Nota: (1) – Harry Potter e seus personagens não me pertencem. E sim a J.K. Rowling.
(2) – Essa é uma história Slash, ou seja, relacionamento Homem x Homem. Se não gosta ou se sente ofendido é muito simples: Não leia.
-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-
Aquele com certeza prometia ser um grande dia. "Por milagre divino", como seu pai havia dito, Harry acordara espontaneamente e os dois mandaram o elfo servir o café da manhã no quarto do menino, assim desfrutaram de um verdadeiro banquete com as delicias preferidas de Harry, diga-se: waffles, panquecas com calda de chocolate, croissant e um grande copo de achocolatado. Além das boas risadas que deram com os planos de Harry para deixar o diretor de Hogwarts completamente louco – ainda mais, segundo o Lord – e com as histórias sobre o que Tom havia aprontado em sua época. Simplesmente perfeito. Haviam feito as malas e Harry já tinha se despedido de uma indignada Nagini que não queria deixar seu pequeno filhote partir.
- "Não consigo acreditar que você vai levar essa minhoca crescida e não eu!" – esbravejou, referindo-se a uma contente Morgana que ia enrolada no bolso de Harry como um pequeno, belo e imperceptível, porém letal, filhote de "mamba negra".
O menino apenas sorriu, balançando a cabeça negativamente. Também não queria se separar de sua mentora, protetora e mãe postiça, mas sabia que era preciso.
- "Nagi... – Harry baixou o tom de voz, como se fosse contar um segredo, aproximando-se da bela cabeça triangular dela -... Só posso confiar em você para tomar conta do meu pai. Preciso que fique de olho nele para mim e que não deixe ele se estressar de mais".
- "Tarefa impossível..." – musicou ela, mas após a piscadinha marota e o encantador sorriso que derretia o coração de todos, Nagini logo assentiu mais tranqüila e se enrolou com carinho em volta do pequeno corpo de seu filhote, despedindo-se.
Agora, às 10h45min, Tom, Harry e os seis Comensais da Morte encapuzados que fariam a escolta dos dois – intimidando os inúteis magos ao redor – acabavam de aparatar no centro da plataforma onde o belo trem vermelho que levaria Harry e os demais jovens a Hogwarts já estava à espera.
- Lembre-se bem...
-... Qualquer pessoa que não seja Slytherin e que eu não conheça tentará se aproximar de mim apenas para se aproveitar e falar mentiras sobre nós.
- Exato. Tenha isso em mente, Harry.
- Certo, papai – sorri, revirando os olhos ao pensar que já era a vigésima terceira vez que seu pai repetia aquilo só naquela manhã.
A cena do dia anterior no Beco Diagonal agora se repetia na plataforma que os levaria em direção à Hogwarts. Os pais e tutores logo abraçavam protetoramente seus filhos e se afastavam o máximo possível do Lord e de seus Comensais, com os rostos pálidos refletindo puro medo, rancor e agonia. A maioria se apressava em colocar os filhos na segurança de algum vagão enquanto alguns davam recomendações estritas para que não falassem com Harry, ou sequer olhassem para ele, já outros recomendavam que tentassem se tornar amigos dele e assim conseguir muitas coisas, enquanto outros, mais sensatos, apenas diziam para seus filhos não se colocarem no caminho do herdeiro do Lord das Trevas.
O herdeiro em questão apenas suspirava entediado com tanta idiotice e covardia que esses magos e bruxas demonstravam, ocultando seu entusiasmo por finalmente estar indo para Hogwarts com a perfeita máscara de indiferença e superioridade que seu pai havia ensinado. Combinando impecavelmente com sua expressão de "Pequeno Lord", Harry usava uma calça social negra com um caimento perfeito e uma camisa de seda da mesma cor que acentuava a beleza de sua pele ligeiramente pálida. Para completar o "look" uma elegante túnica negra, que parecia um sobretudo, chegava à altura dos pés e balançava levemente com o vento, fazendo o delicado bordado de ouro branco e esmeraldas refletir com o sol.
- Já tem tudo que precisa? – Tom pergunta em parsel para terem mais intimidade e de quebra deixar todos os medrosos magos assustados com as possíveis "instruções" que Lord Voldemort estaria dando para seu herdeiro.
- Sim, papai.
- O dinheiro para comer no trem, caso tenha fome?
- Está no meu bolso, papai – revira os olhos, tocando o saco de galeões dentro do bolso que teve que ser encolhido magicamente, pois seu exagerado pai não quis dar menos.
- As malas?
- Tio Rodolphus já levou para o trem.
- Certo... Bom, qualquer coisa, qualquer pequeno encantamento que aquele velho maluco tente lançar em você, abra a conexão.
- Oh, Merlin! Por favor, papai, já não tenho mais oito anos. Sei me defender sozinho desde os seis!
Tom apenas suspira. Havia planejado deixá-lo ali e ir embora sem dizer uma palavra, mas era humanamente impossível! Só Merlin sabia o quanto Voldemort odiava ser humano nessas horas, mas o fato é que seu filho sempre mostrava esse aspecto seu.
- Tudo bem, Harry, tudo bem... – coloca as mãos nos pequenos ombros do menino, encarando-o fixamente – Lembre-se que Morgana está indo para cuidar de você e, pelo o amor em Salazar, tome cuidado com essa mania de arrumar problemas. Hum, arrume problemas só para o velhote maluco, ok?
- Hehehehe... Ok, papai – sorri encantadoramente.
Cabe dizer que todos estavam em choque diante da cena. Lord Voldemort, aquele ser imponente usando uma elegante túnica negra com uma capa de seda vinho por cima, estava conversando amigavelmente com alguém em uma língua que jamais haviam ouvido em suas vidas e mesmo diante da aterrorizante expressão fria e cruel que o Terror do Mundo Mágico levava, o lindo garotinho de brilhantes olhos verdes sorria e o encarava com puro afeto e carinho.
- Papai... – Harry começa com aquele perigoso sorriso demasiado inocente -... Se eu cair em Gryffindor você vai me deserdar?
O Lord, por sua vez, apenas estreita os olhos e arqueia uma sobrancelha severamente.
- Já conversamos sobre isso, Harry – falava com seriedade – Você é o herdeiro original de Godric Gryffindor então, provavelmente, pode cair nessa casa. Apenas quero que tome cuidado, pois o velhote pode tentar te influenciar com mais facilidade se estiver entre os seus.
- E se eu for para Revenclaw?
- Bom, apesar de serem um bando de "come-livros", são bem sensatos e sem duvida você aprenderá bastante.
- Uhum... E se eu for um Hufflepuff?
- HARRY!
- Hahahahaha... Calma, calma, estou brincando! Hufflepuff nem pensar, já sei.
Era óbvio que o menino adorava fazer aquilo. E seu exasperado pai apenas balançava a cabeça negativamente, contendo um pequeno sorriso que queria brotar em seus lábios, afinal, as pobres pessoas que o encaravam com puro pavor e receio cairiam desmaiadas se vissem um sorriso no belo e cruel rosto do Dark Lord.
O jovem herdeiro do Lord já estava prestes a se despedir de seu pai e seguir para o trem quando uma conhecida voz o chamou:
- Harry!
Sem duvida alguma reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
- Draco!
Seu melhor amigo se aproximava a passos rápidos, porém elegantes, encarando-o com um brilhante sorriso que fazia Lucius revirar os olhos e Narcisa balançar a cabeça ligeiramente, divertida. Draco usava uma bela calça preta com uma camisa de seda gris combinando perfeitamente com seus olhos. O patriarca da família, por sua vez, vestia uma imponente túnica azul marinho e uma capa preta por cima. E Narcisa, como sempre, era puro esplendor com seu vestido cinza-claro e a bela capa azul celeste dando um caimento perfeito em contraste com sua expressão neutra.
- Mi Lord – os três cumprimentam respeitosamente ao chegarem à presença do Lord, fazendo uma discreta, porém efetiva reverência.
Tom apenas acenou levemente com a cabeça, mantendo sempre o semblante imponente. No entanto, seu jovem herdeiro já deixou um brilhante sorriso adornar os finos lábios e foi logo abraçar o padrinho:
- Padrinho!
- Olá Harry, vejo que já está preparado para o grande dia – a voz de Lucius era fria, porém o brilho de afeto que seus olhos expressavam deixava claro todo o seu carinho.
- Com certeza! – sorri, voltando-se à bela mulher que o encarava da mesma forma que o marido – Tia Narcisa, você está linda!
- E você, como sempre, um jovem gentleman.
O menino faz uma elegante reverência como um antigo cavaleiro medieval e logo se volta ao amigo. Draco, por sua vez, faz a mesma reverência para Harry, sorrindo divertido ao receber o olhar mortal do moreninho.
Porém, antes que pudessem dar início a qualquer conversa, o característico chamado do trem logo soou aos ouvidos de todos indicando que já estava prestes a partir. Na mesma hora Harry se despediu do casal Malfoy, acenou para os Comensais que os acompanham – pois sabia que entre eles estavam Bella, Rodolphus, McNair e muitos outros que conhecia – e logo se lançou nos braços de seu surpreendido pai, que para choque de todos não o repeliu e apenas Harry pôde sentir o leve apertão correspondendo ao abraço.
- Tente não se estressar muito, papai – murmurou carinhosamente no ouvido do mais velho, fazendo este dar um imperceptível sorriso – e nem deixe a pobre Nagini louca.
- Tentarei, Harry, tentarei... E você trate de se comportar e não colocar a escola abaixo logo no primeiro dia.
- Tentarei, papai, tentarei – com uma piscadinha maliciosa o menino se afastou e logo se apressou a correr com Draco em direção ao trem que já despejava fumaça pela chaminé e começava a partir.
Por fim, na segurança do Expresso de Hogwarts, Harry acenou uma ultima vez para seu pai e este assentiu levemente com a cabeça dando um pequeno sorriso que apenas o menino pôde ver e logo sentir uma cálida sensação o preenchendo. Seu pai estava orgulhoso. Estava orgulhoso dele.
Harry, seu único e brilhante herdeiro, finalmente estava indo para Hogwarts.
Finalmente cumpriria mais uma decisiva etapa de seu destino.
Finalmente mostraria àquele velhote maluco quem era:
Harry Riddle.
Herdeiro do Lord das Trevas.
- Aqui, Harry, está vazia.
Antes que o moreno pudesse responder, Draco já o puxava para dentro de uma cabine vazia e assim logo se acomodavam um de frente para o outro, na janela. O jovem Malfoy suspirava mentalmente, aliviado por ter encontrado uma cabine vazia logo, pois era terrivelmente inquietante andar com Harry pelos corredores do trem e notar como absolutamente todos os alunos o encaravam. A grande maioria com puro medo e apreensão, alguns com rancor, outros com curiosidade e até esperança de que as palavras do Profeta Diário estivessem certas. Os murmúrios não demoravam a surgir, porém Harry continuava andando com sua pose altiva e arrogante própria para essas horas, ignorando completamente a escória ao seu redor que não tinha nada mais interessante para fazer se não bisbilhotar sua vida. É claro que agradeceu mentalmente quando se viu num lugar isolado com seu melhor amigo, este obviamente tentava distraí-lo e passar por alto essa incômoda experiência falando sobre o que os esperaria em Hogwarts.
- Papai me contou que um gigante é o guarda-caça de Hogwarts e que será ele quem nos receberá quando chegarmos – comentava com evidente desprezo.
- Gigante? – Harry arqueia uma sobrancelha.
- Meio gigante, na verdade.
- Ah bom... Pensei que o velhote tinha ficado maluco de vez colocando um gigante para trabalhar numa escola.
- Hum, se fosse por ele seriam duendes ou até muggles! - Ambos fizeram uma careta e não puderam conter os risos.
Para Draco aquele momento era o início de todos os maravilhosos planos que idealizara em suas noites sem dormir, pensando em tudo que ele e seu melhor amigo poderiam fazer quando chegassem à Hogwarts. Seria quase um ano! Um ano na companhia de Harry. Um ano junto da única pessoa que o fazia esquecer os preciosos ensinamentos da nobre família Malfoy e deixar que um verdadeiro sorriso adornasse seus lábios. Ficariam juntos e isso era uma promessa, como aquela que fizeram quando se encontraram pela primeira vez...
(Flash Back)
Um garotinho de recém cumpridos 4 anos, loiro e de lindos olhos acinzentados que não demonstravam emoção alguma, imitava seu pai em uma profunda reverência ao imponente homem de túnica preta que os encarava desde o seu trono.
- Trouxe meu filho como o senhor ordenou, Mi Lord.
- Excelente, Lucius – não havia emoção alguma em suas palavras – Harry está muito sozinho e precisa de alguém da mesma idade para brincar.
Ao ver o olhar taxativo de seu pai, Draco logo repete as palavras que lhe foram ensinadas há tempos:
- Será uma honra, Mi Lord – a voz era infantil, mas a frieza completamente adulta.
- Muito bem, jovem Malfoy, pode ir para o jardim, meu filho está lá.
Com uma nova reverência, Draco segue o elfo domestico que o esperava na porta para levá-lo ao enorme e belo jardim. O sol das três horas da tarde intensificava o brilho das lindas flores que rodeavam alguns pontos do gramado verde, as árvores criavam sobras admiráveis que ofereciam uma brisa agradável para afastar o leve calor da primavera e os sons dos inúmeros animais mágicos que rodeavam o temível bosque que ficava na parte mais profunda daquele belo jardim, só aumentavam a magnitude e beleza que ele emanava. Porém o jovem menino distinguiu outra beleza, mais pura e cativante, ao parar no marco da porta de vidro que o separava daquele envolvente cenário. Era a imagem mais encantadora e expressiva que imaginara ver em sua vida. Um pequeno menino... Sim, parecia ser um menino a julgar pelos cabelos curtos e a bela túnica creme, masculina, que o cobria. Ele corria atrás de um lindo coelho branco e este parecia se divertir, brincar aos saltos de um lado para o outro, enquanto o menino o perseguia com um lindo sorriso adornando sua face pequena e de traços finos, mais suaves do que a seda que produzira suas vestes. O cabelo desordenado dava um ar angelical, mas foram seus olhos, ao encontrarem e se fixarem profundamente nos seus, que mostraram tratar-se de um verdadeiro anjo.
Draco jamais esqueceria o momento em que avistara aquelas brilhantes esmeraldas pela primeira vez.
Então um sorridente Harry correu até ele e sem nem perguntar seu nome já o puxou para dentro do jardim. Aquele dia foi mágico, e sem a necessidade de feitiço algum. Correram, brincaram, pularam, conversaram e pela primeira vez Draco sentiu que podia confiar em alguém, sentiu que Harry era a exceção daquele mundo aristocrático de frieza e regras, sentiu que o jovem moreno era o anjo que trouxera alegria para sua vida. Uma alegria verdadeira e imutável.
- Hummm... Tô quase alcançandu... – Harry murmura com dificuldade enquanto subia em uma das enormes árvores do jardim para buscar e tentar curar um filhotinho de coruja que estava ferido em seu ninho e não contava com a presença da mãe.
- Desce daí, Harry – a preocupação do loiro era evidente – Vamus mandar um elfo fazer isso...
- Calma... Tô...Tô quase...
A queda com certeza seria enorme daquela altura e para completar uma intensa roseira rodeava os pés da árvore, deixando vários espinhos amostra.
- Harry, isso é...!
No entanto, antes que Draco pudesse terminar a frase, o moreninho acabava pisando em falso e sentia seu corpo indo direto ao encontro do chão. Mas para confusão de Harry o temido baque nunca chegou e no lugar do gramado sentiu seu pequeno corpo cair em cima de outro, um pouco maior e evidentemente estirado.
- DRACO!
Este sorria levemente, olhando para as intensas esmeraldas de Harry que agora estavam a poucos centímetros de seus olhos. Pela primeira vez em sua vida não pensara antes agir. Assim que viu o pequeno corpo do novo amigo ir de encontro ao chão não cogitou possibilidade alguma, se não a de se lançar ao encontro dele e evitar o dano da queda. Não importava os espinhos da roseira que machucavam sua imaculada pele, não importava o fato de não ter agido como um Malfoy e não, não importava pelo fato dele ser o filho do Lord, mas sim porque era Harry, o menino que acabara de conhecer e mudar sua vida.
- Você se machucou?
- Nã...Não, mas... Porque você fez issu? Meu pai mand...
- Não, ele não mandou – sorria levemente – Fiz issu porque não queru que você se machuque.
- Mas você se machucou... – o encarava com tristeza –... e foi por minha causa.
Ao ver aqueles lindos olhos com um brilho de tristeza, Draco sente seu coração apertar e suavemente levanta o pequeno queixo de Harry para encará-lo profundamente.
- Eu fiz o que achei certu e não me arrependo...
Harry dá um pequeno sorriso e o loiro continua:
- ...À partir de hoje, eu, Draco Lucius Malfoy, prometu que te protegerei em todas as ocasiões. Não importa contra quem ou contra o que, não deixarei que te façam mal.
Um leve rubor se apodera das bochechas de Harry, mas mesmo assim, fazendo jus ao sangue de Godric Gryffindor, replica com segurança e coragem:
- E eu, Harry James Riddle, prometu estar ao seu lado, segurar sua mão sempre que você precisar e nunca te deixar sozinhu!
- É uma promessa!
- É uma promessa! – com um lindo sorriso, o moreninho se aproxima e deposita um rápido selinho nos lábios de Draco, fazendo este corar intensamente – Issu é para selar a nossa promessa!
Desde então Draco jamais esquecera este dia e jamais deixara de cumprir sua promessa. Assim como Harry, que com um doce sorriso fazia seu coração se acalmar e sua alma se tornar mais leve. Sempre ao seu lado...
(Fim do Flash Back)
A porta da cabine sendo aberta repentinamente tira o loiro de suas lembranças e o moreno de seus pensamentos sobre as plausíveis casas que poderia entrar em Hogwarts.
- Viu! Eu disse que tinha ouvido o Draco rir, não estava alucinando!
- Sim, sim, mas junto do Harry não conta – um sorridente Blaise Zabini sentava-se ao lado de Draco – ele sempre ri quando estão juntos.
Diante dessas palavras uma suave cor carmim toma conta da face de Draco enquanto Harry, por sua vez, apenas sorria, ouvindo os elogios de uma extasiada Pansy Parkinson que, sentada ao seu lado, quase babava no bordado de ouro branco com esmeraldas de sua túnica.
- O que você quer, Blaise? – pergunta com um evidente ar de poucos amigos.
- Calma, dragão, só queríamos fugir da cabine do Crabbe e do Goyle – suspira, acomodando-se melhor no confortável banco – Aquilo lá é uma agressão para os meus neurônios.
- Sem contar as vestes horríveis que eles estavam usando! – o gracioso biquinho de Pansy arranca um sorriso de todos.
A linda menina usava um vestido preto com as mangas e a barra feitas de renda, como os usados por belíssimas bonecas de porcelana. O cinto verde estreitava sua delicada cintura e combinava perfeitamente com o colar de esmeraldas que repousava elegantemente em seu pescoço, fazendo um bonito contraste com sua face rosada adornada pelo cabelo preto num corte chanel. Já Blaise contava com uma calça caqui de belo caimento e uma camisa de seda azul marinho, combinando com a elegante túnica do mesmo tom. Definitivamente a elegância e o glamour que as famílias Zabini e Parkinson pregavam.
- Mas e você Harry? – Blaise sorria daquele conhecido jeito perspicaz – Causando muito alvoroço por aí?
- Nossa, nem me lembre, Blaise – suspira, apoiando a cabeça no encosto do banco e lançando um olhar exasperado ao teto – Esses inúteis parecem não ter nada melhor para fazer do que cochichar entre si e me olhar com medo.
- Ora, dê um desconto. Afinal, não é sempre que esses pobres mortais estão na presença do menino que os salvará de um destino cruel.
Com a mão sobre a testa, num ato melodramático, Blaise arrancava risadas de Pansy e sorrisos debochados de Harry e Draco.
- Claro, claro, quando Salazar e Godric desçam do céu de mãos dadas e Merlin apareça com um vestido florido. Aí talvez eu pense em trair meu pai para ajudar esse bando de sangues-ruins medíocres.
- Hahahahaha... Mais fácil o velho senil morrer engasgado com alguns feijõzinhos de todos os sabores.
- E que sejam de vômito!
- Eca! – Pansy logo faz uma careta, mas não podia deixar de sorrir imaginando a cena.
- Falando em coisas nojentas... – Draco dá um sorrisinho de lado – Vocês precisavam ver a cara dos Weasley quando chegamos. Foi hilária! Pareciam correr para debaixo do trilho a qualquer momento de tanto medo!
- Patéticos.
- Isso não é o pior, Harry, esse ano mais um traidor desses entra no colégio – Blaise suspira – aquilo lá está virando uma bagunça mesmo.
- Culpa de quem?
A resposta é em coro:
- Alvo-bobão-maluco-e-gagá-Dumbledore.
- Nosso futuro ilustre diretor – Harry diz com puro sarcasmo – que se depender dos nossos esforços abandonará o cargo antes que se possa dizer: Quadribol!
- Aêêe! Assim que se fala!
Porém a porta sendo aberta repentinamente, de novo, faz os jovens logo se calarem e observarem o recém chegado. Draco imediatamente estreita os olhos e se endireita no banco, colocando-se mais próximo de Harry. A tensão que se instalou, no entanto, foi quebrada pelo gracioso sorriso que o herdeiro do Lord lançava ao menino parado na porta:
- Olá, Theo!
- Como vai, Harry? – corresponde ao sorriso, para logo colocar-se sério outra vez e dirigir-se aos outros – Parkinson, Zabini... Malfoy – este último fora dito com tanto desprezo que fez Pansy e Blaise trocarem um preocupado olhar.
O menino que agora ingressava no compartimento e sem cerimônias se colocava entre Pansy e Harry, usava uma elegante calça preta e uma camisa de seda vinho que acentuava seu ar de mistério e combinava perfeitamente com a elaborada túnica bordô que o cobria. O cabelo preto estava com gel apenas nas pontas e permanecia ligeiramente revolvido, com algumas mechas caindo nos frios olhos azuis. Olhos estes de um azul profundo e intenso que no exato momento ganhavam aquele brilho especial por estar na presença de Harry.
- O que você quer aqui, Nott? – a voz arrastada do loiro destilava veneno puro.
- Nada que seja da sua conta, Malfoy – responde no mesmo tom.
- Por que você não volta para o mundo dos excluídos e some de uma vez?
- Por que você não cuida da sua vida e recolhe essa insignificância que você chama de voz.
Draco estava prestes a abrir a boca para replicar quando Harry o interrompeu, decidindo parar com aquela conhecida cena:
- Então, Theo, animado para chegar à Hogwarts?
- Sem dúvida... – o semblante frio e implacável logo suavizou ao contemplar o doce sorriso de Harry -... Espero cairmos na mesma casa.
- Você gostaria de entrar em qual, Nott? – Pansy pergunta educadamente, observando de esgueira como Draco revirava os olhos com puro desdém.
- Slytherin, é claro. Todos os Nott são de lá há anos.
- Hum, eu jurava que eram de Hufflepuff.
- Draco! – Harry recrimina.
- Ora seu...!
- Theo! Por favor... – suspira – Não comecem com isso de novo.
- Ninguém o chamou aqui – Draco cruza os braços, lançando um olhar mortal ao moreno de olhos azuis. Olhar este que é igualmente retribuído.
- Você não é o dono da cabine, Malfoy, e muito menos do Harry.
- Ele também não quer você aqui!
- Fale por si só... – sorri com pura arrogância, passando um braço em torno dos ombros de Harry e o trazendo para mais perto.
Pansy e Blaise, diante da cena, apenas suspiraram e se acomodaram melhor para assistir aquela conhecida disputa. Draco, no entanto, sentiu seu sangue ferver e por um segundo quase esqueceu que era um Malfoy e que estes não partiam para cima das pessoas como meros animais, mesmo que merecessem. E Nott realmente merecia, afinal, quem ele pensava que era para tocar no SEU melhor amigo dessa forma.
- Suma daqui, Nott – diz entre os dentes, com um tom perigosamente controlado.
- E se eu não quiser, Malfoy?
- Então eu serei obrigado a te...
- Chega! – uma voz irritada os interrompe – Se vocês forem começar com isso de novo eu vou para outro vagão!
Na mesma hora os dois ficam em silêncio, apenas trocando farpas com o olhar. Pansy e Blaise, então, iniciam uma agradável conversa com Harry sobre as possíveis coisas que veriam em Hogwarts. Dessa forma a viagem vai seguindo seu curso com mais tranqüilidade e diversão, principalmente quando a vendedora de doces aparece e todos compram diversas guloseimas. Ao abrir seu sapo de chocolate, Harry depara-se com a figurinha de Alvo Dumbledore e para delírio de todos, com um simples feitiço sem varinha, esta termina ardendo em chamas diante de seus olhos.
- Isso mesmo, Harry! – Blaise sorria, saboreando uma deliciosa varinha de alcaçuz – Vai treinando para acabar com o velhote!
Porém, antes mesmo que Harry pudesse responder, a porta da cabine é aberta novamente e uma menina com um emaranhado castanho em cima da cabeça, já vestindo os trajes escolares, aparece e encara a todos com um irritante ar esnobe. Pior do que a própria Narcisa, pois esta sabia ser elegante e a menina, no entanto, parecia querer saber mais do que os outros sem ter a capacidade adequada para isso.
- Um garoto, Neville, perdeu o sapo dele. Vocês viram por aqui?
- Não – Draco responde friamente. Tanto ele quanto os outros pensaram que aquela menina não tinha um mínimo de educação básica, para ao menos se apresentar ou cumprimentá-los antes de qualquer pergunta.
- "Que postura mais desagradável, sequer disse seu nome ou um simples olá" – Harry pensava, fixando seus belos olhos verdes nos olhos castanhos da menina.
Grande erro.
- Oh, meu deus! – exclama animada – É Harry Potter!
Na mesma hora o herdeiro do Lord estreita perigosamente seus olhos e os outros a encaram com puro desprezo. Certamente tratava-se de uma repugnante mestiça cujos pais eram seguidores do velho maluco.
- Eu já li tudo ao seu respeito! A profecia, o acontecido com os Potter... Ah, desculpe, meu nome é Hermione Granger, muito prazer!
- Granger? – a voz de Harry era uma réplica exata da voz de seu pai, repleta de perigo e sarcasmo – E que espécie de nome é esse? Granger?
- Hum! Uma sangue-ruim! – Draco exclama com puro desprezo.
Hermione, diante disso, sente sua face corar e seus olhos umedecerem, mas se mantém firme. O pior estava por vir...
- Meu nome é Harry RIDDLE... – seu tom era tão frio que até os outros estremeceram, parecia exatamente o Lord –... Como você ousa falar comigo, sua fedelha de sangue-ruim? Como ousa dirigir-se ao herdeiro de Lord Voldemort?
A pose inacessível da menina imediatamente se quebra diante da pronúncia daquele nome e por fim ela se dá conta que não estava frente àquele jovem herói que os livros diziam ser o destinado a salvar o mundo mágico, mas sim frente ao herdeiro do temido Lord das Trevas.
- Eu...Eu...sinto...muit...
Porém ela não consegue nem terminar a frase e já fecha a porta novamente, apressando-se em sair dali.
- Onde esse mundo vai parar? – Nott suspira, acariciando inconscientemente o ombro de seu amigo.
- Daqui a pouco esses sangues-ruins vão achar que são iguais a nós – Draco completa, lançando um enfurecido olhar a Theo, mas sem dizer nada, pois Harry parecia realmente aborrecido.
- Hum! Aquela garota sem educação ainda tem a coragem de me chamar de Potter! Como ela ousa desrespeitar assim o meu pai? – pergunta, enfurecido, e obviamente ninguém ousou responder – Só podia ser uma sangue-ruim mesmo!
- Verdade... E vocês notaram que aquele negócio castanho que descia da cabeça dela era o seu cabelo?
O comentário de Pansy logo fez a tensão diminuir e todos sorriram com deboche. Assim a viagem seguiu mais tranqüila, entre burlas e comentários maldosos, com algumas pequenas discussões entre Theodore e Draco, mas nada que Harry não pudesse contornar. Agora, após incontáveis horas de viagem, todos já estavam com as vestes da escola e podiam observar pela janela o destino que os aguardava. Ao longe o majestoso castelo de Hogwarts dava as boas-vindas.
Quando o trem finalmente parou, todos os jovens estudantes já se apressaram em seguir seus respectivos caminhos. Os alunos do segundo ano em diante encaminharam-se a uma estreita trilha, onde as carruagens vazias aguardavam para levá-los ao castelo, enquanto os novatos do primeiro ano esperavam pelo responsável que os levaria de barco à escola.
- Alunos do primeiro ano! Primeiro ano aqui!
De fato, como Draco havia contado, o tal meio gigante parecia ser o encarregado de levá-los, pois estava atrás deles com uma lamparina balançando sob suas cabeças. O rosto grande e peludo sorria abertamente, mas passou a sorrir ainda mais quando avistou Harry em meio aos alunos. Este, que estava entre Draco e Blaise, apenas arqueou uma sobrancelha elegantemente, sem entender o que aquele homem poderia querer com ele.
- Oh, Harry!
Pelo jeito estava prestes a descobrir.
-... Vi você quando ainda era um bebezinho! Mas olha só como você cresceu!
- Não me lembro do meu pai ter comentado nada ao seu respeito – a voz era fria e a delicada face não demonstrava emoção alguma.
Vendo que o meio gigante estava prestes a fazer um comentário que com certeza Harry não gostaria, ou seja, lembrar-lhe dos falecidos Lily e James Potter, Draco imediatamente vai ao auxilio do amigo:
- Não creio que o Lord tenha tempo para se lembrar de "gente" como ele.
- Definitivamente não tem - o olhar agradecido que Harry lançava ao loiro já dizia tudo. Não agüentaria aquela história sobre seus falecidos pais de novo. Seu pai era Tom Riddle, os documentos provavam isso, e ninguém tinha o direito de dizer o contrário.
O meio gigante, de nome Hagrid, por sua vez, sente um estremecimento de medo percorrer seu grande corpo com a menção do "Lord" e aquele frio olhar que o filho dos Potter lançava-lhe, indicava que talvez Dumbledore tivesse razão. Talvez não devesse apreçar as coisas com o menino.
- Er... Bom... – tosse ligeiramente, para então voltar ao trabalho – Vamos, venham comigo. Alunos do primeiro!
Após percorrem um estreito caminho de pedras eles chegam à margem de um grande lago, onde pequenos barquinhos os esperavam. Assim, quatro por barcos e Hagrid com um só para ele, todos largam ao mesmo tempo e seguem pelo imenso lago que refletia a luz da lua. À medida que se aproximavam, a imagem do deslumbrante castelo ficava mais nítida.
- Impressionante... – Harry murmura. Pansy, Blaise e Draco apenas balançam a cabeça afirmativamente, tão fascinados quanto ele.
-x-
A grande porta de madeira abriu-se de repente. E apareceu uma bruxa alta de cabelos castanhos enrolados num alto coque em cima da cabeça e vestes azul-turquesa. Tinha o rosto muito severo e um ar de que era uma pessoa a quem não se devia aborrecer.
- Alunos do primeiro ano, professora Minerva McGonagall – informou Hagrid.
- Obrigada Hagrid, eu cuido deles daqui em diante.
Ela escancarou a porta. O saguão era tão grande quanto o da Mansão Riddle. As paredes de pedra estavam iluminadas com tochas flamejantes, o teto era alto de mais para se ver, e uma imponente escada de mármore em frente levava aos andares superiores. Os alunos acompanharam a professora pelo piso de pedra e Harry ouviu o murmúrio de centenas de vozes que vinham de uma porta à direita – o restante da escola já devia estar reunido. Mas Minerva os levou a uma sala vazia ao lado do saguão.
- Bem-vindos a Hogwarts – disse a professora – O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem vocês serão selecionados por casas. A seleção é uma cerimônia muito importante porque, enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts.
Harry e Draco trocam um significativo olhar e logo a escutam continuar:
- As quatro casas são: Hufflepuff, Gryffindor, Revenclaw e Slytherin...
- Da pior para a melhor – Draco sussurrou no ouvido de Harry e este apenas sorriu.
-... Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com maior número de pontos receberá a taça das casas, uma grande honra. Agora vamos, pois a cerimônia deve começar, façam fila e me sigam.
Quando as portas do Salão Principal se abriram eles se depararam com um lugar esplêndido. Era iluminado por milhares de velas que flutuavam no ar sobre quatro mesas compridas, onde os demais estudantes já se encontravam sentados. No outro extremo do salão havia mais uma mesa comprida em que se sentavam os professores, onde Harry pôde reconhecer o mal humorado professor de poções Severus Snape conversando a contra-gosto com um animado Quirinus Quirrell, professor de DCAO. E foi onde seus intensos olhos verdes se encontraram com profundos olhos azuis que o observavam fixamente. Então o jovem herdeiro do Lord sentiu uma conhecida sensação, como se alguém quisessem se infiltrar em sua mente.
- "Quem ele pensa que é?" – estreita os olhos com raiva e concentrando-se um pouco logo cria uma poderosa barreira de Oclumência, mostrando ao velhote o porquê de estudar essa poderosa arte desde os 9 anos.
Imediatamente o diretor franze o cenho, vendo que não conseguia entrar na mente do menino. Mas sua frustração aumentou ainda mais quando viu o sorriso arrogante e o olhar debochado que Harry lançava a ele.
- "Não vai ser fácil..." – suspira mentalmente, continuando a observar o menino que agora, junto dos outros, parava em frente ao banquinho que a professora McGonagall colocara diante da mesa com um velho chapéu sobre ele.
A professora então, se adianta segurando um longo rolo de pergaminho.
- Quando eu chamar seus nomes, vocês colocarão o chapéu e se sentarão no banquinho para a seleção. Ana Abbott!
Uma garota de rosto rosado e marias-chiquinhas louras saiu aos tropeços da fila, pôs o chapéu e após uma pausa momentânea este anunciou:
- HUFFLEPUFF!
A mesa Hufflepuff deu vivas e bateu palmas, e logo outra foi chamada:
- Susana Bones!
- HUFFLEPUFF! – anunciou o chapéu outra vez e Draco não pôde deixar de sussurrar no ouvido de Harry:
- Começou bem, hein? – o conhecido sarcasmo do loiro fez Harry balançar a cabeça negativamente e sorrir.
- Anthony Goldstein!
- REVENCLAW!
Desta vez a segunda mesa à esquerda foi quem aplaudiu.
- Rony Weasley!
Harry reconheceu o garoto ruivo da livraria. E logo se lembrou das palavras de seu pai: Weasley, traidores do salgue que acatam tudo que o velhote maluco diz.
- GRYFFINDOR!
A mesa Gryffindor estalou em aplausos e os outros garotos ruivos maiores foram logo abraçá-lo.
- Pansy Parkinson!
Finalmente Harry se mostrou interessado e lançou um sorriso à amiga que se sentava elegantemente no banquinho piscando-lhe um olho.
- SLYTHERIN!
Os aplausos logo vieram da casa escolhida e Harry não pôde deixar de se sentir feliz, pois sabia que era o que a orgulhosa menina desejava.
- Blaise Zabini!
- SLYTHERIN!
Outro sorriso por parte de Harry.
- Lisa Turpin!
- REVENCLAW!
Mais aplausos da mesa Revenclaw.
- Theodore Nott!
- SLYTHERIN!
Harry balançou a cabeça, suspirando ao ouvir o grunhido de Draco, e logo lançou um cálido sorriso a Theo. Este piscou-lhe um olho e logo seguiu para a mesa que o aplaudia.
- Draco Malfoy!
O loiro seguiu para o banquinho com aquele conhecido ar de "sou-o-melhor-do-mundo-reverenciem-me" e Harry sorriu divertido ao ver o chapéu mal tocar-lhe a cabeça e já anunciar:
- SLYTHERIN!
Com certeza seu padrinho e tia Narcisa estariam orgulhosos, pois Draco obviamente estava.
- Hermione Granger!
Aquela garota...
Harry estreitou os olhos, vendo como a garota que ousara dizer que ele não era filho de seu pai tentava inutilmente conter o nervosismo.
- GRYFFINDOR!
O moreno arqueou uma sobrancelha. Uma Gryffindor então? Talvez Draco tivesse mesmo razão quanto à casa de seu antepassado. Pelo jeito já não era tão seletiva... Mas antes que pudesse continuar seu raciocínio a voz da professora o interrompeu:
- Harry Potter!
Silêncio.
Harry cruzou os braços e permaneceu estático em seu lugar, encarando a professora com frieza. Os murmúrios logo começaram e após alguns segundos, ao deparar-se com aquelas gélidas esmeraldas, McGonagall pareceu se tocar:
- Er... Desculpem... Há um pequeno erro – tentava manter a voz firme – Eu quis dizer: Harry Riddle!
Finalmente Harry se coloca a caminhar, com aquela conhecida máscara de indiferença, ignorando os cochichos que diziam: "É ele! O filho do que não deve ser nomeado!" "O eleito pela profecia!" "Oh, Merlin! É ele mesmo, vejam a cicatriz!" E após se sentar no banquinho, a trêmula professora coloca o chapéu em sua cabeça. Todos ficaram em silêncio. A expectativa era enorme. O diretor até se acomodou melhor para observar a cena, torcendo para que o sangue de Godric Gryffindor que corria nas veias de Harry fizesse sua parte.
"Senhora e senhores, o que temos aqui? – a voz burlona do chapéu adentrou nos ouvidos de Harry – O herdeiro de Godric Gryffindor... Sim, sim... Poderia mandá-lo para lá... – o menino apenas escutava em silêncio – Mas também é herdeiro de Salazar Slytherin através da conexão com o Lord... Posso ver com essa serpente dormindo tranquilamente no bolso de sua túnica que muitas coisas o levariam a esta casa, sim... Difícil, Ah sim, muito difícil... Possui grande coragem e astúcia, tem sim..."
Harry suspira. Aquilo estava realmente complicado. Não queria se separar de seus amigos, de jeito nenhum, mas em outra casa poderia fazer novas amizades... Porém não saberia se eram amigos verdadeiros ou não, não poderia confiar plenamente nesses que provavelmente tentariam colocá-lo contra seu pai.
"Difícil... – o chapéu continua – Mas diga-me, Harry, independente das casas qual é o mais profundo desejo de seu coração?"
O menino arqueia uma sobrancelha, duvidando um pouco em se abrir com um chapéu velho ou não. Mas finalmente decide contestar com sinceridade, afinal, aquilo poderia traçar o rumo de sua vida, precisava dizer o que realmente sentia e ver no que dá:
- Quero estar com meu pai – murmura apenas para o chapéu escutar – ajudá-lo, quero que ele se orgulhe sempre de mim.
"Hummm... Já vejo, já vejo... Então é melhor que seja:"
- SLYTHERIN!
Todos pareciam em choque.
Porém, a casa escolhida logo mergulhou numa enxurrada de aplausos, gritos e assobios. Quase todos os alunos se aglomeraram em volta de um confuso, mas satisfeito, Harry. Este tentava corresponder aos cumprimentos de todos, mas logo foi puxado para sentar ao lado de um entusiasmado Draco Malfoy.
- Eu sabia! Eu sabia que você não ia nos abandonar! Ninguém é mais Slytherin que o filho do Senhor Obscuro!
Diante dessas palavras, os aplausos em Slytherin intensificaram e os alunos das outras casas sentiram um estremecimento de medo percorrer seus corpos. O diretor, por sua vez, apertava os punhos com força embaixo da mesa, sem conseguir acreditar que aquilo era verdade. Sua vontade era pegar Harry, sentá-lo no banquinho, colocar o chapéu na cabeça do menino e dizer que ele não sairia de lá até ser um Gryffindor! Mas obviamente não podia fazer isso. O destino começava a traçar seu curso e não do jeito que Dumbledore queria.
Sendo assim, o resto da seleção continuou rapidamente sem mais nenhum choque como este. E finalmente o diretor, mais sério do que o normal, se levantou para dizer algumas palavras. Alguma coisa sobre floresta proibida e terceiro andar, mas Harry não deu a mínima atenção, mais preocupado em compartilhar da alegria de seus amigos. Até que, por fim, o banquete teve inicio e todas as casas logo emergiram em suas próprias conversas.
Após o delicioso banquete, os alunos seguiram os monitores para suas respectivas salas comunais e Harry agradeceu mais uma vez por estar em Slytherin ao sentir aquele delicioso friozinho das masmorras. O sistema de aquecimento mágico era muito eficiente, mas mesmo assim o delicioso frescor de eterno inverno consumia cada pequeno canto e aquilo o encantava.
Logo que o monitor disse a senha "Sangue-Puro" à parede de pedra com uma enorme serpente enrolada desenhada em auto-relevo, Harry e os outros puderam contemplar a maravilhosa Sala Comunal de sua casa. Era uma sala longa, com paredes de pedra, uma enorme lareira rodeada por sofás e poltronas de tecido verde, estantes de livros e uma grande mesa de estudos em mogno escuro como o resto dos móveis. Havia também suas escadas, uma levava ao dormitório dos meninos e outra ao das meninas. Foi aí onde Pansy se despediu e seguiu para o seu quarto, pois precisava de no mínimo dez horas de seu sono da beleza, o que fez os demais rirem e seguirem para seu próprio quarto. Este era bem grande e espaçoso, contava com seis confortáveis camas de mogno negro com dossel verde combinando com as colchas e dando mais intimidade. Seus respectivos baús já estavam situados em frente à suas camas e ao lado destas, em cada cadeira, encontravam-se suas vestes já com o símbolo Slytherin gravado no peito e gravatas e cachecóis na cor verde/prata.
É claro que eles não demoraram muito avaliando a bela decoração e foram logo para suas camas que estavam na seguinte disposição: a de Blaise ao lado da porta, a de Draco ao lado desta, a de Harry entre a de Draco e a de Nott – doce coincidência do destino – e logo ao lado da cama de Theo encontrava-se uma estante com alguns livros, sendo que ao lado da estante estava a porta que dava acesso ao banheiro. Um amplo banheiro com seis chuveiros separados e seis belas cabines sanitárias fechadas em frente a seis pias de mármore com um grande espelho em cima. Ao lado da porta do banheiro estava à cama de Crabbe e logo ao lado desta encontrava-se a cama de Goyle perto da porta de entrada.
- Finalmente... Lar doce lar... – Blaise suspira, jogando-se na cama.
Assim, após organizarem o material e os uniformes para amanhã – além de Harry soltar Morgana para que ela passeasse um pouco e se alimentasse dos ratos do castelo, com a promessa de que não assustaria ninguém e estaria de volta pela manhã - todos seguem para uma merecida ducha. E por fim, já de pijamas, não demoram muito a caírem nas camas e após conversarem um pouco, já começam a se entregar aos braços de Morpheu, pois estavam muito cansados da viagem e de toda agitação.
Dessa forma, os cinco jovens já dormiam tranquilamente, após Harry lançar um feitiço insonorizador nas camas de Crabbe e Goyle para não serem incomodados pelos roncos destes. Porém o moreninho de olhos verdes não se entregou ao sono e vendo que todos já dormiam, se concentrou um pouco e logo notou aquela conhecida sensação de mais uma pessoa dentro de sua cabeça. Seu pai o chamava pela conexão:
- "Ainda acordado?" – uma conhecida voz ressoa dentro de sua mente.
- "Claro, eu sabia que você ia chamar" – Harry contesta sorrindo.
- "Oh! Está me chamando de previsível?"
- "Hehehehe... Eu diria mais: curioso".
- "Curioso?"
- "Exato! Pode confessar papai, tenho certeza que você está morrendo de curiosidade para saber em qual casa eu entrei".
- "Ora, ora... Como estamos humildes hoje, não?" – pôde notar que o Lord sorria.
Mas Harry também sabia jogar esse jogo. E adorava.
- "Humm... Já que você não quer saber..."
- "Bom, agora que você tocou no assunto... – suspira falsamente, para logo perguntar com dissimulada ansiedade – Em qual casa você está?"
- "Promete que não vai brigar comigo?"
- "Hum! Prometo".
- "Mesmo?"
- "Mesmo".
- "Mesmo, mesmo?"
- "Harry!"
- "Ok, ok... Bom, papai, é que o chapéu seletor disse que eu ia aprender a ser mais paciente e esforçado em Hufflepuff e assim..."
- "HARRY JAMES RIDDLE!"
- "Ai! Hahahaha... Calma! Hahahahaha... Calma!... Estou brincando, papai, não precisa estourar minha cabeça... Hahahaha..."
O Lord solta um sonoro suspiro entre aliviado e irritado.
- "Você quer me matar do coração?"
- "Hehehe... Relaxa, papai..."
- "Hum! Vai, fala logo, pirralho! Em qual casa você entrou?"
- "Preparado mesmo?"
- "Harry...!"
O menino não podia deixar de sorrir.
- "Certo, certo... Entrei em Slytherin!"
Na mesma hora Harry sente uma alegria imensa o invadindo e sabia que esta não era uma alegria sua, mas sim de seu pai. Tom, por sua vez, fica até sem palavras e acaba dizendo a primeira coisa que vêm à sua mente, palavras estas que saiam direto de seu coração:
- "Estou orgulhoso, Harry. Estou muito orgulhoso, meu filho".
E este foi o melhor presente que Harry poderia ter ganhado. Com um sorriso radiante adornando sua linda face, sentiu seu coração bater mais rápido ao ouvir aquelas palavras e a sensação de ter feito a coisa certa o invadiu. Harry podia ver que estava onde deveria estar.
Continua...
Próximo Capítulo: - A pedra o que? – encarava-o sem entender nada.
- Pedra filosofal!
- Hummm... Mas o que será que ele quer com isso?
-x-x-x-