Adeline estava sentada à frente de Dimitri no fino restaurante, com as pernas cruzadas e os braços dobrados.
Surpreendentemente, Dimitri tinha concordado com o pequeno encontro e até se deu ao trabalho de levá-la a um restaurante refinado e excelente. Suas refeições eram tentadoras e a atmosfera aconchegante tornava tudo ainda melhor.
"Eu nunca soube que você era do tipo romântico." Adeline deu uma risadinha, com o cabelo preso em um rabo de cavalo, balançando. Ela estava vestida com um terno na cor cinza-claro, uma gola alta preta por dentro e saltos.
Os olhos cinzentos de Dimitri se levantaram para olhar para ela. Com um resmungo, ele disse, "Você não sabe nada sobre mim."
"Definitivamente, concordo com isso." Adeline pegou o copo de vinho, seus lábios vermelhos e volumosos se estendendo em um largo sorriso. "Outro benefício que este encontro nos traz. Se não tivéssemos vindo, eu nunca teria sabido que você era tão romântico."
"Você faz isso pelas mulheres com quem se envolve, não é?" Ela inclinou o copo, girando o vinho dentro dele.
Dimitri ergueu uma sobrancelha para ela. "O que você quer dizer?"
"Nada." Adeline deu de ombros, revirando os olhos. "Acho que estou um pouco com ciúmes. Você nunca me levou a um encontro romântico. É ruim, você não acha?"
"Se você fosse o meu tipo, talvez eu teria feito," Dimitri respondeu, enfiando uma colherada de sua comida.
Adeline parou o que estava fazendo e fixou o olhar nele. Ela sorriu suavemente e suspirou. "Você está dizendo que odeia minha personalidade? Ou é que eu não sou bonita o suficiente para você?"
"Bonita talvez. Personalidade, péssima." Dimitri não hesitou com sua resposta. "Eu odeio mulheres como você que agem tanto por conta própria. Você é casada comigo, então deveria ser o que eu quero que você seja... Assim, você seria atraente para mim." Ele expressou com as mãos, o tom de sua voz denotando seu desagrado.
O estômago de Adeline revirou, mas ela fez bem em mascarar seu desgosto com um sorriso suave.
"Está tudo bem, Dimitri. V-você não precisa ficar tão bravo. Estou trabalhando para isso. É por isso que-"
Sua voz quebrou no meio de suas palavras, fazendo Dimitri olhar para cima.
Ao ver o rosto triste dela, ele franziu a testa, esta sendo a primeira vez que a viu parecer tão vulnerável, não exibindo de forma alguma a aura forte que ela frequentemente tinha.
Esta ainda era a Adeline que ele conhecia? O que diabos aconteceu com ela? Ele estava suspeitando dela, mas simplesmente não conseguia ignorar a sinceridade em suas ações e olhos.
Era algum tipo de sonho distorcido?
Dimitri estreitou o olhar. Ele não tinha bebido tanto quanto Adeline, mas algo dizia a Adeline que ele não aguentava bem a bebida. Ainda assim, deixá-lo bêbado e forçar informações dele estava fora de questão.
Ela acabaria sendo a bêbada, já que nunca foi boa em segurar a bebida.
"Serei melhor, Dimitri, eu serei. Só preciso de mais uma chance para consertar as coisas entre nós." Adeline fungou, tocando o peito para se acalmar.
Dimitri relaxou na cadeira, com os braços cruzados. "É mesmo?" Seus lábios se curvaram em um sorriso. "Então, como você está nessa jornada para se tornar uma esposa melhor, você não vai se importar se eu fizer isso," ele disse, pegando o copo de vinho na mesa.
Adeline observou enquanto ele inclinava o copo, derramando o vinho diretamente em seu cabelo. Seus olhos piscaram e ela engoliu, quase não se segurando para reagir. Ela ficou em choque total, isso era a última coisa que esperava que ele fizesse.
Quem diabos derrama vinho na esposa durante um jantar?
Ela riu interiormente, respirando fundo para enterrar a raiva que havia fervido dentro dela. Claro, ela sabia que ele estava procurando provocar uma reação dela, pois ele obviamente a estava suspeitando, mas ela não iria deixar isso acontecer.
Ela tinha que manter a atuação, mesmo que isso significasse tolerar momentos humilhantes como este.
"Ops, foi mal. Minha mão escorregou." Dimitri riu e relaxou na cadeira, sem remorso pelo que tinha feito. Ele estava esperando por isso — o momento em que ela reagiria ou pegaria o copo, retribuindo o mesmo favor.
Mas o que veio a seguir fez seus olhos se arregalarem.
Adeline começou a chorar, lágrimas quentes correndo pelo seu rosto e caindo sobre a mesa. Não era apenas um choro suave, mas um pesado.
Nenhuma reação conseguiu vir de Dimitri, pois ele estava completamente imóvel em seu lugar, seus olhos piscando em descrença.
Adeline... chorando? Huh? Que tipo de cenário era esse? Ele nem sequer conseguiu vê-la chorar no funeral de sua mãe...
Ela era dura, e era outra coisa que ele desprezava nela. Adeline era inquebrável — alguém que ele nunca tinha conseguido despedaçar ao seu gosto, não importa o quanto tentasse. Ela era alguém que até frustrava seu pai ao ponto dele destruir todo seu escritório em um acesso de raiva.
Como era possível que a mesma mulher estivesse sentada bem na frente dele, chorando tanto só porque ele derramou vinho em sua cabeça? Onde tinha ido o lado durão dela? Que diabos estava acontecendo?
Ele estava completamente perplexo. "Adeli-"
Adeline afastou a cadeira para trás e se levantou. "Eu voltarei. Preciso... preciso me limpar."
Seus olhos piscavam confusos enquanto ele a observava sair, completamente sem palavras.
Adeline saiu da sala para ir ao banheiro, mas ela acidentalmente esbarrou em uma figura grande, o que a fez cambalear para trás. Ela estava quase caindo, mas a figura foi rápida para agarrar seu pulso, puxando-a para cima.
"Você pode prestar atenção por onde anda... indo?" Suas palavras se dissiparam lentamente ao ver César, que estava à sua frente, com uma expressão atônita.
"Boneca?" O tom de César era alegre, uma risada suave e atraente ressoando em sua garganta.
Adeline piscou, surpresa. "Você. O que você está fazendo aqui?" Ela nunca esperava vê-lo ali.
Que coincidência infernal!
"Eu poderia te fazer a mesma pergunta. Já está com saudades?" César sorriu, inclinando-se e abaixando o corpo para ficar na mesma altura que ela. Seu nariz se contorceu agressivamente, seu rosto se enrugando em uma carranca. "Por que você está cheirando assim?"
Ele de repente soou provocado.
"C-como assim?" Adeline olhava nos olhos dele, suas pestanas úmidas piscando nervosamente. "É vinho? Ah... eu posso explicar. Bem, alguma coisa-"
"Não, não é vinho!" César balançou a cabeça para ela, seu olhar escurecendo. "Você está cheirando a alguém! Com quem você está?" Ele agarrou seu braço, puxando-a para mais perto.