Vazio Ada, agora isolado no vasto e escuro vazio negro, olhava para a imensidão ao seu redor, sem nada além de silêncio e escuridão. Ele havia devorado os dois Monarcas dos Pesadelos, mas os monstros nunca pareciam ter fim. Seus braços regeneravam sem cessar, mas sua força estava se esgotando. A voz da gatinha ressoou dentro de sua mente, mas de uma maneira que parecia distante, como se o tempo estivesse se arrastando de forma diferente no reino dos monstros.
Ela riu suavemente, mas Vazio Ada, com sua expressão fria e impassível, apenas murmurou, como se zombasse da própria situação:
— O pai tá amassando geral...
O tempo passou. Anos, talvez, ou mais, mas para ele parecia ser uma eternidade. Finalmente, após o que pareceu uma luta interminável, Vazio Ada conseguiu mandar de volta os cinco Monarcas dos Pesadelos para sua própria dimensão, uma vitória amarga. Agora, ele estava sozinho, no vazio negro, um lugar onde a única companhia era a gatinha que, com sua leveza, parecia se preocupar mais com ele do que ele próprio.
Ela o chamou, um toque suave em sua mente:
— Acorda, Ada. Eu falei para acordar...
Vazio Ada abriu os olhos, os mesmos olhos dourados com pupilas fendidas que refletiam um sofrimento profundo, e disse, com um tom vazio e desprovido de esperança:
— O que foi?
A gatinha, dentro dele, respondeu com uma tristeza contida:
— Não existe mais ameaça, mas não consigo te mandar de volta... Desculpa.
Vazio Ada fechou os olhos, refletindo por um momento. Sua voz, fria e distante, ecoou com uma convicção implacável:
— Foi minha escolha. Eu sacrifiquei meu futuro para que as pessoas vivessem o seu. Mas não me importa. Nunca quis ser reconhecido, e nem que me lembrassem... A realidade é feita somente de vazio e dor.
Ele respirou fundo, sentindo o peso das suas palavras, e completou, agora com uma expressão mais sombria:
— E por isso, o mundo precisa de um salvador. Pois pra ter um vencedor, tem que haver um perdedor.
Os olhos de Vazio Ada brilharam em um amarelo intenso, como se suas palavras estivessem impregnadas de um destino inevitável. O vazio ao seu redor parecia pulsar com a energia de suas próprias escolhas, e ele sabia que, mesmo que ninguém o lembrasse, ele sempre seria aquele que carregava o peso do mundo nas sombras, um herói ou vilão, dependendo de como a história fosse contada.
Mas para ele, o que importava era que o equilíbrio entre luz e escuridão estava, finalmente, em suas mãos.