Logo cedo, assim que o dia amanheceu eu acordei, não consegui dormir muito bem, na verdade acho que nem eu nem nenhuma das outras garotas conseguiu, vi Fire no quarto, ele também já havia acordado e estava se arrumando, eu fui para o banheiro me banhar.
O espelho do banheiro estava limpo, eu conseguia ver bem nitidamente meu reflexo.
- É isso, eu me tornei uma guardiã, Faye Wyrin uma guardiã de Dragonsky.
Coloquei a mão sobre meu reflexo.
- Eu queria ser de grande importância em Dragonsky, mas nunca desejei isso.
Minha cabeça ainda estava confusa, um dia eu estava fazendo atividades com Grace e no outro estou indo me tornar militar, provavelmente eu não serei militar ainda, vão demorar anos, mas enquanto essa guerra não ter um fim é certeza de que eu irei lutar.
- Que medo...
Respirei fundo.
- O que o Fire faria?
Acho que ele tentaria dar o melhor de si, e com certeza se mostrar bastante para Celeste.
Me encarei no espelho novamente e entrei no banho.
Alguns minutos depois eu saí e fui para a sala, algumas garotas já estavam acordando, Agatha e Raika foram tomar banho juntas, as duas me contaram que tinham esse costume desde pequenas, eu ainda acho um pouco estranho.
Fire estava no fogão fazendo algumas panquecas para nós, ele estava seguindo uma receita da internet, com certeza se fizesse sozinho já teria queimado.
- Bom dia Faye, dormiu bem? - perguntou ele.
- Não muito Fire, sabe, é estranho, isso tudo do nada.
Ele sorriu e veio até mim e falou no meu ouvido.
- Te fiz um presente para tentar te animar, mas não conte as outras.
Ele piscou um olho e colocou meu prato para mim.
O que esse garoto fez.
Cortei a panqueca e vi que dentro dela estava azul, além do fato dele ter tentado desenhar um sorriso em cima, mas ficou todo torto, comi um pedaço da panqueca.
O maldito fez uma panqueca especial com frutas que eu gosto e um licor na massa que eu também amo.
Eu amo esse garoto.
Terminei de comer e fui até ele, passei meus braços por trás dele e o abracei.
- Se não fosse você eu não sei o que seria se mim... - falei no ouvido dele.
Ele não respondeu mas eu vi que ele ficou extremamente envergonhado.
As outras garotas desceram e comeram também, poucos minutos depois alguém vem a bate na porta.
- Pode entrar! - gritou Fire.
Um soldado imperial entrou pela porta.
O soldado tinha uma postura imponente lá embaixo na sala, carregava nas costas um grande fuzil.
Parou no meio da sala e com uma voz grossa, provavelmente alterada falou conosco.
- A rainha ordenou que eu lhes buscasse, estão prontas?
- Estaremos prontas em alguns minutos, estamos apenas tomando o café. - respondi.
- Temos que levar alguma coisa? - perguntou Violet.
- Não, tudo o que irão precisar já está na base. - disse o soldado.
O soldado saiu pela porta.
- Vou esperar vocês aqui fora, sejam rápidas.
Terminamos de comer rápido e nos arrumamos, Fire veio conosco também, ele decidiu faltar na Husk.
Saindo pela porta vimos o corsário imperial flutuando em cima da praça, subimos a bordo e rapidamente fomos para a capital Kanterlot.
- Vai demorar muito? - Mayla perguntou.
- Com essa beleza de nave, pelo menos dois minutos. - disse o soldado dando tapinhas na parede.
- Ah. - disse Mayla.
Rapidamente chegamos em Kanterlot, eu não me lembro a distância exata de Kanterlot até PeaceValley, mas com certeza não era perto. Fire estava na janela apreciando a vista.
- Faye, tá nevando lá fora! - disse Fire.
- É claro Fire, neva quase sempre aqui.
Violet estava maravilhada com a enorme e bela cidade, ela era maravilhada por cidades grandes, e a capital ainda com toda a sua histórica elegância, se Violet não tivesse um ataque durante o voo ela teria quando pousassemos.
Fomos em direção a uma enorme estrutura em forma de pavilhão, era uma das estruturas Albicans enormes construções feitas para terem efeitos especiais com nossa estrela.
A nave pousou na frete do pavilhão, quando saímos da nave vimos lá na entrada Celeste e Glacies vestindo aquelas roupas que estavam antes, estava ventando muito, e estava frio demais
Puxei o celular do bolso, menos vinte graus.
- Vocês estão com frio garotas? - perguntou Fire.
- Fire eu tô com tanto frio que eu podia me agarrar em você. - disse Raika.
A Raika deve estar passando mal, ela nunca falaria algo assim, do jeito que esses dois discutem.
- Vou fazer uma coisa então, eu aprendi com a Kaya.
Ela ficou parado um tempo, ficou fazendo força um tempo, os flocos de neve paravam de cair em volta dele e começaram a derreter.
Um estrondo sai do corpo dele e o ar da uma esquentada em volta dele.
Seus cabelos estavam flutuando um pouco, e dava para ver algumas fagulhas saindo da pele dele.
O Fire evoluiu muito desde que conheceu a Kaya, ela é uma Sky muito poderosa e sabe muito sobre ser um Sky.
- Fire! Isso é maravilhoso! - disse Elora que agarrou um braço dele.
Corri também e agarrei o outro.
As outras chegaram mais perto dele.
- Fi-Fire, eu po-posso te abraçar? - disse Raika.
- O quê?! A Raika falando isso! - gritou Violet.
- Essa é nova. - comentou Agatha.
- Me-Me deixem em paz! Eu nu-nunca estive em tanto frio. - disse Raika.
- Pode vir Raika, passe a mão pela minha cintura para não atrapalhar as outras. - disse Fire.
Agatha não parecia estar com muito frio, Violet estava do meu lado e Mayla estava junto de Elora.
Chegamos nas escadas do lugar, eram apenas alguns degraus, no chão estava escrito o nome do lugar.
"Salão Prismático"
Subimos as escadas e ali estavam Celeste e Glacies vestindo suas capas.
- Entrem rápido, está muito frio aqui fora. - disse Celeste.
O interior estava bem mais quente que o lado de fora, Fire até parou de nos aquecer, o interior era todo branco, muito bem iluminado, o efeito da estrutura fazia com que o teto parecesse ser feito de luz, havia entalhes dourados nas paredes e no chão.
- Sejam muito bem vindos ao Salão Prismático! - disse Celeste com a voz ecoando.
Ela abaixou o capuz.
- Nesse lugar foi aonde todos os guardiões ascenderam, e aonde todos os líderes foram promovidos.
Esse era então o lugar em que eu poderia me tornar governante.
- Hoje vocês seis vão testemunhar o poder de Albicans, nossa estrela vai transformar vocês em verdadeiras Guardiãs.
Ela mexeu a mão como se apontasse para todos os cantos da sala, e por onde sua mão passava um círculo no chão surgia.
- Cada uma vá para um círculo, em alguns minutos nossa estrela vai estar no ponto ideal...
Fire ficou com Celeste apenas nos olhando, cada círculo tinha meio que um símbolo, parecia chamar cada uma de nós.
Quando cada uma de nós pisava no círculo ele brilhava com a nossa cor de destaque, o de Raika foi azul, Violet lilás, Mayla branco, Elora rosa, Agatha dourado e eu lilás também.
Essa luz meio que escorria pelos relevos do chão se unindo em um círculo maior no meio.
Celeste entrou neste último círculo e de baixo de seu manto puxou uma coroa, mais como uma tiara.
- Eu, Celeste, atual rainha de Dragonsky, filha da Rainha do Infinito, eu chamo a ó grande Albicans.
Algumas partes do teto começaram a flutuar e permitir mais luz entrar.
- Albicans, estrela do amanhã, me de o poder para novamente ascender a chama dos guardiões.
A luz parecia se curvar a sua volta, eu sentia minhas mãos formigarem.
Celeste canalizava a energia de Albicans na palma de sua mão, alguns arcos de magia acabavam saindo de Glacies, arcos de energia azuis, e alguns também saiam do Fire? Quê.
O Fire também estava emitindo uma magia vermelha.
Que estranho.
- Guardiãs, vocês aceitam o poder? - perguntou Celeste a todas nós.
- Não acho que eu possa negar isso agora, eu aceito. - respondi
- Confio em Faye. - disse Agatha.
- Eu também aceito - disse Raika.
- Não vou deixar minhas amigas novamente para trás. - disse Elora que também deu um passo a frente.
- Não vou deixar vocês irem sem mim. - falou Mayla.
- Também não serei a do contra, eu aceito! - disse Violet com convicção.
Celeste que estava com os olhos fechados os abriu, dourados como a aurora, ela apontou para as garotas, cabelos flutuando, chamas douradas saiam de seu corpo.
- Que assim seja.
O salão começou a brilhar muito, a um ponto em que eu não não via teto, parede ou chão, apenas as linhas de luz coloridas.
Eu não sei exatamente o que eu sentia, era como se uma corrente de água estivesse lavando meu corpo, me deixando mais forte, me tornando mais confiante, era glorioso.
A luz da sala voltou ao normal, minha visão estava um pouco embaçada, me sentia muito atordoada, olhei para as outras, elas estavam bem.
Meu nariz parece estar escorrendo.
Eu passo a mão, minha mão sai vermelha, eu olho para meus braços, estão cortados, minha vista estava ficando vermelha, tinha mais sangue saindo da minha cabeça, os sons estavam abafados, consegui ver apenas os Fire correr até mim, até tudo ficar preto.
Alguns minutos depois eu acordo no colo de Fire, Celeste estava me curando com sua magia.
- Faye! Você está bem? - exclamou Fire preocupado.
- Fire... Estou sim... - estava um pouco atordoada ainda.
Olhei para minhas feridas e para as garotas ilesas.
- O que aconteceu comigo? - perguntei a Celeste.
- Pelo visto você foi escolhida como líder, você recebeu uma dose bem maior da minha magia, seu corpo não suportou.
Líder, como assim.
- O que você quer dizer com líder?
- Você vai ser a líder das Guardiãs. - disse Celeste.
- O que quer dizer magicamente?
- Você tem mais poder que elas, mas o poder não importa quantidade, o que importa são seus corpos.
Ela terminava de fechar algumas feridas no meu peito.
- Não se preocupe com isso agora, o importante é que vocês agora são realmente Guardiãs.
- O que mudou? - perguntou Mayla
- Vocês podem usar seus poderes sempre agora, e com o treino correto poderão até mesmo alcançar o modo super.
- O modo super não é algo apenas para Skys? - perguntou Violet.
- Sim, mas os Guardiões podem usar mesmo sendo Dragonskarianos, só que vai ser bem mais fraco.
Interessante, preciso estudar mais sobre isso depois.
Celeste terminou os curativos e me vestiu de volta.
- Como a gente usa nossos poderes? - perguntou Mayla.
- Tentem se concentrar na magia o máximo possível, tentem sentir ela fluindo pelo seu corpo, quando conseguirem vão entender como usar o poder.
- Não fez o menor sentido rainha.
Celeste riu.
- Talvez o Fire possa ensinar vocês.
- Eu? - Fire questionou Celeste.
- Sim, eu vi o que fez na entrada, essa canalização do poder, é isso que elas precisam fazer.
- Só isso? - disse Fire.
- Sim, o poder delas não funciona exatamente como o nosso, elas devem fazer isso para poder entender seus poderes.
- Como assim entender? - perguntei.
- O poder de vocês meio vem com um manual de instruções, são partes de memórias passadas de gerações a gerações de guardiões.
Entendo, deve ter sido um método para facilitar o treinamento dos guardiões.
Agatha e Raika estavam um pouco mais distantes tentando fazer alguma coisa, talvez estivessem erroneamente tentando usar seus poderes, Raika parecia apenas estar fazendo força, parecia que suas veias iriam estourar.
- Garotas é melhor desistirem, vocês ainda não vão conseguir... - Celeste foi cortada
O corpo de Agatha começou a soltar algumas chamas douradas, o ar parecia começar a vibrar a sua volta, alguma coisa estava acontecendo.
- Dá não. - ela falou isso caindo no chão.
- Tá, isso foi muito inesperado. - disse Celeste boquiaberta.
- Agatha, você está bem? - Mayla perguntou indo até ela.
- Tô suave, só dói quando eu penso.
- Ah, então tá bom.
Agatha estava deitada no chão enquanto Mayla e Fire tentavam cuidar dela.
- Não vai curar Agatha? - perguntei a Celeste.
- Não, ela não se machucou, apenas se cansou.
- Cansar?
- Sim, quando você usa uma quantidade de magia muito grande, ou então superior ao seu limite você se cansa, se cansa muito, ela não vai conseguir se mexer direito até amanhã.
- O que é esse limite? - a questionei.
- Todo ser vivo mágico respeita um limite, o limite de seu corpo.
- O que esse limite define?
- O nível de poder mágico que você pode ter ou usar.
Ela se levantou e me ajudou a levantar.
- O modo super de um Sky é você basicamente chegar um pouco além do limite, com claramente um preço.
- Qual preço?
- Feridas severas no corpo, coisas que se não tiver preparo vão levar a morte.
- O que aconteceu comigo?
- Exatamente isso, você entrou em um modo super e seu corpo não aguentou, mas foi por segundos.
- E os Skys guerreiros, que ficam horas em modo super?
- Eles são treinados para ficar alternando entre super e normal de vez em quando, para poder se regenerar.
Ela começou a andar e me pediu para a seguir.
- Quando o Sky já é poderoso demais o modo super muda, em vez de tirar sangue de sua carne ele vai abrir feridas mágicas, demoram muito mais para curar, e podem matar mais rápido.
- Quem foi o primeiro Sky a alcançar isso?
- Minha avó, mãe da rainha do infinito, sua graça era Starlight, a Luz Celeste.
Starlight, A Luz Celeste, eu já vi esse título em um livro, como um membro da família real dragonskariana, depois e sua morte o nome deve ser esquecido, e apenas sua alcunha, apelido ou título deve permanecer.
- Você consegue alcançar esse nível? - perguntei a Celeste.
- Ainda não, posso apenas chegar no modo super normal.
- Existe um nome para essa "melhoria" do modo super?
- Quando se fala em termo técnico é "modo super etapa dois" mas muitos Skys chamam de "modo mega".
- Acho que o nome combina.
Continuamos andando, lá atrás Fire e Mayla carregavam Agatha.
- Agatha porquê você foi fazer isso? - perguntou Fire.
- Eu me senti poderosa, fazer o quê.
- Você é poderosa agora, mas seu corpo ainda é o mesmo.
Celeste se virou enquanto andava.
- O que Fire disse está certo, a magia de vocês está completamente diferente, se quisessem poderiam destruir Kanterlot inteira, mas seus corpos iriam falhar logo em seguida.
- Somos tão poderosas assim agora? - perguntou Violet.
Celeste levitou um pouco ficou voando, acho que ela cansou as pernas.
- Sim, os Guardiões detém o poder de uma nação, vocês seis juntas poderiam facilmente desafiar toda a armada de Dragonsky e saírem ilesas.
- Não do jeito que estamos agora né. - disse Mayla.
- Claro, do jeito que estão agora vocês morrem com um tiro no peito.
Cheguei mais perto de Celeste.
- Celeste me diga, se os guardiões são tão poderosos, como eles morreram tão fácil?
- O que disse no jornal foi um jogo nosso, para amenizar a situação.
- Como assim?
- Aquela tal barreira realmente mata qualquer um que a tocar, mas os guardiões não são burros.
- Sim, é o que eu pensei.
- Existia uma pessoa esperando por eles na entrada da cidade.
- Quem?
- A pessoa que controla o domo do medo, Shiny Gale.
Eu não conhecia esse nome, mas pelo jeito que Celeste falou, ela não parecia feliz em falar esse nome.
- Eu não conheço esse nome. - disse Violet.
- Vocês não devem saber mesmo, apenas os mais internos sabem, ela não é uma pessoa que se manifesta muito. - falou Celeste ainda andando
Estávamos chegando em algum tipo de porta, parecia muito uma porta de elevador.
- O quão forte ela é? - perguntei.
- É uma das Grã-Senhoras de Kathleen.
- Eu ainda nunca ouvi esse termo.
Ela abriu a porta do elevador.
- Entrem.
Entramos todas.
- As Grã-Senhoras são as pessoas da mais alta corte da Ordem de Kathleen.
- É uma aristocrata então? - perguntou Violet.
- Não, Kathleen não se importa com isso, as pessoas em sua corte estão lá por sua força e poder.
- Tá, elas são as mais fortes do exército dela? É isso? - disse Violet.
- Precisamente.
- Mas o quão fortes? - perguntei.
- Fortes o suficiente para a mais fraca ser Shiny Gale, e ela sozinha derrotou todos os guardiões.
Tá isso coloca essas Grã-Senhoras em um patamar completamente diferente.
- Quantas dessas pessoas existem? - perguntou Raika.
Não achei que Raika estivesse prestando atenção.
- Até aonde sabemos são apenas três, existem outras pessoas abaixo delas também muito poderosas.
- O quanto a gente sabe da hierarquia delas? - perguntou Violet.
- Até pouco tempo atrás sabíamos muito, mas nos últimos cem anos Kathleen mudou muito o jeito que organizava suas forças.
- Como assim mudou? - disse Violet tentando se aproximar mais de Celeste.
- Ela conseguiu mais pessoas, mudou a estrutura, alguns ficaram mais fortes, alguns morreram e tendo isso ela mudou completamente.
- Então o que sabemos da nova?
- Basicamente que ela é a cabeça e abaixo dela temos Grã-Senhoras e Senhoras.
- Mas tem mais?
- Sim, mas não temos certeza do que a mais tem.
Isso é foda, ela simplesmente mudar todo o seu modus operandi acaba com todas as informações que tínhamos, e também com as estratégias, não me surpreende que nos últimos anos estivemos perdendo.
Segundo alguns dados, nos últimos cinquenta anos o domínio das trevas cresceu em pelo menos duzentos por cento, tomaram quase que completamente Dragonsky 4, além de estabelecer alianças ou regimes em territórios de outros planetas. Kathleen usou esses anos para fortalecer muito suas forças, sua política interna e outras coisas de mesmo cunho. Antes disso, digo deste evento da mudança da hierarquia nós estávamos conseguindo a conter.
Descemos por algum tempo até a porta agora atrás de nós abrir, o local aonde estávamos era uma grande sala com várias coisas, parecia um centro de treinamento, quando pequena minha mãe me levou para conhecer o lugar aonde ela treinava, era como esse.
- Bem vindas á Arena Prismática! - disse Celeste.
Nem tinha percebi mais Glacies já tinha descido antes de nós.
- Essa arena serviu como local de confrontos reais, local de treino para grandes soldados e à pelo menos cem anos é aonde os guardiões treinam.
Glacies lá no centro se abaixou.
- Glacies vai lhes mostrar o funcionamento da arena.
O chão em volta dele formou várias linhas reluzentes azuis, vários blocos do chão começaram a flutuar.
- Vejam guardiãs!
Ele posicionou vários blocos em uma forma estranha, os colocou em vários pilares e alguns em lugares aleatórios no chão.
Ele fez outro movimento, e agora feixes de luz saíram do chão e rapidamente montaram um cenário a nossa volta, uma floresta de Pinheiros escura, não só a aparência da sala mudou como também a temperatura e o cheiro do lugar.
Agatha se abaixou para tentar pegar uma das folhas do cenário do chão, ela passou a mão e realmente conseguiu pegar, ela segurava a folha pelo ponta e a admirava.
- É perfeita... - disse Agatha.
- O que é perfeita? - perguntei.
- A folha, é perfeita.
Ela esfregava os dedos por ela.
- A textura, a aparência, o cheiro tudo.
Ela quebrou a folha no meio, quebrou como se fosse uma folha real.
- Eu não sou capaz de distinguir isso de uma folha real.
Me virei para Celeste.
- O que exatamente é essa sala? - questionou Violet.
- Minha Avó Starlight, criou todo esse complexo, toda a estrutura aqui é feita e mantida por cristais mágicos desconhecidos.
Celeste falava enquanto andava pela floresta, na verdade nem sei se o certo seria me referir ao ambiente ou a arena.
Um vento frio passava por nós, além, para dentro da floresta se via apenas uma névoa.
- O que acontece se eu andar diretamente para uma única direção? - perguntou Violet.
- Nada, você continua andando. - falou Glacies vindo para perto.
- Mas e as paredes?
- O espaço dentro dessa arena não funciona como lá fora, eu não sei explicar direito.
- A arena tem um limite?
- Tem, geralmente são alguns quilômetros a partir do centro, mas também depende da arena, algumas são maiores, outras pequenas.
Acho que estou entendendo bem como vão funcionar os treinamentos aqui, com essa tecnologia, ou magia, eles podem criar qualquer situação. Podendo simular campos de batalha, desafios ou até mesmo corridas de obstáculos.
- Fire, como é o campo de treino da Husk? - perguntei a ele que ainda estava ajudando Agatha.
- É um grande espaço a céu aberto, o chão pode mudar de forma para montar os circuitos.
- É que nem aqui?
- É inferior a aqui, a arena apenas muda a forma, não muda literalmente para um outro lugar.
- É como se apenas obstáculos fossem adicionados?
- Exatamente isso.
Pelo visto vou ter um treino mais completo que o do Fire, pelo menos até o momento.
Celeste chegou mais para frente da floresta enquanto passava a mão nas árvores, ela arrancava pedaços das cascas e queimava-os com sua luz. Era tudo muito preciso e perfeito.
- Celeste, que tipo de treino faremos aqui? Pelo menos qual será o foco? - perguntou Agatha.
- O treino de vocês de início será apenas para se acostumarem a usar os poderes.
- Mas e depois?
- Depois disso começarão as simulações de combate, vocês terão armas, armaduras essas coisas.
- Nessas simulações, temos como morrer?
- Não, mas sentirão dor equivalente a realidade, vocês podem no máximo sangrar.
Celeste fez um sinal para Glacies e ele simplesmente voltou a sala ao original, o ar continuava frio.
- Agora vamos apenas dar uma passada nas outras salas daqui.
Ela nos levou por outras salas, havia uma grande cozinha com pessoas trabalhando, quartos, salas de reunião, muitos tipos de salas diferentes, almoxarifados. Segundo Celeste o Complexo Prismático não era só a arena, também ligava a outras estruturas administrativas próximas, o nome "Complexo" fazia jus.
Também nos mostrou aonde seriam nossos quartos caso tivéssemos que passar alguns dias alí, Glacies falou que as vezes os Guardiões faziam intensivos de semanas alí, passavam a semana toda treinando e estudando novas táticas, os guardiões além de serem poder bélico também eram poder político, já existiram guardiões capazes de resolver conflitos apenas com palavras, eu quero muito me tornar essa pessoa.
Andamos mais algumas horas pelo lugar, almoçamos lá e fomos levadas para uma outra área.
A comida do complexo era realmente muito boa.
- A maior parte das estruturas administrativas ou gloriosas daqui ficam nas beiradas dos penhascos. - disse Glacies.
- Porquê? - perguntou Elora.
- Era um meio de mostrar sua grandeza ou sua superioridade, estruturas belíssimas sendo uma com a natureza bruta da montanha.
- É como colocar os detalhes dourados nas armaduras imperiais, é o "charme" dos pequenos detalhes em algo tão bruto. - completou Celeste.
Saímos pelo corredor e lá se via uma enorme área de jardins ao longo do penhasco, eram várias plataformas feitas de mármore polida de entalhes dourados, as estruturas tinham um aspecto de cascas de árvores arcanas, algumas colunas se retorciam como galhos por todo o penhasco. Lá embaixo, no mar de nuvens, era possível ver algumas torres que emergiam das nuvens.
- O que são aquelas torres? - perguntei para Celeste.
- São os pilares de escudo externos da capital.
- O que eles fazem exatamente?
- Fazem um escudo mais externo da cidade, também mais fraco que os mais internos.
Celeste falou isso enquanto andava em direção ao parapeito, a vista da cordilheira era deslumbrante.
- Em breve vocês irão embora para PeaceValley de volta, mas me digam, o que acharam daqui? - disse Celeste apoiada.
- O lugar é incrível, toda essa instalação, é maravilhosa. - respondi.
- Estou sem fôlego, eu sempre achei essa cidade maravilhoso, mas nunca vi isso. - disse Violet.
As demais concordaram com nossas opiniões.
- Então estão ansiosas para virem aqui treinar? - disse Glacies pousando atrás de nós.
Não tenho a menor ideia de onde ele estava.
- Acho que eu posso dizer por todas que sim. - disse Raika.
- Dá um pouco de medo, mas vendo o que teremos, dá uma vontade. - disse Elora um pouco de canto.
- Eu quero é poder logo usar essa magia toda! - disse Agatha não se aguentando em pé direito.
- Eu quero ver elas se tornarem poderosas e incríveis... - Fire respondeu.
Raika olhou para ele com uma cara, era uma cara que apenas ela sabia fazer, era como se ela estivesse zoando ele, mas ele falar nada.
- Cala a boca Raika! - gritou Fire.
- Mas eu nem falei nada. - disse Raika rindo.
Agatha chegou no meio deles.
- Agora vocês sabem telepatia? Me ensinem aí.
Aqueles dois não conseguem se entender, daqui a pouco vão estar brigando só por respirarem o mesmo ar.
No fim da tarde voltamos com a mesma nave que chegamos, uma coisa que eu não tinha percebido antes, a nevasca havia parado, naquela hora no jardim mesmo, havia neve no chão, mas o céu estava relativamente limpo, quando fomos embora também.
No vôo Agatha e Raika apagaram e dormiram encostadas, fiquei conversando com Fire até chegarmos em casa, ele estava muito animado com isso, ele queria agora treinar também para ficar como nós.
Fire não quer ser deixado para trás em nada, e ele sabe que sendo Sky ele pode ficar muito poderoso, lógico, vai demorar muito tempo, mas imagino que ele consiga.
Chegamos em casa e cada um foi para um lado, apenas Agatha e Raika que foram embora juntas, Agatha não aguentaria andar até a sua casa, ficou na casa de Raika mesmo.
Aquela cama parecia me chamar com tanta vontade, a única coisa que consegui pensar foi em chegar e deitar, já era de noite, então nada de mal, além de que amanhã teria aula e as tarefas de Grace. Ela parecia estar ficando cada vez mais folgada.
Espero que amanhã ela me de um desconto.