— Estou com fome — disse Max, na esperança de que alguém o entendesse.
Infelizmente, ninguém falava sua língua e também não a entendia. Mas a fome era demais, e Max insistiu, fazendo gestos e apontando para a própria boca.
Demorou um pouco, mas finalmente alguém entendeu e lhe deu um pedaço de osso com o mínimo de carne para ele comer. Max comeu a carne e roeu o osso com tanta avidez que foi notado por isso.
Então, vários daqueles selvagens começaram a ficar à frente da sua caverna, jogando ossos e pequenos pedaços de carne.
Pareciam se divertir com Max, que não se importava com mais nada além de comer a carne que lhe era jogada. Os selvagens pareciam ficar cada vez mais animados e, ao invés de jogar carne, apenas jogavam ossos.
Max ficou irritado e, agora que se sentia um pouco mais forte, começou a jogar os ossos de volta. Para seu azar, um dos ossos machucou um deles, que viu aquilo como uma afronta e saiu correndo. Não se importou e continuou procurando entre os ossos algum pedaço de carne.
Não demorou muito para que percebesse que os selvagens estavam batendo os pés e gritando como loucos, enquanto aquele que havia corrido voltava com um imenso lobo preso em uma grossa corda feita de cipó.
E, assim que chegou à frente da prisão de Max, o selvagem retirou uma das lanças fincadas no chão para dar passagem ao imenso lobo, que também parecia estar com fome. O selvagem não tirou a corda do pescoço do lobo; apenas soltou-a.
O lobo não precisou de mais nenhum comando e avançou em direção a Max com grande velocidade. A maioria dos selvagens se aglomerou para ver aquele espetáculo; todos tinham certeza de que o lobo traria o fim daquele prisioneiro.
Desde o momento em que o lobo havia chegado, Max já estava se preparando para um ataque. Apenas fingia ignorá-lo e, quando supostamente estava procurando um pedaço de carne entre os ossos, procurava algo que pudesse usar como arma.
E ali estava um osso grande e afiado na ponta. E quando o lobo saltou sobre Max, ele não perdeu tempo e enfiou com toda a sua força aquele osso na garganta do grande lobo, que nem sequer teve tempo de entender o que havia acontecido.
Os selvagens ainda estavam confusos, porque para eles, o lobo estava mordendo o prisioneiro e o devorando lentamente. O que, na verdade, estava acontecendo era o contrário: Max rasgava o lobo por dentro, devorando suas partes internas com grande voracidade."
E quando levantou-se, estava banhado de sangue. O primeiro selvagem que percebeu isso avançou em direção à sua prisão, e assim que adentrou, levou um golpe que o mandou alguns metros para fora.
O segundo também avançou, e tão rápido quanto entrou, fez seu voo de volta. Um terceiro tentou a sorte, mas nem mesmo entrou no local onde Max estava.
Os demais ficaram temerosos e se armaram de lanças para enfrentar aquele que parecia já estar no fim da vida. Max não perdeu tempo, pegou duas das lanças fincadas no chão e armou-se. Agora, era sua vez de atacar.
Ele foi contando: um, dois, três, quatro; e a cada vez que ele batia com uma lança, um selvagem caía, e quantos viessem, também caíam. Então, um deles teve uma ideia: correu até onde estava sua montaria, que não era um animal comum, e avançou para cima de Max.
— Vocês acham que eu tenho medo disso? — lançou essa questão enquanto jogava a lança no imenso lagarto em que o selvagem estava montado, e ambos caíram ao chão.
Como era de se esperar, logo apareceu o chefe deles, que era o maior e o mais forte. Aproximou-se com cautela de Max e, de uma forma rústica, se apresentou:
— Eu sou o chefe YaTour... Quem é você?
— Presta atenção, seu burrão, porque eu só vou falar uma vez. A partir de agora, eu vou ser o chefe aqui e o que eu mandar, esse monte de selvagens vai obedecer. E você quer saber quem eu sou? Escute bem esse nome para que nunca mais você esqueça. Eu sou Maxim Millus. O Super Ultra para você, meu chapa.
Várias horas depois, ele ainda estava aprisionado e todo roxo de pancadas. Seus captores eram todos fortes e, mesmo que em um combate ele conseguisse vencer dois ou três deles, ainda assim os demais selvagens o capturariam com facilidade devido ao seu grande número e força.
Dentre aqueles selvagens, havia alguns abaixo do chefe que poderiam enfrentar Max de igual para igual, e ainda havia aquele que era superior em força bruta e combate, superando-o facilmente em um mano a mano.
[Parece que você está precisando da ajuda de seu cubo.]
Max se manteve em silêncio porque, além de apanhar do chefe, os demais selvagens entraram na brincadeira e, então, o que houve a seguir foi um massacre. Continuava preso e comendo algo que não parecia nada comestível, mas, como estava com muita fome, não se fez de rogado.
— O que você quer comigo, cubo? Eu já disse que não preciso de você; tenho força suficiente para cuidar dos meus problemas.
[Se eu tivesse senso de humor, provavelmente estaria rindo dessa afirmação ridícula. Por mais forte que você seja, ainda assim será sobrepujado pela maioria desses guerreiros que está aprisionando você. E, em breve, você estará tão fraco que até o menor desses selvagens trará vergonha a você, surrando-o como a um cão louco e imprestável.]
Max manteve seu silêncio, mas seus lábios tremiam de raiva pelas palavras que o cubo usava para atacá-lo.
[Você vai mesmo passar por essa vergonha ou quer fazer uma escolha que pode te ajudar?]
— Você quer mesmo me ajudar? Então aumente minhas forças, se for capaz! — gritou Max.
[— Me diga o quanto você sabe sobre o microex, ou melhor dizendo, o microexoesqueleto.]
Max franziu o nariz; aquilo era o maior segredo que ele tinha em relação à sua força.