Estou aqui de novo. Sozinho.
O espaço ao meu redor é tão vazio que consigo ouvir o som da minha respiração. Um corredor sem fim, um lugar que não faz sentido. Já tentei falar, gritar, correr, mas nada muda. O chão é frio, o ar pesa no peito, e eu... eu só quero que isso pare.
Não gosto de estar sozinho.
Isso é engraçado, porque, na verdade, sempre estive. Mesmo quando havia pessoas ao meu redor, sempre parecia que eu estava em um canto que ninguém enxergava. Sempre fui o garoto que observava à distância, que fingia entender quando, na verdade, não sabia o que sentir.
Mas aqui... aqui é diferente. O vazio parece falar. Ele me pressiona, me força a olhar para dentro. E o que vejo não é nada.
Quem sou eu? Por que estou aqui?
Eu tento lembrar. De alguma coisa, qualquer coisa. Um rosto, uma voz, uma memória que me diga que eu já fui alguém. Mas tudo está borrado, como se meu passado tivesse sido arrancado de mim.
Acima de mim, uma roda dourada gira lentamente. Não sei por que ela está aqui, mas é a única coisa que brilha nesse lugar. Parece viva, como se esperasse algo de mim.
Será que isso é um sonho?
Não. Sonhos são diferentes. Eles têm cores, formas, sentido. Aqui, só há escuridão e perguntas.
E eu não gosto de perguntas.
Sinto uma presença. Algo se move à frente, mas não posso ver. Não sei o que é, mas pela primeira vez sinto que não estou sozinho. Parte de mim quer fugir, mas outra... outra parte quer saber.
Seja lá o que for, talvez tenha as respostas que eu não tenho. Talvez me diga por que estou aqui, por que parece que estou preso entre o que fui e o que nunca serei.
E talvez, só talvez, me diga como preencher esse vazio.