade, a Rainha parecia não vê-las como inimigas declaradas como os outros, que ainda achavam que era o povo delas que matara o rei apenas para que uma nova guerra desse início, o que era engraçado para Xo Bou, já que os imortais não perderiam tempo e estratégicas com uma guerra sem fundamento, sendo que eles tinham uma ocorrendo entre os corredores do Castelo de Kon.
— Temos que ficar de olho naquela mulher, ela é traiçoeira e venenosa! — Xo Bou diz com os olhos dourados olhando para frente pronta para enfrentar aquela Rainha.
Assim que viraram num corredor, se podia ver o luxo do mesmo, todo decorado de vermelho como se aquela pudesse ocultar o sangue que uma vez fora derramado naqueles corredores, os vasos de porcelanas decoradas com desenhos delicados e o pequeno candelabro que fazia sombras contra a parede.
— Verdade, mas quem tem que tomar mais cuidado é você, Xo Bou! — Lótus diz enquanto já conseguem ver uma porta toda de madeira decorado com pequenos ornamentos em dourado, e na frente da mesma dois guardas com as lanças ao lado do corpo e a espada na cintura prontos para proteger a mulher que estava do outro lado da porta.
— Eu sei! — Xo Bou fala enquanto ergue um pouco a calda do vestido branco, para que ele não se arraste pelo chão.
— Você pode ser imortal, mas tem pontos fracos! — Lótus diz.
Sim, ela sabia que sua irmã estava certa, assim como todo ser humano ela também tinha seus pontos fracos, a sua ruína... E pensando em camuflar os seus pontos fracos Xo Bou ergueu a cabeça, deixando claro sua superioridade e com passos firmes e determinados fora em direção aqueles dois homens que cuidavam da porta. Os dois homens apenas a olhavam com os olhos maravilhados pela beleza daquela mulher, que com seus olhos dourados era uma mulher exótica.
— Estou aqui para ver a Rainha! — Xo Bou fala enquanto para na frente dos mesmo, sua face aristocrática deixava claro a sua determinação.
— A Rainha está ocupada! — Um dos guarda diz enquanto a olha.
Suspirado Xo Bou apenas dá um passo à frente e tenta abri a porta, mas os mesmo se colocam na frente dela com seus corpos musculosos a impedindo de tocar na porta.
— A Rainha me chamou! — Xo Bou diz tentando conter a fúria que se apodera de si.
Então era isso, aquela mulher queria humilha-la na frente de seus soldados? Fazendo com que ela fosse chamada ali apenas para pará-la de entrar naquele salão, onde com certeza ela estaria sorrindo por saber que a mesma fora barrada? Xo Bou então apenas deu um passo a traz com um sorriso no rosto.
— Tudo bem, não precisam.... Volto outra hora! — Com esse mesmo sorriso ela se vira para dar de cara com um senhor com barba grisalha, enquanto a observa como se ela fosse algo muito interessante.
— Princesa! — O homem diz enquanto se curva com o punho contra o coração na frente dela a fazendo franzi a testa.
— Pelo que estou vendo o senhor me conhece, mas eu não conheço o senhor! — Xo Bou diz enquanto apenas acena com a cabeça para ele, que dá um sorriso doce para aquela jovem Princesa.
— Ora essa, Princesa, quem não conhece a filha da Rainha Vermelha com o Rei Do Reino de Asūla? — O homem pergunta com uma risada, enquanto Xo Bou apenas fica parada o olhando.
— Hummm... Já que o senhor me conhece, o que acha de se apresentar para mim? — Xo Bou pergunta com um sorriso doce, capaz de iluminar tudo ao seu redor.
O homem apenas a olha fazendo com que Xo Bou ficasse envergonhada.
— Oh, mil desculpas, Princesa, me chamo Shahrokh! — O homem diz, mas então ele percebe que se encontram parados na frente da porta do Salão do Trono — Mas o que a Princesa veio fazer aqui?
— A Rainha me chamou, mas parece que esses jovens soldados não sabem disso!
— Ora essa... Ela é a Princesa do Reino Imortal, então as portas dos Salões no Reino mortal devem ficar abertas para ela! — Shahrokh diz enquanto com o olhar duro olha para os soldados, que se encontravam na frente da porta, os mesmos engolem em seco enquanto dão um passo para o lado deixando a porta livre.
— Pode entrar, Princesa! — Os soldados dizem enquanto Xo Bou apenas sorri para os mesmos, e com o queixo erguido empurra a porta e entra no salão onde uma Rainha que antes sorria se encontrava agora com os olhos arregalados.
— Quem deixou você entrar? — A Rainha pergunta se erguendo de seu trono, fazendo com que o pequeno castiçal que ficava ao lado do mesmo caísse e se quebrasse.
— Mas, Rainha, a senhora me chamou! — Xo Bou fala com um sorriso nos lábios enquanto que a Rainha apenas a olha com os olhos semicerrados.
Se a Rainha queria jogar, Xo Bou também iria jogar. Aquele era um jogo onde duas mulheres se colocavam frente a frente para ver qual seria a mais hipócrita a ponto de fingir um sorriso, enquanto que por dentro estava planejando maneiras e atos para acabar com a outra.
— Ah, é verdade! — A Rainha diz com uma voz de alguém que levou um leve susto por causa do esquecimento. — Me desculpe, eu estava tão centrada nos problemas do Reino que me esqueci que tinha lhe chamado.
— Tudo bem, Rainha! — Xo Bou apenas diz enquanto se dirigi até uma cadeira que tem num canto perto do trono e se senta, enquanto a Rainha apenas a observa.
A Rainha queria saber qual seria a próxima jogada daquela pequena Princesa, aquele jogo estava tomando um rumo totalmente diferente do que a Rainha esperava.
— Mas, Rainha, o que a senhora deseja com a minha pessoa? — Xo Bou pergunta enquanto cruza as mãos em cima do colo e olha para a Rainha, que apenas dá um sorriso e logo depois estala o dedo fazendo com que uma jovem bem vestida lhe traga numa bandeja de prata com dois cálices de ouro.
— Ah, apenas queria conversa com a Princesa do Reino Imortal! — A Rainha diz enquanto a jovem se ajoelha do seu lado e ergue a bandeja na sua direção.
— Ora essa, Rainha, acredito eu que você não me chamaria apenas para conversar! — Xo Bou diz enquanto a jovem se ergue depois que a Rainha pegou seu cálice e ia em direção da mesma, que ao ver que a jovem ia lhe oferecer o cálice apenas ergue a mão a dispensando.
— Pelo que estou vendo você é bem esperta! — A Rainha diz logo depois de ter bebido um gole do líquido que estava no seu cálice e com um sorriso diz: — Eu quero apenas lhe dar uns conselhos de mulher para mulher!
Xo Bou apenas a olha com um olhar vago enquanto que a Rainha ainda mantém o sorriso nos lábios. Para que falar sobre conselhos? Ainda mais se são conselhos de mulher para mulher? Xo Bou apenas pensa se aquela Rainha tem algo em mente envolvendo estes tais conselhos.
— Conselhos? Rainha, pensei que tivesse me chamado para alguma coisa mais urgente do que conselhos! — Xo Bou fala enquanto com a mão esquerda retira uma fina mecha de cabelo que lhe cai nos olhos.
A Rainha apenas leva o cálice aos lábios, enquanto que por detrás do cálice esconde um sorriso que teria deixando a jovem Princesa tensa, mas a jovem ali na frente da Rainha não era uma Princesa qualquer, mas sim, uma que tinha estado numa Corte muito jovem e aprendeu a lidar com ela e algumas vezes a usar a seu favor.
— Sim, Princesa, preciso lhe dar uns conselhos! — A Rainha fala enquanto limpa o pequeno filete de líquido avermelhado que desliza do seus lábios.
— Rainha, acredito eu que não preciso de conselhos femininos! — Xo Bou diz enquanto a Rainha apenas dá uma leve risada levando a manga longa de seu vestido azul aos lábios, para poder tampar a risada que desliza de seus lábios.
— Ora essa, Princesa Xo Bou, só estamos nos duas aqui e sei que você anda cercando o Príncipe Amir! — A Rainha fala enquanto leva outra vez o cálice aos lábios, enquanto com a outra mão mantém a cabeça inclinada para o lado, a olhando com os olhos analíticos .
Xo Bou sente o corpo ficar tenso, mas rapidamente disfarça, sua cabeça tenta encontrar uma forma para poder fugir daquela situação que estava fugindo do controle, se a Rainha já conseguia ver aquilo, então e os outros, o que eles veriam? Será que eles viam uma mulher que só quer um pedaço de um trono? Ou uma jovem tolamente apaixonada?
— Não sei do que a Senhora está falando, Rainha! — Xo Bou se faz de desentendida enquanto com a mão direita amassa uma parte do vestido.
Ela não sabe como agir nesse momento e nem como se comportar com aqueles olhos seguindo todos os seus gestos, até de uma simples brecha para poder lhe apunhalá-la.
Ela tenta pensar numa estratégia que pudesse lhe livrar daquela mulher sem ter que manchar as mãos, mas as duas sabiam que se quisessem se livrar uma da outra, teriam que sujar as mãos antes mesmo de poderem comemorar.
— Não precisa se fazer de desentendida, Princesa, somos ambas mulheres com seus desejos e eu posso lhe dar uns conselhos! — A Rainha fala com os olhos negros cravados em Xo Bou, que apenas a observa.
— Que tipo de conselhos a Senhora, Rainha, teria para me dar? — Xo Bou vendo que não teria como escapar decide então participar daquele jogo, porque não jogá-lo se ela estava disposta a dar uns conselhos para uma jovem que nada sabe sobre a luxúria e o amor?
— Xo Bou, os conselhos que vou lhe dar são para o seu próprio bem, eu não iria querer que uma jovem como você se machucasse no meio dessa disputa de poder! — A Rainha fala enquanto se levanta de seu trono e caminha até Xo Bou, que prende a respiração.
A Rainha sabia o que ela tinha indo fazer lá, esse era o pensamento da Princesa enquanto ela via a Rainha caminhar em sua direção com um sorriso... E aquele sorriso era um sorriso que Xo Bou conhecia bem, ela tinha o visto tantas vezes na vida que já sabia como ele era de cor, a ponto de perceber que a Rainha não estava ali preocupada com ela, mas sim, consigo mesma.
— Há anos vejo o Príncipe Amir frio como a neve e sozinho pelos corredores desse palácio. — Ela diz com o olhar vago, como se ela se preocupasse com o Príncipe, mas Xo Bou conseguia ver lá no fundo uma chama de felicidade por causa daquilo. — Mais aí você apareceu e tudo que vejo é o Príncipe Amir como um aninal enjaulado... Enjaulado por suas mãos! — A Rainha diz olhando para as mãos dela enquanto ela olha para a Rainha com os olhos em brasa.
— Não fale o que não sabe, Rainha! — Xo Bou diz se erguendo da cadeira tão bruscamente que a atira para trás, tamanha era a sua raiva, mas a Rainha apenas a olha e logo depois sorri para a jovem Princesa.
— Tome cuidado com esse sentimento que está criando raízes dentro de você, Princesa... Porque depois pode ser tarde demais para consertar seus erros! — A Rainha diz dando as costas para Xo Bou, que apenas fica a olhando andar em direção ao trono.
— E a senhora, Rainha, devia ter cuidado com as próprias mãos que se encontram manchadas de sangue! — Xo Bou diz enquanto dá um passo à frente, fazendo com que a Rainha se vire tão depressa, que atira o cálice que estava em sua mão esquerda longe, que bate na parede derramando o seu líquido pela mesma.
— O que quer dizer com isso, Princesa? — A Rainha pergunta enquanto dá um passo à frente com seus olhos faiscando ódio contido.
— Que o sangue em suas mãos vão ser sua ruína! — Xo Bou diz enquanto se vira e vai até a porta onde os guardas já abriam a mesma, como se sempre soubessem quando alguém sairia daquela sala.
Assim que Xo Bou passou pela porta a Rainha apenas estala o dedo, fazendo com que uma jovem apareça ao seu lado com uma bandeja, que em cima se encontrava um cálice que a mesma pega antes mesmo de que a jovem possa se ajoelhar e o atira contra a parede, fazendo o líquido vermelho escorrer pela mesma enquanto grita.
Os corredores daquele palácio de gelo sempre foram frios e sombrios, mas naquele dia Xing os via como uma prisão... As grades que impediam que os gritos de dor ecoassem pelo mundo a fora, e impedindo Xing de ver o mundo.
Por treze anos Xing só vira o Reino Mortal uma vez e essa vez foi apenas num funeral.
Suspirando, Xing começa a andar pelo corredor de gelo como se nada a abalasse, como se fosse indestrutível, mas por dentro ela estava pronta para ser destruída, ela sabia que a qualquer momento uma nuvem negra carregada com segredos viria até aquele castelo para mostrar a verdadeira face de muitas pessoas, e seus verdadeiros corações.
Ela então passa a olhar para frente com seus olhos da cor da Lua a observar tudo, pronta para atacar quem lhe atacasse, mas ela para no meio daquele corredor de gelo com os olhos arregalados olhando para o homem que estava parado na sua frente com um sorriso perverso no rosto.
— Wang Wu? — Xing pergunta ainda de olhos arregalados.
Ela não conseguia acreditar no que estava vendo, sua face pálida e seus olhos da cor da lua se encontravam a tentar camuflar um sentimento que se encontrava nas profundezas de seu ser, mas quanto mais ela olhava para o homem ali na sua frente, ela não conseguia acreditar no que via, ela queria que fosse uma miragem, algo feito pela sua memória até então esquecida, mas ali estava ele.
Parado na frente dela, com seus cabelos negros presos num rabo de cavalo, em seu rosto belo e aristocrático um sorriso perverso, e em seus olhos verdes um sentimento que Xing esperava que não chegasse até ela.
— Como vai, minha mais bela Rainha! — O homem diz enquanto se curva para frente e depois se põe a andar em direção a Xing, que apenas dá um passo para trás com medo do que ele poderia fazer.
— O que você está fazendo aqui? — Xing pergunta enquanto o observa.
— Vim representar o Rei na reunião que terá hoje! — O homem diz ao lado dela e ergue a mão fazendo com que Xing feche os olhos e prenda a respiração, mas o que ele faz é apenas colocar a palma da mão contra o ombro nu de Xing e se inclinar na direção dela e sussurrar: — Talvez devesse dar um aviso a Princesa, que se ela não agir logo a vida de muitos será perdida!
Xing apenas abre os olhos e se vira para dar de cara com as costas do jovem homem que caminha na direção contrária com as mãos nos bolsos.
— O que você quer dizer com isso? — Xing pergunta.
— Apenas a verdade, a uma nuvem negra vindo em direção a este castelo, mas antes ela fará um estrago num Reino não muito longe daqui!
Xing apenas fica parada no meio do corredor com os olhos da cor da Lua o observando se afastar. Ela não consegue acreditar que Wang Xu esteja ali perto dela, depois de tanto tempo...
Mas ela sabe que ele não viria ali apenas por ela. Ela, a mulher que o quebrou e fez dele aquele homem frio e calculista que se encontrava a caminhar por aquele corredor para longe dela.
— Não é melhor ir atrás dele? — Xing ouve uma voz feminina lhe dizer atrás de si.
Engolindo em seco e colocando a máscara de Rainha, Xing se vira para dar de cara com Cixi parada encostada na parede com os braços cruzados na altura dos seios, enquanto em seus lábios rosados se encontravam um sorriso cruel.
— Porque eu deveria ir atrás de um homem que me odeia? — Xing pergunta com um sorriso nos lábios e caminha em direção a Cixi, que se afasta da parede.
— Porque você o quer... E ele pode ser o único que a salvará no final! — Cixi fala e com um sorriso mostra para Xing que ela seria a única a sobreviver no final.
Sempre seria assim, o bem vence o mau, a Rainha boa vence a Rainha Má. Ela sabia que era verdade, mas diferente do que seria normal, ali não tinha nem Rainha Boa e nem Rainha Má.
As duas eram a união das duas coisas, elas eram a união do bem e do mal, da bondade e a ganância.
— Mas nós duas sabemos que nenhuma de nós é boa o bastante para viver! — Xing diz dando um passo e parando na frente de Cixi, que apenas a olha com os olhos em fenda.
— Mas no fim eu irei viver, lembre-se sempre... Eu sou a boa e você a má! — Cixi diz enquanto se inclina na direção de Xing.
Era verdade, Cixi era a boa e Xing a má.
Mas o que Cixi não sabia era que ela também podia ser boa, mas da sua maneira, e isso era algo que nem mesmo a Imperatriz do Reino Imortal poderia evitar.
— Você tem sangue nas mãos assim como eu... E o sangue que está nas suas mãos é inocente! — Xing diz enquanto se vira e sai dali, deixando uma Rainha para trás.
O coração é apenas um órgão!
Era esse o pensamento que rondava a mente de Amir, o coração era apenas um órgão que bombeava sangue para todos os outros órgãos e não algo sobrenatural, então porque ele sentia como se seu coração estivesse rachando, deixando que o seu verdadeiro coração fosse libertado?
Ele sentia como se aquelas amaras que antes se encontravam presas em seu coração se soltassem uma a uma, mas o que ele queria é um coração de pedra para não sentir nada por aquela jovem Princesa, que naquele momento vinha na sua direção com os olhos em chama e pronta para atacar quem aparecesse na sua frente.
— Pelo que estou vendo Xo Bou foi provocada! — Ele ouviu alguém falar do seu lado e virou o rosto para ver o jovem homem parado do seu lado com um sorriso nos lábios, enquanto observava a jovem Princesa caminhar na direção deles.
Xo Bou estava furiosa, como aquela rainha ousa falar que ela estava começando a amar Amir. Não... Não, ela não estava amando Amir, não aquele homem frio e calculista que com ela se tornava como uma chama em meio a todo gelo que existia dentro dele.
Ela não queria acreditar nisso.
Ela não podia amá-lo, ela apenas precisava do trono.
Precisava apenas viver.... Essa era a sua missão.
Bufando ela caminha em direção a Casa das Rosas sem saber que seu destino estava traçado antes mesmo dela começar a sentir algo por ele.
— O que poderia a ter provocado? — Amir pergunta para o homem que está do seu lado enquanto observa Xo Bou bufar e resmungar baixinho sem saber que estava sendo observada.
— Apenas o fato de que alguém sabe algo que ela não tenha se dado conta!
Amir fica parado ali, sem entender o que ele queria dizer com aquilo, mas depois ele olha para frente para ver Xo Bou.
O coração é apenas um órgão!
Amir diz para si mesmo quando se dá conta de que só de ver Xo Bou seu coração começa a bater mais depressa, como se ele estivesse numa corrida. Mas quanto mais ele via ela, mais seu coração batia rápido.
Xo Bou não se sentia como se fosse uma Princesa, ela se sentia como se fosse uma jovem boba apaixonada... Mas uma vez ela teria seu coração quebrado? Ela seria outra vez quebrada sem saber? Ou seria ela a quebrar Amir? Ela apenas deu uma risada baixa como se não acreditasse em si própria.
Ela não queria ser quebrada.... Ela preferia quebrar antes ser quebrada.
Um vento frio desliza pelo ar ao redor dela, enquanto a mesma ao perceber que uma mecha de seu cabelo desliza pela sua face ergue a mão e tirar a mesma da face enquanto abaixa os cílios.
Ao ergue a cabeça ela dá de cara com Amir a olhando, e sem perceber prende a respiração... Os olhos negros dele a prendem como se ela fosse uma presa indefesa... Como se ela fosse uma mulher tola e apaixonada enquanto que Amir não consegue tirar seus olhos dela, sua face parece a face de uma deusa para ele, que seu corpo não saía de sua mente como se tivesse sido cravado à ferro e brasa.
Os dois não conseguem tirar os olhos um do outro, era como se o mundo tivesse se desfeito ao redor deles... Como se somente eles existissem!
Amir se sentia como um jovem apaixonado enquanto que Xo Bou estava tentando fugir daqueles sentimentos, mas era como se algo a puxasse.
Mas então ela olhou para o lado de Amir e seus olhos se arregalaram, seu corpo ficou tenso e ela se sentiu cair numa armadilha.
— Li Yi Feng? — Xo Bou sussurra sem conseguir acreditar na piada do destino.
Ali, ao lado do homem que ela teria que conquista estava o homem que quebrara seu coração, e que a fizera desejar ter o trono para si.
Ela então dá uma risada sem conseguir acreditar no que estava vendo, e logo depois ela apenas balança a cabeça, sabendo que à partir daquele momento tudo podia mudar.
Escondida pelas sombras Cetrus via Amir olhando para Xo Bou como um bobo apaixonado, e se sente como se afiadas e mortais adagas lhe eram atiradas, ela com fúria e raiva sente seu sangue ferver e sabe que precisaria conquistar Amir ou fazer com que ele não se sentisse tão apaixonando por Xo Bou, com um sorriso nos lábios Cetrus vai para longe, deixando para trás três pessoas que no momento se encontravam dentro de uma pequena e tensa bola de neve.