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44.44% Palácio / Chapter 12: Veneno entre os lábios

Chapitre 12: Veneno entre os lábios

O Castelo se encontrava numa confusão sem tamanho desde que Vulkan e Kadar foram declarados amantes de uma forma, digamos, vergonhosa.

No dia em que os Reinos se reuniram para que pudessem encontrar uma forma de impedir uma suposta guerra entre os mortais e os imortais, Derya jogara a bomba de que Vulkan e Kadar eram amantes, dizendo que tinha provas... Suas próprias memórias do momento em que flagrou os dois na cama deitados abraçados, Mira ao ver que Derya, a atual Rainha das Sereias ia humilhar seu pai publicamente, se erguera do Trono que lhe foi dado como Rainha do Reino de Asūla e tentara dar um passo à frente, mas a mão de seu marido e de sua avó a impediram de dar um passo que seja a fazendo voltar a se sentar no trono, enquanto por dentro se encontrava pronta para matar Derya da forma mais dolorosa que existisse.

— Eu posso mostrar para vocês o quanto o ato dos dois é vergonhoso e ultrajante, a ponto de que precisamos tirá-los do Conselho dos Reinos! — Derya fala enquanto retira do bolso do vestido azul uma pequena pérola que começa a brilhar até que ela se agacha e coloca a mesma no centro do salão, que começa a emitir um brilho que revela imagens de dois homens deitados numa cama abraçados com o lençol a cobrir apenas suas partes de baixo.

Sem pensar nas consequências de seus atos, Mira, a Rainha do Reino de Asūla deslizava com seu vestido vermelho como fogo pelo Salão com seus olhos vermelhos a brilhar e para de frente a Derya, a fazendo sorrir enquanto a mesma se vira para as imagens dos dois homens que se encontravam envergonhados num canto, suspirando ela ergue a barra do vestido e com seu sapato de salto crava o mesmo na pérola, que se desfaz aos seus pés com inúmeras pequenas partículas.

Derya ao ver que sua preciosa pérola fora feita de pequenas partículas arregala os olhos e dá um passo à frente, pronta para enfrentar a tão temida e poderosa Rainha de Asūla, mas antes mesmo de se quer chegar até a mesma, Yin Chang já estava na sua frente, com os olhos dourados que antes eram ocultados pelos olhos azuis, a olhando com um olhar duro e furioso.

— Não ouse se aproximar da minha mulher! — Yin Chang diz enquanto Derya fica o olhando com os olhos arregalados e sem conseguir acreditar naquelas palavras, mais ela sabe que é verdade... Yin Chang protegeria Mira sempre.

— Yin Chang... — Mira diz fazendo com que Yin Chang a olhe e veja que seus olhos vermelhos se encontravam em brasas, e ao se dar conta de que sua mulher poderia simplesmente acabar com Derya, apenas dá um sorriso de lado e um passo para o lado de sua esposa, que sorri para o mesmo.

Derya ao ver que Yin Chang dera passagem para Mira engole em seco, e tenta arrumar a postura para poder passa a imagem de uma Rainha destemida, mas a mesma nunca chegaria aos pés de Mira, Yin Chang pensou enquanto observava sua esposa dar um passa a frente e parar na frente de Derya.

— Nunca mais, ouviu bem... Nunca mais ouse mexer com meu pai ou com Kadar, eu faço com que você se arrependa de ter se tornando Rainha! — Mira diz e depois se vira para os outros Reis que estavam no grande Salão, e passa a olhar para eles com um olhar que dizia tudo... "Tentem algo contra os dois e vocês cairão como as flores da Sakura na primavera... Um por um".

— Isso é um insulto, uma Rainha ameaçar a outra na frente dos outros! — Derya diz enquanto empurra Mira para o lado e Yin Chang a pega.

Derya quando viu que Yin Chang tinha as mãos nos ombros de Mira e a protegia como se ela fosse sua vida, ela apenas bufa e faz pouco caso daquela cena que ela vira tantas vezes no decorrer de 13 anos, naqueles 13 anos Yin Chang e Mira se entregaram aos sentimentos e logo após o nascimento da pequena Lótus eles se casaram e viveram uma eterna Lua de Mel, o que fez com que Mira engravidasse umas 6 vezes no decorrer de 13 anos.

— Bem, eu não faço ameaças veladas... Eu apenas digo a verdade a quem tenho que dizer, e se for necessário, digo na frente dos outros e repito... Ouse mexer com um dos dois e você saberá o que minhas palavras há 13 anos atrás queriam dizer! — Mira diz fazendo com que Derya se vire para ela e olhe com ódio não contido.

As duas sabiam que Mira poderia muito bem usar do seu poder como Rainha do Reino de Asūla e Princesa do Reino das Fadas para fazer com que ela desaparecesse ou fosse para uma guerra, mais Derya sabia que Mira não faria isso, ela apenas usaria de suas próprias mãos ou poderes para fazer com que Derya caísse do seu pedestal de Rainha.

— Não me ameace Rainha! — Derya sorri, mas em seus olhos se podia ver o medo velado e o ódio oculto pelo fato de Mira estar ali, parada na sua frente lhe dizendo aquelas palavras enquanto os outros se faziam de surdos para o fato em si.

— Não estou a ameaçando, apenas lhe dando um aviso Rainha Derya! — Mira diz enquanto Yin Chang lhe abraça.

— Bem, deixemos de lado esse assunto e vamos voltar para o assunto importante. O que faremos? O Rei acabara de ser declarado morto e os seus súditos acham que fomos nós que o matamos! — O Rei do Reino dos Espíritos fala enquanto Cixi se encontrava quieta observando tudo para que no momento certo pudesse agir.

Abhya, o atual Rei do Reino de Kon se encontrava em choque pela descoberta de que seu pai tinha um caso com Vulkan, mas ele sabia que naquele momento isso deveria ser deixando de lado e se concentrar na atual situação que estava lhe sendo apresentada.

— Eu ainda não sei! — Abhya fala enquanto em sua cabeça a única coisa que estava lhe distraindo era o fato de seu pai ter um caso com um homem... Porque justamente um homem? E não uma mulher?

— Talvez eu tenha a resposta! — Cixi fala se erguendo do seu trono, seus cabelos negros flutuavam ao seu redor, seu vestido dourado lhe dava um ar de soberania que muitas rainhas tentavam ter mas não conseguiam chegar nem perto.

— Você tem a resposta? — Abhya perguntou com a testa franzida.

— Sim, eu vi a guerra e vi muitas mortes! Enquanto vocês ficam aqui discutindo sobre formas de como os combater eles já estão se preparando para guerra do Trono... A uma guerra pelo Trono, e nessa guerra o Rei será aquele que decidirá o nosso futuro... Existem dois Reis nas minhas visões.

— Dois Reis? Como assim, Cixi? — Volkan fala, lembrando— se que há muito tempo atrás Yuri lhe disse que Dois Reis seriam a única ameaça para todos.

— Sim, dois Reis. Um dos Reis será um tirano capaz de tudo para ter poder, até se unir com inimigos poderosos para assim poder ter o que tanto almeja... O Poder. E existe outro que quer apenas a Paz, e esse será aquele que acabará com uma guerra que ainda nem começara, mas para que isso aconteça preciso da permissão de Mira e Yin Chang! — A Imperatriz Cixi fala olhando para sua neta com os olhos violetas.

Mira e sua avó trocam olhares como se conseguissem se comunicar atrás dos olhos. Mira apenas arregala os olhos e fica a olhar para sua avó sem conseguir acreditar no que vira...

— Vocês precisarão deixar com que Xo Bou vá para a Corte e faça com que o Príncipe Amir seja feito Rei!

— Não! — Mira diz enquanto se solta de Yin Chang. — Não vou deixar, você sabe que se ela for para a Corte o destino dela estará selado e nem mesmo nós poderemos interferir, não irei perder minha filha!

— Mira, a Xo Bou sempre foi e sempre será a única capaz de impedir essa guerra, você sabia que em algum momento o preço seria cobrando, e esse é preço! — Cixi fala com uma voz fria, que gela a espinha de todos que estão ali.

— Mas... — Mira tenta dizer algo, mas ela sabe que é verdade, a Xuè Xing cobrara o preço e esse preço era o destino de Xo Bou.

— Não podemos perder tempo, Mira! — Cixi diz para a sua neta, que apenas olha para Yin Chang que confirma com a cabeça, mesmo que em seu coração ele esteja tentado a dizer não, mas assim como Mira ele sabe que o destino de Xo Bou não é no Reino Imortal.

— Tudo bem, mas é a Xo Bou que decidirá se vai ou não! — Mira diz enquanto Cixi sorri.

Cixi sabe que Mira e Yin Chang se pudessem nunca deixariam que Xo Bou ou algum dos outros filhos saíssem de baixo de suas assas, mas assim como também sabia que a qualquer momento Xo Bou entraria por aquelas portas e decidiria o seu futuro.

— Não precisa se preocupar... A Xo Bou já está aqui e ela decidirá qual será o destino dela! — Cixi diz sorrindo, um sorriso que Mira conhece bem... Era um sorriso que sua avó e a Rainha/Imperatriz Xing compartilharam quando assinaram o acordo de Paz, um sorriso que ocultava os suas verdadeiras intenções, assim como sua verdadeira face.

Mira ainda se lembrava dos momentos em que sua mãe lhe dizia para temer o sorriso de sua avó, não porque ela poderia fazer algo contra ela, mas sim porque aquele sorriso dizia que ela já tinha tudo planejando, e mesmo que ela gritasse ou chorasse nada adiantaria... Porque a Imperatriz Cixi já tinha tudo pronto.

E com o fato da Imperatriz Cixi ter tudo pronto fazia com que Mira temesse o destino de sua filha, sem conseguir tirar os olhos de sua avó, Mira aperta a mão de Yin Chang, que olha para ela com os olhos preocupados... Yin Chang com o passar do tempo e com 4 mulheres vivendo consigo aprenderá a diferenciar as manias e malícias femininas, Yin Chang já sabia quando suas filhas e sua esposa queriam algo só pelo olhar, assim como sabia que aquele aperto de mão queria dizer que Mira estava com medo de algo... E esse algo era sua avó!

— Vó... — Mira diz com um rosnado e com um olhar de fúria para a mulher que está parada na sua frente a olhando com os olhos violetas.

— Não se envolva, Mira, como você mesma disse, somente a Xo Bou poderá dizer se ela quer ir para a corte ou não! — A Imperatriz Cixi fala enquanto Mira se encontrava tentada a dar um passo à frente e confortar sua avó.

— Você sabe qual é a escolha dela e por isso está aí calma, não é vovó? — Mira pergunta num sussurro apenas para que a Imperatriz Cixi ouça, se os Reis naquele salão tivessem visto a troca de olhares entre as duas e como aqueles olhares pareciam adagas afiadas, eles sentiriam medo do momento em que as duas dessem um passo à frente e se confrontassem.

Mas quem via tudo aquilo era somente Yin Chang, que conseguia perceber que a qualquer momento Mira iria partir para cima de sua avó, Yin Chang apenas pega Mira pelo braço e a coloca do seu lado, a fazendo o olhar com um olhar de fúria enquanto que Yin Chang apenas beija a testa dela e passa o braço pela cintura da mesma a puxando para si.

— Pelo amor dos Deuses, Mira! Você não pode ir contra a sua avó. — Yin Chang diz sussurrando contra seus cabelos sedosos e brilhantes com cheiro de Jasmim.

— Ouça seu marido pelo menos uma vez na vida Mira... Não bata de frente comigo! — Cixi fala sorrindo o seu já conhecido sorriso de Imperatriz, um sorriso que Mira aprendera a ter e usar nos momentos certos.

Naquele momento dentro daquela sala do trono Mira e sua avó se tornaram, digamos, inimigas... Mira sabia se Xo Bou fosse para a Corte no reino mortal, ela perderia sua filha para sempre, assim como a Imperatriz Cixi sabia que se a Xo Bou fosse para a corte milhares de vidas seriam poupadas... É como diz um ditado, o que vale uma vida se pode salvar milhares delas?

— Se eu perder minha filha, eu juro que declaro guerra contra a senhora! — Mira diz enquanto Cixi a olha com os olhos violetas.

— Você nunca me venceria... Sou mais antiga e poderosa que você, minha neta! — Cixi fala enquanto se podia ver que as auras delas deslizavam ao redor delas como dançarinas.

— Nunca ouviu aquele ditado: Não subestime uma mãe! — Mira diz enquanto Yin Chang arregala os olhos e os Reis que estavam sentados nos seus tronos, nos quais achavam que lhe dariam poderes engoliam em seco com medo daquelas duas mulheres.

As duas se olhavam como se a qualquer momento fossem tirar das suas vestes espadas e lutariam ali, na frente daqueles homens. Yin Chang ao ver que Mira estava pronta para atravessar uma espada no ventre de sua própria avó apenas a puxa pelo braço até o trono deles e se senta, enquanto Mira fica em pé pronta para atacar sua avó a qualquer momento.

— Mira, por favor fique calma! — Yin Chang sussurra enquanto pega a mão da mesma e faz carinho nos dedos dela, Mira mesmo tentando impedir que Yin Chang conseguisse lhe passar uma calma, mesmo que seja falsa, não consegue impedir que Yin Chang consiga a fazer suspirar de prazer apenas com aquele gesto que ela sabia que possuía um significado muito grande para ambos.

— Eu estou calma, Yin Chang, apenas com medo do que essa mulher que é minha avó é capaz de fazer! — Diz com os olhos ainda cravados na sua avó.

A anos Mira apendeu que quando sua avó quer algo ela não hesitaria em usar seus próprios familiares para conseguir, ela sabia disso por causa da sua mãe, que fora sacrificada pelo simples fato de que a Imperatriz Cixi queria estabelecer laços com a Reino de Umlilo, ela sabia disso por causa dela ter sido usada para conseguir fazer com que Yin Chang se apaixonasse por ela.

— Mira... — Yin Chang não consegue terminar, já que as portas do grande salão são abertas e por ela passa uma jovem num vestido vermelho com uma fenda em um dos lados e seus longos cabelos estavam ondulados.

— Xo Bou! — Mira sussurra, mas antes mesmo de dar um passo em direção a sua filha Yin Chang a puxa para o lado a fazendo ficar do lado do mesmo, que se encontrava em pé.

Yin Chang estava tentado a ir até sua filha e a abraçar como a muito tempo não faz, mas ele sabia que ali, naquele salão onde os Reis se reuniam não se podia mostrar sentimentos, com medo de que algum desses reis usassem a sua esposa ou um dos seus filhos contra ele em algum momento, por isso Yin Chang apenas abraça Mira, que o olha com um olhar interrogativo.

— Mira, não se esqueça que aqui nesse grande salão temos mais inimigos que amigos, e não deixe que vejam seus sentimentos! — Yin Chang sussurra no ouvido de Mira, que apenas suspira porque ela sabe que é verdade.

Xo Bou queria ir até seus pais primeiro, mas a mesma sabia que naquele grande salão ela não poderia deixar com que a menininha que fora embora em lágrimas para longe dos pais viesse à tona.

— Xo Bou, que bom que pode vir! — A Imperatriz Cixi fala enquanto sorri com o seu já famoso sorriso de Rainha que oculta segredos.

— Imperatriz Cixi! — Xo Bou fala enquanto se curva com o punho esquerdo em cima do coração.

— Ora essa, minha querida, pode me chamar de bisavó... Não é o que eu sou? — A Imperatriz Cixi fala enquanto se dirige até Xo Bou, que tinha na sua face um olhar frio como a neve que cai no inverno.

— Mas não acho de bom tom lhe chamar de bisavó entre tantos reis, Imperatriz Cixi! — Xo Bou fala enquanto dá um sorriso de lado, que lembra em muito a Imperatriz Cixi.

— Tudo bem!

— O que desejam comigo? — — Xo Bou pergunta enquanto todos os Reis ofegam com os olhos dourados que Xo Bou possui.

— Acho melhor você ir descansar, a sua viagem foi longa! — A Imperatriz Cixi fala enquanto Xo Bou apenas faz um sinal de sim com a cabeça e se vira para sair do salão, atraindo a atenção de todos.

Xo Bou olha para sua bisavó com os olhos dourados frios, que lhes lembravam o ouro, mas ali, na frente deles não tinha mais a pequena e destemida Princesa de Umlilo, mas sim a futura Rainha dos Reinos de Umlilo, Asūla e das Fadas... De uma beleza sobrenatural assim como suas antecessoras, Xo Bou chamava a atenção de todos.

— Princesinha malcriada! — Derya sussurra como o veneno deslizando entre seus lábios, e em sua mente apenas imagina cenas de Xo Bou e Mira mortas e sem vidas... Perdendo os brilhos de seus lindos olhos e deixando para ela o posto de mulher mais linda do mundo.

— Bem, acho que essa reunião terá que esperar até que minha bisneta esteja descansada para que possamos discutir o futuro de todos nós! — A Imperatriz Cixi diz com sua voz de governante e com seus olhos desafiadores, que fariam com que todos saíssem correndo.

Assim que a Imperatriz Cixi termina de falar todos os Reis se levantam de seus tronos prontos para partir, e deixar nas mãos daquela Imperatriz, que tinha mais poder que todos eles juntos a missão de enviar Xo Bou para a corte e salvar a todos.

Derya ao ver que todos estavam seguindo as ordens da Imperatriz Cixi arregala os olhos, e sente uma fúria lhe tomar a boca do estomago e subir até que chega na sua boca.

— Esperem, não vamos falar sobre o caso de Vulkan e Kadar? Isso que eles fizeram é um ultraje e um ato vergonhoso para todos nós! — Derya deixa a sua fúria deslizar como veneno de seus lábios e chegar até Abhya, que apenas aperta as mãos como se pudesse a qualquer momento socar algo.

— Não viemos tratar sobre os dois, mas sim sobre o futuro de todos nós, Derya! — A Imperatriz Cixi fala enquanto se vira para sair, mas assim que dá um passo para frente Derya simplesmente dá um grito de fúria.

— É Rainha Derya! — Derya diz com raiva e ódio.

Ela sabe que a Imperatriz Cixi nunca iria deixar deslizar entre seus lábios as palavras que Derya tanto queria ouvir vindo dela.

— Desculpe— me, Derya, mas para mim você ainda não é Rainha e nunca será! — A Imperatriz Cixi diz enquanto cruza os braços em baixo dos seios.

Derya a olha com raiva e ódio.

— Mesmo que você não me veja como Rainha eu Sou Rainha, e quero falar sobre o ato vergonhoso e ultrajante que eles fizeram! — Derya diz enquanto com a mão erguida aponta o dedo para Vulkan e Kadar, que se encontrava num canto.

— O que seria um ato vergonhoso e ultrajante? Eles apenas se amam! Para mim eles não cometeram nenhum ato tão vergonhoso, apenas se deixam levar pelos sentimentos que tem um pelo outro, que no caso é lindo!

— Eles dormiram juntos...

— Dois homens? O que é que tem? Nós mulheres não dormimos com os nossos amados... O que é que tem os dois dormirem juntos? Eles por acaso se uniram para acabar conosco? Por favor, Derya... A uma guerra vindo e você quer discutir sobre o fato deles dois terem dormindo juntos?

— Eles...

— Eles apenas se amam... A uma guerra vindo e que pode muito bem acabar com todos nós e você quer discutir sobre eles? Por isso que eu disse que você não é Rainha! — A Imperatriz Cixi diz enquanto sai do salão deixa todos com a boca aberta, e uma Mira com um sorriso na boca como se estivesse ganhando o melhor presente de todos os tempos, enquanto que Yin Chang apenas olhava a tudo com o olhar neutro.

— Abhya, você vai deixar isso acontecer? — Derya diz enquanto se vira para Abhya, que ainda estava sentado no seu trono esperando todos saírem para que pudesse jogar as coisas no chão de tanta raiva que sentia.

— Derya...

— Abhya, eles não podem ficar impunes... O que dirão sobre o Reino de Kon ao saber que o antigo rei dorme com um homem? — Derya diz enquanto Abhya olha para ela.

— Depois conversamos sobre isso, Derya! — Abhya diz enquanto se ergue do trono e sai do Grande Salão.

Derya apenas olha para o trono onde antes Abhya se encontrava, e vendo que não tinha mais ninguém no grande salão pega um arranjo de flores que se encontrava ali e atira na parede, enquanto começa a pular de raiva do fato de Abhya deixou de lado o que ela tanto queria usar a seu favor.

— Pular e agir como uma garota mimada e indefesa não vai fazer com que eles queiram a ouvir, Rainha Derya!

— O que? — Derya diz enquanto se vira e dá de cara com a Rainha/Imperatriz Xing, que a olhava com um olhar frio e calculista.

A Rainha/Imperatriz Xing estava parada na frente de Derya com seu vestido negro e seus cabelos brancos soltos. Mas o que mais chamava a atenção na Rainha/Imperatriz Xing eram seus olhos da cor da lua, que a olhavam com nojo.

— Você age como uma garota mimada e indefesa que nem se quer consegue se proteger de um ataque aberto da Rainha Mira e nem da Cixi, em vez de agir como uma Rainha destemida e capaz de enfrentar de igual para igual as duas.

— O que você quer dizer com isso? Eu sou uma Rainha assim como aquelas duas mulheres! — Derya diz com a boca cheia de raiva e ódio, que deixam suas palavras tão venenosas que se alguém mais ouvisse poderia jugar que ela queria acabar com as duas.

— Você tem apenas o título de Rainha e não as atitudes de uma Rainha! — Xing diz enquanto a rodeia e olha suas roupas de cima para baixo. — Pode possuir as roupas de Rainhas, mas as suas atitudes são de uma menininha e não de uma mulher... Você age como se precisasse ser salva a todo o momento enquanto que Mira e Cixi passam a imagem de mulheres poderosas e temidas! — Xing diz enquanto Derya apenas fecha as mãos ao lado do corpo.

— Eu sou uma Rainha assim como elas e posso ser temida e poderosa.

— Continue dizendo para si mesma que é uma Rainha e talvez você consiga passar a imagem de uma Rainha. — Xing diz e logo depois coloca a mão na frente da boca para impedir que Derya ouça sua risada.

— Do que você está rindo? — Derya pergunta, seus olhos parecem adagas afiadas e venenosas que poderia atravessar quem ousasse lhe dizer que ela não era uma Rainha.

— Desculpe-me, mas quanto mais você diz que é uma Rainha, mais eu te vejo como uma garota mimada, você, Derya, não tem capacidade de ser uma Rainha e nunca terá!

— Ora, sua... — Derya diz enquanto ergue a mão para dar um tapa na cara de Xing, só que Xing é mais rápida e dá um tapa na cara de Derya.

— Mas talvez eu possa lhe ajudar a ser uma Rainha, claro se você quiser minha ajuda!

— O que você tem em mente?

— Ora essa, Derya, para uma Rainha você é bem lerda... Mira e sua avó no momento se encontraram de lados diferentes por causa da Xo Bou... E você poderia usar isso a seu favor.

Xing diz sorrindo enquanto que Derya apenas a olha.

A Imperatriz Cixi estava sentada na cama de sua bisneta enquanto a mesma penteava os longos cabelos negros na frente da penteadeira que seu pai mandou fazer para a mesma.

— O que a senhora deseja, Imperatriz! — Xo Bou diz enquanto coloca o pente em cima da penteadeira e se vira para a Imperatriz Cixi.

— Você se parece tanto com sua mãe que até assusta, mas seus olhos são de seu pai! — Cixi diz sorrindo.

— Por favor, não mude de assunto.

— Tudo bem, a algo que somente você pode fazer.

— O que seria? — Xo Bou diz enquanto a Imperatriz Cixi apenas a olha.

Xo Bou ao olhar nos olhos de sua bisavó conseguia ver que ela ocultava segredos que ninguém poderia saber, e Xo Bou sabia que se em algum momento ela descobrisse esses segredos talvez odiasse sua bisavó pelo resto da sua vida imortal.

— A um tempo tenho tido visões com a sua mãe e o bebê que ela está esperando... — Cixi fala e depois suspira — Vi Mira perdendo essa criança devido a guerra que está vindo.

— Mas a senhora e a Rainha Xing assinaram um tratado de Paz! — Xo Bou diz, mas bem lá no fundo ela sabia que aquele tratado era falso... Depois de viver 13 anos numa corte onde ela assumia o papel de Rainha Reinante, ela descobriu o quanto as pessoas em quem você mais confia podiam ser falsas.

— Sim, mas essa guerra que eu vi não se tratava entre eu e Xing... Era entre dois futuros Reis, Xo Bou... Eu vi um Leão das Neves e um Tigre brigarem até morrerem, enquanto ao redor dos mesmos acontecia uma luta que determinaria o destino de todos nós... Minha bisneta, destino de todos nós se encontra nas mãos de um homem frio e cruel.

— Mas porque você está me contando isso? — Xo Bou fala.

As imagens de um Leão das Neves lhe vêm à mente e ela se lembra do sonho que vem tendo a um bom tempo.

— Porque é só você que pode impedir essa guerra que está por vir, Xo Bou, você precisa fazer desse homem frio e Cruel um Rei e não importa qual arma usará!

— Mas porque eu?

— Porque esse é seu destino, Xo Bou! A muito tempo atrás seu bisavô salvou uma jovem que estava para ser morta pela Rainha Xing e deu a ela a oportunidade de ser Rainha, contando que seus descendentes fossem Reis e Rainhas, mas a um tempo atrás a Rainha fora morta e seus descendentes foram despostos e colocados na Casa das Rosas!

— Não estou conseguindo entender nada!

— Xo Bou, o Rei fora morto a uma semana atrás e todos do Reino mortal acreditam que foi um de nós. Quando avisaram da morte do Rei a atual Rainha declarou guerra a nós, por isso que preciso que você vá para a Corte e faça com que o verdadeiro Herdeiro assuma a sua posição de Rei e impeça essa guerra que está por vir.

— Mas...

— Xo Bou, entenda, há certas coisas que não são para acontecer, e há certas coisas que são para acontecer, eu espero sinceramente que você considere a oportunidade de ir para a Corte e fazer dele um Rei. — Cixi diz enquanto se dirige para a porta.

Xo Bou então se senta na cama e pensa em como fazer um homem frio e cruel rei? Ele não iria querer matar a todos que fossem contra ele? E como assim ela poderia usar todas as armas para fazer dele um Rei? Ela teria que o seduzir e fazer com que ele queira o Trono somente para fazer dela sua Rainha? Mas como ela faria isso enquanto ela ainda era apaixonada pelo Li Yi Feng? Ela nunca esqueceu de Li Yi Feng naqueles 13 anos afastada de todos e somente com cartas enviadas aleatoriamente pelo mesmo contando como estava sendo a vida na corte do Reino de Kon.

— Xo Bou?

— Li Yi Feng? — Xo Bou diz se virando e dando de cara com um homem alto, musculoso e de olhos vermelhos que a olhava sorrindo, e com um olhar que passaria a calma que Xo Bou tanto queria ter.

— Sim, sou eu... A quanto tempo não é, Xo Bou? — Li Yi Feng diz enquanto abre os braços para recebê-la no momento em que ela se atira no mesmo, dentro daqueles braços fortes e musculosos do homem que ela amava, Xo Bou se sentia bem e protegida de todos que queriam lhe tirar a coroa.

— Verdade, o que tem feito de bom... Espero que tenha me esperado! — Xo Bou diz com um sorriso no rosto que parecia uma flechada para Li Yi Feng, que ao se dar conta da notícia que teria que dar para Xo Bou poderia acabar com a mesma, fecha a cara e desfaz o sorriso que antes estava estampado na sua face. — O que foi, Li Yi Feng?

— Xo Bou, preciso lhe contar algo! — Li Yi Feng diz enquanto Xo Bou se afasta de seus braços, que antes lhe pareciam tão quentes e agora lhe passavam a sensação de um frio tão cortante quanto o inverno.

— Li Yi Feng, você está me assustando, o que aconteceu? — Xo Bou diz enquanto ele apenas pega nas mãos da mesma e se dirige com ela até a cama de lençóis de seda vermelha e se senta.

— Xo Bou, eu... — Li Yi Feng não consegue terminar porque naquele momento alguém bate na porta.

— Pode entrar! — Xo Bou diz se soltando do aperto que Li Yi Feng faz nas suas mãos para poder se levantar e receber a pessoa que estava do outro lado da porta.

A porta do quarto é aberta e por ela passa uma jovem de cabelos castanhos com Califórnia azul, assim que a ver Xo Bou apenas fecha a cara para o fato dela ser uma sereia.

— Li Yi Feng! — A jovem diz enquanto sorri e vai até o mesmo e se senta do seu lado, enquanto Xo Bou fica em pé olhando para a porta com os olhos arregalados para o fato de que aquele sorriso era o sorriso de alguém apaixonado.

— Boa Si, o que você está fazendo aqui? — Li Yi Feng pergunta enquanto toca a mão da jovem, que sorri para o mesmo.

— Queria te ver, faz tempo que você saiu em campanha e não tinha voltado ainda, o Zhao She estava perguntando sobre o pai! — A jovem diz com um sorriso no rosto.

Assim que ouve as palavras da jovem Xo Bou sente seu corpo ser arremessado contra a parede e logo depois atirado contra o chão, com toda a violência possível... Li Yi Feng era pai. Um homem que devia ter construído uma família enquanto ela vivia numa corte onde todos queriam assumir sua posição de Rainha Reinante. Era um homem casado enquanto ela ainda tinha a sua dignidade intacta. Era um homem já feito enquanto ela ainda era uma garotinha querendo apenas os pais... Xo Bou sente como se adagas afiadas estivessem sendo cravadas na sua garganta, a fazendo quer gritar.

— Eu ia vê-lo assim que chegasse, mas precisava ver a Xo Bou antes! — Li Yi Feng diz enquanto a observa, seu corpo antes de menina agora era de uma mulher formada.

Xo Bou apenas engole em seco e tenta conter as lágrimas que queriam deslizar de seus olhos, respirando fundo ela coloca em seus lábios o sorriso de uma Rainha que ela tanto treinara naqueles 13 anos em que vivera num ninho de cobras, e logo depois se vira com aquele sorriso de Rainha que enganaria a todos.

— Não precisava se preocupar comigo, assim que cheguei apenas fui comunicar a minha presença e vir para o meu quarto descansar!

— Mas eu queria te ver, faz tempo que não nos vemos... — Li Yi Feng diz enquanto que sua esposa sente seu corpo endurecer pelo fato de seu marido estar a olhar para a mulher na sua frente com os olhos de um homem apaixonado.

— Li Yi Feng, estou cansada da viagem, preciso descansar para poder ir ver meu tio e meus pais. — Xo Bou diz enquanto tenta conter as lágrimas que queriam deslizar pela sua face.

Boa Si assim que viu nos olhos de Xo Bou a dor e a raiva, apenas pegou na mão do marido o puxando do quarto para que a Princesa pudesse ficar sozinha com sua dor, a jovem esposa sabia que a partir daquele momento ela teria de fazer de tudo para que Xo Bou e Li Yi Feng não ficassem sozinhos, porque ela tinha medo de que velhas paixões viessem à tona e ela fosse deixada de lado...

Xo Bou não conseguia acreditar naquilo.

Li Yi Feng estava casado e com um filho, ao se dar conta de que aquele fato era realidade, Xo Bou apenas se deixou levar pela dor e as lágrimas que ela tanto tentara evitar vieram à tona. Ela sabia que a qualquer momento a dor que ela tanto deixara dentro de si mesma viria, mas não esperava que teria vindo tão rápido.

Xo Bou viveu treze anos numa corte onde o veneno de línguas afiadas era mais poderoso do que as palavras polidas de uma Rainha, onde a doçura de uma mulher que tentava fazer um reino prosperar era ofuscado pela malícia de uma mulher gananciosa, a força e a coragem de uma guerreira era esmagada pelo sorriso cruel de uma mulher capaz de matar o próprio marido para conseguir o poder.

Ela sabia que a partir do momento em que as lágrimas deslizassem pelo seu rosto ela deixaria de ser uma Rainha forte e poderosa e passaria a ser uma garota que apenas queria os pais, mas ela também sabia que naquele momento de dor e raiva ela seria capaz de tudo para ficar longe do homem que a machucara...

Xo Bou iria para a Corte no Reino Mortal e faria do Homem frio e cruel Rei, não importava qual fosse sua arma, ela aprendeu muita coisa naqueles treze anos vivendo naquela corte... Xo Bou não era mais a garotinha inocente que muitos conheceram, ela tinha aprendido a ocultar seus planos atrás de sorrisos, a fazer dos homens seus bonecos, tinha aprendido a manipular quem ousasse ir contra ela, aprendeu a ser fria como o pai e uma mulher fofa e inocente, mesmo dentro de toda aquela frieza como sua mãe.

Xo Bou era uma menina no corpo de uma mulher que estava disposta a tudo para conseguir o que queria... Porque para ela a mentira era como uma moeda de troca... Foi isso que ela aprendeu com sua bisavó, assim como o sorriso poderia ser sua arma, assim como sua mãe fazia com seu pai, assim como o fato de ser a esposa submissa, como ela aprendeu com a avó... Xo Bou era isso e um pouco mais.

A arma mais poderosa que a Xo Bou tinha era o fato dela ser mulher e saber como usar isso a seu favor.


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