Nael voltou-se para os revoltosos. Seu olhar era de ira e desconcordância:
"Maliciosos!" Esse grito percorreu toda a extensão de Celestia, fazendo com que todos os revoltosos, exceto Estefan, caíssem prostrados. "São loucos e de mal caráter. Não se deixem enganar, vê de pois, o amor com qual somos iluminados. Se o criador assim quisesse, e tendo todo o direito, poderia nos destruir. Ele não precisa de nós, é justamente o contrário."
Os Ofanis ouviram isso e acolheram com alegria e reverência. Mas a Estefan, essas palavras eram como um cadáver repulsivo, e o causava irá e nojo. Estefan pensou assim:
'Como ele se acomete de tão fétidas palavras? Eu os quero libertar da tirania desse "amor" do criador. Eu não irei perder. Certo é que minha natureza não pode se comparar a do criador, mais serei o possível. Que eu cresça e ele diminua.'
Esse pensamento ecoou aos ouvidos de Carlos como trombetas estridentes. Ele voltou seu olhar para Estefan, que ao perceber, tremeu. Um arrepio agudo atingiu sua espinha, e seu rosto revoltado verteu-se em um rosto de apreensão. Ele sentiu que se Carlos quisesse já o teria destruído.
Alguns ao ouvirem Nael resolveram abandonar o murmúrio de guerra, e se postaram diante do criador. Isso alegrou Nael, os seus e seu criador.
Ao presenciar essa desistência, Estefan, ficou revoltado. Suas emoções eram como um mar tempestuoso. Ele então falou:
"Não!" gritou ele. "Ele não vai os salvar nem fazê-los felizes. Permaneçam comigo, e criemos nós mesmos nossa felicidade. Temos poder, e não somos com ele, sejamos firmes em nossas decisões."
Uma miríade permaneceu com Estefan, decidindo-se não voltar atrás. Juraram diante do criador e de toda a milícia celestiana, que não voltariam atrás em sua profana decisão.
Estefan alegrou-se nisso. No fundo ele sabia que estava enganado, mas agora não podia voltar atrás. "É isso," falou ele. "não voltaremos atrás. Somos nossos donos, e uma felicidade devida nos aguarda." Os seus clamaram seu nome, concordando com tudo o que ele dissera.
Nael colocou a mão sobre a testa, esboçando um sentimento de pena e decepção. Pensou ele: 'Ainda havia tempo para desistirem de seus malefícios. Agora, uma vez firmados, não poderiam voltara atrás.'
Olhou para os seus, e com confiança e força disse:
"Bendito sois vós, que permaneceram no criador. Assim como as nuvens de Celestia, que são firmes como o mármore de suas construções, foram vocês. Alegrense, e agradeçam, pois a misericórdia do criador pairou sobre nós."
Os Ofanis de Carlos começaram à cantar. Seus corpos tomaram imenso brilho, seus olhos como raios, e suas asas como copas de Palmeiras.
"Bendito é o criador, que não abandonando os indecisos, os deu tempo para retornar. Grande é sua misericórdia, eterna é sua bondade. Bendito seja o criador!"
Todos eles se alegraram. Voltaram-se para Carlos, e simultaneamente curvaram-se, levando o rosto ao chão. Os Ofanis maus ficaram ainda mais revoltados com a beleza desse ato, e começaram a gritar.
Carlos poderosamente levantou-se do trono, e agora estava com severidade e poder em seu olhos. O momento decisivo, a repartição entre aquilo que é bom, e aquilo que é mal, chegou. Todos focaram seu olhares em Carlos, ansiosos pelo que viria.