Capítulo 35: Controlando emoções
Haviam se passado alguns dias desde que Raze havia visitado a cidade com Safa. Todas as noites, Raze continuava a participar do treinamento, que ainda parecia se concentrar em aperfeiçoar o passo de duas etapas em grupo.
Raze participava, fazendo o seu melhor para aumentar sua resistência. Apesar de algumas melhorias, elas eram insignificantes, quase como se ele estivesse doente. No entanto, ele continuava a cultivar todas as noites, e seu atributo Sombrio continuava a se fortalecer.
[atributo Sombrio: 21]
Ele podia sentir que o atributo Sombrio estava se aproximando do seu pico. Se ele não conseguisse se tornar um mago de 2 estrelas logo, ele atingiria o limite.
A boa notícia era que, durante esse tempo, não houve visitantes. Nenhum visitante do Clã Brigada Vermelha, nenhum visitante de Gren ou qualquer outra pessoa. Estar isolado nas montanhas os afastava de fofocas e rumores, então ele não tinha ideia do que havia acontecido com aquele 'incidente'. Por agora, ele focaria em si mesmo.
Houve uma coisa surpreendente, no entanto. Depois de alguns dias, Safa havia retornado ao templo, e ela estava completamente bem. Não havia ataduras em seu braço, e ela não tinha ossos quebrados. Agora havia uma pequena cicatriz em seu lábio inferior, mas era bastante notável. Raze se perguntava o que o médico havia feito para acelerar o processo de cura sem usar mágica. Ele pensou que talvez devesse ter ficado para observar.
Durante o dia, o grupo havia terminado suas tarefas cedo, deixando-os com tempo livre para fazerem o que quisessem. A maioria deles estava jogando jogos como pega-pega ou amarelinha no chão. Alguns simplesmente tiravam cochilos.
Quanto a Simyon, ele estava andando do lado de fora quando avistou Safa sentada sozinha sob uma árvore, aparentemente lendo um livro.
"Estou surpreso que alguém da idade dela possa ler," Simyon pensou. "Achei que ela e Raze viessem de uma família sem nome. Eles não teriam condições de pagar pela escola. A maioria aprende o básico na Academia Pagna devido à necessidade deles para ler livros de habilidades e manuais de cultivo. Eu acho que, do jeito que ela é, faria sentido se ela encontrasse alguma maneira de ler, já que ela não pode falar."
Enquanto Simyon se aproximava dela, ele sentiu um pouco de pena. Devido à sua condição, nenhuma das outras crianças queria brincar com ela. Os outros eram muito mais novos, tornando difícil a comunicação com alguém que não podia falar. Gren, os gêmeos e ele próprio eram os únicos por perto da idade dela.
"Ei, você se importa se eu me sentar com você?" Simyon perguntou, inclinando a cabeça para pegar o nome do livro que ela estava lendo: 'Como Controlar Suas Emoções.'
Safa balançou a cabeça para indicar que não se importava, e Simyon sentou-se ao lado dela, certificando-se de não invadir seu espaço pessoal.
"Sabe, eu acho que esse livro seria melhor para o seu irmão ler," Simyon sugeriu.
Safa respondeu com uma risadinha ou duas. Embora ela pudesse fazer barulhos simples como rir baixinho, uma risada completa era quase impossível e soaria como grandes sopros de ar.
"Sabe, às vezes, eu queria que o seu irmão fosse tão acessível quanto você," Simyon disse enquanto começava a brincar com a lama no chão.
Safa olhou para ele e ergueu os ombros enquanto fazia gestos com as mãos, mas Simyon não conseguia entender o significado deles.
"Você está tentando perguntar por quê?" Simyon adivinhou, e ela rapidamente assentiu.
Antes de dizer mais alguma coisa, Simyon virou a cabeça para procurar por Raze. As crianças estavam brincando lá fora, mas Raze estava fora de vista.
"A verdade é, Safa, eu acho que o seu irmão é realmente forte. E se ele é, eu queria perguntar a ele como ele se fortaleceu. Podemos ver pelo treinamento que ele não é tão talentoso quanto você, então qual é o segredo dele?" Simyon se questionava.
Ele ainda não havia abordado Raze e apenas o havia observado durante os últimos dias de treinamento, mas nada se destacava.
"Sabe, eu tenho certeza que o seu irmão nunca te contaria isso, então mantenha segredo. Mas ele foi realmente quem deu uma surra no Gren," Simyon confidenciou. "Eu vi com meus próprios olhos. É por isso que aquele valentão não voltou, e é assim que eu sei que o seu irmão também é forte."
Os olhos de Safa se arregalaram ao ouvir isso, e seu coração começou a bater um pouco mais rápido, com seu rosto virando levemente vermelho. Ela sempre se preocupou se Raze se importava com ela e se ele ficaria bravo com ela por ter perdido aqueles cristais. Ela se esforçou muito, e se perguntava se ele tinha visto isso. Ouvir isso parecia confirmar que seu irmão era realmente uma pessoa gentil.
"Então, como você acha que eu devo abordá-lo?" Simyon perguntou. "Eu estava pensando em tentar forçá-lo a me ensinar. Sabe, se ele não me ensinar, então eu vou contar ao Sr. Kron o que ele fez com o Gren."
Imediatamente, Safa começou a balançar a cabeça violentamente. Ela já podia imaginar como essa cena se desenrolaria, baseada nas poucas vezes que tinha visto um lado diferente de Raze.
"Haha, você também não acha que isso seja uma boa ideia, hein? Eu tinha a sensação de que isso poderia não funcionar," Simyon disse.
Tentando encontrar uma maneira de se comunicar, Safa eventualmente pegou o livro que estava lendo e começou a apontar para certas palavras. Seu dedo indicador permanecia na palavra até Simyon dizer em voz alta.
"Você," Simyon disse.
Ela parou por um momento e olhou para ele.
"Eu posso ler, não se preocupe, continue," Simyon disse com um sorriso.
Finalmente, depois de passar por cada palavra dessa maneira, Simyon reuniu o que Safa estava tentando dizer.
"Então você acha que eu não devo usar isso de uma maneira ameaçadora, mas se eu puder apresentar de tal forma que pareça que ele me deve um favor por manter esse segredo, então ele pode me ensinar porque me deve uma... Vejo, eu acho que isso pode funcionar. Eu só preciso encontrar o momento certo," Simyon disse.
Mais tarde naquela noite, Raze saiu de seu quarto e olhou para Safa, que o observava. Nenhuma palavra foi dita, já que ela simplesmente se virou como se estivesse tentando dormir, enquanto Raze fechava a porta atrás de si.
"Parece que ela está aprendendo bastante rápido," Raze sorriu para si mesmo.
De volta ao mesmo local de antes, na floresta, Raze desenhou um círculo mágico no chão. Depois, ele tocou a roupa parecida com um pano que havia sido dada a ele pelo templo. Ela começou a mudar ligeiramente, quase brotando da camisa que ele estava usando, e agora uma túnica preta estava sobre ele.
A longa túnica preta cobria a maior parte de suas pernas, quase tocando o chão, e quando ele puxou o capuz, seu rosto ficou mais difícil de ver do que o habitual, estando ligeiramente distorcido ao redor dos olhos. Apenas seu nariz e boca podiam ser vistos claramente; era um dos efeitos da túnica.
Levantando um lado da túnica, Raze alcançou para dentro e puxou a pedra de poder, segurando-a em sua mão.
"Faz exatamente uma semana desde que eu fui a esse lugar pela última vez. Foi o que aquela pessoa disse, para voltar em uma semana."
Abrir um portal para outra dimensão seria arriscado, pois havia uma grande chance de poder levar a um lugar cheio de bestas ainda mais perigosas. As bestas do portal que ele havia aberto antes eram adequadas ao seu nível, mas havia uma chance de ele encontrar novamente Beatrix ou alguém como Beatrix.
Entretanto, por algum motivo, o estranho homem o havia ajudado na última vez. Caso algo assim acontecesse novamente, ele pensou que seria mais seguro contanto que o homem estivesse presente.
Embora encontrá-los fosse mais um objetivo secundário, Raze apenas almejava conseguir mais cristais.
"Vamos torcer para que as coisas corram melhor desta vez," Raze disse enquanto entrava no portal.
Ao mesmo tempo, em outra parte do continente, Dame e seu pequeno esquadrão estavam olhando fixamente para um portal diante deles. "Espero que a gente consiga encontrá-lo novamente, o Mago Negro," Dame sorriu.
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