Kapitel 16: XVI - Uma Noite

Durante a noite eu não estava conseguindo dormir, eu me levanto na cama e olho em volta, a luz da lua entrava pela grande porta de vidro, Steven e Carl dormiam jogados no chão, eu me levanto sem chegar perto deles, pareciam pedras, coloco os dedos no vidro, estava muito gelado, imagine só lá fora, era uma noite limpa, dava para ver bem as estrelas e outros objetos voando lá, muito alto no espaço, continuo a imaginar como deve ser, ser um capitão de uma nave, ter sua própria tribulação, e navegar o espaço profundo, encarando bestas cósmicas e coisas do tipo, deve ser realmente muito interessante e belo, eu me viro para trás, vou dar uma saída do quarto, pegar uma água na cozinha, descendo as escadas está tudo escuro, nessas horas eu agradeço as luzes que eu julgava inúteis nos degraus, olhando pela janela da cozinha era possível ver que uma pequena camada de gelo havia se formado a cima do gramado, ela refletia a luz da lua, o gramado parecia mais um campo brilhante, até pensei por alguns momentos em sair lá fora, mas deveria estar muito frio, no mesmo momento já levei minha decisão atrás, - Melhor não né, aqui dentro já está suficientemente quente, sair lá fora seria um grande erro -, subindo de volta para o quarto eu vejo a luz do quarto de Faye passando pelo vão da porta, eu abro com cuidado, eu já havia neste ponto me acostumado a ver ela de formas não muito legais, mas é bom ter respeito pela privacidade das pessoas, ela novamente de fone não me viu entrando, por sorte minha, eu realmente não queria tomar uma surra de noite, ela estava vestida, bom, mais ou menos, não estava vestindo calças, mas isso é normal eu acho, seu quarto estava como sempre com vários livros, papéis e coisas do tipo espalhados, ela havia deixado a cor da luz em uma tonalidade grená, eu sento na cama ao seu lado e ela percebe, tira os fones e diz, - O que está fazendo acordado a essa hora Fire?, Seus amigos não estão dormindo também? -, eu respondo, - Não sei, apenas não queria dormir, eles parecem pedras no chão, o que você está fazendo? -, ela coloca um marca páginas no livro e me responde, - Estou dando uma leve estudada, como pode ver em volta, eu não tenho feito muito mais que isso nos últimos dias -, eu realmente havia percebido o tempo que ela não saia do quarto, e como eu disse, o quarto tinha muita bagunça desse tipo, e pensar que ela e eu já havíamos deixado tudo arrumado para a partida, bom, pelo menos eu não desarrumei as coisas, - Você não acha que se esforça demais? -, ela se virou dando atenção a frase, - Não acho que eu deva medir esforços para mudar o mundo -, eu concordo com ela, mas na nossa idade, somos jovens ainda, bem jovens, deveríamos nos divertir, - Mas você não pensa em se divertir as vezes?, Eu via você na escola, você não tinha muitos amigos -, ela diz, - Não acho que amigos me levarão ao meu futuro, eu conquistei isso tudo apenas estudando, desde pequena eu estudo todos os dias, querendo sempre me tornar mais inteligente e apta para comandar este mundo -, ela deu uma breve pausa, - A natureza do Dragonskariano ou do Sky sempre leva a morte, criaturas imortais fadadas a morrerem, talvez a Princesa das Trevas não tenha uma visão totalmente diferente da minha.. -, ela respirou e pegou um livro de seu lado, - Neste e em alguns outros livros antigos, podemos ver que tudo que ela fez até agora foi em prol dos Skys do tipo dela, que por muitos anos foram reclusos, uma espécie de preconceito partido de um tempo antes dela, antes da palavra paz ser ficção.. -, ela colocou novamente o livro de lado, - Talvez falar desse jeito sobre a paz seja uma coisa estranha, vivemos praticamente em paz, mas somos apenas privilegiados pelo lugar aonde moramos, mas mesmo assim sentimos os impactos, - ela pegou seu celular e abriu alguns vídeos na galeria, - Você se lembra desse dia não?, Quando aquela nave desceu até nós, no mesmo dia, graças ao bombardeio em órbita, muitas pessoas em terra morreram, pessoas inocentes talvez nem mesmo soubessem da ameaça que estava sobre suas cabeças, armas lançadas por sua própria pátria, as mataram... -, ela olhou para fora, - Eu não quero mais viver em um mundo assim, eu sei que sou muito nova para entender o peso da paz, mas eu vejo tudo isso, uma sociedade tão avançada mas tão descuidada, entende? -, eu pego suas mãos, estão um pouco trêmulas, quando ela se põe muito em alguma coisa ele fica ansiosa, - Faye, eu não sou uma pessoa que vai discordar de você, não se esqueça, eu como mais ninguém sei como é a guerra, minhas primeiras lembranças foram em um campo de batalha.. -, falar disso me deixa um pouco atordoado, - Aquelas pilhas enormes de corpos mutilados e ensanguentados, ver ao longe os clarões das potentes armas, fumaça e sangue cobrindo os seus, a intensa chuva de pesadelos e infortúnios, você não sabe o quão estranho é não saber se o sangue em suas mãos é seu ou não... -, eu olhava suas mãos bem cuidadas e seu rosto limpo, - Eu invejo você por não ter presenciado isso, a primeira imagem de um salvador que eu tive foi um soldado com uma armadura escura de sangue, e corpo completamente obliterado, vivemos em um mundo caótico, eu sei disso -, eu apertei suas mãos por um breve intervalo de tempo, - Faye eu te amo, e não julgarei suas escolhas, não julgarei se forem ajudar pessoas a não existirem como eu, faça isso, eu não sairei do seu lado... - eu termino de falar e a abraço, beijo sua testa, ela fica feliz, um sorriso dela já é o suficiente para me alegrar, sinto que já poderia dormir, deito em sua cama, ali está bom, - Fire vai dormir aqui?, Fire?, Fire! -, eu estava ignorando, fingindo dormir, mas pelo jeito eu dormi mesmo, - Não sei se amo ou odeio, garoto esquisito -.