Com o coração pesado, Naomi terminou de arrumar sua mala, sabendo que o tempo para se despedir de Naoya estava se esgotando rapidamente. Cada peça de roupa dobrada e cada lembrança guardada eram como punhais em seu peito, lembrando-a do inevitável afastamento.
Enquanto isso, Naoya caminhava pelas ruas da cidade, perdido em seus pensamentos. Ele sentia um vazio crescente em seu peito, à medida que a realidade da partida iminente de Naomi se tornava mais palpável. Ele desejava desesperadamente poder detê-la, impedir que ela partisse, mas sabia que isso estava além de seu controle.
Na noite anterior à partida, Naomi e Naoya se encontraram em seu lugar especial, um pequeno banco no parque onde costumavam passar horas conversando e compartilhando seus sonhos mais profundos. O silêncio entre eles era ensurdecedor, carregado de todas as palavras não ditas e emoções não expressas.
Finalmente, Naoya quebrou o silêncio, segurando a mão de Naomi com firmeza.
— Eu não sei como vou lidar com sua ausência, Luana. Mas prometo que estarei aqui, esperando por você, não importa quanto tempo leve. Eu te amo.
As lágrimas rolaram pelo rosto de Naomi enquanto ela se segurava com força na mão de Naoya.
— Eu também te amo, Naoya. E prometo que vou voltar para você. Não importa o que aconteça, eu voltarei.
Com corações pesados, eles se despediram naquela noite, sabendo que o destino os separava temporariamente, mas mantendo a esperança de um reencontro no futuro.
Enquanto o avião decolava no dia seguinte, levando Naomi para longe de tudo o que conhecia, ela olhou pela janela, sabendo que estava deixando para trás não apenas uma cidade, mas também uma parte de si mesma. Mas em seu coração, ela carregava a promessa de um amor que transcenderia a distância e o tempo.
12 anos depois…
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Eu a procurei por muito tempo. Ouvi rumores de que ela havia voltado e estava estudando no Instituto Seirei. Sabendo dessa notícia, me matriculei nesta escola e me esforcei para passar na prova admissional. Dediquei todas as minhas férias de verão para estudar, já que não tinha amigos para aproveitar o tempo livre. Quando chegou o dia do exame admissional, reuni toda a coragem e motivação que tinha para ir à escola fazer aquela prova.
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No dia do exame admissional, o coração de Naoya batia forte enquanto ele caminhava em direção à sala onde a prova seria realizada. Ele tentava controlar os nervos, lembrando-se do motivo pelo qual estava ali: encontrar Naomi.
Ao entrar na sala, Naoya notou que os outros candidatos estavam concentrados em seus próprios exames, alguns conversando nervosamente entre si. Ele se sentou em sua carteira, respirou fundo e começou a responder às questões, deixando de lado as distrações ao seu redor.
Horas pareceram passar em um piscar de olhos enquanto Naoya se concentrou intensamente na prova. Cada pergunta respondida era um passo mais próximo de seu objetivo, de encontrar Naomi novamente.
Finalmente, o tempo acabou e as provas foram recolhidas. Naoya deixou a sala de exames com uma mistura de alívio e ansiedade. Agora, tudo o que podia fazer era esperar pelos resultados e torcer para que seu esforço fosse suficiente.
Os dias que se seguiram foram repletos de nervosismo enquanto Naoya aguardava ansiosamente o veredicto. Cada toque no celular ou chamada recebida fazia seu coração acelerar, na esperança de receber a notícia que tanto ansiava.
Até que, finalmente, o dia chegou. Naoya recebeu um e-mail informando que havia sido aprovado no exame admissional para o Instituto Seirei. Uma onda de alívio e alegria inundou-o, mas também um senso renovado de propósito. Ele estava um passo mais próximo de encontrar Naomi.
Com a chegada do primeiro dia de aula, Naoya se dirigiu ao mural para ver em qual sala estaria. Ao chegar no colégio, deparou-se com uma multidão de alunos reunidos em um só lugar. Sua curiosidade o levou a se aproximar, e ao olhar para o grande mural, ficou chocado ao notar seu nome no primeiro lugar da listagem.
— C-Como assim? Eu fui tão bem assim? Eu realmente não esperava por isso.
Enquanto se recuperava do choque, Naoya começou a ouvir cochichos dos outros alunos. Alguns comentários eram maldosos, enquanto outros expressavam surpresa.
— Alguém tão bom assim está nesta escola? Quem será ele?
Quando esse comentário reverberou nos ouvidos de Naoya, ele rapidamente se virou na busca pelo autor. Seus esforços para passar no exame haviam tido mais efeito do que ele esperava; sua nota trouxe uma fama para ele na escola. Naoya se perguntava se essa repentina fama ajudaria-o a conquistar seu objetivo inicial.
Quando começaram as aulas na primavera, as cerejeiras estavam soprando suas folhas ao vento, emoldurando a escola como um sonho. Para Naoya, era como entrar em um mundo novo, repleto de pessoas diferentes e possibilidades de fazer amizades, tudo ainda parecia surreal.
— Todos os estudantes novatos, por favor, se dirijam ao auditório para a cerimônia de entrada.
Enquanto caminhava pela escola, Naoya ouviu o anúncio pelo megafone, orientando os novatos a irem para o auditório. Não sabendo exatamente onde ficava, ele consultou o mapa quando, de repente, uma garota que vinha correndo esbarrou nele. O impacto os derrubou no chão, e ela imediatamente estendeu a mão para ajudá-lo.
— Me desculpe, você se machucou?
Ela lançou um brilhante sorriso para Naoya quando ele se levantou e abanou a poeira de suas roupas. Naoya ficou hipnotizado pela beleza da garota, com seus cabelos dourados com pontas tingidas de rosa, olhos azuis como cristal e uma aura de doçura e sensualidade.
— Não se preocupe, não foi nada.
Naoya agarrou a mão estendida e se levantou, e após um momento de desajeitada interação, descobriu que o nome dela era Ayleen Oyama.
— Você é novo aqui, não é?
— Sim, me chamo Naoya Akagawa.
— Muito prazer, Akagawa-san. Eu sou Ayleen Oyama, seja bem-vindo.
— Obrigado, Oyama-san.
— Pode me chamar só de Ayleen.
Enquanto eles conversavam, uma leve brisa soprava, tornando o momento ainda mais mágico. Naoya estava encantado com Ayleen, e a troca de sorrisos e palavras deixou-o fascinado.
— Tudo bem, Ayleen-san.
— Nada disso, é só Ayleen.
Naoya corrigiu o nome dela enquanto ela brincava com uma mecha de seu cabelo, e então, de repente, ele deixou escapar seus pensamentos em voz alta.
— Você é muito fofa, Ayleen.
A reação de Ayleen foi surpreendente. Ela corou e ficou um pouco envergonhada, antes de se desculpar e sair correndo.
Na cerimônia de entrada, Naoya encontrou-se em destaque devido à sua nota no exame admissional. Ele sentiu o peso dos olhares curiosos e invejosos, mas sua mente estava ocupada com Ayleen.
Durante o intervalo, Naoya foi à lanchonete da escola, onde acabou encontrando Ayleen novamente. Ela o convidou para sentar-se com ela e, depois de uma série de eventos embaraçosos, acabaram compartilhando um momento íntimo ao dividirem um hashi de curry.
Após uma série de acontecimentos constrangedores, Naoya foi marcado como o alvo de ódio de alguns alunos. No entanto, ao final do dia, Ayleen o convidou para ir embora juntos, deixando Naoya confuso com a repentina atenção da garota mais popular da escola.
E assim, enquanto viajavam juntos de volta para casa, Naoya se encontrou em meio a uma situação que ultrapassava seus limites de compreensão, mas ao mesmo tempo, o deixava intrigado e encantado com Ayleen.
Atualmente…
Sayuri sobe as escadas e entra sorridente no quarto de seu irmão, com a repentina entrada da sua irmã, Naoya se assusta e cai da cadeira. Levantando um pouco atordoado ele lança um olhar furioso para Sayuri que mantém o sorriso.
— Sayuri, não entre no meu quarto quando bem entender, eu já disse a você, bata na porta. O que faria se eu tivesse pelado?
Ouvindo o sermão do irmão Sayuri olha Naoya dos pés à cabeça e sorri em tom de deboche.
— Oniisama pode ficar tranquilo, porque se isso acontecesse eu não veria nada, pois não há nada aí para ver.
Aquelas palavras furaram o coração de Naoya como se fosse uma lâmina, após recompor-se ele direciona seu olhar para Sayuri que estava sentada sobre sua cama.
— O que você quer aqui? E não se sente na cama dos outros tão levianamente.
— Por que não pode? O onii-sama tem fetiche por irmãzinhas?
— Não é nada disso. Pare de enrolar e diga logo o que quer.
— Argh! O onii-sama é tão chato, vamos assistir um filme juntos!
— Ué, por que você não vai com sua amiga Alana?
— Ela está viajando com a família dela e afinal… eu quero ir com em um encontro com o onii-sama.
Quando aquelas palavras reverberaram nos ouvidos de Naoya, ele se assustou e olhou diretamente para ela descrente do que tinha ouvido.
— Você está começando a se tornar uma brocon?
Após muita insistência, Sayuri consegue fazer com que Naoya aceite sair com ela para o cinema. Parado na estação Naoya esperava por sua irmã que ainda não havia chegado, ele tentava se forçar a acreditar que aquilo era apenas um passeio entre irmãos, não haveria nada de romântico ali.
— Desculpe pela demora onii-sama, demorei muito?
— Sim. Você demorou demais.
— Urgh! Onii-sama você deveria ter mentido dizendo: "Não acabei de chegar ou algo do tipo." é por isso que você não tem namorada.
— Cala a boca.
Após dizer isso, Naoya dá um tapa na cabeça de Sayuri.
— Ai! Por que eu estou sendo castigada?
— Porque você mereceu.
— Você só me bateu porque eu disse a verdade.
— Quer apanhar de novo?
— Desculpe, desculpe.
Após chegarem no cinema, Sayuri vai em direção ao banheiro e Naoya se encaminha para comprar os ingressos. Quando Naoya estava na fila uma garota se aproxima dele.
— Nao-kun?
Nota: a palavra kun é lida como cam.
Quando Naoya ouviu alguém chamá-lo, ele se virou procurando o autor da voz, vindo em sua direção estava um rosto familiar para ele, ao ver aquele rosto ele ficou paralisado. As lembranças daquela pessoa haviam voltado tudo e seu coração deu um pequeno aperto.
— Luana?