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98.33% O Recomeço em um mundo de RPG / Chapter 53: Capítulo 53 - Em fuga

Kapitel 53: Capítulo 53 - Em fuga

~Pov Lucio~

As pedras úmidas das paredes e chão indicavam a chuva que ocorreu há pouco tempo, apesar da situação parecer deplorável esta caverna foi o local mais confortável que esteve nos últimos tempos. Estávamos em algum lugar entre Mooi e Tot, nem ao menos sei a localização exata, pois fui guiado por Ruby todo esse caminho. Olhando ao redor o sentimento de solidão me consome, toco minha mão em meu peito lentamente, uma dor agonizante percorre todo meu corpo. Não entendo o porque desta ferida não está regenerando normalmente.

— Voltei — ouço a familiar voz de Ruby vindo da entrada.

Em poucos instantes a mulher estava em minha frente, mesmo sendo considerado elite entre os vampiros não posso acompanhá-la nem com o olhar, me pergunto qual seu nível.

— Me encontrei com o informante. — Sua expressão era de preocupação, porém prefiro não comentar nada.

— Então, iremos mesmo para Mooi? — pergunto.

— Sim, aparentemente a igreja decidiu se mexer. ��� Um suspiro seguem essas palavras, provável causa de sua angústia. — Aquela cidade se tornará um grande campo de batalha.

Se fosse em outra ocasião iria apenas rir acreditando ser uma piada, nunca pensei que eu, um vampiro, acabaria tentando ajudar lobisomens, mesmo depois de tudo que essas duas raças passaram. Olho para Ruby, ela costuma me passar muitas informações, não apenas agora, mas também quando era rainha, apenas o necessário, qual será seu plano desta vez? Deixando o herói partir, não lutando pelo seu trono e agora quer salvar a raça considerada seu inimigo natural.

— Podemos acabar sendo pegos no fogo cruzado — falo encostando minhas costas na parede.

— Já te disse, não precisa vir comigo, você não está cem por cento.

Suas palavras parecem me machucar ainda mais que meu ferimento, e pensar que acabaria ficando desta forma. Realmente pensei nesta possibilidade, mas algo me diz que ainda tenho minha utilidade, além do mais, acredito que posso estar no campo de batalha, mesmo no estado em que me encontro, embora, com este machucado, não saiba se consigo chegar ao menos na metade de minha força total.

— Aliás, ouvi algo muito interessante, tenho certeza que gostará. — Seu tom muda drasticamente, parecia mais feliz, deixando o tom sério que usa constantemente.

— O que seria?

Ela abre um sorriso.

— Parece que os lobisomens estão agitados, tudo isso se deve à um vampiro que entrou na cidade recentemente.

Ao ouvir "vampiro" apenas uma pessoa lhe vem a mente, Ioan. Fazia algum tempo que havia deixado o reino, pelo tempo que passou já deveria ter chegado em Tot há algum tempo, mas pensando em sua estranha habilidade de se meter em confusão... é grande a possibilidade de ser ele.

— Tem alguma chance de... — Tenta colocar suas dúvidas em palavras, mas é interrompido.

— Você acha que é seu aprendiz? — Ruby aparentemente pensou o mesmo.

— Então, vossa alteza também acha? — pergunto.

Ela dá uma breve risada ao ouvi-lo.

— Já te disse, tente agir mais naturalmente comigo, não temos mais esta diferença hierárquica, não sou mais uma rainha.

Sou constantemente lembrado disso, até poucos dias nem ao menos conseguia falar normalmente com ela, estou melhorando, mas ainda faço por hábito, afinal, não é impossível a recuperação do trono, levando em conta suas ações acredito que tenha um plano de retomada.

— Sinto muito. — Abaixo a cabeça.

— Sem problema — diz rindo mais uma vez. — Bom, respondendo sua pergunta. Acho grande a possibilidade de que seja ele, ainda mais para um vampiro entrar em Mooi... Não consigo pensar em alguém que iria fazer algo do tipo, então tem que ser um novato. Você falou para ele sobre esta cidade, né?

Penso nos dias de aulas de que dei a Ioan.

~Flashback~

Estava em um dos quartos de minha casa. Acabei me empolgando um pouco com a ideia de dar aulas, graças a isso este cômodo transformou-se em uma sala de aula, nas cadeiras estavam sentados Ioan, Moura, Wallace e Chloe.

— Hoje irei falar sobre as cidades humanas. — Fico frente à um quadro negro.

— Sim, senhor. — Ioan responde, mas sem muito entusiasmo.

— Que aula chata. — Moura boceja.

— Não tem nada melhor para fazer? — Wallace completa.

Ignorando os comentários, começo a aula, hoje falaremos sobre algumas das principais cidades humanos, porém percebi que apenas uma pessoa realmente prestava atenção. Moura e Wallace dormiram nos dez primeiros minutos de aula, além disso Ioan olhava para a janela enquanto girava um lápis em sua mão, aquele que mais precisava não estava prestando atenção na aula, somente Chloe olhava para mim atentamente.

— Dá para prestar atenção — falo batendo com força em minha mesa.

Ioan se assusta e volta seu olhar para mim, enquanto Moura e Wallace acordam sonolentos.

— Poderia fazer menos barulho? — grita o lado feminino dos dois idiotas.

— Estamos tentando dormir — completa a masculina.

Sinto uma veia quase estourar na minha testa.

— Aqui não é lugar, se quiser dormir vão para outro lugar! — Em seguida me viro para Ioan. — E você, tente seguir o exemplo de Chloe!

Chloe que estava do seu lado se assusta.

— Que?! Eu?

— Sim, você estava prestando a atenção certo?

— Eeeeh... sim, claro que estava prestando atenção.

Sua resposta não me convence muito.

— Estávamos falando de que cidade agora mesmo? — pergunto um pouco receoso. Na verdade não sei se quero ouvir a resposta.

— Shin?

— Isso fica no Império! Eu estou falando do Reino agora. — Então nem ela estava prestando atenção no que estava falando, me sento na cadeira e suspiro. — Estão dispensados hoje.

Quando todos estão saindo tomei minha decisão.

— Amanhã as aulas começarão a ser particular, Ioan.

Ele se vira para mim, quando ver meu rosto começa a suar, meus olhos provavelmente estavam brilhando e também tinha um sorriso macabro, outras pessoas já me falaram desse rosto que eu faço.

— Sim... sim, senhor.

— Se deu mal. — Moura solta uma risadinha.

— Que inveja de você. — Chloe fala.

~Fim do Flashback~

Não me recordo de ter dado esta aula novamente, nem sobre mencionar Mooi alguma outra vez, talvez seja parcialmente culpa minha também? Ao lembrar disso provavelmente faço alguma estranha expressão, pois Ruby olha para mim com um ar de dúvida.

— Ah, sim... — falo sem graça. — Tenho certeza que falei sobre Mooi para aquele idiota.

— Pois é. — Ela também dá uma risadinha, dessa vez não tenho certeza se foi do Ioan.

~Pov Ruby~

Lucio está sentado em minha frente. Tiro as faixas em volta de seu tronco lentamente, para que não possa machucá-lo. Ao fim consigo finalmente ver seu machucado, a ferida não estava apenas sendo impedida de fechar, as bordas pareciam estar começando a necrosar, a única vez que vi algo assim...

— Está muito ruim, né? — Sua voz sai baixa.

— C-Claro que não, você irá melhorar logo, logo — falo tentando manter a calma.

Mesmo neste estado ainda havia tido uma grande melhora desde o dia em que o salvei, mas parece que após alguns dias começou a piorar, a cada dia que passa sua aparência é mais abatida, sente-se mais cansado e uma grande dificuldade em dormir.

— Agora, vamos terminar isso. — Começo a colocar as faixas.

Após trocarmos suas ataduras tentamos dormir, Lucio demorou um pouco, mas acabou caindo no sono após pouco mais de uma hora. Um ar frio entra pela caverna, um arrepio percorre minha espinha, consigo sentir essa presença que vai e vem quando bem entende, apesar de senti-lo a sensação é diferente ao de um humano ou qualquer outra raça que conheça, isso sempre me mostrava quem realmente era.

Saio da caverna. Posso ver algumas árvores ao pé do pequeno morro onde estava sua entrada, era noite, mas a lua e estrelas impediam o breu completo.

— Uma bela paisagem não acha, Ruby? — O som vinha da frente, trocando em seguida para direita, como se estivesse andando, mas não posso ver nada.

— Porque apenas não fica morto? — provoco.

A voz solta uma risada breve.

— E quem te passaria informações caso eu desapareça? Você não tem outros ao seu lado, tem? — zomba.

— Isso não é verdade, sabe bem disso — Minha voz sai um pouco fraca.

— Quer dizer que agora irá apoiar-se naquele vampiro quase morto? — Sua risada agora soa menos zombeteira, certamente estava achando aquilo engraçado.

— Apenas, cale a boca.

Foco minha visão no cenário em minha frente. É um local verdadeiramente interessante, lembro-me de quando o vi pela primeira vez, pensei que "parecia uma arena natural". Logo após as árvores se abre uma planície, porém após pouco mais dois quilômetro parecia uma réplica deste lado, árvores e logo depois um morro, estávamos em uma nava. Me pergunto se talvez foi criado por algum deus? Essa possibilidade desperta meu interesse.

— Então... — A voz volta mais uma vez.

— Ainda está aqui?

— Como se pudesse esconder minha presença de você. — Ele parece deixar as gracinhas de lado. — Tenho algumas coisas interessantes.


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