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Um calafrio subiu pela espinha de Elvira, fazendo suas pupilas se contraírem enquanto seus dedos roçavam o papel. Quem teria escrito essa carta?
Elvira mirou a mulher, avaliando-a com um olhar criterioso. Ele apertou o punho, estabilizando sua expressão, e então continuou escrevendo no caderno:
"Eu desejo adotar uma criança. Onde está o Dean?"
Os olhos da mulher vaguearam como se em pensamento, então ela pegou a caneta e escreveu firmemente:
"Posso levá-lo para ver as crianças. Alguém lá é responsável por isso."
Elvira acenou com a cabeça, pegou o pano, e o devolveu à mulher junto com o caderno.
A mulher, segurando o pano e a vassoura, conduziu Elvira até o segundo andar. Seu passo era rápido, olhando para o relógio como se alguém a estivesse perseguindo.
Elvira seguiu, disfarçadamente sentindo o pedaço de papel no bolso, que ele havia sorrateiramente arrancado do caderno enquanto se abaixava para pegar o pano.
Enquanto andava, Elvira observou vários Trabalhadores de Cuidados, todos profundamente absortos em suas tarefas, mal lhe lançando um olhar exceto por checagens ocasionais nos seus relógios de pulso.
Logo, Elvira sentiu-se aliviado ao ouvir o som de crianças brincando e rindo, o que o fez relaxar e aliviar suas preocupações.
No segundo andar ficava a sala de brincadeiras.
As paredes estavam adornadas com desenhos infantis e cantos repletos de brinquedos fofinhos. Perto da janela havia uma televisão e um console de jogos. A sala também contava com um pequeno palco para que as crianças pudessem exibir livremente seus talentos.
A mulher apontou para um homem sentado em um canto. Esse homem, na faixa dos quarenta ou cinquenta anos, usava o uniforme específico do Orfanato. Ele estava lá, olhando para um relógio no canto com uma postura muito séria.
Antes que Elvira pudesse reagir, a mulher virou-se apressadamente e saiu andando, como se tivesse assuntos urgentes a resolver.
Aproximando-se do homem, Elvira disse, "Olá, posso perguntar se você é o responsável aqui?"
O homem virou-se abruptamente, franzindo a testa como se preferisse não ser incomodado. No entanto, ele rapidamente ajustou sua expressão, levantou-se e estendeu a mão calorosamente para Elvira, se apresentando, "Olá, eu sou Georgewill, o supervisor diurno do Orfanato Const. E você é?"
"Elvira Nieva, estou interessado em adotar uma criança aqui." Elvira apertou as mãos de Georgewill.
"Isso é maravilhoso," disse Georgewill, puxando uma cadeira para Elvira sentar-se, "Normalmente, eu te convidaria para o meu escritório no primeiro andar para conversarmos. No entanto, agora é hora do recreio para as crianças, e eu preciso supervisioná-las aqui. Então, teremos que conversar aqui. Espero que você compreenda."
"Na verdade, quero adotar uma criança que goste de mim tanto quanto eu dela. Por isso, estou ansioso para passar um tempo com as crianças antes de tomar qualquer decisão." Elvira aceitou gentilmente a gentileza de Georgewill e sentou-se, assistindo as crianças brincarem enquanto falavam.
"Claro, isso é compreensível. Na verdade, muitas pessoas compartilham do seu sentimento," Georgewill lançou um olhar ao relógio, aparentemente atento ao tempo. "Nós aconselhamos o mesmo, que você brinque com eles e aumente a interação. No entanto, agora são 4:05 PM, e eles têm que ir para a sala de aula no primeiro andar para as aulas às 4:15 PM."
"Você precisará ficar de olho no tempo," Georgewill acrescentou de forma incisiva.
"Serei cuidadoso para não interromper a rotina diária das crianças," Elvira observou, notando que Georgewill relaxou visivelmente ao ouvir isso.
"Então, por favor, sinta-se à vontade."
Elvira levantou-se e observou as crianças, com as bochechas rosadas, os olhos brilhantes e vivazes, e as roupas arrumadas, até as bordas das mangas estavam limpas.
As unhas deles não estavam excessivamente longas nem roídas de maneira irregular.
Ao menos na superfície, as crianças pareciam saudáveis de corpo e mente, inocentes e românticas, e bem-cuidadas.
Mas havia uma que parecia diferente.
Elvira notou uma menininha no canto, brincando com uma boneca enquanto lançava olhares frios e avaliativos em sua direção.
A garota, com uns sete ou oito anos de idade, tinha o cabelo preso em dois rabos de cavalo, usava um vestido plissado e tinha um laço de borboleta em volta da cintura.
Seu olhar parecia maduro demais para sua idade e distinto dos outros crianças. Apesar de suas tentativas de esconder, ela não era páreo para a observação aguçada de Elvira, e ele a notou imediatamente.
Elvira aproximou-se dela, agachando-se para olhar para cima, prestes a falar, quando a menininha o cortou.
"Vá embora, eu não quero que você me adote."
Elvira piscou, a afirmação dela imediatamente despertou seu interesse. A garota à sua frente era como um pequeno ouriço, mantendo todos que se aproximavam à distância.
Assim como ele costumava ser.
Ele deu um passo para trás, com as mãos para cima em um gesto de rendição, e continuou, "Eu me afastei, agora me diga seu nome. Se você me disser, compartilharei um segredo com você, do tipo que ninguém mais sabe."
Elvira sabia muito bem como se conectar com uma criança espinhosa e sensível.
A menininha olhou para baixo, mexendo no rosto da boneca, em silêncio, como se lutasse com uma decisão. Logo, ela sussurrou, "Blair."
"Agora é sua vez de contar um segredo!" Blair olhou para cima, para Elvira, com um olhar ameaçador.
Elvira inclinou-se próximo ao ouvido de Blair, cobrindo a boca enquanto sussurrava, "Eu costumava ser órfão aqui, depois fui embora."
"Você está mentindo." Blair virou o rosto, apertando os olhos, o olhar cheio de desdém enquanto ela balançava a cabeça, "Não sou tão ingênua quanto aqueles porquinhos."
O olhar de Blair tinha uma frieza e desprezo que não condizia com sua idade.
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