—Duas xícaras de farinha de grão —dizia Lily para si mesma enquanto separava os ingredientes para fazer um bolo em sua cozinha pequena, de sua casa de madeira pequena,com uma janela na cozinha que dali podia ser visto o fluido rio que passava ,as mulheres enchendo baldes de água e as roupas das crianças secando no varal.
—Colocar as duas xícaras de farinha de grão e um pouco de água no recipiente, um pouco de mel para adocicar e agora mexer tudo até criar uma massa consistente—despejava em uma panela velha assim como sua casa aconchegante,de sua cozinha era possível ouvir as crianças brincando lá fora aproveitando o dia ensolarado.
—Preparar a forma , preenchê-la com um pouco de gordura para a massa não grudar na forma— falava enquanto arrumava seus cabelos longos e escuros que escorriam pela sua pele branca e delicada.
—Despejar a massa no forno—ela repetia os ensinamentos da mãe para si mesma para ter certeza que não iria errar nada
—Agora é só esperar até que o bolo esteja no ponto certo —ela sentou perto do forno ,longe o suficiente para não sentir o seu calor e perto o suficiente para ver o bolo ,com uma concentração impecável,como uma águia vendo sua presa.
—Lily!—a criança gritou enquanto sacudia seu ombro .
Ela se assustou com a criança mexendo seu ombro e a chamando,ela estava tão concentrada que nem viu ele entrar em sua casa e se aproximar, Lily quase infartou nesse momento.
—Heitor!, quer me matar de susto?Quase morri — dizia ela com uma expressão assustada e com a mão em seu peito para conferir se seu coração não parou.
—Como você entrou aqui?
—Pela porta— afirmou a criança com cara de desentendido
—Não me diga gênio — respondia com uma cara brava enquanto se aproximava do menino e bagunçava seus cabelos loiros.
—Lily, o que você está preparando?—perguntou o pequeno curioso.
—Um bolo, vou dar uma fatia para minha mãe e para amiga dela,o resto vou dar para você e para as outras crianças.
—Vai ser o melhor bolo que você já comeu—dizia ela com um cara orgulhosa.
—Todas as comidas que você faz ficam gostosas,menos aquele patê de carne que você fez ficou ruim— falava enquanto seus olhos brilhavam olhando para o bolo no fogão.
—Meu patê de carne é tão ruim assim?Preciso melhorar nisso, só não vou ficar brava porque você me elogiou também.
—Não conta pra minha mãe ,mas acho os teus bolos melhores que o dela— afirmou a criança cochichando.
Lily dá apenas um sorriso sincero ,com seus olhos brilhando.Então ao olhar o fogão vê que o bolo está finalmente pronto,com um belo formato.
Ela pega luvas velhas que estavam em cima de sua mesa feita de um tronco só , ansiosamente ela pega a forma do fogão, mesmo com as luvas podia sentir o calor da forma, seu cheiro era doce e aconchegante.
—Ta com um cheiro incrível!, já posso provar?—disse a criança ansiosa, e quase comendo o bolo com os olhos.
—Espera esfriar um pouco Heitor, se não tu vai se queimar— respondia enquanto tirava o bolo da forma e o colava em um antigo prato com muito cuidado para não estragar o formato do bolo enquanto um vapor quente saia do bolo que contrastava os raios de sol vindo da janela ,trazendo o sons alegres das crianças brincando lá fora.
—Já esfriou?—perguntava a criança enquanto esperava ansiosamente.
—Tu acabou de me perguntar ,espera um pouco menino serelepe se não um Orlog vai te sequestrar—dizia com um sorriso enquanto via Heitor pular de ansiedade.
—Minha mãe disse que Orlogs não existem.
—Será mesmo? Da onde tu acha que vem os barulhos estranhos à noite.
—Para Lily ta me deixando com medo—falava Heitor com uma cara de assustado.
— Eu to brincando medroso ,eles não existem e se existissem não deixaria eles te pegarem.—afirmou ela rindo enquanto fazia um muque que mal dava pra ver ,com seu braço.
—Hum.
Então Lily pega uma faca gasta que estava ao lado da forma , divide o bolo em fatias contando uma para sua mãe, para a vizinha e para cada criança de seu humilde pequeno vilarejo , porém mais aconchegante que qualquer castelo.
—Pode provar agora, nenhum Orlog vai te pegar.
A criança empolgada pega uma fatia, sua textura era macia ,seu cheiro era aconchegante ele conseguia sentir seu gosto antes mesmo de comelo.Com uma mordida só ele come metade do bolo.
—Tá incrível , tu ta cada vez melhor Lily!
—Queria viver só comendo o teu bolo—Será que a minha mãe deixa?
—Ela não vai deixar ,se tu desse uma nota de zero a dez ao meu bolo qual tu daria—perguntou ela mesmo sabendo a resposta.
—Mil de dez!—falou Heitor com a boca suja de bolo.
—Vamos Heitor ,vem me ajudar a levar as fatias para os outros — disse enquanto pegava cada fatia cuidadosamente e as colocava em uma sesta feita carinhosamente por sua mãe.
—Uhum!—concordou com a sua boca cheia de bolo que agora já está tudo em sua barriga.
Então Lily segurando sua sesta vai até a porta de madeira que ficava ao lado da cozinha que já estava aberta ,ao sair ela sente a briza gentil os o sol calorosamente tocando sua pele ,sua casa era em cima de uma pequena colina ,dali ela via os homens suados capinando a grama , galinhas acompanhadas de seus pintinhos comendo minhoca da terra recém capinada , no meio do vilarejo avia árvore solitária ,mas agora estava acompanhada de crianças brincando e correndo em sua volta.
Heitor vai correndo em direção às crianças, rapidamente as avisa e todas elas vão pelo verde gramado gritando de felicidade em direção a Lily , rapidamente chegam nela e a esquentam com abraços calorosos repletos de amor.
—Lily! Vem brincar com a gente!
—A gente tá brincando de pega pega a árvore, é o ferrolho!—dizia uma pequena garotinha ofegante correndo.
—Vem ,vem! — falava a pequena garota chamada Lara enquanto puxava Lily pelo braço ,com seus cabelos castanhos e sua pele morena.
—Tá bem ,tá bem.
—Mas primeiro adivinha o que tem aqui nessa cesta para vocês.
—Hmm—uma torta!—bolo!—um pato!—disseram as sete crianças.
—Trouxe um bolo! Fiz uma fatia para cada um de vocês.
—Eu sabia pelo cheiro,e pela boca suja do bolo do Heitor—falava Lara com o nariz empinado.
—Vou dar uma fatia para cada um.
—Eu mereço duas por ter acertado , hum.—afirma Lara brava.
—Eu só tenho uma pra cada Lara—Lily se aproxima dela e cochicha em seu ouvido —Na próxima vez faço uma a mais pra ti.
—Ta bem—falou cochichando.
Todos sentaram ao redor da sombra da grande árvore antiga na colina que sempre fazia companhia nas brincadeiras das crianças ,às vezes ela era o ferrolho ou um gigante em suas brincadeiras.
Lily sentia algo estranho,como ela estivesse sendo observada fervorosamente de longe por algo,isso começou desde que ela botou o pé fora de casa,ela olha ao redor mas não tinha nada a observando,nada que ela tenha visto...Mas tentando esquecer essa estranha sensação,ela tentava se divertir com as crianças.
Ela pega as fatias de bolo da uma para cada criança , eles sentiam o maravilhoso cheiro e seu bonito formato, em suas bocas entravam as fatias do bolo e dela saiam só elogios, algumas migalhas do bolo também caiam,quando falavam de boca cheia.
—Vamos brincar agora Lily, a gente pode brincar de princesa ou de família de faz de conta eu vou ser a mãe —disse Lara empolgada , limpando sua boca das migalhas.
—Acho que a Lily, devia ser a mãe , ela é a mais velha de nós—opinou Richard, o irmão mais velho de Heitor,ele era quase que idêntico ao irmão ,mas um pouco mais alto e tinha seus cabelos loiros e curtos.
—E a lista?—perguntou Lara com um sorriso malicioso.
—Que lista?
—De quem te perguntou —falou Lara fazendo cara de deboche.
—Sua anã ,tu vai ver só— respondeu bravo o pavio curto.
—Ei! Não briguem ,se não, não vou mais fazer comida para vocês!— Lily falou séria se abaixando até suas alturas e pegando na orelha dos dois.
—Ta bem , desculpa — falaram ambos.
—Já tá tarde agora para brincar, amanhã brinco com vocês, prometo!.
—Vou sair agora ,se comporte ai pestinhas.
Ela se despede e é abraçada carinhosamente pelas crianças, então Lily vai pela estradinha de pedras em meio ao gramado cumprimentando as idosas em suas cadeiras de balanço admirando o gramado,os homens e suas carroças voltando do comércio,ela se dirige até uma casa similar a sua como todas da vila, o que muda em cada uma é o que tem dentro delas ,nessa casa é onde sua mãe provavelmente estaria conversando com a amiga dela ,na verdade fofocando sobre as outras mulheres da vila.
Ela não precisou bater na porta porque ela já estava aberta , primeira foi cumprimentada com lambidas do peludo cachorro , sua mãe estava conversando com a vizinha em sua sala sentada em bancos de madeira cruas ao redor de de uma pequena mesa redonda ,ao se aproximar já conseguia ouvir elas falando mais da vida de outras mulheres do que a delas mesmas.
—Olha o assunto chegando aí—brincou a vizinha ,que tinha uma idade mais avançada,com seus cabelos brancos e diversas rugas.
—Onde tu estava minha filha?— curiosa perguntou sua mãe que era a sua cara mas com leves rugas, e com o cabelo curto.
—Tava brincando com as crianças.
— Isabela ,eu acho que a sua filha vai ser uma ótima mãe,nunca vi alguém se dar tão bem com crianças—afirmou a vizinha.
—Ou ela pode ser a cozinheira do rei ,com essa idade seus pratos já são melhores que os meus, você tem que em casa um dia desses provar o ensopado de carne que ela faz é divino!
—Eu fiz bolo para vocês, tinha mais antes ,mas as crianças já comeram quase tudo.—disse Lily sem jeito pelos elogios.
—Vou ter que abrir uma exceção para a minha dieta hoje , por culpa desses teus pratos deliciosos que não emagreço ,mas não para com eles não!—afirmou a vizinha com água na boca.
—Eu também, vem filha ,senta e conversa com a gente.
—Não vai comer um pedaço também?
—Eu não gosto de comer a minha própria comida , prefiro ver os outros felizes comendo a minha comida — Lily disse um pouco tímida com um sorriso genuíno.
Após comerem o bolo e falarem de muito fofocas a noite se aproximava e o sol alegre se escondia atrás das montanhas,a escuridão implacável da floresta tomava forma e nuvens escuras cobriam o céu.
—Vocês ficaram sabendo?—disse a vizinha com uma expressão séria e preocupada.
—Do que?—perguntou a mãe de Lily por ambas, curiosas.
—Sobre os boatos que a vila vizinha estava repleta de corpos de homens e mulheres,os corpos achados na vila tinham buracos em seus rostos em formato de espiral , como eles estivessem tentando comer seus próprios rostos , dizem que não encontraram nenhum corpo de crianças,elas sumiram.
—Deve ter sido saqueadores,mas nossa vila tem alguns cavaleiros aposentados , estamos seguros—afirmou a mãe escondendo sua preocupação.
—Pra mim não parece ser coisa feita por humanos e aquela vila também tinha cavaleiros...
Lily ouvia a conversa quieta, ela estava incomodada de como a noite estava quieta,nenhuma cigarra cantando ou vagalumes voando ,apenas os ventos sussurrando um aviso que não podia ser compreendido...Mas ela sentia uma sensação de que algo sempre estava atrás dela ,ela sentia medo de se virar e quando se virava a sensação parava e depois voltava novamente , até que ela ouve um barulho de arbustos vindo da mata escura onde a escuridão engolia as árvores.
—Ouviram isso?—perguntou a vizinha preocupada.
—Deve ter sido um javali... né?— respondeu Lily incerta.
—Não tem javalis nesta região...
Então Lily com medo, se levanta da mesa, vai até a janela silenciosamente e em meio a escuridão da floresta, ela viu uma forma que a observava intensamente.
Ela se assusta e se afasta da janela.Assustada ,sua mãe rapidamente vai em direção a mesma janela e tenta avistar o que assustou Lily.
—O que foi filha? Não tem nada lá além da mata.
—Eu vi uma coisa estranha e estou sentindo uma sensação constante de ser observada.
—Talvez tu esteja gripada ,acho melhor irmos pra casa está bem?—e seu pai já deve ter chegado do comércio também.
—O meu marido ainda não chegou, eles vêm pela mesma estrada—falou a vizinha temendo o pior.
—Vamos para casa logo Lily— disse Isabela trêmula pegando fortemente na mão dela.
De repente, a vizinha começa a tremer ,gritar agonizando de dor ,ela arranha seu próprio rosto tão forte que rasgava sua pele e dela seu próprio sangue cobria seu rosto, até que sua própria face começou a entrar para dentro em espiral ,de sua própria cabeça a deformando misturando sua pele ,ossos , sangue em um só ,acompanhado de seu gritos de agonia,mas logo eles se cessaram e ela apenas caiu agonizando no chão acompanhada pelo seu próprio sangue.
A única reação de Lily foi um grito rasgante de desespero que preencheu o silêncio da noite.
—Lily!Vamos embora agora!—gritou sua mãe desesperada puxando ela pelo braço com força.
Ambas correram para fora da casa com seus passos pesados ,faziam o chão de madeira ranger.
Ao sair da casa ,a lua em meio às nuvens iluminava os diversos corpos, com seus rostos deformados sobre poças de sangue que se espalharam pela grama ,e diversos gritos de desespero se transformando em gritos de agonia ecoando pelo ar.
—Mãe estou me sentindo sendo observada.
—O que está acontecendo?—perguntou desesperadamente com seu rosto tomado pelo pavor.
—Não sei filha ,vamos nos trancar em casa , não olhe para trás apenas corra.
Elas correm pelo gramado ofegantes o mais rápido que podiam em direção a sua casa.O som de passos as seguia,e Lily sente a presença de alguém atrás dela.Seu coração batia descontroladamente.
Elas estavam finalmente chegando perto da casa , até que a mãe de Lily começa a gritar de agonia,cai no chão se contorcendo de dor.
Lily para de correr , tenta ajudar sua mãe,mas quando ela vê, o seu rosto se transforma em um buraco em espiral escorrendo sangue.
Ela paralisada pensava,"isso só pode ser um pesadelo", seus olhos tomados pelo desespero escorriam lágrimas de pavor e tristeza.Uma forte respiração batia em suas costas acompanhadas se uma aterrorizante presença,ao olhar para traz tudo fica escuro para Lily...
—Por favor me solte—dizia ela enquanto se esperneava com dificuldade de respirar dentro de um saco úmido e escuro.
Dentro do saco ela podia ouvir os gritos e choro das outras crianças abafadas pelos sacos.
—Crianças!—gritou Lily com a esperança de ser respondida.
—Lily! gritaram as crianças como um pedido de ajuda.
—Estou com medo...
—Por favor, nos tira daqui!—falavam desesperadamente.
—Calma crianças ,vai ficar tudo bem!—dizia Lily sem nenhuma esperança,sabendo que isso era uma bela mentira.
Após um tempo dentro do saco seu ar acabou e ela acabou desmaiando, até que foi acordada pelos barulhos dos arbustos, folhas sendo pisadas e sentia os galhos batendo no saco.Pela intensidade da mata ela já sabia que estava longe da aldeia.Por um pequeno buraco no saco ela conseguia ver que estava sendo levada em direção a uma casa tomada pela mata ,com sua madeira podre e suas paredes tortas ,tendo uma unica janela suja impedindo de ver o que tinha dentro ,ela estava na parte mais escura da floresta onde diversos boatos sombrios se originaram da floresta ,de monstros devoradores de homens, criança sendo raptadas e levadas para lá, agora ela que essas histórias são mais do que boatos.
Lily ouve o ranger de uma porta ,ela sente um cheiro de carne podre misturada com madeira úmida , uma brisa fria a acompanhava,em seguida ouve barulhos de cadeados e bruscamente ela é tirada do saco e atirada no chão de pedra úmido.
Ela ofegante respira e ela se via atrás de grades enferrujadas e do outro lado dela avia duas aberrações a olhando intensamente, suas peles eram palidas , tinham grande cabeças ovais ,olhos grandes e vazios , dentes afiados e desalinhados, vestindo um manto negro rasgado.
Desviando o olhar ,ela olha para os lados se deparando com as outras crianças presas com ela ,as crianças a abraçam rapidamente tremendo de medo.
—Lily!Essas coisas são Orlogs?—perguntou Heitor com lágrimas nos olhos.
—Meus pais foram mortos...—disse Lara chorando e abraçando fortemente Lily.
—Se acalmem ,vamos dar jeito de sair daqui—cochichou Lily tentando tranquilizar as crianças enquanto as abraçava.
—Vou preparar o caldeirão,qual vocês querem comer primeiro?—falou a besta enquanto salivava e ia acendendo o fogo para esquentar a água suja do caldeirão.
—A mais morena e magra , a carne dela parece ser bem macia e ela não deve ter muita gordura.
—Está bem ,mas deixa o cérebro pra mim é a minha parte preferida,tu pode ficar com as tripas dela só pra ti.
Lara ouvindo implorava por misericórdia e se esperneava de medo , gritando e negando seu apavorante destino.
Lily e as crianças tremiam de pavor ,mesmo ela tentando parecer calma ,ao mesmo tempo que procurava uma saída na jaula ,mas sem sucesso...
Todos se mantêm juntos e abraçados rezando e implorando para serem soltos.Até que o caldeirão ja estava ficando quente um dos monstros abre a cela e com um poder desconhecido paralisa as outras crianças exceto Lara.Ele a pega brutalmente pelo braço enquanto saliva.A pequena criança se esperneava ,chora , batia no monstro , porém nada adiantava ela era arrastada pelo chão úmido e cada vez mais perto do caldeirão podia sentir sua fervura.
—Lily!Me ajuda ,me ajuda!—gritava o mais alto que podia.
Mas Lily impotente só podia ver sua amada Lara desesperada.
—Não , não !, pare!, não machuque ela!.
O monstro brutalmente a joga dentro do caldeirão fervente onde Lara se debatia desesperadamente e lentamente, ela começou a morrer de dentro para fora,seus órgãos ferviam, sua pele derretia e se fundia com sua roupa,e suas gorduras e os músculos amoleciam.Ela chorava gritava de dor o mais alto que conseguia,em consequência de seus órgãos estarem fervendo ,ela ficou cega se debatendo no escuro,onde não aguentava mais tamanha dor,ela mergulhou na água fervente para morrer logo e seu cérebro dolorosamente derreteu dentro de seu crânio.
As crianças impotentes batiam nas grades , rios de lágrimas escorriam pelos seus olhos seguidos de seus gritos ensurdecedores de desespero ,cessados novamente por soluços de choro.Lily apenas observava com um olhar vazio e sem esperanças —Lara...
—Acho que o prato já parou de se mexer,espero que não tenha passado do ponto—falou o monstro enquanto com um tridente enfiava ansiosamente no corpo cozido vivo de Lara.
—Tá meio passado , você ferveu o caldeirão demais ,tinha que ter esquentado com ela já dentro.
—Será? Tomara que o cérebro dela não tenha queimado demais.
O monstros botam o cadáver cozido soltando uma nuvem de vapor em cima de uma velha mesa com duas cadeiras podres uma de cada lado da mesa , então com abocanharam seu rosto , abriam seu crânio e dele saia seu cérebro. derretido,arrancavam seus membros e salivando a colocavam em suas bocas as engolindo diretamente se lambuzando com a comida.Satisfeitos os Orlogs colhiam as partes que sobram e as colocavam em uma enferrujada bandeja ,como os pés e o estômago.Eles levam a bandeja para a cela da crianças e deixa ali ,seria a única refeição delas.
Lily sentiu uma enorme repulsa ,um gosto azedo subindo em sua garganta e ela gorfou diante daquele prato horrendo.As crianças apenas permaneciam encolhidas trêmulas e sem esperanças, temendo em suas jaulas a sua vez de serem cozinhadas vivas.
Após isso, as bestas satisfeitas sobem as tortas escadas para o segundo andar da velha casa deixando as crianças sozinhas e agora apenas os lamentos das corujas vindo de fora podiam ser ouvidos.
—Se acalmem crianças, eu vou dar um jeito de sair daqui e chamar ajuda.—Lily com um plano em mente tentava dar um pingo de esperança para as crianças.
—Estou com medo Lily, a Lara ,ela... Eu não quero morrer...—falava Heitor com lágrimas escorrendo de seus olhos a abraçando fortemente,procurando segurança e conforto em seus braços.
—Você não vai morrer ,eu não vou deixar eu prometi se lembrar?—afirmou com um sorriso.
—Você acredita em mim, certo?
—Sim!—disse Heitor com um leve sorriso.
Ela com as únicas esperanças que restava chamou as crianças para dizer o seu plano e cochicha em seus ouvidos,um raio de esperança brilha sobre todos.Lily os conforta com suas palavras de esperança e com o calor de seu braço, fazendo elas dormirem e tentarem se recuperar daquele momento traumatizante , mesmo ela sabendo que isso seria impossível.
O sol nasce ,os pequenos raios de sol que sobreviviam a densa mata iluminava a casa.
O ranger das escadas acorda as crianças,as avisando da descida dos monstros e o anúncio de quem será o próximo prato.Mas mesmo com tudo,eles ainda tinham uma pequena flor de esperança que foi regada por Lily.
—Qual deles vai ser o café da manhã?
—Vamos começar o dia com aquele loirinho chorão, e dessa vez não cozinha demais a comida ,o cérebro fica muito gosmento
Heitor se desespera ao saber que vai ser o próximo a ser jogado no fervente caldeirão ,mas olha para Lily e se lembra do que ela tinha prometido a ele , pela segunda vez.
Os Orlogs abrem a cela para pegar sua próxima refeição,mas Lily instantemente grita —Esperem!
—Eu era uma renomada cozinheira da minha vila ,eu posso deixar as refeições de vocês muito mais suculentas ,consigo fazer uma sopa de carne incrível para vocês—ela tentava desesperadamente convencê-lo enquanto tentava esconder seu plano de buscar ajuda.
—Hmm ,o que acha?—relutante o Orlog perguntou.
—O cérebro dele vai ficar mais saboroso?
—Sim!Vai ficar muito saboroso!
—Só preciso coletar algumas ervas e frutas da redondeza.
—Está bem ,mas deixe o cérebro dele mais suculento.
—Claro!,Mas não o matem ainda,preciso dele fresco.
—Tudo bem ,pode sair ,mas não demore muito , se ficarmos com muita fome vamos devorá-lo antes de você voltar.
—Vai ser rápido!
Os monstros tiram Lily da cela ,todas as crianças colocavam as suas esperanças nela.Ela rapidamente sai da casa se depara com uma densa e escura mata, não sabia onde estava e nem se havia uma vila próxima dali ,mas ela se sentia contente que se plano estava dando certo , agora ela precisa encontrar alguém e chamar por ajuda o mais rápido possível.
Ela corre o mais rápido que podia com suas pernas sendo arranhadas pelos pequenos arbustos e as teias de aranhas grudando em suas roupas , até que ela finalmente avista ,mas logo o sentimento de esperava se torna em dúvida.Uma sensação de que já esteve ali ,ao se aproximar mais ela se depara com a mesma casa que saiu."Como isso aconteceu?Eu andei em linha reta ,fui alguma magia dos monstros...?Por isso me deixaram sair sem me acompanharem..."
A última gota de esperança de Lily evaporou , não existe desespero maior se não a esperança se tornando o próprio desespero.
—Porque voltou sem coletar os ingredientes—o monstro, surgiu atrás dela e pacientemente a perguntou.
—E-eu...—Lily estava paralisada de medo ,sem esperanças,mal conseguia respirar e muito menos falar.
—Você nos fez esperar e voltou sem os ingredientes, só estava tentando fugir né?Saiba que isso é inútil.
—De aperitivo vou comer uma orelha sua.—ele a pega rapidamente pelo pescoço enquanto coloca a mão atrás da orelha de Lily.
—Não!Não por favor!,Pare!—gritava enquanto esperneava.
O monstro lentamente rasga sua orelha,a encarando com olhos vazios,os gritos de agonia de Lily preenchiam a floresta ,suas lágrimas e seu sangue sujavam suas roupas , até que ele arrancou sua orelha,e em sua frente com uma mordida come sua orelha pintada de sangue.O Orlog a larga no chão, Lily se esperneava e agonizava de dor enquanto sangue escorria de seu ouvido se misturando com as terra do chão.O mostro com seu poder cicatriza o ouvido dela , para ela não morre de hemorragia ,porque mesmo estando zangado ainda queria provar o prometido prato.
—Pare de se arrastar no chão ou arrancarei todos seus membros também.
—Está bem, só não me machuque mais...—dizia Lily com um olhar vazio ,sem esperanças,a única coisa que passava em sua mente era "Eu não quero morrer".
Então após recolher rapidamente umas pequenas ervas em volta da casa ,ela entra aas crianças sorriem ao vela "ela finalmente veio nos salvar!",mas algo estava errado , "onde estava a prometida esperança?"
—Lily!O que aconteceu?—perguntou Heitor preocupado.
Ela nada dizia e seu olhar nada expressava.
—Por favor, nos tira daqui!—Gritava Richard , o irmão mais velho de Heitor.
Lily apenas ignorava,com a cabeça baixa , pegava uma faca afiada que estava ao lado de um moedor de carne ,que estava em cima de uma bancada próximo ao caldeirão.
—Podem trazê-lo...—dizia Lily com uma voz melancólica.
—Lily, o que você está fazendo? Você disse que ia voltar com ajuda...—gritou Heitor em desespero.
Os monstros abrem a cela ,Richard tenta proteger Heitor ,mas diante do encantamento dos monstros ele ficou paralisado, podendo apenas observar seu pequeno irmão sendo arrastado para a morte.Heitor se esperneava,gritava por Lily ,mas ela não o ouvia , até que os monstro o arrastam para a velha mesa o colocam em cima dela amarram seus braços e pernas.Lily se aproximava de Heitor com a faca e com uma expressão morta.
—Desculpa...Desculpa...—murmurou Lily.
—O que você vai fazer?Me tira daqui!
—Você disse que ia me proteger, você prometeu!—ele gritava desesperadamente.
—Eu sei ,mas eu... também não quero morrer.
—Vou ser rapida.
—Pare!O que você vai fazer com ele?—gritava Richard com ódio.
Lily segura as faca com as duas mãos a vira para baixo apontada para o coração de Heitor ,com toda a sua força ela crava a faca,mas ele não morreu com uma facada,ela errou a mira por estar tremula e com seus olhos encharcados de lágrimas
—Isso dói!,isso dói!—gritava Heitor com o seu grito preenchido de dor e agonia enquanto se esperneava com a faca cravada em seu peito.
Ela falhou em mata-lo sem dor , ela desesperadamente tira a faca e a cravou novamente diversas vezes ,o sangue de Heitor respingava no rosto de Lily misturando com suas lágrimas
—Morre!Morre logo ,por favor!.
—Eu não quero morrer , você prometeu...—foram as últimas palavras de Heitor.
—Desgraçada!Porque fez isso?—gritou Richard chorando enquanto a apedrejava com pequenas pedras da cela.
Ela apenas ignora, fecha os olhos de Heitor que ficaram parados em uma expressão de agonia,o desamarra , tira suas sujas roupas,e o coloca no caldeirão.Ascende o fogo ,joga as pequenas ervas dentro e com o tridente mexe o corpo de Heitor dentro do caldeirão , enquanto se lembrava dos momentos que passaram juntos de que ele ia querer ser um grande cozinheiro que nem ela ,mas nada mais disso importava a única coisa que importava para Lily era sobreviver.
—Desgraça! Desgraçada!—Richard gritava com todo o ódio que tinha.
Mas Lily não o ouvia.A comida estava pronta,ela espetava o corpo de Heitor e o coloca em cima da mesa ,seu coração estava a mil com medo dos monstros não gostarem e o sacrifício de Heitor ser em vão, acabando não salvando a sua própria vida.As bestas abocanhavam o cadáver.
—Hmm
—A carne dele está ótima e no ponto
—E o cérebro também!—dizia o Orlog enquanto virava o crânio arrancado do cadáver, e dele escorria o cérebro derretido de Heitor ,em direção a sua grande boca.
—Está bem ,vamos te manter viva por enquanto em troca continua fazendo essa comida deliciosa para a gente.
Lily se sente aliviada mesmo sabendo que iria ter que repetir essa atrocidade que ela sabe que nunca conseguiria se perdoar , eternamente.Depois desse dia Richard foi o próximo, porém dessa vez Lily conseguiu matá-lo com uma facada só, sem ele sofrer ,nos dias seguintes foram as outras crianças e quando acabou os monstros sequestravam mais crianças,ela sempre fazia o mesmo prato , ensopado de carne,a cada prato que fazia ouvia os gritos e choros dos amigos de quem estava ela estava cozinhando,ela sempre estava acompanhada do medo dos monstros não gostarem do seu prato.Até que ela se acostumou com o medo ,o sangue jorrando em sua face,os gritos de quem ela matava,as pessoas para ela passaram a ser só ingredientes.
A única diferença entre agora e os Orlogs era o que eles consumiam.
Após meses se passarem ,levas de criança virem e irem ,uma criança dizia ser uma ótima cozinheira e Lily novamente sentiu medo.
—Não me matem!Eu era uma renomada cozinheira da minha vila!—dizia a criança desesperada.
—Ela sempre faz o mesmo prato para vocês né? Vocês já devem estar enjoados desse prato, eu posso fazer um prato muito mais saboroso.
—Acha que sabe cozinhar melhor do que eu pirralha maldita!—gritou Lily com raiva
—O que acha de dar uma chance a ela?—perguntou o Orlog pensativo.
—Está bem ,eu também estou um pouco enjoado da comida da nossa atual cozinheira,mas só não precisamos de duas cozinheiras se ela fizer uma comida saborosa, não precisaremos mais da Lily e ela se tornará a nossa comida.
Eles a libertam da cela e outra criança junto que seria o prato de teste.Lily com medo de ser substituída pega uma faca e rapidamente tenta esfaquear a criança que quer roubar seu posto.
—Maldita!—dizia Lily correndo em direção a criança com a faca na mão e seu olhar repleto de ódio que a tempo nada expressava.
O Orlog usa seu encaminhamento para pará-la ,ela só podia observar e amaldiçoar a criança para que ela não a supere,Lily não queria morrer , não depois de todo o esforço que ela fez para sobreviver.A criança começa a cozinhar.
(...)
—Está saboroso.
(...)
—Picar finamente as cebolas.
—Um pouco de ervas secas.
—Moer a carne.
—Misturar tudo adicionando pedaços de noz-moscada.
—Cozinhar a mistura.
(...)
—O patê de carne está pronto…
A procura de algum artista para fazer uma parceria e transformar a minha história em um manga.
— Un nuevo capítulo llegará pronto — Escribe una reseña