Terça-feira finalmente havia chegado, Belle Reese estava ansiosa para colocar seu plano em prática.
Não que ela não tivesse feito isso várias e várias vezes, mas dessa vez ela sentia que ia dar certo, estava preocupada com os detalhes e num plano explosivo o que conta principalmente são os detalhes.
Já havia analisado os supostos poderes do Bobina, outra tremenda farsa, aparelhos elétricos sob sua roupa acolchoada, provavelmente de borracha, que aumentava a tensão das lâmpadas e as faziam explodir, assim como fazia explodir sensores elétricos e tudo mais que continha eletricidade.
Um poder bem mequetrefe de um cara que estava sempre protegido pelo Super-Ultra.
O plano era bem simples, tão simples que o próprio Eno iria participar de boa vontade (como sempre).
Belle Reese simplesmente amava conduzir o pobre do Eno em suas mais diversas tramoias.
Ele parecia pedir que ela fizesse o que quisesse com ele, e como uma excelente pessoa que era,
Belle Reese não deixaria jamais, de fazer esse favor para ele.
Os super-heróis não tinham como evitar seu fatídico destino, pois nunca tiveram tempo para adquirir experiência, ao contrário de Belle Reese que tinha todo o tempo do mundo a sua disposição.
E era com esse tempo à sua disposição que ela apreendia cada vez mais sobre os tais supers, na base do acerto e erro e hoje seria o dia do acerto.
Já tinha perdido a conta das vezes que havia falhado em eliminar Bobina.
A sorte parecia estar sempre ao seu lado, talvez seu super poder fosse isso mesmo, um ridículo cara gordo, com roupas emborrachadas para disfarçar seu poder que seria apena sorte.
Belle Reese teve vontade de rir, mas a dificuldade que já havia passado em tentar dar um fim naquele herói redondo a fez continuar em silêncio.
Esperou o despertador tocar e assim que Eno começou a bocejar, como sempre ele fazia, Belle Reese encarou o por alguns instantes com seus olhos cativamente verdes, e lhe deu um beijo.
Na verdade, como fazia isso a contra gosto (dar o beijo em Eno) encostou apenas na ponta dos lábios de Eno, como um mini beijo, ou bitoquinha, como costumavam dizer e pronto, o contato visual e emocional havia sido feito.
Após isso uma pequena e imperceptível quantidade de neurotoxinas eram liberadas dos lábios de Belle Reese e depositadas nos lábios de Eno, misturando-se com a saliva de Eno, descendo pela sua garganta, misturando-se com seus líquidos intestinais e espalhando por todo seu corpo onde logo estaria seguindo velozmente pela corrente sanguínea e em poucos segundos os efeitos da neurotoxina passearia pela região do cérebro relaxando seu corpo e deixando sua mente à deriva e receptiva a qualquer ordem de Bell Reese.
O primeiro sinal de que estava dando certo era quando a vítima em questão começava a passar a língua em seus próprios lábios, como se tivesse sentido algo muito doce em sua boca.
A partir disso Eno ficava totalmente vulnerável para seguir qualquer instrução por mais ridícula, perigosa ou estranha que fosse.
E durante exatos sessenta segundos, Belle Reese sugestionaria a Eno o que ele deveria fazer e quais seriam suas obrigações dali em diante.
Como uma mosca enredada na teia de uma aranha, assim era Eno sob os poderes sugestivo de Belle Reese.
"Isso sim é um super-poder que se preze"
Pensava Belle Reese, logo após preparar o embrulho para presente, ou seja, preparar o escravo para o serviço.
Ela acostumava seguir a Eno por um binóculo desde a saída da porta, até onde sua vista não mais alcançasse.
E ficava a pensar nos detalhes que lhe havia passado.
Se ele seguisse tudo à risca, (e geralmente ele seguia) não haveria falha no plano e logo ela estaria comemorando mais uma morte de um super-herói, dessa vez o que se intitulava Bobina.