"Você sabe quem era aquele?" ela não conseguiu deixar de perguntar.
"Talvez?"
Que tipo de resposta era aquela? Ela optou por concentrar a sua atenção no corredor bem iluminado. Ainda era dia, mas o corredor já estava aceso com velas decoradas belamente que estavam colocadas dentro de gaiolas de ferro que pareciam uma gaiola de pássaro.
Ela não sabia de quem era a ideia, mas imediatamente notou que a maioria das decorações no interior eram gaiolas e pinturas elegantes de pássaros — pássaros diferentes.
O guarda então os levou ao segundo andar e depois a outro piso. Desta vez, as escadas levando ao terceiro andar estavam cobertas por um tapete vermelho escarlate que abafava os passos deles.
"Por favor, entrem… o gerente geral virá em breve. Posso oferecer alguns coquetéis e salgadinhos?"
"Chá está bom. O mais amargo." Duque Lucas respondeu suavemente. Ela deduziu que essa não era a primeira vez que o Duque vinha aqui. Ela notou seu olhar ardente em sua direção.
"Oh… Eu… Eu gostaria do que quer que ele vá tomar." Rosalinda murmurou.
"Muito bem," o guarda fez uma reverência antes de sair.
"Este lugar é— " Rosalinda nem conseguiu começar a descrever a extravagância da sala. Havia quatro assentos adornados com veludo e ouro. Joias que ela só tinha visto na sala do trono do imperador eram usadas para adornar a mesa no meio das cadeiras.
"Isto não é um lugar de leilão," ela disse. As paredes estavam decoradas com veludo que iria abafar qualquer som e não havia janelas ou qualquer outro método para eles terem acesso a um leilão público.
"Não. É um lugar para comprar … coisas."
Ela deu um risada de desdém. Ela só podia imaginar que tipo de coisas eles poderiam comprar aqui. Eles se sentaram um de frente para o outro. De fato, a cadeira era até mais confortável do que a cadeira daquela sala do trono!
Isso fazia algum sentido?
Contudo, ela não tinha tempo para pensar na extravagância agora. Ela tinha problemas mais urgentes, como a possibilidade de que ela talvez não pudesse pagar pelo que eles estavam prestes a vender a ela!
Ela mentalmente contou o dinheiro que tinha e mordeu seu lábio inferior.
Ela tinha cerca de trinta moedas de ouro.
Não era realmente muito. Uma moeda de ouro já era considerada muito atualmente. É equivalente a dez moedas de prata. Uma moeda de prata é equivalente a cem moedas de cobre.
Agora, um servo normal conseguia ganhar uma moeda de prata por mês, o que era suficiente para eles sobreviverem pelo mês inteiro.
Ou seja, a população normal já considerava uma peça de ouro extravagante.
Mas isso seria suficiente para comprar algo neste lugar?
Ela cerrou os dentes. Ser rico é realmente uma vantagem! Ela precisava ganhar seu próprio dinheiro antes de sair deste lugar e precisava fazer isso o quanto antes.
Houve uma batida na porta e um homem vestindo um terno roxo entrou com um sorriso respeitoso no rosto.
"Bom dia, queridos convidados! Meu nome é Nathanyell Claimond e eu sou o atual gerente geral desta filial," o homem fez uma reverência elegante na direção deles.
"Estamos procurando por livros," disse o Duque. "Proibidos."
O Sr. Claimond sorriu. "Claro. Vou pegar a lista das coleções mais raras que temos." Depois disso, ele os deixou sozinhos de novo.
"Ele saiu," Rosalinda murmurou.
"Eu posso ver isso."
Rosalinda cerrou os dentes. Teria sido tão difícil para ele não dizer uma palavra?
"Não, eu quero dizer… Eu estava esperando que ele lhe servisse."
"Eu prefiro que não. Preferiria se fôssemos apenas nós dois."
Ela o encarou. Ela sabia que uma pergunta estava a caminho. Quase imediatamente, ela começou a pensar demais. Ele sabia sobre Pratt e o que ela fez? Ele estava a segui-la desde que ela chegou?
Contudo, o homem nunca falou outra palavra até que o Sr. Claimond voltou com um livreto. Até então, Rosalinda e o Duque estavam bebendo seus chás amargos em silêncio, sem trocar uma única palavra entre eles.
Dizer que a atmosfera dentro da sala estava muito constrangedora era um eufemismo. Obviamente, isso fez Rosalinda pensar ainda mais.
Por que ele não estava dizendo nada? Com suas experiências e idade, ela deveria agir com calma e controle. Ela tinha passado por muitas coisas, mas estar na frente dele era diferente.
O homem conhecia o segredo dela!
Ela mostrou a ele que tinha a Bênção da escuridão de boa fé, pensando que isso o convenceria a trabalhar com ela, mas parece que mostrar suas cartas foi o movimento errado.
Por algum motivo, ela tinha certeza de que o homem perguntaria sobre o Sr. Pratt, mas ele na verdade não perguntou.
"Isso contém todas as coleções que temos. Livros que foram banidos não apenas porque falavam do lado feio das sete famílias abençoadas, mas também seus segredos. Há livros sobre artes das trevas e o Senhor das Trevas e livros que a igreja queimaria," disse o Sr. Claimond com um sorriso.
Então ele lhes entregou um sino.
"Por favor, toquem este sino quando estiverem prontos para fazer uma compra ou se tiverem perguntas sobre um item."
Rosalinda sorriu e abriu o livreto.
Então ela o fechou de novo. Como uma criança, espiando por trás de uma árvore, ela abriu o livreto mais uma vez.
Então ela o fechou.
"Há algo errado?" o Duque perguntou.
Em resposta, ela limpou a garganta.
"Não…" Além do preço do primeiro item, que já era cinquenta moedas de ouro, isso sim. Ela fingiu um sorriso. Desta vez, ela abriu o livreto e começou a olhar os preços.
Como ela esperava, a próxima página estava ainda mais cara que a anterior.
Parecia que eles organizavam os itens com base nos preços e até mesmo o mais barato era mais caro que toda sua fortuna atual.
"Se você não gostou, eu poderia pedir para eles nos darem outro— "
"Não."
Ele a encarou, piscando. "Então você não gostou?" ele perguntou.
"Eu quero dizer… sim. Eu gostei. Não há necessidade de pedir nada a eles. Este — este livreto é suficiente."
Ela pegou uma xícara de chá e deu um gole cheio para acalmar os nervos.
"Você está preocupada com os preços? Está com falta de ouro?"
**Cof**
Ela começou a tossir. Por alguma razão, o chá parou de descer pela garganta dela. Como ele pode ser tão direto? Ele poderia pelo menos usar palavras mais suaves para perguntar sobre seu dinheiro?
"Aqui— " o Duque entregou-lhe algo. Vendo que era um lenço, ela aceitou e usou para cobrir a boca enquanto tentava se acalmar.
"Você deveria ter mais cuidado ao beber chá amargo."
Não era o chá, ela queria reclamar.
"Se era realmente o ouro, então… não precisa pensar nisso. Compre o que você quiser. Tenho certeza de que minha vida vale mais do que qualquer livro neste continente."
Sem palavras, ela se virou para ele. Era essa arrogância? Ou ele estava simplesmente brincando?