A brisa fria entrava pelas janelas altas de vidro abertas, fazendo as longas cortinas de algodão esvoaçarem acima delas.
Adeline piscou seus cílios, separando-os, abrindo os olhos. Suas pupilas examinaram os arredores, e ela sacudiu sua cabeça pulsante com uma careta.
Onde estou? Ela colocou os pés no chão e foi até a porta, abrindo-a.
Pelo corredor com piso de mármore branco, ela caminhou, olhando ao redor confusa.
"Onde... é isso?" ela se perguntou e de repente parou seus passos.
Eles me encontraram? Onde é este lugar? O coração de Adeline disparou e ela virou para a janela à sua esquerda, espiando o pátio lá fora.
Não havia guardas de segurança do lado de fora, como ela esperava. Mesmo na mansão, Dimitri colocava muitos homens bem treinados, então onde poderia ser este lugar que ele nem se deu ao trabalho de postar pelo menos alguns?
Ela deu um passo lento para trás, olhando seu reflexo na janela de vidro. Uma bandagem estava enrolada na parte inferior de sua cabeça e seu pulso estava imobilizado com gesso.
Isso a fez franzir a testa.
Eles a trataram e também deixaram a porta aberta sem segurança. Eles não tinham medo de que ela pudesse fugir?
Fugir? Seus olhos se arregalaram, e ela rapidamente começou a apressar o passo pelo corredor.
Ainda que parecesse suspeito, essa era ainda sua chance de sair dali. Não havia guardas-costas e era como se tivessem deixado um caminho—
Elw se deparou com uma imensa porta dupla branca bem na sua frente. Sua expressão se contorceu, e ela recuou um pouco, levando um momento para encarar a porta.
Dimitri ou seu pai estavam lá dentro?
Adeline engoliu em seco, dando um passo à frente. Ela pegou as duas maçanetas e empurrou levemente a porta, fazendo seu caminho para dentro.
Seu olhar se estendeu até a mesa no escritório como sala e parou em uma cadeira de couro preta que estava virada de costas.
Com passos lentos e firmes, ela se aproximou até estar bem em frente à mesa.
"Você finalmente acordou," uma voz profunda e desconhecida soou.
A expressão de Adeline se contraiu em perplexidade, e ela podia ouvir seu coração começar a bater descontroladamente com inquietação.
Essa não era a voz de Dimitri nem de seu pai. Quem era?
Ela havia sido sequestrada? Seria essa a razão pela qual o prédio e os arredores eram desconhecidos? Mas quem sequestraria alguém para um penthouse? Era incomum.
Ela alcançou a caneta-tinteiro dourada jogada sobre a mesa e começou a dar um passo em direção à cadeira de couro.
O homem sentado na cadeira a girou, parando de frente para Adeline, que parou imediatamente ao ver seu rosto. Ele cruzou as pernas, entrelaçando seus dedos com um sorriso se formando em seus lábios.
Os olhos de Adeline se arregalaram lentamente. "H-hã?"
Não é ele... Levou um momento para se lembrar, mas esse homem era definitivamente o homem de olhos verdes que ela encontrou após o acidente—o que queria que ela pagasse pelos danos!
Por que ele estava na frente dela em um penthouse que ela nunca viu antes? Quem era ele? Ele não poderia ter possivelmente a sequestrado... certo?
A respiração de Adeline ficou presa, e suas pupilas dilataram.
O homem, que era César, sorriu para ela. "O que está passando pela sua ca-"
Adeline estava diante dele em um piscar de olhos, uma mão pressionada na cadeira ao lado de sua cabeça e a outra segurando a caneta-tinteiro, apontando para a garganta dele.
Ela dobrou o joelho sobre a cadeira entre suas coxas em sua virilha e se aproximou, pressionando a ponta da caneta-tinteiro contra seu pescoço. Seus rostos estavam a apenas uma polegada de distância.
"Quem diabos é você?"
Os olhos de César se arregalaram em surpresa, mais do que medo de que ela pudesse perfurar seu pescoço a qualquer momento.
"É bem audacioso da sua parte me atacar assim sem pensar." Seus lábios se curvaram em um sorriso mortal, enviando calafrios pela coluna dela.
Foi só agora que Adeline percebeu que ele tinha uma pistola apontada diretamente para as suas têmporas. Uma única bala, e ela estaria seis pés abaixo da terra.
Com um tremor, sua pegada na caneta-tinteiro se apertou.
César riu—uma risada profunda e rouca que fez a cara dela franzir ainda mais.
"Seu pulso não dói?" Ele desviou o olhar para o pulso dela imobilizado pelo gesso e voltou sua atenção para a expressão contraída dela.
"Não tenho certeza de que essa é a maneira de agradecer a alguém que salvou sua vida." Seus olhos vasculharam o rosto dela.
Adeline lançou imediatamente um olhar fulminante para ele. "Salvou minha vida? Você me sequestrou!"
"O quê?" César arqueou uma sobrancelha, não mais divertido.
Adeline debochou, encarando-o com olhos vigilantes. "Primeiro foi na estrada, agora isso? O que você quer de mim?"
"Sua lesão na cabeça deve estar afetando o seu pensamento. Eu nunca sequestraria uma mulher inconsciente deixada morrendo na beira da estrada. Se eu quisesse sequestrá-la, eu teria feito isso de uma maneira muito mais madura," disse César calmamente, recolhendo a arma.
"Existem diferentes maneiras de matar, muito melhores. Este método é patético."
Adeline recuou a cabeça, olhando para ele com uma mistura de confusão, descrença e choque.
"Se você não me sequestrou, então... por que estou aqui? Que lugar é este?" ela perguntou, levantando da cadeira e deixando a caneta-tinteiro na mesa. "Isso é tudo porque eu não paguei pelos danos no seu carro? Se bem me lembro, você era o mesmo homem me encarando com raiva como se quisesse me matar."
"Eu tinha meus motivos." César deu de ombros, abrindo inocentemente seus braços. "Este é o meu penthouse, e como eu disse, eu a salvei, nada além disso."
Claro, Adeline não iria acreditar nele tão facilmente. Ela se sentou no sofá do escritório, contorcendo-se de dor que sentiu no pulso. "Que generosidade a sua ajudar uma mulher que você encontrou morrendo na beira da estrada."
Ela franziu os olhos para ele. "É, não, você não parece do tipo. Nem um pouco."
"É mesmo? Isso meio que dói," disse César sarcasticamente, se levantando de sua cadeira.
Ele andou até a mesa e se sentou na beirada, com as costas ligeiramente curvadas. "Foi uma surpresa dirigir pela estrada só para encontrar alguém familiar morrendo sob a chuva." Seu olhar nela era provocativo.
"O quê?" Adeline lançou um olhar cauteloso para ele. "Familiar?"
Ele assentiu com a cabeça.
"Você é... a..." Ele parecia não conseguir completar suas palavras por razões desconhecidas e Adeline se perguntou por quê.
Quem era ele? Como ele conhecia Dimitri? Não, como ele a conhecia? Ela mal saía da mansão Petrov e Dimitri não era exatamente alguém disposto a levá-la aonde quer que fosse.
Cautelosamente fechando o punho, ela se aproximou dele, agarrou-o pelo colarinho da camisa e o puxou para baixo até a altura dela. "O que você quer de mim? Por que você me conhece e-"
"Você sabe quem eu sou?" César levantou sua mão, brincando de torcer algumas mechas do cabelo castanho escuro dela com seu dedo indicador. Sua cabeça estava inclinada para o lado, seus olhos profundamente cravados nos dela.
Adeline bateu sua mão para longe.
"Quem diabos é você?"